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Atividade econômica surpreendeu positivamente no primeiro trimestre

A melhora reflete maior renda disponível e efeitos adicionais da reabertura da economia

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Após um início de ano relativamente fraco, os resultados da atividade econômica vieram fortes em março, surpreendendo os analistas de mercado.

Identificamos como principais causas para esses resultados positivos: (I) o aumento da mobilidade, devido à retirada adicional de restrições ligadas à pandemia, como a não obrigatoriedade do uso de máscaras nas principais regiões do país e (II) a expansão da renda disponível, puxada pela recuperação do emprego e pelo maior volume de transferências governamentais de recursos (programa “Auxílio Brasil”).

Mercado de Trabalho

A taxa de desemprego recuou para 11,1% no 1º trimestre de 2022, conforme divulgado na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE. Considerando a série com ajuste sazonal, calculamos que a taxa de desocupação declinou de 11,3% em fevereiro para 10,9% em março.  A população ocupada total cresceu 0,7% entre fevereiro e março (de 95,3 para 96,0 milhões), marcando o 12º aumento consecutivo na margem. A reabertura econômica tem impulsionado o emprego desde o 2º trimestre do ano passado. Enquanto isso, a PEA – População Economicamente Ativa, que representa a força de trabalho – subiu 0,2% no mesmo período (de 107,4 para 107,6 milhões).

Com isso, a população ocupada situou-se, em março deste ano, cerca de 1% acima do nível registrado antes da eclosão da crise no Brasil, segundo nossos cálculos. Já a força de trabalho permaneceu praticamente no mesmo patamar (0,1% acima) observado imediatamente antes do início da pandemia (fev/20 como referência).

Destacamos também o aumento expressivo do contingente de emprego informal. Estimamos elevação de 0,9% em março, após duas leituras relativamente fracas em janeiro e fevereiro. Com isso, a população empregada sem carteira assinada totalizou 40,9 milhões (com ajuste sazonal), ficando 1,1% acima do total registrado logo antes da pandemia. A retomada da categoria de “emprego por conta própria” se destacou positivamente no mês. Por sua vez, o nível de emprego formal subiu 0,5%, devido sobretudo aos ganhos na categoria de “trabalhadores do setor privado com carteira assinada”. O contingente de empregos formais ficou 0,8% acima do registrado antes da crise de saúde pública.

Além disso, o rendimento real médio melhorou – ainda que suavemente – em março. Segundo nossos cálculos, o indicador aumentou 0,3% na comparação mensal, após estabilidade em fevereiro. A despeito disso, o rendimento médio segue rodando cerca de 8% abaixo dos patamares vistos no pré-pandemia, como reflexo principalmente da inflação persistentemente alta. Por sua vez, a massa de rendimento real – combina rendimento médio com população ocupada – cresceu 1,1% em março. A variável situa-se cerca de 6,5% abaixo dos níveis observados ao final de 2019.

A expansão da massa de renda disponível foi uma das grandes responsáveis por sustentar os demais resultados da atividade econômica em março. De acordo com nossas estimativas, a massa de renda real disponível crescerá cerca de 8% no 1º semestre de 2022 em relação ao 2º semestre de 2021.

A massa de renda disponível é composta pela renda do trabalho (ou seja, salários e outros rendimentos dessa natureza), benefícios previdenciários, abono salarial, seguro-desemprego, programas governamentais de transferência de renda (como o Auxílio Brasil, programa que substitui o Bolsa Família), saques do FGTS e auxílios emergenciais ligados à pandemia.

Setor de Serviços

A receita real do setor de serviços saltou 1,7% entre fevereiro e março, ou 11,4% em relação a março de 2021. Esse resultado veio após leituras mensais decepcionantes em janeiro (-1,8%) e fevereiro (+0,4%, revisado de -0,2%). Houve expansão generalizada entre as atividades de serviços (todos os cinco setores agregados pesquisados pelo IBGE cresceram no mês), com destaque para a forte recuperação dos “Serviços Prestados às Famílias” e à continuidade do desempenho robusto dos “Serviços de Transporte e Armazenagem”, que ainda colhem frutos da reabertura econômica. Em relação ao segundo grupo, vemos influência da expansão do e-commerce e do escoamento da produção agropecuária, já que as exportações saltaram no início deste ano.

