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Riscos políticos aumentam – o que esperar do Ibovespa? #2

Desde o começo do ano, temos ressaltado os aumentos dos riscos políticos no Brasil. A decisão do Ministro do STF Edson Fachin aumentou essa percepção, e os mercados corrigiram fortemente. Veja nesse relatório a nossa visão.

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Desde o começo do ano, temos ressaltado os aumentos dos riscos políticos no Brasil – veja Riscos Políticos aumentam – o que esperar do Ibovespa e Raio-XP da Bolsa: Os dois “I’s” para ficar de olho… Inflação e Interferência.

Vários acontecimentos levaram a esse aumento de percepção de risco em 2021: 1) a quase demissão pelo governo do CEO do Banco do Brasil, André Brandão, após o anúncio do programa de corte de custos; 2) a renúncia do CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, e suas declarações em seguida indicando que a privatização da estatal não estava nos planos; 3) o anuncio da troca abrupta do CEO da Petrobras, Roberto Castello Branco, 4) o risco de fatiamento da PEC Emergencial, sem a aprovação de gatilhos e medidas de compensações fiscais futuras, dentre outros.

A decisão do Ministro do STF Edson Fachin nessa segunda de anular todos os processos conta o ex-presidente Lula no âmbito da operação Lava Jato, apesar de descorrelacionado dos outros acontecimentos mencionados, adiciona incertezas no horizonte dos ativos brasileiros com relação ao cenário politico. Isso porque, a partir dessa decisão, o ex-presidente Lula volta a ficar elegível para as eleições de 2022, caso ela não seja revertida em plenário. Dado que os processos agora retornam à primeira instância, parece improvável que sejam julgados em segunda instância antes das eleições de 2022, segundo a equipe da XP Política.

Após o anúncio da decisão, os ativos brasileiros corrigiram fortemente, com o índice Ibovespa caindo -3,9% e fechando a 110,611 pontos, o Dólar/Real subindo +2,3% e chegando a R$5,82, o risco país (CDS 5 anos) subindo +4bps para 219bps e o CDI para Jan/31 subindo +23bps e fechando em 8,45% ao ano.

O mercado passou, dessa maneira, a precificar um cenário de maior polarização nas eleições de 2022. Assim sendo, o risco de medidas e de discursos populistas pelos candidatos pode aumentar daqui até a chegada das eleições no 2o semestre de 2022.

Impacto nos mercados – aumento do prêmio de risco do Brasil

Para os mercados, esses acontecimentos devem continuar a elevar o prêmio de risco do Brasil, apesar do já elevado desconto de preços dos ativos brasileiros.

No ano, a Bolsa brasileira segue entre os índices de Bolsa com a pior performance no mundo, junto com a Argentina, em queda de 16% em dólares e -7% em moeda local, como mostra o gráfico abaixo. O Real também está com a pior performance no ano de 2021 entre as moedas emergentes, com queda de 10,6%.

Atenção ao fluxo de estrangeiros no Brasil

Esse aumento de riscos deve impactar a percepção do país pelos investidores estrangeiros, justamente no momento em que o país havia voltado ao radar dos investidores globais.

Desde o início do ano, haviam entrado +R$ 28 bilhões de investimentos líquidos na B3 pelos investidores estrangeiros até 19-Fevereiro (dia do anúncio na Petrobras após o fechamento do mercado). Desde o início de novembro, os investimentos estrangeiros líquidos na B3 somam R$ 81 bilhões. Porém, desde então, já contabilizamos cerca de R$15 bilhões de saída de estrangeiros, baixando o saldo positivo para o ano para apenas +R$12 bilhões, por enquanto.

Além da Bolsa, outros ativos brasileiros como o câmbio, a curva de juros futuros e o risco país também tendem a sofrer quando o prêmio de risco aumenta. Dessa forma, o Brasil corre o risco de ficar de fora do grande rali atual nos Mercados Emergentes e das commodities, caso o fluxo de investidores globais passe a sair do país por riscos idiossincráticos locais.
E qual o impacto no Ibovespa?

Quando o Brasil descolou dos mercados internacionais?

