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Economia em Destaque: Fed mantém taxa de juros, enquanto Copom reduz a Selic para 10,75%

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

Super semana de política monetária, com decisão de juros em diversos países. Nos Estados Unidos, o Fed manteve sua taxa básica no intervalo entre 5,25% e 5,50%. No Japão, houve elevação para 0,1%, encerrando um longo período de oito anos de juros negativos. Conforme esperado, as taxas de juros foram mantidas no Reino Unido e na China.

No Brasil, o Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,50 p.p. para 10,75%, em linha com as expectativas. A grande surpresa veio no comunicado pós-decisão, que indicou corte da mesma magnitude apenas para a próxima reunião - ao invés de "próximas reuniões", como vinha fazendo. Mantemos nossa visão de que a Selic terminará o atual ciclo de afrouxamento monetário em 9,00%, mas há risco de alta.

Cenário internacional

Banco Central dos Estados Unidos mantém taxa de juros

Nos Estados Unidos, a taxa de juros de referência foi mantida em 5,25% – 5,50%, conforme amplamente esperado pelo mercado. Junto ao comunicado, houve publicação do resumo das projeções econômicas dos membros do banco central americano (Fed), que passou uma mensagem ligeiramente mais cautelosa em relação ao processo de desinflação e flexibilização monetária. Já na coletiva de imprensa, o Presidente do Fed, Jerome Powell, transmitiu uma mensagem um tanto quanto otimista sobre a normalização da economia, ao mesmo tempo em que expressou alto nível de incerteza em relação aos juros de longo prazo. Acreditamos que as incertezas seguem elevadas e as expectativas sobre o ciclo de flexibilização provavelmente permanecerão muito sensíveis aos dados. Projetamos o início do ciclo de corte de juros em julho.

Para detalhes, leia nosso relatório especial “Política monetária nos EUA: O Fed manteve a taxa de juros em 5,5% em março”.

BCs de Japão, China e Reino Unido também decidiram sobre juros, sem grandes surpresas

O Banco Popular da China (PBoC) deixou as principais taxas de juros inalteradas, conforme antecipado pelo mercado. A taxa de empréstimo de referência de 1 ano (LPR) foi mantida em 3,45%, enquanto a taxa de 5 anos permaneceu em 3,95%. Em fevereiro, o PBoC reduziu a taxa de juros de referência de 5 anos de 4,20% para 3,95%, a primeira mudança desde agosto. O Banco do Japão (BoJ) aumentou a taxa básica de juros de curto prazo de -0,1% para cerca de 0,1%, em linha com as projeções. A medida encerrou oito anos de taxas de juros negativas e marcou o primeiro aumento desde 2007, já que a inflação está acima da meta de 2% por mais de um ano e as maiores empresas do país concordaram em aumentar os salários no maior nível em três décadas. Já no Reino Unido, o Banco da Inglaterra (BoE, em inglês) manteve sua taxa de juros de referência em 5,25%, mas emitiu mensagens mais otimistas sobre o processo de desinflação. Pela primeira vez desde setembro de 2021, nenhum membro do comitê de política monetária do banco central votou pela elevação de juros. Ademais, o Banco Nacional da Suíça reduziu ontem sua taxa de juros de referência em 0,25 p.p., para 1,50% (o primeiro corte em nove anos). Este foi o primeiro banco central de economias desenvolvidas a iniciar o ciclo de corte de juros.

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Enquanto isso, no Brasil...

Banco Central reduz juros para 10,75% e tira plural do seu comunicado

O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o esperado corte de 0,50 p.p. na taxa Selic, levando-a de 11,25% para 10,75%. De grande importância, o comunicado indicou corte de mesma magnitude apenas para a próxima reunião, ao invés de “para as próximas reuniões”, como vinha sendo sinalizado.

Apesar do ajuste na orientação futura, não mudamos nosso cenário de que a taxa Selic chegará a 9,00% em setembro deste ano. No entanto, como temos sinalizado em nossos relatórios recentes, vemos riscos para a dinâmica da inflação à frente. Assim, avaliamos que o balanço de riscos em torno das projeções de inflação e juros está inclinado para cima.

