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Economia em Destaque: Presidente do BC faz gesto ao governo

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

Dados mais fortes de inflação e atividade econômica esquentam o debate sobre uma reaceleração da alta de juros nos EUA. Atividade se mostra mais resiliente na Europa também.

No Brasil, a temperatura do debate sobre juros e meta de inflação diminuiu um pouco com os acenos de Roberto Campos Neto e do Presidente Lula. Mas pode voltar a subir, se a proposta de marco fiscal – antecipada para março pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad - não sugerir estabilidade para as contas públicas.

Cenário internacional

Inflação resistente e atividade forte pressionam juros nos EUA

O índice de preços ao consumidor dos EUA subiu 6,4% em janeiro de 2023 em comparação com janeiro do ano anterior, recuando apenas modestamente frente aos 6,5% em dezembro. Além disso, a inflação de serviços continuou pressionada, indicando que a alta de juros e a desaceleração da atividade não parecem suficientes para reduzir as pressões de preços.

A inflação resistente e números sólidos da atividade econômica – mercado de trabalho, vendas no varejo – começam a levantar a hipótese do banco central americano (Fed) ter que reacelerar o ritmo de alta de juros. Em janeiro, o Fed reduziu o passo de 0,50pp por reunião para 0,25pp. Mas alguns membros do comitê de política monetária já dão sinais de que poderiam ter mantido o ritmo anterior, como a presidente do Fed de Cleveland Loretta Mester.

Os mercados globais reagiram mal a essa possibilidade, com o dólar se valorizando e as principais bolsas recuando na semana.

Economia sólida também na Europa

A Comissão Europeia revisou sua previsão de crescimento para a zona do euro para 0,9% este ano, em vez dos 0,3% previstos em novembro passado. A economia da região provou ser mais resiliente do que se temia diante da guerra na Ucrânia, com o PIB revisado devendo confirmar um crescimento de 0,1% no último trimestre de 2022. Isso deve fornecer ao Banco Central Europeu espaço para continuar subindo as taxas de juros em sua batalha contra a inflação.

Enquanto isso, no Brasil…

Presidente do BC acena para o governo, mas mantém convicções

O Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, concedeu uma entrevista ao tradicional programa de TV Roda Viva. Campos Neto afirmou que o Banco Central deve trabalhar em conjunto com o Poder Executivo para o bem da economia brasileira, e destacou que o foco do BC é melhorar as condições sociais e o bem-estar por meio da contenção da inflação. A nosso ver, ficou claro que o objetivo de Campos Neto era reduzir a tensão entre a autoridade monetária e o governo.

Sobre a meta de inflação, o Presidente do Banco Central argumentou que aumentá-la não resultaria em maior flexibilidade monetária, principalmente em um ambiente de prêmio de risco elevado (levando-nos a crer que ele votaria contra a elevação da meta neste momento).

Dito isso, acreditamos que as políticas fiscais e parafiscais (empréstimos de bancos públicos) se tornarão mais expansionistas daqui para frente; e que as expectativas de inflação permanecerão acima da meta. Assim, vemos pouco espaço para cortes de juros nos próximos trimestres. Isso significa que as tensões podem diminuir por ora, mas podem aumentar novamente adiante. Uma saída para essa rota de colisão seria um novo regime fiscal forte e confiável.

Haddad antecipa novo marco fiscal, CMN não delibera sobre meta de inflação

O Ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou que a apresentação do novo arcabouço fiscal será antecipada para março. O novo marco vai dar diretrizes sobre despesas e receitas nos próximos anos, em substituição ao atual teto de gastos. Como dissemos acima, diretrizes fiscais claras e críveis, que levem à sustentabilidade das contas públicas, são chave para a estabilidade da economia brasileira adiante.  

Entendemos que uma das razões para antecipar o marco fiscal é para que a discussão sobre meta de inflação seja feita com maior visibilidade do equilíbrio futuro da economia. O Presidente Lula tem afirmado que a meta de inflação de 3% é baixa demais para o Brasil. Mas o Conselho Monetário Nacional (CMN), responsável por estabelecer a meta, não discutiu o tema em sua reunião desta semana.

Lula volta a criticar juros elevados

O Presidente Lula disse mais uma vez que não há razão para os juros estarem tão altos, pois – a seu ver – a atual alta da inflação não é impulsionada pela demanda. Em entrevista à CNN Brasil, Lula reafirmou que vai esperar o fim do mandato do Presidente do BC Roberto Campos Neto para então avaliar se a independência do banco central foi positiva para a economia brasileira. Ele também anunciou o aumento do salário mínimo a partir de maio e a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda da pessoa física (IRPF).

O que esperar para a semana que vem?

A semana do carnaval deve contribuir para reduzir a temperatura do debate dos juros e da meta de inflação. Na sexta-feira, será divulgado o índice de inflação ao consumidor de meio de fevereiro (IPCA-15).

No cenário internacional, o destaque será a inflação. Nos EUA serão divulgados os dados de consumo e deflator do consumo das famílias. O deflator do consumo é a medida favorita de inflação do Fed. Um número mais forte pode aquecer as apostas na reaceleração dos juros. Teremos também inflação ao consumidor na Alemanha e no México.

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