Resumo
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas de 30% sobre importações do México e da União Europeia, com vigência a partir de 1º de agosto. Em relação aos indicadores, a inflação ao consumidor de junho ficou abaixo das expectativas, embora tenha refletido algum impacto da alta nas tarifas.
Na China, o PIB cresceu acima do previsto no 2º trimestre, apesar da guerra comercial com os Estados Unidos.
No Brasil, o governo publicou decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica, mas deve optar por medidas alternativas ao aumento das tarifas de importação sobre produtos dos Estados Unidos. Além disso, o STF decidiu pela retomada de boa parte do decreto presidencial que elevou as alíquotas do IOF.
A Câmara dos Deputados aprovou o parecer do relator sobre a reforma do Imposto de Renda. Por sua vez, o Senado aprovou a PEC 66, que altera as regras para o pagamento de precatórios.
Gráfico da Semana
Veja na seção “Economia chinesa cresce acima das expectativas no 2º trimestre”.

Cenário Internacional
Ameaças tarifárias continuam
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas de 30% sobre importações oriundas do México e da União Europeia, com vigência a partir de 1º de agosto, após já ter adotado medidas semelhantes contra Japão, Coreia do Sul, Canadá e Brasil. Ademais, Trump estabeleceu uma tarifa de 50% sobre os produtos importados de cobre. A iniciativa intensifica as tensões no comércio global e pressiona os países a firmarem acordos com Washington. Membros da União Europeia estão confiantes que conseguirão selar um acordo comercial com os Estados Unidos antes de agosto.
Indicadores de inflação com sinais incipientes de pressão com as tarifas de Donald Trump
Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor de junho acelerou para 2,7% no resultado acumulado em 12 meses, acima das expectativas de 2,6% e a leitura de 2,4% em maio. O núcleo da inflação – que excluir itens com preços voláteis – também acelerou: de 2,8% para 2,9%. Apesar do resultado em linha, a abertura do índice mostrou efeito das tarifas de Donald Trump. Por exemplo, os preços de vestuários e de móveis doméstico – ambos impactados pelas novas alíquotas – aumentaram entre maio e junho 0,4% e 1%, nesta ordem. Por outro lado, o índice de preços ao produtor ficou estáveis em junho, abaixo das expectativas. Dito isso, o aumento nos preços de bens industriais foi mais um indício de que as tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump começam a pressionar a inflação.
O presidente do banco central, Jerome Powell, seguiu com o discurso de “esperar para ver” o impacto que as tarifas terão sobre a inflação. Trump, por sua vez, segue pressionando para um ciclo de corte de juros.
Economia chinesa cresce acima das expectativas no 2º trimestre
Na China, o PIB cresceu 5,2% no 2º trimestre deste ano na comparação interanual (1,1% contra o 1º trimestre), acima das expectativas de mercado (5,1%), apesar da guerra comercial com os Estados Unidos. O resultado pode ser explicado pelo bom desempenho das exportações e pela política fiscal expansionista. Ademais, os indicadores de julho vieram mistos. O desempenho industrial ficou acima das expectativas, crescendo 6,8% contra junho de 2024 (mercado: 5,6%). Por outro lado, as vendas no varejo perderam força, desacelerando de 6,4% para 4,8% em junho (mercado: 5,6%). Por fim, a taxa de desemprego permaneceu em 5%, conforme as expectativas.
A economia chinesa passa por desafios estruturais. O consumo lento, a crise imobiliária e o aumento do desemprego entre jovens devem levar a uma desaceleração do PIB da economia asiática no segundo semestre deste ano.
Enquanto isso, no Brasil…
Negociações sobre tarifas seguem sem avanço
O governo publicou o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade econômica, que estabelece critérios para a adoção de medidas em resposta a barreiras impostas a produtos brasileiros. Agora, o Planalto tem amparo legal para reagir a ações que afetem negativamente a competitividade internacional do país.
