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Economia em Destaque: Brasil registra deflação mensal, refletindo queda de impostos

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

O destaque internacional da semana foi a inflação americana, que surpreendeu o mercado pela desaceleração maior que o previsto. Isto foi um bom sinal para a política monetária, que ainda assim deve continuar restritiva. A inflação chinesa refletiu a baixa atividade econômica em decorrência dos lockdowns pelos quais o país passou recentemente.

No Brasil, tivemos deflação em julho como consequência das mudanças na tributação de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações. Entre os dados de atividade, o setor de serviços continua a se destacar em detrimento do varejo. Publicamos o relatório Brasil Macro Mensal de agosto, detalhando nossas expectativas para o cenário econômico.

Cenário internacional

Inflação nos EUA

A inflação ao consumidor nos EUA (medida pelo CPI) ficou em 0,0% entre junho e julho (consenso: 0,2%; XP: 0,1%). No acumulado em 12 meses, a inflação recuou de 9,1% em junho para 8,5% em julho, mostrando algum alívio, embora permaneça em níveis historicamente muito elevados. Mantemos nossa projeção de que o Fed irá desacelerar seu ritmo de alta de juros e entregar alta de 0,50pp na taxa básica de juros (Fed Funds Rate) em setembro, seguido por aumento de 0,25pp em novembro, atingindo a taxa de juros terminal de 3,25% a.a. Para mais detalhes sobre a última divulgação do CPI, clique aqui.

Apesar da inflação mais baixa, as declarações públicas dos membros do Fed permanecem duras, sinalizando que ainda é muito cedo para declarar vitória sobre a inflação e que os juros devem permanecer em patamar elevado por mais tempo.

Confiança do consumidor e expectativas de inflação nos EUA

Nesta semana foram divulgadas as pesquisas do Federal Reserve de Nova York e da Universidade de Michigan a respeito das expectativas de inflação. Ambas demonstraram recuo expressivo em julho para a inflação esperada em um ano e em períodos mais longos, o que contribui para a leitura de que forças desinflacionárias já atuam na economia dos Estados Unidos no curto prazo, respaldando avaliações de uma política monetária menos agressiva do banco central local.

Inflação na China

Os índices de preços ao consumidor e ao produtor em julho na China ficaram abaixo das expectativas, indicando que a segunda maior economia do mundo ainda estava enfrentando o impacto das medidas de restrição à mobilidade relacionadas à Covid-19. A atividade fabril, em particular, segue extremamente pressionada. Ainda assim, a leitura do IPC foi a mais alta desde o final de 2020 e reflete que certas parcelas da economia chinesa estão se recuperando de forma constante.

Aumento da demanda deve manter preço do petróleo em patamar elevado

Segundo a Agência Internacional de Energia, o aumento do uso de petróleo para geração de energia na Europa e no Oriente Médio deverá manter a demanda de petróleo alta pelo resto do ano, o que pressionará os preços. Os preços do petróleo brent terminaram a semana próximos a 97 dólares por barril.

Enquanto isso, no Brasil…

Brasil Macro Mensal

Publicamos nesta semana o relatório Brasil Macro Mensal de agosto. Destacamos as incertezas sobre a condução da política monetária pelo Fed e sobre o futuro da política fiscal no Brasil, que vem causando volatilidade nos ativos brasileiros. Incorporamos um aumento permanente de despesas em nosso cenário fiscal para 2023, o que pode sustentar um crescimento de 0,5% do PIB. Revisamos ainda a inflação e a Selic para o final de 2023, de 5,0% para 5,5% e de 9,25% para 10,00%, respectivamente.

Confira aqui o relatório completo.

Ata do Copom: parar, esperar e ver

Foi publicada nesta semana a ata da última reunião do Copom – o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil, que na semana passada elevou a Selic em 0,5 pp, de 13,25% para 13,75% a.a., conforme o esperado. A ata veio em linha com o comunicado e com a nossa expectativa: ressaltou os riscos em ambas as direções para a inflação, seja de alta devido à demanda agregada mais forte ou de baixa devido a uma desaceleração global, e declarou que avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião (aumento de 25 p.p.) a depender da evolução dos dados econômicos.

Entendemos que o Copom optará por manter 13,75% até meados de 2023.

Deflação no IPCA de julho

O IPCA de julho caiu 0,68% (consenso: -0,64; XP -0,65%), acumula alta de 10,07% nos últimos 12 meses e de 4,77% no ano. A leitura de julho foi fortemente influenciada pelo impacto das medidas de redução de impostos sobre os preços de energia elétrica, combustíveis e telecomunicações. Para mais detalhes sobre os dados de inflação de julho, clique aqui.

Mantemos nossa projeção de 7,0% para o IPCA em 2022.

Varejo dá sinais de desaceleração do consumo, serviços surpreendem positivamente

As vendas no varejo excluindo automóveis e materiais de construção recuaram 1,4% entre maio e junho, a segunda queda consecutiva após uma sequência firme de quatro altas nos meses anteriores. A queda mensal nas vendas no varejo foi generalizada: nove entre dez categorias pesquisadas pelo IBGE apresentaram resultados negativos na comparação mensal, embora apenas três tenham recuado na comparação trimestral.

Já a receita real do setor de serviços cresceu 0,7% em junho em relação a maio (consenso e XP: 0,4%). A taxa de crescimento de maio foi revisada para baixo, para 0,4% de 0,9%, como esperado. A leitura de junho trouxe sinais positivos para as atividades de serviços, uma vez que quatro dos cinco grupos monitorados pelo IBGE aumentaram mensalmente, no trimestre, quatro entre as cinco categorias de serviços cresceram em relação ao primeiro trimestre, reforçando a visão de uma recuperação sólida no setor terciário.

Segundo nossas projeções, a economia brasileira deve crescer 2,2% em 2022 (com viés de alta) e 0,5% em 2023. Mais detalhes sobre o cenário de atividade podem ser obtidos no Brasil Macro Mensal de agosto e no relatório especial Monitorando o ritmo de crescimento do consumo.

Petrobras reduz preço do diesel nas distribuidoras

A Petrobrás reduziu o preço do diesel nas distribuidoras em 4% ontem, segunda queda em menos de um mês. A alta está em linha com a volta do câmbio para perto de 5 reais por dólar e com a queda dos preços internacionais de combustíveis. O diesel não entra na coleta da inflação medida pelo IPCA, portanto esta queda não deve produzir efeito significativo sobre o índice.

O que esperar para semana que vem?

No cenário internacional, o destaque da semana será a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária dos EUA (o FOMC), assim como a inflação ao consumidor de julho e a segunda prévia do PIB do segundo trimestre da Zona do Euro.

No Brasil, teremos a proxy do PIB divulgada pelo Banco Central referente a junho e o monitor do PIB da FGV. No Congresso, seguem as discussões acerca do orçamento de 2023.

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