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Economia em Destaque: Inflação resistente nos EUA e no Brasil

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

O deflator do consumo dos EUA e o IPCA-15 no Brasil mostraram que a inflação segue resistente e em patamar alto. Isso significa que o esforço dos bancos centrais pode ser maior, com taxas de juros elevadas por mais tempo.

No Brasil, o governo debate alternativas para manter a economia aquecida, como medidas para estimular o mercado de crédito, ajuste na tabela do Imposto de Renda Pessoa Física e postergação da reoneração dos impostos federais sobre combustíveis.

Cenário internacional

Inflação nos EUA resiste e deve exigir mais esforço do Fed

A inflação ao consumidor nos EUA segue resistente. O deflator dos gastos com consumo, a medida favorita de inflação do Fed, apresentou alta de 0,6% em janeiro, levando o resultado em 12 meses para 5,4% (ante 5,3% em dezembro). A meta de inflação do Fed (banco central americano) é de 2%.

O resultado reforça a percepção de que a economia ainda não desacelerou o suficiente para reduzir as pressões de preços e salários. Assim, o Fed pode ter que subir os juros mais do que o esperado, e provavelmente mantê-los altos por mais tempo.

Este cenário tem pesado sobre os mercados globais. Desde o início de fevereiro, o S&P 500, principal indicador do mercado acionário dos EUA, já recuou 3,5%. E a taxa de juros dos títulos do governo retornou aos maiores patamares desde 2007.

Sondagens empresariais indicam primeiro trimestre sólido nos EUA e Europa

Ao longo desta semana, os agentes de mercado acompanharam a divulgação das prévias da sondagem empresarial PMI dos EUA e da Europa de fevereiro. Os indicadores, que refletem perspectivas de produção e vendas, subiram em ambas as regiões, mostrando que a atividade econômica está se aquecendo em comparação ao final do ano passado.

A resiliência da economia nos países centrais surpreende, dado o ambiente de alta de juros e crise energética gerada pela guerra na Ucrânia.

O lado negativo fica por conta dos mercados imobiliários, mais sensíveis à elevação de juros. As vendas de moradias existentes nos EUA mostraram nova queda, atingindo o nível mais baixo desde a crise do subprime de 2008. As taxas de hipoteca retomaram a tendência altista refletindo o risco de juros além do esperado (ver seção acima).

Um ano de guerra na Ucrânia

Este 24 de fevereiro marca um ano de guerra na Ucrânia. Imaginada inicialmente como curta, o conflito segue sem perspectivas de conclusão. O principal impacto do ponto de vista econômico ocorreu sobre o fornecimento e custos de grãos, fertilizantes e energia. O impacto, contudo, foi amenizado por um inverno menos rigoroso do que o temido na Europa, e pelo recuo dos preços de gás natural e petróleo frente ao pico atingido na eclosão da guerra.

Por seu impacto geopolítico e econômico – além, naturalmente, humanitário – a guerra na Ucrânia segue como um dos principais fatores de risco para os mercados financeiros este ano.   

Enquanto isso, no Brasil…

Semana curta por conta do feriado de Carnaval, mas recheada de discussões sobre política econômica.

Governo estuda medidas para estimular mercado de crédito

A imprensa destacou que o governo estuda medidas para compensar os efeitos do aperto financeiro no mercado de crédito para empresas e pessoas físicas. O risco é que essas políticas possam atenuar o efeito da política monetária, obrigando o banco central a manter os juros altos por mais tempo para trazer a inflação de volta à trajetória de metas. De fato, em resposta à sinalização de uma política fiscal (e parafiscal) mais expansionista à frente, as expectativas de inflação vêm subindo desde o ano passado.

Reoneração da gasolina pode acontecer gradualmente

As discussões dentro do governo sobre a reoneração dos impostos federais sobre a gasolina continuam. A equipe do Ministério da Fazenda defende que a a volta dos tributos aconteça agora, considerando o impacto substancial na arrecadação de impostos (cerca de R$ 55 bilhões por ano). Mas a ala política do governo está preocupada com o impacto na inflação. O governo anterior cortou impostos federais no ano passado em resposta à guerra na Ucrânia. A medida foi concebida como temporária, com término estipulado para  em dezembro de 2022. O governo Lula vem postergando o prazo desde então.

A apuração de nosso time de analistas políticos é que o governo pode reintroduzir os impostos gradualmente ao longo do ano. E, paralalamente, estudar alternativas para a Petrobrás suavizar o impacto nos preços domésticos.  

Ajuste no IR, com medida compensatória

O governo deve aumentar a isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para cerca de R$ 2.640/mês, dos atuais R$ 1.903,98. No entanto, para mitigar seu impacto fiscal, a faixa de isenção seria elevada para R$ 2.112 e um desconto simplificado de R$ 528 deve ser adotado. Segundo a imprensa, a perda estimada de arrecadação corresponderia a R$ 3,2 bilhões em 2023 e R$ 6 bilhões em 2024. O presidente Lula prometeu aumentar a alíquota de isenção do IRPF para R$ 5 mil.

Inflação segue resistente também no Brasil

A inflação de meio de mês medida pelo IPCA-15 de fevereiro ficou em 0,76%, um pouco acima do esperado (0,72%). O resultado mostra que a queda da inflação observada no segundo semestre do ano passado parece ter sido interrompida, com as medidas de inflação subjacente se consolidando ao redor de 6%.

A inflação, portanto, segue rodando acima da meta oficial de 3,25%, e também da inflação sugerida como adequada para o Brasil pelo Presidente Lula, entre 4,0% e 4,5%.

Suspeita de “vaca louca” no Pará

As exportações de carne bovina para a China foram suspensas devido a um caso da doença de “vaca louca” no Pará. Ainda não há resultado do teste para saber se o caso é atípico. O Ministério da Agricultura espera que a China retome as importações do produto brasileiro em março.

A suspensão das exportações já causa incertezas e distorções entre frigoríficos e produtores. Os abates dos chamados "bois China" (precificados com bonificação prevista para esse destino), que estavam programados para os próximos dias, estão sendo postergados. Quando não há essa opção, o abate é mantido, mas com preços abaixo do esperado pela cadeia.

Algumas associações do setor aproveitaram o episódio para voltar a criticar os termos do protocolo comercial assinado com a China, que prevê suspensão e verificação via Canadá mesmo para casos aparentemente atípicos.

O que esperar para a semana que vem?

Mercados globais devem seguir reagindo à perspectiva de juros mais elevados nos países centrais. Em relação à divulgação de dados econômicos, destaque para inflação ao consumidor e ao produtor, taxa de desemprego e índices de sentimento econômico na Europa, além de sondagens industriais e de serviços (ISM) e resultados de produtividade e custo da mão de obra nos Estados Unidos.    

No Brasil, atenções voltadas para o anúncio de medidas econômicas, especialmente a decisão sobre reoneração da gasolina. A agenda semanal traz diversos indicadores relevantes, como o PIB do 4º trimestre, a taxa de desemprego (e demais estatísticas do mercado de trabalho) de dezembro, resultados fiscais (governo central e setor público consolidado) e de crédito referentes a janeiro, além do IGP-M de fevereiro.  

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