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Eleições americanas e os impactos nas Bolsas

As eleições americanas ocorreram nessa terça-feira, mas até o momento os resultados ainda não foram anunciados. O que podemos esperar em relação ao movimento dos mercados nos diferentes cenários ainda possíveis? Veja o relatório na íntegra

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As eleições americanas ocorreram nessa terça-feira, mas até o momento (05-novembro), os resultados ainda não foram anunciados. Joe Biden (Democrata) lidera a contagem dos votos nos Estados (Colégios eleitorais) e é amplamente esperado que vença as eleições para a Presidência – 84% de probabilidade segundo o site de apostas PredictIt, por conta da vantagem de assentos nos Colégios Eleitorais Estaduais até agora. A probabilidade de Joe Biden vencer já estava elevada entrando nessas eleições, em cerca de 70%, e despencou quando os resultados dos primeiros Estados começaram a sair (como Florida, Texas e Ohio) e favoreceram Donald Trump. Essa probabilidade chegou a cair até 25% na madrugada do dia 04-nov, mas retomou à medida em que os Democratas conseguiram virar a corrida em vários Estados relevantes, como visto no gráfico abaixo.

Reação positiva dos mercados até agora – por quê?

O mercado reagiu fortemente nos últimos 4 dias, e tanto o S&P quanto o Nasdaq sobem entre 7% e 9%, respectivamente, eliminando totalmente as perdas da semana passada. A pergunta natural é: isso mostra que o mercado prefere as políticas que serão implementadas por Joe Biden, ao invés de Donald Trump? Não necessariamente.

Três fatores prevalecem para explicar a alta do mercado nos últimos dias: 1) posição técnica “leve”, dado que o mercado já havia reduzido exposição ao risco recentemente antes das eleições, aumentado o caixa e comprado proteções para proteger a carteira de um evento adverso; 2) A eleição do Senado é quase ou até mais relevante que a Presidência. Como muito provavelmente os Democratas não terão a completa maioria nas 2 Casas e na Presidência (“Blue Wave“), a chance de conseguirem aprovar medidas impopulares – como aumento de impostos – é praticamente eliminada, o que ajuda o mercado; e 3) Rali de tecnologia e saúde – um Congresso dividido com o Senado de maioria Republicana dificilmente aumentará as regulações de forma expressiva para esses setores, o que causou um grande “relief-rally“, ou “alta de alívio” nesses setores, dado que essas medidas têm menor chance de serem aprovadas.

Como havíamos antecipado no Panorama XP para novembro, a história mostra que as eleições pro Congresso são tão ou até mais relevantes para o mercado de ações americano. Um estudo da Charles Schwab publicado recentemente publicada no Financial Times mostra que, desde 1901, a melhor performance da Bolsa americana se deu durante mandatos presidenciais de presidentes Democratas com o Congresso Republicano ou com o Congresso dividido entre os dois partidos, como possivelmente teremos nos próximos 4 anos.

Cenários para a eleição americana – Biden, Trump ou Suprema Corte?

Dos 5 cenários que havíamos traçado para as eleições no Panorama XP, 3 ainda permanecem válidos. Os cenários de maior probabilidade hoje são o cenário #2 (Biden vence, Senado se mantém Republicano) ou o cenário #5, o de uma eleição contestada nas Cortes. As eleições já estão sendo contestadas, pois o Partido Republicano já entrou com vários processos em cortes regionais. Porém, apesar desse cenário aumentar a incerteza, esperamos que ele não deva durar mais de 1-2 meses. Ou seja, deverá ser mais concentrado no curto prazo.

  1. Trump se reelege e Congresso se mantem dividido: Positivonesse caso o mercado reagiria positivamente, pela continuidade do governo e pela possível aprovação de um grande pacote de estímulos econômico após as eleições, num valor de US$1,8 trilhões (8,4% do PIB americano).
  2. Biden eleito com Congresso dividido: Positivo esse cenário já vinha sendo descontado nos mercados recentemente, e já era o cenário base do consenso e do time XP Política também. Além disso, o Congresso dividido deve diminuir a probabilidade de os Democratas aprovarem um plano de aumento de impostos impopular. Além disso, o pacote de estímulos aprovado pelos Democratas deve ser ainda maior que o pacote dos Republicanos (pelo menos US$2,0 trilhões segundo os jornais, ou quase 10% do PIB), sendo recebido como positivo para os mercados.
  3. Biden eleito com Senado e Câmara com maioria Democrata, por pequena margem: Neutro (negativo curto prazo, positivo médio/longo)
  4. Biden eleito com Senado e Câmara com maioria Democrata, por ampla margem: Negativo
  5. Eleições contestadas na Suprema Corte: Negativo esse cenário provavelmente é o pior para o mercado no curto prazo, pois a incerteza de quem ganhará a eleição aumenta. Também aumenta a probabilidade de tensões sociais se elevando nos EUA, como vimos ao longo dos últimos meses.

2) Como as eleições podem afetar as relações com o Brasil

O atual governo brasileiro, presidido por Jair Bolsonaro, tem um alinhamento ideológico e aproximação maior com Donald Trump. Assim sendo, caso Trump seja reeleito, a relação com o Brasil não deve passar por grandes mudanças nos próximos anos.

Por outro lado, os Democratas têm uma forte agenda de proteção ao meio ambiente e incentivo às energias renováveis. Apesar do Brasil ser um dos maiores produtores de energia de fontes renováveis no mundo (etanol e geração hidrelétrica), a visão do mundo em relação ao controle ambiental brasileiro se deteriorou rapidamente, principalmente em relação às queimadas na Amazônia. O candidato democrata Joe Biden inclusive citou o Brasil no primeiro debate, e propôs que países de todo o mundo forneçam US$20 bilhões destinados à preservação das florestas. Ele também disse que o Brasil enfrentará consequências econômicas significativas, caso o país não controle os desmatamentos.

Porém, a visão da analista de política internacional da XP, Sol Azcune, é que a relação não seja muito diferente com quaisquer dos dois presidentes, pois o Brasil também não teve grandes benefícios até agora pelo alinhamento ideológico com Donald Trump (veja mais aqui).

3) As eleições mudam o cenário de longo prazo de se investir nos EUA?

Em poucas palavras, NÃO! Os EUA seguirão sendo a 1ª ou 2ª maior economia do mundo, com elevado dinamismo, fomento à educação, pesquisa de ponta e empreendedorismo, além de ter as maiores empresas do mundo. Do ponto de vista Macroeconômico, a dependência do mundo com o Dólar, somado à habilidade dos EUA em emitir quantidades elevadíssimas de dívida sem que haja uma grande reação do mercado, são enormes vantagens ao país.

Do ponto de vista Micro, os setores de Tecnologia, Farmacêuticas, Biotecnologia e vários outros colocam o mercado americano na frente de outros no mundo. Isso porque empresas que conseguem crescer acima da economia têm sido bastante favorecidas pelos investidores.

Ou seja, o modelo de negócio de empresas globais e lideres como Microsoft, Apple, Facebook, Google, JP Morgan, Netflix e várias outras não deve ser muito diferente em um governo Biden ou Trump.

Veja aqui a nossa Carteira Top 10 BDRs

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