Ainda não foi decidida qual será a retaliação. O governo participou de reuniões nesta semana com líderes empresariais para entender possíveis impactos. Segundo os jornais, o Planalto está considerando alternativas à majoração de alíquotas de importação. A taxação de big techs e a suspensão de direitos de propriedade intelectual estão entre as opções. Segundo o Presidente Lula, o Planalto deve esperar o prazo de 1º de agosto para uma resposta oficial.
Decreto do governo sobre o IOF volta a valer
A reunião de conciliação entre o governo e o Congresso sobre o decreto que aumentou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) terminou sem acordo. Com isso, Alexandre de Moraes, ministro do Superior Tribunal Federal, validou o decreto do governo que aumentou a alíquota. A decisão, no entanto, excluiu a incidência sobre operações de risco sacado. Com isso, esperamos que o governo deixe de arrecadar R$ 0,5 bilhão este ano e R$ 3,5 bilhões no ano que vem.
Reforma do Imposto de Renda e PEC 66/2023 avançam no Congresso
A comissão especial da Câmara aprovou o parecer do deputado Arthur Lira sobre a reforma do Imposto de Renda, que estabelece isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês. O relator incluiu determinação para que lucros e dividendos, cuja decisão de distribuição ocorra até 31 de dezembro de 2025, sejam isentos de IR. Além disso, aumentou a faixa de desconto para pessoas com renda de até R$ 7.350 (ante R$ 7.000 da proposta original) e manteve uma alíquota mínima de até 10% para quem tem renda anual acima de R$ 600 mil.
Ademais, o Senado aprovou a PEC 66/2023, que altera as regras para o pagamento de precatórios por parte da União, estados e municípios. Para a União, a proposta exclui do limite de despesas os valores pagos com precatórios e requisições de pequeno valor (RPV) a partir de 2026, mas incorpora R$ 12,4 bilhões de créditos adicionais na base de cálculo, o que abre espaço para novas despesas no ano que vem. Além disso, o valor relativo aos precatórios e RPVs deve ser incorporado gradualmente ao cálculo da meta de resultado primário, à razão de 10% ao ano, a partir de 2027.
A votação de ambos os projetos ficará para a volta do recesso parlamentar, em agosto.
IBC-Br interrompe sequência de quatro altas consecutivas
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – proxy mensal do PIB – recuou 0,7% em maio, abaixo das expectativas (XP: 0,3%; mercado: 0,0%). Esse resultado interrompeu uma sequência de quatro altas consecutivas. Exceto por serviços, que ficaram estáveis, todos os setores apresentaram queda. A agropecuária recuou 4,2%, mas acumula crescimento de 17% no ano em meio à safra recorde de grãos.
Mantemos nossa projeção de 2,5% para o PIB de 2025. Em nossa avaliação, a robustez do mercado de trabalho e o impacto das medidas de estímulo do governo – que pouco apareceram nos dados correntes – devem evitar uma reversão mais acentuada da atividade doméstica. Por outro lado, as tarifas de 50% anunciadas pelo governo dos EUA sobre produtos brasileiros impõem um viés baixista à nossa projeção de crescimento este ano.
Segundo nossas simulações, as tarifas podem retirar até 0,3 p.p. do crescimento do PIB total. Para detalhes, leia nosso relatório “Tarifas podem reduzir o crescimento do PIB do Brasil em 0,3 p.p. em 2025 e 0,5 p.p. em 2026”.
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Destaques da próxima semana
No cenário internacional, destaque para as decisões de juros na Zona do Euro e na China, para as quais o mercado espera manutenção das taxas básicas. Além disso, as leituras preliminares dos PMIs das principais economias serão publicadas – PMIs são sondagens com empresas que visam medir o clima da atividade econômica.
No Brasil, o protagonismo ficará para a divulgação do IPCA-15 de julho – esperamos que a inflação acelere na margem, puxada por passagens aéreas, reajustes de loterias e preços de energia elétrica, enquanto alimentos devem moderar a alta. Na seara fiscal, serão publicados os dados de arrecadação federal e de resultado primário do governo central de junho, mas sem data definida. Por fim, as estatísticas do setor externo do último mês serão levadas ao público pelo Banco Central.

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