XP Expert

Economia em Destaque: Aprovação da reforma tributária eleva nota de crédito soberano do Brasil

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

Resumo

No cenário internacional, a inflação dos EUA medida pelo PCE apresentou leitura benigna, aumentando as chances de início do processo de flexibilização monetária no próximo semestre. Enquanto isso, o Banco Central do Japão e o Banco Popular da China deixaram suas taxas de juros de referência inalteradas.

No Brasil, destaque para a promulgação da reforma tributária sobre o consumo de bens e serviços. A alíquota padrão e os produtos a serem incluídos nos regimes diferenciados (entre outros pontos) serão definidos por leis auxiliares. A aprovação da reforma levou a agência de classificação S&P Global a elevar a nota de crédito soberano do Brasil. Além disso, a ata do Copom e o Relatório Trimestral de Inflação reconheceram a melhoria do cenário econômico, mas continuaram a sinalizar cautela diante das incertezas no radar. Acreditamos que o banco central continuará a reduzir a taxa Selic em 0,50 p.p. nas próximas reuniões.

Cenário internacional

PCE traz boas notícias

O destaque da economia internacional nessa semana foi a divulgação da inflação medida pelo núcleo do deflator das despesas de consumo pessoal nos Estados Unidos (PCE, em inglês), relativa a novembro. A leitura trouxe notícias positivas, com o índice geral subindo 0,1% em relação a outubro, abaixo das expectativas de mercado (0,2%). Assim, a inflação acumulada em doze meses caiu de 3,4% para 3,2%, sugerindo que o processo de desinflação continua. A categoria de serviços – a que mais preocupa, tendo em vista sua maior inércia – apresentou alta moderada de 0,25% no mês. Apesar de a inflação permanecer acima da meta de 2%, os dados recentes mostram alívio na margem, e parecem aos poucos abrir espaço para o início do processo de flexibilização monetária pelo banco central americano (Fed).

Dados econômicos do Reino Unido reforçam cenário de manutenção dos juros

A inflação britânica recuou em novembro, atingindo o nível mais baixo desde setembro de 2021. A taxa anualizada caiu de 4,6% em outubro para 3,9% no mês passado. A mediana de expectativas do mercado apontava para 4,4%. O núcleo da inflação, que exclui os preços de energia e alimentos, apresentou queda acentuada, de 5,7% para 5,1%. A inflação de serviços – à qual o Banco Central da Inglaterra (BoE, em inglês) presta bastante atenção – declinou de 6,6% para 6,3%. Com isso, os investidores passaram a precificar que as taxas de juros locais começarão a cair no segundo trimestre de 2024.

No entanto, o Vice-Governador do BoE, Ben Broadbent, afirmou que não há evidências suficientes de que o crescimento salarial – um dos principais fatores por trás das pressões inflacionárias – está arrefecendo. Ele comentou que é importante não confundir “sinais com ruídos”, reforçando a mensagem do BoE de que é muito cedo para começar a falar em cortes nas taxas de juros.

Juros no Japão seguem em patamar negativo

No Japão, o Banco Central do Japão (BoJ, em inglês) decidiu manter as taxas de juros de referência em -0,1%, não alterando sua orientação de política monetária expansionista. Os juros estão neste nível desde 2016, mas as discussões sobre levar as taxas acima de zero vêm aumentando, uma vez que a inflação se encontra acima dos níveis históricos. No entanto, o banco central optou por aguardar mais evidências sobre a alta de preços e de salários para eventualmente justificar uma mudança na orientação de política monetária. Preocupações relativas ao enfraquecimento da atividade econômica deixaram o BoJ mais cauteloso. Muitos esperam que as taxas de juros comecem a subir gradualmente no segundo trimestre de 2024, embora a trajetória futura da política monetária japonesa ainda não esteja clara.

O Banco Popular da China (PBoC, em inglês) manteve suas taxas básicas de juros inalteradas, com as condições monetárias devendo permanecer frouxas por mais tempo, tendo em vista a desaceleração do crescimento econômico. O PBoC manteve sua taxa de juros de 1 ano em 3,45%, enquanto a taxa de 5 anos – utilizada para determinar os custos com hipotecas – permaneceu em 4,20%. Ambas as taxas seguem nas mínimas históricas, após três cortes realizados no ano passado. A autoridade monetária já havia deixado as taxas de empréstimos de médio prazo inalteradas na semana passada, injetando também 1,45 trilhão de yuans (US$ 204 bilhões) de liquidez no sistema bancário. Isto posto, há pressões crescentes para maior afrouxamento monetário no país, com o intuito de impulsionar a atividade econômica.

Publicamos o relatório “Como Andam Nossos Vizinhos”

No último relatório mensal de economia global e da América Latina de 2023, destacamos que as economias devem crescer abaixo do potencial em 2024 em meio a condições monetárias ainda restritivas. Na América Latina, não vemos riscos de recessão, mas, ainda sob o cenário de elevadas taxas de juros, o crescimento econômico pode levar um tempo até retomar um ritmo mais forte. Em 2023, a maioria das moedas da região se valorizaram contra o dólar, sobretudo devido à melhoria nas contas externas. Vemos espaço para valorização adicional em 2024, embora acompanhada de volatilidade.

Para saber mais, leia nosso relatório “Como andam nossos vizinhos: Luz no fim do túnel em meio a juros altos e crescimento baixo”.