Para detalhes, leia nosso relatório “Copom: Mesmo cenário base, mas aumento das incertezas”.

Arrecadação tributária tem resultado recorde em fevereiro, mas o ritmo é insuficiente para cumprir meta fiscal

A arrecadação tributária federal totalizou R$ 186,5 bilhões em fevereiro de 2024 - aumento real de 12,3% em comparação ao mesmo período de 2023. Esse resultado marcou o melhor desempenho para o mês na série histórica. Os dados desagregados trouxeram sinais mistos. Pelo lado positivo, observamos contribuição significativa do mercado de trabalho apertado, da reversão da desoneração tributária para combustíveis, além da tributação sobre fundos exclusivos. Por outro lado, os efeitos de algumas medidas implementadas pelo governo no início deste ano vieram abaixo das expectativas, como a subvenção de ICMS e os Juros Sobre Capital Próprio (JCP).

Em suma, o ganho real de 12,3% na arrecadação tributária em fevereiro representa uma notícia positiva, todavia aquém do montante médio requerido para o cumprimento da meta de resultado primário nulo este ano (de 13,5%, segundo as nossas estimativas).

Primeiro relatório bimestral indica bloqueio para cumprir o limite de gastos

O primeiro Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) de 2024 previu um déficit de R$ 9,3 bilhões (-0,1% do PIB), vindo de um superávit de R$ 9,1 bilhões (+0,1% do PIB) na lei orçamentária. A nova estimativa respeita o limite inferior (-R$ 28,8 bilhões, ou -0,25% do PIB) do intervalo de tolerância que contém a meta de resultado primário zero; portanto, não será necessário um contingenciamento de gastos. No entanto, como as despesas relacionadas a benefícios previdenciários aumentaram, será necessário um bloqueio (redução) de R$ 2,9 bilhões em despesas discricionárias para o cumprimento do limite de gastos.

Acreditamos que o desempenho da arrecadação tributária durante o ano ficará abaixo das expectativas do governo, mas qualquer mudança na meta só deverá ocorrer no segundo semestre, após o relatório bimestral de julho, e próximo à definição do orçamento público de 2025.

Gráfico da Semana

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O que esperar da semana que vem

Agenda econômica internacional será mais calma na próxima semana. Nos Estados Unidos, destaque para a leitura final do PIB do 4º trimestre de 2023 (a leitura preliminar registrou variação trimestral anualizada de 3,2%). O evento principal da semana ocorrerá na 6ª-feira – a divulgação os dados da inflação medida pelo núcleo do deflator das despesas de consumo pessoal (PCE) relativos a fevereiro. Ademais, dirigentes do Fed e do BCE falarão publicamente ao longo da semana, podendo das orientações adicionais sobre as próximas decisões de juros nos EUA e na zona do euro.

No Brasil, haverá importantes divulgações relacionadas à condução da política monetária. Na 3ª-feira, o Banco Central publicará a ata do Copom, que trará detalhes acerca da decisão de redução de 0,50 p.p. na taxa Selic nessa semana; além disso, o Relatório de Inflação será publicado na 5ª-feira, e deve trazer elementos relevantes para o debate sobre cenário econômico no Brasil. O IBGE divulgará na 3ª-feira o IPCA-15 de março, para o qual estimamos alta de 0,26% m/m, fruto de queda significativa nos preços das passagens aéreas e arrefecimento nos preços de alimentos, enquanto os preços dos combustíveis devem contribuir de forma altista. A 4ª-feira contará com a publicação dos dados do Caged – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – relativos a fevereiro, para o qual a XP projeta geração líquida de 225 mil vagas formais. Na 5ª-feira, destaque para a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Projetamos ligeira alta na taxa de desemprego (de 7,6% para 7,7%); o mercado estará bastante atento à dinâmica dos salários, tendo em vista seus impactos potenciais sobre a inflação de serviços.

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