Economia em Destaque: Desoneração de combustíveis é prorrogada; FED mantém o tom duro

Cenário internacional

Ata da reunião de juros do BC americano mantém o tom duro

O Fed (banco central americano) divulgou a ata de sua última reunião de política monetária. Após a alta de 0,50 pp na taxa básica de juros americana, após 4 aumentos consecutivos de 0,75 pp, a comunicação da autoridade monetária sobre a decisão foi considerada dura. No texto, deixou claro que a dinâmica inflacionária continua sendo o maior risco para a economia americana, com riscos altistas, e que o Fed "precisará de mais evidências sobre o arrefecimento da inflação e sua convergência para a meta de 2%"; por outro lado, reconheceu a melhora observada nos últimos números e o risco do juro ser mais alto que o necessário.

Inflação na Europa em queda

Em 2022, a inflação acumulada foi de 9,2% (-0,3% m/m), ante projeção de mercado em 9,5%, arrefecimento em relação ao 10,1% a/a de novembro e representa a segunda queda seguida após 16 meses seguidos de alta. Por ter sido influenciado fortemente pela queda nos preços de energia, 6,5% m/m e 25,7% a/a, representa um número benigno para a dinâmica inflacionária na Europa. Parte disso se deu pelo pagamento, por parte do governo alemão, das contas de gás de residências e empresas no país em dezembro, além da melhora nas cadeias de oferta globais.

Mercado de trabalho nos EUA ainda aquecido

Em dezembro, a criação de postos de trabalho nos EUA foi de 223 mil (projeção da XP em 161 mil) e queda na taxa de desemprego para 3,5% (ante 3,7% em novembro). Esses números mostram um mercado de trabalho ainda aquecido, apesar da queda no ganho médio por hora trabalhada (de 5,1% a/a para 4,6% a/a). Nesse sentido, são importantes para os próximos passos do Federal Reserve.

Atividade na China em contração

Em dezembro, os Índices de Gerentes de Compra (PMI, medida de atividade econômica) para serviços e indústria apresentaram queda acima do esperada pelo mercado. Para o primeiro, 41,6 ante projeção de 45; para a indústria, 47,0 ante 47,8 de estimativa (valores abaixo de 50 representam contração da atividade).

Enquanto isso, no Brasil…

Brasil Macro Mensal: Fiscal e monetário em rota de colisão

Publicamos o relatório Brasil Macro Mensal de janeiro de 2023. Entre os destaques está o cenário doméstico, principalmente na interação entre a política fiscal - já expansionista, após a aprovação da PEC da Transição - e o rumo da política monetária. Além disso, reajustamos nossa projeção de saldo em conta corrente em 2022, além das estimativas para a trajetória do resultado primário e da dívida pública.

Novo governo prorroga desoneração de combustíveis

No primeiro dia útil do governo eleito foi anunciada a continuidade da desoneração de impostos federais (PIS e COFINS) para gasolina e diesel até o dia 28 de fevereiro; para óleo diesel, GLP e biodiesel, por outro lado, se manteve o nível atual de alíquotas até o dia 31 de dezembro. Com tal medida, estimamos impacto de R$ 25 bi nas contas públicas e e mantemos nossa projeção de 5,4% de inflação para 2023 - e integramos a volta da alíquota para março, ao invés de janeiro. Em termos líquidos, a medida tem impacto de R$ 0,69 no preço da gasolina e 0,51 p.p no IPCA.

Haddad sinaliza medidas para o primeiro trimestre

Em entrevista, o ministro Haddad anunciou que o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária devem ser anunciados até o fim de abril; no caso da segunda, em duas etapas: a primeira, focada em impostos indiretos, a segunda no imposto de renda. Além disso, ainda em janeiro deve ser apresentado um plano de socorro financeiro para pessoas físicas endividadas e pequenas empresas, com contribuição da Caixa Econômica e Banco do Brasil.

Salário mínimo deve ter nova política de reajuste

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, anunciou que o salário mínimo deve voltar a ter o reajuste semelhante ao governos anteriores do PT, considerando a inflação acumulada no período e o crescimento do PIB. Por conta de seu impacto nas despesas do governo - na previdência e salário de servidores - é matéria importante para a dinâmica fiscal.

Produção industrial com virtual estabilidade em dezembro

Ao longo do segundo semestre, o setor manufatureiro vem enfraquecendo, e a variação de -0,1% m/m (ante projeção da XP de 0,1%) em novembro representou a terceira queda em quatro meses. Isso se dá pela menor demanda interna, por conta de juro mais alto, e maior incerteza sobre o cenário da economia em 2023. Por outro lado, projetamos alta de 0,4% m/m em dezembro.

IGP-DI de dezembro abaixo do esperado

Em dezembro, o IGP-DI registrou 0,31% m/m, abaixo da projeção de mercado de 0,40% m/m e fechou o ano em 5,03%. O índice de preços ao consumidor apresentou desaceleração, de 0,57% para 0,35%, e o índice de preços ao atacado retornou ao terreno positivo (0,32%, ante -0,43%). Por fim, o INCC, índice nacional de custos da construção civil, desacelerou fortemente e fechou o ano com 0,09% m/m, após 0,36% m/m em novembro.

Balança comercial atinge novo recorde

Em 2022, a balança comercial brasileira atingiu novo superávit, superando o recorde observado em 2021. O saldo ficou em US$ 62,3 bilhões no acumulado para o ano e US$ 4,8 bilhões em dezembro. Nas exportações, papel relevante na venda de milhos para o exterior; nas importações, grande volume de compras de óleos brutos de petróleo.

O que esperar para a semana que vem?

No cenário internacional, o destaque será o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, sobre os próximos passos da política monetária americana, e os índices de inflação ao produtor e consumidor do país. Na China, há a expectativa da divulgação de diversos dados, como o PIB do 4º trimestre, dados de atividade econômica e inflação de dezembro. Na Zona do Euro, será divulgada a produção industrial de novembro. No Brasil, o foco será nas sinalizações do Ministério da Fazenda sobre os rumos da política econômica e composição do Ministério do Planejamento. Na seara dos dados, IPCA de dezembro, PMC e PMS de novembro, e o IBC-Br – proxy do PIB – referente ao mesmo mês.

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