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

Enquanto isso, no Brasil…

Orçamento de 2024 é aprovado…

O Congresso aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, mantendo a meta de déficit zero para 2024, como defendido pelo Ministério da Fazenda. O texto ainda prevê cerca de R$ 48 bilhões em emendas parlamentares, sendo R$ 37 bilhões de pagamento obrigatório, e permite que cerca de R$ 5 bilhões em verbas de estatais direcionadas para o novo PAC fiquem de fora dos cálculos da meta de resultado dessas empresas.

Por fim, a Comissão Mista de Orçamento aprovou o PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) e o Congresso deve apreciar a medida no dia 22 de dezembro, encerrando o ano legislativo.

…assim como a Reforma Tributária, a medida de subvenção do ICMS e outras pautas fiscais

Em votação separada, a Câmara dos Deputados deu a aprovação final da emenda constitucional da reforma tributária. O projeto simplifica o sistema tributário brasileiro e pode ajudar a aumentar o crescimento potencial do país ao longo do tempo. O próximo passo da reforma é a lei complementar que fornece parâmetros relevantes, como a alíquota geral e quais produtos serão incluídos nos regimes de alíquotas diferenciadas descritos na emenda constitucional. Essa lei provavelmente será discutida ao longo de todo o ano de 2024.

Para saber mais, leia nosso relatório “Reforma tributária: o que é, o que muda e quais os próximos passos? Veja perguntas e respostas

Além disso, o Senado Federal aprovou a Medida Provisória que estabelece o novo regime jurídico-tributário para as subvenções de investimento (MP nº 1185/2023). A medida será enviada à sanção presidencial, prevalecendo integralmente o texto oriundo da Câmara dos Deputados. Junto a isso, o Projeto de Lei das apostas esportivas (última medida de arrecadação que estava em tramitação na Câmara) foi aprovada, incluindo os cassinos online. O texto agora aguarda sanção presidencial.

Com relação aos precatórios, sucedendo decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo abriu crédito extraordinário para regularização do pagamento no montante de aproximadamente R$ 93 bilhões – que não impactará nas regras fiscais.

S&P Global eleva rating soberano do Brasil para ‘BB’

Em 19 de dezembro, a agência de classificação de risco S&P Global elevou o rating soberano de longo prazo do Brasil para ‘BB’, ante ‘BB-‘. A perspectiva, por sua vez, foi alterada de “positiva” para “estável”. A elevação aconteceu após a alteração da perspectiva do Brasil, em junho. Segundo a agência de risco, a melhoria adicional decorreu da recente aprovação da reforma tributária no país. Apesar de sua possível implementação gradual, a S&P Global entende que a reforma representa uma revisão significativa do sistema tributário brasileiro e tem potencial de contribuir para ganhos de produtividade a longo prazo.

Para saber mais, leia nosso relatório especial “S&P Global eleva rating soberano do Brasil para ‘BB’; Perspectiva Estável”.

Ata do Copom reforça cenário de cortes na taxa Selic em 0,50 p.p. nas próximas reuniões

O Banco Central publicou, no início da semana, a ata do Copom. Em relação à atividade econômica, o documento trouxe que “os números do PIB do terceiro trimestre confirmaram a moderação antecipada no crescimento, mas com resiliência no consumo das famílias”. Sobre a inflação, a ata destacou que “os componentes da inflação mais sensíveis ao ciclo econômico e a política monetária se aproximaram mais da meta nas últimas divulgações”. Dito isso, as principais mudanças que o texto apresentou em relação à reunião anterior se concentraram no cenário global, caracterizado como menos adverso.

Para saber mais, leia nosso relatório “Ata do Copom: Progredindo conforme o esperado”.

Ademais, o Banco Central divulgou o relatório trimestral de inflação. Na entrevista coletiva que sucedeu a publicação, o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, manteve o tom da ata e defendeu o ritmo de cortes de 0,50 p.p. na taxa Selic como o mais adequado para o ciclo de flexibilização monetária, dizendo que as variáveis mais observadas pelo banco central, como hiato do produto, inflação de serviços e expectativas de inflação pouco se alteraram entre as reuniões.

Portanto, mantemos o cenário de que o Copom continuará a reduzir a taxa básica de juros em 0,50 p.p. nas próximas reuniões de política monetária.

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

O que esperar da semana que vem

Na semana entre o Natal e o Ano Novo, a agenda internacional estará relativamente vazia. Na 3ª-feira, destaque para a divulgação dos lucros industriais da China referentes a novembro. Na 3ª-feira, atenções voltadas aos dados de atividade no Japão também relativos ao mês passado, incluindo produção industrial e vendas no varejo.

No Brasil, o destaque da próxima semana será a divulgação do IPCA-15 de dezembro na 5ª feira. A XP espera desaceleração da variação mensal para 0,25%, puxada especialmente pelo arrefecimento nos preços de alimentos e serviços. Além disso, as principais estatísticas sobre o mercado de trabalho serão divulgadas. Em primeiro lugar, o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) deve reforçar o cenário de resiliência do emprego formal. Estimamos geração líquida de aproximadamente 165 mil vagas com carteira assinada em novembro. Enquanto isso, acreditamos que a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) apresentará estabilidade da taxa de desemprego em 7,9% no mês passado (estimativa dessazonalizada), com aumento moderado da população ocupada total e da força de trabalho. Os analistas de mercado estarão atentos à dinâmica dos rendimentos reais, que cresceram acima do esperado nas últimas leituras mensais.

Por fim, o Congresso Nacional ficará em recesso entre 23 de dezembro e 01 de fevereiro de 2024. Durante esse período não haverá sessões nem deliberações, resultando em uma pausa nas discussões e decisões fiscais.

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.