XP Expert

Banco do Brasil (BBAS3): Resultados do 1T comprometem o guidance futuro

Acompanhe os resultados do Banco do Brasil

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no X
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

O Banco do Brasil apresentou um resultado negativo expressivo no 1T25, impulsionado por uma combinação desafiadora de deterioração da carteira de crédito – particularmente no setor agrícola – e pressões significativas sobre a margem financeira, ambas agravadas pela implementação da nova regra contábil (Resolução 4.966). O lucro líquido, de R$ 7,4 bilhões, ficou 17% abaixo do consenso e 22% abaixo da XPe, refletindo o alto custo do crédito e a perda de receita com juros de operações reclassificadas como ativos problemáticos, o que fez o ROE cair para 16,7% (-500 bps YoY). Adicionalmente, a subida da taxa Selic durante o trimestre aumentou os custos de financiamento, comprimindo o spread global. Dado este ambiente desafiador, o banco decidiu colocar o seu guidance “em revisão” para a margem financeira bruta, custos de crédito e lucro líquido para o ano. Embora outras linhas permaneçam em linha com as expectativas, isto indica uma perspectiva de curto prazo mais pressionada, com menor previsibilidade em relação à normalização da inadimplência e da rentabilidade. Vemos esses resultados como negativos e estamos nos tornando mais cautelosos em relação às perspectivas do BB para este ano. Ainda assim, mantemos nossa classificação Compra devido ao valuation atraente e aos dividendos atraentes.

Nossa opinião: O Banco do Brasil teve um trimestre decepcionante. Em um vídeo divulgado em conjunto com o relatório de resultados, a administração do BB destacou que sua prioridade para o resto do ano será conter a deterioração da inadimplência – particularmente na carteira de agronegócios, que permanece sob pressão – e restaurar gradualmente a rentabilidade por meio da rotação da carteira e de iniciativas de cobrança mais agressivas. O banco espera que a inadimplência se estabilize no 2T25, apoiada por uma safra recorde e por medidas como protestos, ações judiciais e estruturas de recuperação de crédito fortalecidas. Entendemos que a resolução pode ter produzido mudanças significativas; entretanto, elas parecem ter sido ampliadas por uma deterioração na qualidade do crédito que persiste há vários trimestres. Isso é evidente, pois, em mais um trimestre, o BB está relatando uma nova cobertura de NPL (%) abaixo de 100%, o que significa que a provisão para o trimestre foi insuficiente para cobrir os novos NPL. Essa postura sugere que o banco está reconhecendo apenas parcialmente a deterioração da qualidade dos ativos. Reconhecemos que a atividade bancária pode eventualmente mostrar uma rápida deterioração em suas finanças; no entanto, não está claro se o lucro líquido de R$ 7,4 bilhões apresentado no primeiro trimestre marca o pior ponto. Por fim, a decisão de colocar o guidance sob revisão reflete: (i) custos de crédito acima do esperado, impulsionados por perdas concentradas no agronegócio e nas MSMEs; (ii) compressão da margem bruta devido às altas taxas de juros e às mudanças nas regras contábeis que restringem o reconhecimento de receitas em operações deterioradas; e (iii) visibilidade reduzida sobre a normalização desses efeitos no curto prazo. Embora o banco continue confiante na execução de sua estratégia, ele reconhece um ambiente mais desafiador e incerto.

A Carteira de Crédito Expandida cresceu 1,1% T/T e 14,3% A/A. Em relação ao ano anterior, o destaque foi o segmento Corporativo, que cresceu 22,4%, impulsionado por Crédito Imobiliário e Crédito Pré-Aprovado. As Micro, Pequenas e Médias Empresas aumentaram 3,5% A/A, sendo o segmento de crescimento mais lento. A Carteira de Agronegócio também registrou um aumento significativo (+9,0% A/A). Para as Pessoas Físicas, que cresceram 6,6% em relação ao ano anterior, os principais contribuintes foram os Empréstimos Sem Folha de Pagamento (+4,2% T/T e +8,8% A/A) e os Empréstimos com Folha de Pagamento (+2,1% T/T e +8,2% A/A). Como resultado, o crescimento no primeiro trimestre excedeu a faixa do guidance de +5,5% a +9,5%.

