Resumo
Nos Estados Unidos, os juros dos títulos do Tesouro reagiram às medidas expansionistas fiscais do presidente Donald Trump. Sobre a guerra comercial, o presidente americano recomendou tarifas de 50% sobre produtos da União Europeia.
Na China, o banco central cortou os juros pela primeira vez desde outubro de 2024.
Após conversa com Vladimir Putin, Trump sugeriu que a Ucrania e Rússia vão iniciar negociações de paz “imediatamente”. No entanto, os dois países não se mostram dispostos para que isso aconteça.
No Brasil, Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – proxy mensal para o PIB – surpreendeu no 1º trimestre por safra recorde de grãos.
No âmbito fiscal, o relatório bimestral de receitas e despesas de maio trouxe um forte congelamento de gastos de R$ 31,3 bilhões. Ainda, o governo anunciou mudanças na cobrança do IOF e impostos sobre aplicações em planos previdenciários.
Tudo sobre as tarifas de Trump
Gráfico da Semana
Veja na seção “Temor fiscal eleva juros americanos e afeta mercado global” do Cenário Internacional

Cenário Internacional
Temor fiscal eleva juros americanos e afeta mercado global
Os juros dos títulos do Tesouro do EUA estão em alta, impulsionados pelas medidas expansionistas fiscais do presidente Trump, que podem adicionar US$ 3,8 trilhões na dívida americana nos próximos anos. A Câmara dos Representantes votará a extensão dos cortes de impostos de 2017 e um corte adicional nos impostos cobrados sobre algumas despesas de consumo e financiamentos de veículos, além de aumentar os gastos com defesa e segurança nas fronteiras. Os juros dos títulos do Tesouro americano de 10 anos – referência para precificação de ativos globais – chegaram a ser negociados acima de 4,6%, enquanto os títulos de 30 anos chegaram a ultrapassar 5,1%.
A alta nos juros dos títulos do Tesouro dos EUA está se espalhando para outros países, como o Japão. A falta de compradores na venda de JGBs (Títulos do Governo japonês) de 20 anos pelo Ministério da Fazenda na terça-feira resultou no pior resultado do leilão desde 2012. O rendimento do título japonês de 30 anos subiu para 3,185%, um novo recorde. Os juros dos títulos de 40 anos atingiram o pico histórico de 3,635%. O movimento também está, em certa medida, ligado às ações do Banco Central do Japão para desfazer o estímulo monetário agressivo implementado nos últimos anos.
Recuo nas negociações de acordo comercial com a União Europeia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou a União Europeia com tarifas de 50%, valendo a partir de 1° de junho. Segundo Trump, os Estados Unidos são prejudicados pelas barreiras comerciais e restrições impostas por eles, levando a déficits comerciais “inaceitáveis”, e terminou dizendo “nossas negociações com eles (União Europeia) não estão indo a lugar nenhum”.
Dados de atividade voltam a patamar positivo
O PMI de Serviços – indicador que capta o sentimento e condições financeiras das empresas – subiu para 52,3 em maio, ante 50,8 no mês anterior, superando as expectativas do mercado. Segundo a pesquisa, as empresas receberam um número maior de novos pedidos no período, apesar da queda acentuada nos pedidos de mercados estrangeiros, que foi a mais intensa já registrada, excluindo a pandemia, indicando que as tarifas e a política econômica do governo continuaram a impactar os negócios.
O PMI Industrial subiu para 52,3 em maio de 2025, o maior em três meses, também superando as previsões. A leitura sinalizou a melhoria mais forte nas condições de negócios desde junho de 2022, à medida que a produção voltou a entrar em território de expansão após dois meses de declínio, e o crescimento de novas encomendas atingiu um pico de 15 meses.
Banco central da China reduz taxa de juros pela primeira vez no ano
Na China, o banco central cortou os juros (em linha com as expectativas de mercado), sendo a primeira redução desde outubro de 2024, visando a estimular a economia e se antecipar a potenciais consequências da tensão comercial com os Estados Unidos. A taxa de um ano – benchmark para maioria dos empréstimos – caiu 0,10 p.p. para 3,0%, enquanto a taxa de 5 anos caiu para 3,5%.
Apesar de interferência de Trump, Rússia e Ucrânia não parecem dispostas a negociar acordo
Após mais de duas horas de conversa com o presidente russo, Vladimir Putin, Donald Trump anunciou que a Rússia e Ucrânia iniciarão as negociações de paz “imediatamente”. De acordo com ele, a conversa foi muito produtiva e que “algo vai acontecer”. Porém, afirmou que os Estados Unidos se retirarão das negociações caso não avancem dessa vez.
