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Tarifas de Trump: veja perguntas e respostas

Preparamos perguntas e respostas relacionadas às tarifas de Trump; confira abaixo

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Sete meses se passaram desde o “Liberation Day”, ou “Dia da Libertação”, em que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, anunciou ao mundo uma série de tarifas recíprocas sobre bens importados de vários países.

Desde então, o assunto vem gerando diversos desdobramentos no cenário político-econômico global. Preparamos perguntas e respostas relacionadas às tarifas, confira abaixo:

O que há de novo?

Trump publicou em 20 de novembro de 2025 uma ordem executiva que suspende as tarifas adicionais de 40% sobre determinados produtos do Brasil exportados para os EUA, dias após anunciar o fim das tarifas recíprocas de 10% para certos produtos agrícolas de diversos países.

Na publicação oficial da Casa Branca, o presidente norte-americano citou a conversa que teve com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em outubro, quando ambos os líderes concordaram em iniciar as negociações comerciais entre os dois países.

Além do progresso nas negociações, Trump recebeu recomendações de diversos oficiais que têm monitorado as circunstâncias envolvendo a imposição dessas tarifas adicionais.

Trump considerou “necessário e apropriado” mudar a lista de produtos submetidos à tarifa adicional de 40% imposta sob a Ordem Executiva 14.323.

Itens como carne bovina e café, que figuram entre os principais bens exportados pelo Brasil à maior potência econômica do mundo, foram incluídos (confira a lista completa aqui).

O time de Agronegócio do Research da XP compartilhou sua visão sobre os efeitos da suspensão tarifária às empresas dentro da cobertura, com leitura particularmente positiva para Minerva e impactos mistos para JBS e MBRF. Saiba mais aqui.

Do lado macroeconômico, pelas projeções da equipe, o impacto para 2025 deve ser limitado (estimado em US$ 0,7 bilhão) e sem implicações para 2026. Acesse este link para ler a análise completa.

Quais outros produtos brasileiros escaparam da tarifa extra?

O governo dos EUA já tinha divulgado uma ampla lista com quase 700 produtos brasileiros que não entraram na cobertura da taxa extra de 40%, dentre eles suco de laranja, minério, carvão, combustíveis, petróleo e aeronaves civis (incluindo componentes, peças e motores).

Adicionalmente, a suspensão tarifária anunciada recentemente engloba produtos-chave para as exportações brasileiras. Além do café e da carne bovina, algumas frutas, como laranja e tomate, e fertilizantes ganharam isenção total do imposto aplicado pelos EUA.

Trump citou avanço nas negociações comerciais com países que “produzem volumes substanciais de produtos agrícolas que não crescem ou são produzidos em quantidades suficientes nos Estados Unidos”.

Por outro lado, vale ressaltar que, mesmo com a ampliação da lista de produtos isentos da taxa de 40%, alguns bens brasileiros seguem sob taxação, como máquinas, móveis e pescados.

Por que produtos brasileiros foram taxados em 50% pelos EUA?

Às vésperas de formalizar novas tarifas a mais algumas dezenas de países, a Casa Branca divulgou uma carta pública endereçando diretamente o atual governo brasileiro e suas “recentes políticas, práticas e ações” que estavam ameaçando “a segurança nacional, as políticas externas e a economia dos EUA”.

Trump endereçou diretamente o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-presidente Jair Bolsonaro e fez críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

Na carta, Trump confirmou uma tarifa adicional de 40% sobre importações de bens brasileiros, que, somada à alíquota base “recíproca” de 10%, totaliza 50%.

Como as tarifas afetam diferentes setores da Bolsa?

A lista de isenções pode amenizar parcialmente os efeitos mais amplos que podem vir por meio de fluxos de investidores e o canal político.

Entrando nos setores da Bolsa, o de Bens de Capital foi um dos mais discutidos, dada a exposição de nomes como Embraer e WEG ao mercado externo. Nesse link, você confere a análise que elaboramos após a divulgação dos itens isentos da tarifa extra de 40% no fim de julho.

Também compartilhamos nossa visão para a Suzano, do setor de Papel e Celulose. Confira aqui.

Como o governo brasileiro respondeu às tarifas dos EUA?

As relações comerciais entre Brasil e EUA se deterioraram nas semanas seguintes ao anúncio da tarifa de 50%. Com o objetivo de mitigar os efeitos internos, o governo brasileiro lançou em 13 de agosto o Plano Brasil Soberano.

O conjunto de medidas contempla, entre outras ações, fortalecer o setor produtivo nacional; proteger exportadores brasileiros a partir de investimentos em setores estratégicos, incluindo uma linha de crédito de R$ 30 bilhões; prorrogar a suspensão de impostos a empresas exportadoras; e fomentar iniciativas de diplomacia comercial e multilateralismo com outras nações.

Publicamos um relatório avaliando os impactos esperados na balança comercial e nas contas fiscais domésticas. Saiba mais aqui.

Após breve encontro na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Trump e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, adotaram um tom mais amigável e abriram possibilidade de negociar uma revisão das tarifas adicionais.

