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Ata do Copom: início do ciclo depende da evolução do cenário

Copom deve iniciar ciclo gradual de alta da Selic em maio.

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Resumo

  • O Banco Central divulgou nesta manhã a ata de sua última reunião do Copom. No documento, o Copom discute se é o momento adequado para iniciar a redução dos estímulos monetários extraordinários. Mas conclui que, diante das incertezas particularmente elevadas, é adequado esperar a evolução do cenário neste início de ano.  
  • Entendemos que o documento é consistente com nosso cenário de início de ciclo de alta de juros em maio, em particular pela desaceleração econômica esperada para o primeiro trimestre e perspectiva do quadro fiscal inalterado.
  • Se houver uma sinalização política na direção de mais gastos fiscais neste ano ou se os resultados da economia surpreenderem positivamente no curto prazo, o Copom pode optar por iniciar o ciclo já em março.
  • Não obstante ao tema, ainda nesta manhã o IBGE também divulgou o IPCA-15 de janeiro, que apresentou alta de 0,78%, levemente abaixo tanto das nossas expectativas quanto do consenso de mercado. Os núcleos, no entanto, continuam acelerando e reforçando o cenário que projetamos para as próximas decisões de política monetária.

Conjuntura econômica e balanço de riscos

No cenário externo, o Copom menciona os “novos estímulos fiscais em alguns países desenvolvidos” e a “implementação dos programas de imunização contra a Covid-19” como fatores para reduzir o efeito da segunda onda de contaminação sobre a economia. E reforça que a política monetária global deve seguir expansionista. Assim, conclui que o ambiente externo segue favorável para economias emergentes.

No Brasil, apesar de mencionar que os dados do final do ano passado surpreenderam positivamente, lembra que estes “não contemplam os possíveis efeitos do recente aumento no número de casos de Covid-19” neste início de ano. Desta forma, o cenário segue com elevado grau de incerteza, especialmente para o primeiro trimestre.

Sobre a inflação corrente, mantém o diagnóstico de que o choque atual é temporário, embora reconheça a pressão adicional da alta recente dos preços das commodities internacionais.

Em suma, mantém inalterado (frente à ata passada) seu balanço de riscos para a inflação, com alta ociosidade por um lado e riscos fiscais por outro.

Fim do Forward Guidance e próximos passos da Política Monetária

A ata trouxe mais detalhes sobre a decisão de retirada do Forward Guidance. Segundo o documento, o Copom considerou que uma das condições da ferramenta deixou de ser satisfeita, qual seja, as expectativas de inflação estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária.

Sobre os próximos passos, o documento revela que alguns membros do Copom já questionam se a melhora recente da economia já não justificaria o início de um processo de ajuste. Para estes, o mercado de trabalho aponta para uma recuperação mais rápida que a previamente estimada. Ao nosso ver, isso não significa necessariamente que já queriam subir juros na reunião referida de janeiro, mas sinaliza claramente que eles entendem que o início do ciclo de alta de juros pode estar próximo.

Entendemos que o cenário fiscal e a possibilidade de extensão dos auxílios emergenciais são variáveis chave para as próximas decisões do Copom, por conta da elevação dos prêmios de risco sobre a economia brasileira. De fato, ao falar de suas projeções de inflação, o Copom pondera que “os riscos fiscais geram um viés de alta nessas projeções, potencialmente justificando trajetória com elevação dos juros”.

Como as incertezas acerca do quadro fiscal – e sobre o ritmo da atividade econômica – seguem elevadas, a ata conclui que “os benefícios de se aguardar essas divulgações para decidir os próximos passos da política monetária se sobrepõem aos custos.

Entendemos que a ata de hoje é consistente com nosso cenário de que o Copom quer ganhar tempo para ter mais certeza sobre o momento e o ritmo de redução dos estímulos monetários, condicionada às expectativas de inflação ainda ancoradas. Em nosso cenário base, o quadro fiscal não se altera nos próximos meses e a economia desacelera neste início de ano. Além disso, a ociosidade no mercado de trabalho seguirá elevada ao longo de todo o ano de 2021.

Neste cenário, as projeções de inflação para 2022 devem seguir alinhadas com as metas, de forma que o Copom aguardará até maio para iniciar o ciclo de ata de juros.

Contudo, se houver uma sinalização política na direção de uma pressão de gastos neste ano ou se os resultados da atividade econômica surpreenderem positivamente no curto prazo, o Copom pode optar por iniciar o ciclo já em março.

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