Entretanto, a Rússia faz questão que suas exigências sejam atendidas – manter os territórios ocupados e garantias de que a Ucrânia não entrará para a OTAN. Do outro lado, um dia após o anúncio, União Europeia e Reino Unido colocaram novas sanções contra a Rússia, e Zelensky pediu que isolem ainda mais o país.
Indicador de sentimento econômico continua mostrando atividade fraca na Zona do Euro
A pesquisa do PMI da Zona do Euro continua indicando atividade econômica relativamente fraca. O relatório mostrou que o PMI Composto caiu de 50,4 para 49,5 em abril (est: 50,6), sugerindo que a atividade empresarial geral declinou (leituras abaixo de 50 indicam contração). As atividades no setor de serviços contraíram-se pela primeira vez desde novembro de 2024, enquanto o PMI da Indústria contraiu-se a um ritmo mais lento do que o esperado. Os sinais de queda da atividade são desfavoráveis para o euro e reforçam que o Banco Central Europeu continuará a cortar as taxas de juros à frente.
Enquanto isso, no Brasil…
Governo divulga o relatório bimestral com forte contingenciamento e reforma no IOF
No Brasil, o relatório bimestral de receitas e despesas de maio trouxe notícias importantes. O destaque foi o forte congelamento de gastos de R$ 31,3 bilhões, dos quais R$ 20,7 bilhões se referem a cortes para cumprir a meta de saldo primário e outros R$ 10,6 bilhões são bloqueios para respeitar o limite de gastos. Além disso, o governo anunciou uma queda de R$ 81,5 bilhões na receita devido à revisão no CARF, CSLL, transação tributária, entre outros.
Ademais, foi anunciado um aumento no IOF para aplicações no VGBL, créditos a empresas e operações de câmbio, com uma projeção arrecadatória de 20,5 bilhões de reais. Entretanto, a reação negativa do mercado – dólar foi de US$/R$ 5,60 para US$/R$ 5,70 – fez o governo voltar a isentar o IOF sobre transferências para aplicações de fundos nacionais no exterior, e manter a alíquota de 1,1% para investimentos de pessoas físicas.
IBC-Br de março veio acima das expectativas, com destaque para o setor agropecuário
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – proxy mensal para o PIB – avançou 0,8% M/M em março, superando as expectativas (XP: 0,6%; Mercado: 0,4%). Na comparação com março de 2024, o IBC-Br subiu 3,5% (XP: 3,2%; Mercado: 2,9%). O destaque ficou para o setor agropecuário, que avançou fortemente no 1º trimestre de 2025 impulsionado pela safra recorde de soja, com crescimento de 1,0% no mês e 19,8% na comparação anual.
Esperamos que o PIB cresça 2,3% em 2025. A atividade doméstica deve desacelerar gradualmente ao longo do ano. O mercado de trabalho segue robusto, com taxa de desemprego em níveis baixos e salários reais em alta, e as medidas recentes do governo devem apoiar a demanda no curto prazo. Para mais informações, veja nosso relatório Brasil Macro Mensal: Entre incertezas globais e pressões domésticas.
Gripe aviária fecha mercados para as exportações de frango
As exportações de frango e derivados foram suspensas para nove destinos após a confirmação da gripe aviária em uma granja em Montenegro (RS). O Brasil era o único produtor relevante livre da doença. Países como China, México, Chile, Argentina, Uruguai e os que compõem a União Europeia decidiram suspender a importação de carne de frango do Brasil enquanto não houver uma mitigação dos casos. No total, mais de 30 países anunciaram alguma restrição para o Brasil.
Reforma no setor elétrico busca isentar conta de luz de 60 milhões de pessoas
O presidente Lula assinou Medida Provisória que trata da reforma do setor elétrico, após reunião com os presidentes da Câmara e do Senado. A proposta tem como um de seus principais pontos a ampliação da tarifa social para cerca de 60 milhões de pessoas, com consumo de até 80 kWh/mês – o custo estimado pelo governo é de R$ 3,6 bilhões e será pago por demais consumidores residenciais. O texto também antecipa a abertura do mercado livre de energia para consumidores de baixa tensão e revê incentivos a grandes consumidores, com o fim gradual dos descontos na tarifa de uso do sistema de distribuição e mudanças nas regras para autoprodução.
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Destaques da próxima semana
No cenário internacional, o destaque da próxima semana será a divulgação do índice deflator do PCE na 6a-feira, o indicador de inflação mais relevante para a condução de política monetária dos Estados Unidos. Além disso, o Fed divulgará a ata do último FOMC.
No Brasil, o protagonismo será a divulgação do PIB do 1T25 na 6a-feira, que deverá mostrar forte avanço da agropecuária e demanda doméstica sólida. Ainda do lado da atividade, a geração de empregos formais (relatório Caged) e a PNAD contínua serão publicadas. Por fim, conheceremos o IPCA-15 de maio, cujas métricas subjacentes continuarão sob pressão.