A última vez que o Brasil “descolou” dos mercados externos e passou a precificar um maior risco de interferência política foi durante o governo da Presidente Dilma Rousseff (2011-2016). Naquele período:

O Ibovespa negociava a um múltiplo de Preço/Lucro (P/L) projetado para os próximos 12 meses de 10,7x, com um intervalo de 8-14x. Atualmente, o índice negocia a 11x P/L, em linha com a média histórica de 10,7x.
• O risco país médio era de 200bps (ou 2% acima das taxas dos juros de longo prazo americanos), em linha com o nível atual de 209bps (ou 2,09%), e subindo do nível de 140bps (1,4%) no começo do ano. Se aumentássemos as taxas de desconto das empresas em +0,5% (aumento do para os 2%) nos nossos modelos, isso teria um impacto negativo no valor justo das empresas em torno de -7%.
• Por último, o Ibovespa negociava a uma média de desconto em relação ao índice americano S&P500 de 25%, com um mínimo de 42%. Atualmente, o Brasil já se encontra em um nível de desconto maior, de 50%, muito por conta da grande alta dos setores relacionados à tecnologia, que representam ~33% do índice S&P500.
Em relação aos Mercados Emergentes, o Brasil negociava em um múltiplo similar de 10,7x Preço/Lucro. Hoje, os Emergentes negociam em 15,2x e o Brasil em 11x, um desconto de 27,5%. Em nossa visão, esse desconto também se dá pela mudança no índice dos Emergentes, que hoje é principalmente composto por Ásia e ações do setor de Tecnologia.


Conclusão: riscos seguem, mas oportunidades começam a surgir

A conclusão dessa comparação com o período de 2011-2016 é que, caso o mercado brasileiro siga precificando um aumento do prêmio de risco, há espaço para novas quedas de preço e compressão dos múltiplos da Bolsa brasileira. Porém, a bolsa brasileira já está bastante descontada tanto em relação aos mercados desenvolvidos quanto aos Emergentes, o que pode ajudar a segurar essa correção.

Além disso, empresas de qualidade tendem a sofrer nessas correções, que pouco tem a ver com o fundamento das companhias. Isso abre oportunidades de investimento a preços mais atrativos  – veja aqui a nossa Carteira Top 10 Ações.

Por enquanto, mantemos o nosso target para o Ibovespa em 135.000 pontos para o final do ano, mas seguiremos monitorando atentamente os próximos acontecimentos. O que pode impactar essa previsão: 1) mudança nas estimativas de lucros das empresas brasileiras para 2021 e 2022, e 2) mudança na taxa de desconto (custo de capital), que é relacionada às taxas de juros de longo prazo e o risco país.

Diversificação internacional segue em alta

Apesar dos ativos brasileiros estarem bastante descontados em relação aos pares globais, ter exposição dolarizada (ou em moeda forte) na sua carteira de investimentos continua a fazer muito sentido como proteção da carteira e diminuição da correlação com outros ativos, mesmo após a recente alta do dólar.

Dado que o Brasil é um país emergente com inflação mais alta que nos países desenvolvidos, o Real tende a perder valor em relação ao Dólar e outras moedas de países desenvolvidos no longo prazo. Desde o início do plano Real, por exemplo, a nossa moeda depreciou na média 6,6% ao ano em relação ao Dólar. Desde o início de 2020, já são mais de 44% de apreciação do Dólar em relação ao Real, de R$4,00 para R$5,80.

Como mostramos no relatório recente Ações brasileiras ou americanas?, ao investir em uma empresa em Dólares, além de participar do crescimento daquela empresa, você também protege parte do seu patrimônio caso a moeda brasileira continue a se depreciar em relação ao Dólar no futuro.

Até pouco tempo atrás, havia muito poucas opções de ter investimentos dolarizados no Brasil, sendo principalmente fundos cambiais, que apenas compram moeda, ao invés de investir nos ativos globais.

Hoje, já temos muitas opções de investir em ativos globais, como A) fundos internacionais dos mais variados, B) ETFs (fundos listados em Bolsa) de Bolsa global (ACWI11), Bolsa americana (IVVB11 e SPXI11), Bolsa européia (EURP11), Bolsa chinesa (XINA11) além de muitos outros, C) BDRs (Recibo de Ações Americanas e Globais listadas na B3), e D) Operações Estruturadas, como COEs e Derivativos.

Hoje, só não tem diversificação global na carteira de investimentos quem não quer.

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