Os dois líderes voltaram a se reunir no fim de outubro e deram início às negociações comerciais entre os países.

Quando ouvimos falar pela primeira vez do tarifaço de Trump?

Trump apresentou em 2 de abril uma lista com mais de 100 países parceiros no comércio que passariam a ser cobrados com uma tarifa base “recíproca” de 10%.

Para alguns parceiros comerciais, foram impostas taxas adicionais que poderiam elevar as tarifas a 50%.

No entanto, discussões sobre taxar outros países já aconteciam meses antes. Em fevereiro, Trump oficializou o plano de impor, à época, tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e México, além de 10% adicionais para a China.

Quais são as justificativas do governo dos EUA para as tarifas?

Durante a apresentação das tarifas recíprocas, Trump citou “a falta de reciprocidade” nas relações comerciais bilaterais, além de tarifas díspares e barreiras não tarifárias com impactos nos salários e no consumo doméstico.

O presidente americano afirmou que as relações comerciais com parceiros ficaram desequilibradas nos últimos anos, provocando déficits comerciais de bens no país, que levaram ao esvaziamento da cadeia industrial doméstica.

Na ocasião, Trump declarou emergência nacional à “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional e à economia” do país.

As tarifas recíprocas vieram para “reequilibrar os fluxos comerciais globais”, impondo taxações adicionais sobre todas as importações de nações que negociam com os EUA, segundo nota divulgada pela Casa Branca.

Quais países receberam as maiores tarifas?

As tarifas recíprocas seguem em vigor, mas diversos países conseguiram reduzir o percentual da taxação após negociarem com o governo americano.

Por outro lado, alguns países receberam impostos adicionais. Na virada do mês de julho para agosto, Trump anunciou uma nova série de medidas que elevou o percentual das tarifas a dezenas de parceiros comerciais. O Brasil chegou a ser um dos mais afetados.

Atualmente, Brasil e Índia estão com tarifas de 50% sobre alguns produtos exportados aos EUA, seguidos pela Síria, atingida por uma alíquota de 41%.

Vale lembrar que, além da taxação sobre parceiros comerciais, Trump impôs tarifas a diversos bens importados, como aço, alumínio, cobre e carros produzidos fora dos EUA (25%), com o intuito de redirecionar a produção desses bens à cadeia industrial do país.

Em postagens na Truth Social, Trump comunicou novas tarifas adicionais sobre produtos específicos, de itens farmacêuticos importados a filmes estrangeiros.

Em 29 de setembro, Trump assinou um decreto impondo tarifas sobre madeira e produtos derivados do material, a partir de 14 de outubro de 2025, com o objetivo de “impulsionar a indústria americana e proteger a segurança nacional”, oficializando o que anunciou na Truth Social dias antes.

Segundo comunicado divulgado no site da Casa Branca, o decreto abrange:

  • tarifas de 10% sobre madeira macia importada;
  • tarifas de 25% em certos móveis estofados, com incremento da alíquota para 30% no dia 1º de janeiro de 2026; e
  • tarifas de 25% em móveis e artigos de cozinha, com incremento da alíquota para 50% no dia 1º de janeiro de 2026.

Reino Unido, União Europeia e Japão receberam tarifas menores, reflexo dos termos negociados nos acordos comerciais com os EUA.

Para o Reino Unido, a tarifa sobre madeira importada não excede 10%, enquanto as exportações da União Europeia e Japão ao país americano receberam imposto de até 15%.

Já em 17 de outubro, Trump assinou uma proclamação oficializando tarifas sobre caminhões pesados (25%), peças (25%) e ônibus (10%) importados, com entrada em vigor no dia 1º de novembro. Para México e Canadá, sob os termos do acordo USMCA, há exceções para essas novas taxas, bem como aos países que negociaram tarifas com os EUA.

Como os países reagiram às tarifas?

Desde as tarifas anunciadas em 2 de abril, nações e blocos econômicos conseguiram fechar acordos comerciais com o governo americano.

Um dos claros exemplos é a União Europeia (UE), que chegou a ameaçar responder com tarifas retaliatórias e foi atingida por uma alíquota de 30% sobre exportações para os EUA. No fim de julho, Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, firmaram um acordo que estabelecia uma tarifa de 15% sobre produtos europeus importados pelos EUA.

Outros países que continuaram gerando repercussão no noticiário tarifário foram Canadá e México, além da China. Entre retaliações e acordos posteriores, os três países chegaram a negociar o adiamento ou a redução das taxações.

No caso do Canadá, uma reviravolta na relação entre o país e os EUA fez Trump suspender as negociações comerciais com a nação vizinha. A divulgação de um anúncio publicitário por parte do governo de Ontário, em que mostrava Ronald Reagan, ex-presidente dos EUA, dizendo que as tarifas eram prejudiciais aos estadunidenses, foi o estopim. Além da suspensão das negociações, Trump disse que imporia uma tarifa adicional de 10% sobre produtos canadenses.

Como andam as relações comerciais entre EUA e China?

As tarifas dos EUA sobre produtos importados da China chegaram a atingir 145% no auge da guerra tarifária entre as duas potências econômicas mundiais.

