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Santander Brasil (SANB11): Forte lucro, mas quanto é o normalizado? | Revisão 3T20

O Santander reportou um lucro de R$ 3,9 bilhões e um ROE nível pré-pandemia de 21% no trimestre devido a provisões abaixo do esperado. Veja mais detalhes dos números do banco

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O Santander reportou um lucro de R$ 3,9 bilhões (vs. R$ 3,0 bi XPe e R$ 2,9 bi do consenso Bloomberg) e um ROE nível pré-pandemia de 21% no trimestre devido a provisões abaixo do esperado. O resultado operacional, excluindo custo de crédito, foi apenas 7% acima de nossas estimativas. Embora consideremos as provisões ainda não normalizadas, temos agora mais visibilidade de uma possível redução sequencial dos níveis de provisionamento para os bancos incumbentes, o que deve aumentar o potencial para os bancos brasileiros e possíveis reavaliações de múltiplos. Mantemos nossa recomendação neutra e preço-alvo de R$ 32,00 para a ação SANB11.

Os mercados devem reagir positivamente se os investidores considerarem os lucros normalizados

Se os investidores acreditarem que o lucro está normalizado, então o banco está negociando atualmente a um múltiplo atrativo de 8x P/L, embora seu 1,7x P/B pareça caro quando comparado ao 1,3x do Bradesco e 0,8x do Banco do Brasil (+110% de prêmio). Como é a segunda vez que o Santander opta por não fazer provisões adicionais (semelhante ao 1T20), com o mercado reagindo positivamente na primeira vez, esperamos que o Santander Brasil supere o IBOV e o IFNC no pregão de hoje.

O debate sobre as provisões

O custo do crédito ficou 24% abaixo das expectativas e 55% menor na comparação trimestral, aos R$ 2,9 bilhões. A justificativa do banco para o menor nível de provisionamento foi devido a melhora em seus modelos, concessões de crédito (que não devem ser representativas) e recuperações de crédito. Para se ter uma ideia, o banco aumentou o seu custo de crédito apenas 3% A/A, enquanto a carteira de crédito aumentou 21% no mesmo período, tornando as provisões do trimestre inferiores a 2019, que foi um ano em termos de qualidade dos ativos estruturalmente melhor (e melhorando). Além disso, como a inadimplência no trimestre está artificialmente baixa e acreditamos que a inadimplência acima de 90 dias deve ser pelo menos tão alta quanto em 2019, o índice de cobertura do Santander hoje seria de 210% se simularmos um índice de inadimplência do 3T19 (3,0%) na carteira de hoje, que é um índice que não nos sentimos confortáveis dado o pico de inadimplência que deve ocorrer no início de 2021, dado que o banco tem uma carteira majoritária de crédito de varejo com garantias não tão fortes em financiamento de veículos.

Governança

Por fim, acreditamos que o alinhamento de interesses pode ser questionado pelos investidores, uma vez que o controlador espanhol poderia ter influenciado na decisão sobre o nível de provisionamento visando um payout maior.

Principais destaques

  • Ativos Rentáveis. Os ativos rentáveis ​​cresceram 9% T/T, para R$ 835 bilhões, devido à maior liquidez na captação, o que aumentou os outros ativos rentáveis ​​em 15% no período. Por outro lado, os empréstimos cresceram apenas 4%, já que os créditos para pessoas jurídicas estão exigindo menos liquidez após dois trimestres de alta demanda. Destaque para o crédito às PMEs, que cresceu 15% no trimestre, impulsionados pelos programas de incentivo do governo.
  • Margem Financeira. O destaque negativo vai para o Margem Financeira, que caiu 9% T/T, para R$ 12,4 bilhões devido a uma margem financeira sobre os ativos rentáveis (NIM) mais baixa. O NIM caiu 101 bps T/T para 6,2%, uma vez que os empréstimos às PMEs cresceram em linhas incentivadas pelos programas do governo.
  • Receitas de Serviços. As receitas de serviços cresceram 16% T/T devido à maior atividade econômica. Destaque para a operação de corretagem, que saltou 22% A/A e 65% T/T para R$ 361 milhões, e para a operação de adquirência, que cresceu 18% T/T com a economia apresentando recuperação no consumo.
  • Despesa Não Decorrentes de Juros. Definitivamente o destaque positivo no trimestre, as despesas não decorrentes de juros caíram 8% A/A e 4% T/T (mesmo quando comparado a um trimestre de baixa atividade) para R$ 8,3 bilhões devido a Outras Despesas Operacionais, que caíram 16% T/T para R$ 3,0 bilhões.
  • Carteira Renegociada. A carteira renegociada desacelerou o rápido crescimento e atingiu R$ 23 bilhões (vs. R$ 21 bilhões no 2T20 e R$ 17,1 bilhões no 1T20). No entanto, o índice de cobertura caiu novamente, para 43,9% (vs. 45,9% no 2T20 e 50,1% no 1T20).
  • Destaques Operacionais. O Santander está reduzindo sua operação, como apresentado pela redução de 1.201 funcionários no trimestre para 45.147, e pelo número de agências também reduzindo em 41 para 2.168. Acreditamos que o movimento deve continuar nos próximos trimestres à medida que os bancos estão reduzindo sua operação física.

Confira os nossos comentários sobre os demais resultados desse trimestre

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