O índice de faturamento geral do setor de serviços situa-se 7,2% acima do nível pré-pandemia. Em relação aos dados desagregados, a categoria de “Serviços Prestados às Famílias” ainda mostra receitas reais cerca de 12% abaixo dos níveis vistos antes da crise do COVID-19, enquanto “Serviços de Transporte e Armazenamento” estão rodando cerca de 18% acima daquela referência.

Com o sólido desempenho em março, o setor de serviços avançou 1,8% no 1º trimestre de 2022 em relação ao 4º trimestre de 2021 (e 9,4% ante o 1º trimestre do ano passado).

Comércio Varejista

As vendas do comércio varejista ampliado cresceram 0,7% entre fevereiro e março, após alta de 2,1% na leitura anterior. Em relação a março de 2021, o varejo ampliado subiu 4,5%. Por sua vez, as vendas do varejo restrito (excluem veículos e materiais de construção) avançaram 1,0% em março, e em termos interanuais saltaram 4,0%.

Olhando para os números desagregados, os resultados foram menos animadores (embora majoritariamente positivos, pois sete entre as dez atividades pesquisadas pelo IBGE registraram ganhos em março). Os destaques foram as categorias de “Materiais e equipamentos de escritório, informática e comunicação”, “Outros artigos de uso pessoal e doméstico” e “Materiais de construção”. Todos os demais segmentos cresceram timidamente ou recuaram no período. Do lado negativo, a categoria de “Produtos Farmacêuticos” despencou pelo segundo mês consecutivo e as vendas de “Supermercados, Alimentos e Bebidas” arrefeceram significativamente.

Com isso, as vendas do varejo ampliado cresceram 2,3% no 1º trimestre de 2022, após queda de 1,8% no 4º trimestre de 2021. Por sua vez, a medida de varejo restrito cresceu 1,9% no trimestre passado (de -2,3% entre outubro e dezembro).

Indústria

A produção industrial brasileira cresceu 0,3% entre fevereiro e março. Em relação a março de 2021, entretanto, o volume produzido no setor encolheu 2,1% Com isso, a indústria local registrou expansão de 0,3% no 1º trimestre de 2022 ante o 4º trimestre de 2021, interrompendo uma longa sequência de quatro quedas trimestrais consecutivas (ou seja, ao longo de todo ano de 2021).

Os resultados da indústria em março mostraram sinais predominantemente positivos entre as categorias econômicas. A produção de “Bens de Capital” apresentou desempenho mais forte que o esperado no terceiro mês do ano, embora não o suficiente para evitar a contração de 2,6% registrada no 1º trimestre. A categoria de “Bens Intermediários” também apresentou números favoráveis. Enquanto isso, o volume produzido de “Bens de Consumo Semi e Não Duráveis” declinou 3,3% em março, interrompendo uma série de três ganhos mensais consecutivos – isto posto, a categoria teve expansão de 1,8% no 1º trimestre deste ano ante o último trimestre de 2021.

PIB do 1º trimestre de 2022

Com o final das divulgações dos dados de março, fechamos as nossas estimativas para o PIB do primeiro trimestre de 2022.  Esperamos alta de 1,4% ante o 4º trimestre de 2021, muito acima das projeções iniciais (ao redor de 0,5%).

Continuamos a antecipar elevação adicional no 2º trimestre – ainda que a um ritmo moderado – e retração ao longo do segundo semestre. Com isso, revisamos recentemente nossa expectativa para o crescimento do PIB em 2022, de 0,8% para 1,6%.

Confira os detalhes do nosso cenário para PIB no relatório Eu sei o que vocês fizeram no verão passado.

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