Em maio, os dois países chegaram a um acordo para reduzir drasticamente o percentual das tarifas cobradas sobre os produtos um do outro por 90 dias (10% em produtos americanos à China e 30% sobre importações da China aos EUA), acalmando os ânimos dos mercados.

EUA e China seguiram as negociações nos meses seguintes, resultando em um novo prazo de 90 dias de trégua tarifária, anunciada em 11 de agosto.

Apesar da trégua prolongada, as disputas comerciais entre as duas principais economias do mundo seguiram curso e cada vez mais focadas no fornecimento de imãs de terras raras, grupo de 17 elementos químicos considerados essenciais para a manutenção de diversas indústrias estratégicas, incluindo a automotiva (produção de carros elétricos) e de aparelhos eletrônicos.

Antes do anúncio de novas restrições sobre exportações de terras raras, a China chegou a restringir o volume de imãs exportados diante de preocupações com a oferta.

A China detém as maiores reservas de terras raras do mundo, e por isso se posiciona como um importante fornecedor global de imãs produzidos a partir desses minerais.

Após Trump anunciar em sua conta na Truth Social, rede social criada por ele mesmo, que passaria a impor, a partir de 1º de novembro de 2025, uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses como resposta às restrições da China, o líder estadunidense ameaçou subir o imposto para 155% em caso de não acordo.

Desde as ameaças mais recentes, os dois países se mostraram dispostos a negociar. Durante sua passagem na Ásia, Trump conversou com o líder chinês, Xi Jinping, e anunciou que reduzirá as tarifas impostas sobre produtos da China de 20% para 10%. Com isso, a taxa cai de 57% a 47%.

Do lado do governo chinês, foi comunicada a suspensão, por um ano, das medidas de controle de exportações implementadas no início de outubro, incluindo as terras raras.

Pequim ainda concordou em intensificar o combate à exportação de fentanil, responsável pelas primeiras tarifas impostas por Trump contra o país durante o seu segundo mandato.

As tarifas de Trump estão pressionando a inflação dos EUA?

Especialistas do mercado, instituições de pesquisa e o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, avaliam que os efeitos da política tarifária adotada por Trump em seu segundo mandato presidencial já podem ser vistos nos preços ao consumidor.

Durante participação no Simpósio de Jackson Hole em 2025, o presidente do Fed, Jerome Powell, atribuiu novos desafios à economia americana, citando as mudanças que as tarifas estão promovendo no sistema de comércio global.

Powell afirmou que os efeitos do aumento das tarifas são “claramente visíveis” no consumo do país, e já começaram a pressionar os preços de algumas categorias de produtos.

Segundo Powell, um cenário-base razoável a considerar é que o impacto tarifário seja relativamente curto. No entanto, é preciso endereçar o risco de potenciais novas pressões altistas nos preços causadas pelas tarifas, o que poderia prolongar a dinâmica inflacionária no país. “Trata-se de um risco que precisa ser considerado e administrado”, afirmou.

O Fed espera que os efeitos das tarifas sobre os preços no país se acumulem ao longo dos próximos meses.

As tarifas impostas por Trump são ilegais?

Em 29 de agosto, o Tribunal de Apelações dos Estados Unidos para o Circuito Federal decidiu que a maioria das tarifas impostas por Trump é ilegal.

A decisão engloba principalmente as tarifas recíprocas anunciadas no início de abril, além das alíquotas que entraram em vigor em 7 de agosto para dezenas de países que não conseguiram chegar a um acordo comercial com os EUA até o prazo determinado de 1º de agosto.

O tribunal também considerou ilegal o conjunto de tarifas que Trump aplicou a México, Canadá e China em fevereiro sob a justificativa de que os três países não estavam adotando medidas suficientes para conter o trânsito ilegal de migrantes e contrabando de drogas, como o fentanil, aos EUA.

Em uma decisão com placar de votos de 7 a 4, a corte rejeitou o argumento de Trump de que as tarifas foram impostas sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA, na sigla em inglês), que concede poderes ao presidente para implementar diversas ações econômicas a fim de combater “ameaças incomuns e extraordinárias” que impactam a segurança nacional dos EUA.

O tribunal concluiu que a IEEPA “não menciona tarifas (ou qualquer sinônimo) nem possui proteções processuais que contenham limites claros sobre o poder do presidente de impor tarifas”, cabendo a tarefa ao Congresso.

O tribunal reforçou que, por muitos anos, o Congresso tem construído cuidadosamente agendas tarifárias que contemplam, em detalhes, tarifas a serem impostas sobre certos produtos.

A decisão do tribunal não atinge tarifas impostas sobre a importação de bens específicos, como aço e alumínio, visto que elas são baseadas em outras leis.

Isso quer dizer que as tarifas foram suspensas?

Não, elas continuam valendo. O governo Trump, na tentativa de reverter a decisão, entrou com uma contestação.

A administração do Trump recorreu à Suprema Corte americana e pediu pressa no processo de análise.

Confira a seguir uma linha do tempo com os principais acontecimentos desde o Liberation Day:

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