O NII encerrou o trimestre em R$23,9 bilhões, com queda de 10,9% T/T e 7,2% A/A (12% abaixo de nossa estimativa). Após a adoção da Resolução nº 4.966/21, várias mudanças foram implementadas, incluindo: (i) a receita de Títulos Privados com Características de Crédito, anteriormente registrada em Resultados de Tesouraria, foi reclassificada para Operações de Crédito. Isso levou a um aumento de aproximadamente R$ 3,9 bilhões no NII de Clientes, compensado pela mesma redução no NII de Mercado; (ii) houve uma redução de aproximadamente R$ 1 bilhão na provisão de juros sobre operações do Estágio 3 sob regime de caixa; (iii) o período de provisão para operações vencidas foi estendido de 60 para 90 dias, impactando positivamente os resultados em R$ 200 milhões; e (iv) o menor número de dias úteis no trimestre teve um efeito negativo de aproximadamente R$ 800 milhões. Como resultado, a Margem com Clientes encerrou o 1T em R$20,3 bilhões (-2,2% T/T e +0,3% A/A), enquanto a Margem com o Mercado caiu 40,7% T/T e 34,9% A/A para R$3,6 bilhões. Devido aos vários impactos da Resolução 4.966, a administração do BB colocou em revisão seu guidance de NII para 2025 (anteriormente variando de R$111,0 bilhões a R$115,0 bilhões).

O NPL > 90 saltou 54 pontos-base para 3,9%, com a inadimplência aumentando em pessoas físicas, empresas e agronegócio. A formação de NPLs atingiu R$14,3 bilhões, 40% acima das provisões do trimestre. Apesar disso, o Índice de Cobertura aumentou 13,5p.p. sequencialmente, atingindo 185%. Em relação aos custos de crédito, o BB registrou um ALLL expandido de R$10,2 bilhões (+9,6% T/T, +18,9% A/A, e 6% acima de nossa estimativa). Como tal, essa linha de guidance também foi colocada “sob revisão”. A faixa anterior era de R$38,0 bilhões a R$42,0 bilhões, que ainda parecia viável neste momento.

A receita de tarifas totalizou R$8,4 bilhões no trimestre, estável A/A (-1% vs. XPe) e 9% T/T. Em uma base anual, o desempenho estável foi apoiado por: (i) maiores saldos médios em gestão de ativos (+14,8% A/A); (ii) aumento das receitas de seguros, previdência e títulos de capitalização (+2,2% A/A); e (iii) maiores volumes em consórcios (+18,5% A/A). Esses ganhos foram compensados por: (i) menores volumes de conta corrente (-5,1% A/A), e (ii) impacto da Resolução 4.966, que transferiu as taxas de originação de crédito para NII, levando a uma forte queda de -78,3% A/A.

Com relação às despesas administrativas, o BB atingiu R$ 9,5 bilhões no trimestre (estável T/T, +7,0% A/A). O aumento A/A foi liderado por maiores despesas de pessoal, que refletem principalmente o acordo coletivo de trabalho de 2024 (+4,6%). Outras despesas também aumentaram, impulsionadas pela linha de tecnologia (+24,8% A/A). Esses aumentos levaram o índice Cost-to-income a aumentar 100bps T/T para 26,5%.

Enquanto os pares do BB continuam a racionalizar suas redes de agências para melhorar a eficiência e cortar custos, o BB não fechou nenhuma agência nos últimos 12 meses, marcando mais um trimestre consecutivo sem reduções líquidas. Vemos isso com preocupação, uma vez que se espera que o custo de atendimento se torne cada vez mais relevante, e um ajuste tardio da estrutura física pode se tornar uma desvantagem competitiva.

Como resultado, o banco reportou um lucro líquido de R$ 7,4 bilhões, abaixo em 22% em relação à nossa estimativa (-20,7% T/T e -23,0% T/T), implicando em um ROE de 16,7% (-416bps T/T e -498bps A/A).

Em relação ao capital, o BB apresentou CET 1 de 11,0% (+8 bps T/T), Tier 1 de 13,3% (+61bps T/T) e BIS de 14,1% (+38 bps T/T). Vale ressaltar que, durante o trimestre, o banco emitiu R$ 8 bilhões em notas perpétuas, o que aumentou o capital de nível 1 total. Vemos esses níveis de índices de capital como saudáveis.

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

  • Este relatório de análise foi elaborado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos ou XP”) de acordo com todas as exigências previstas na Resolução CVM 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A XP Investimentos não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório.
  • Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor.
  • O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à XP Investimentos e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela XP Investimentos.
  • O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Resolução CVM nº 20/2021 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório.
  • Os analistas da XP Investimentos estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC Brasil para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários da XP Investimentos.
  • O atendimento de nossos clientes é realizado por empregados da XP Investimentos ou por assessores de investimento que desempenham suas atividades por meio da XP, em conformidade com a Resolução CVM nº 178/2023, os quais encontram-se registrados na Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários – ANCORD. O assessor de investimento não pode realizar consultoria, administração ou gestão de patrimônio de clientes, devendo atuar como intermediário e solicitar autorização prévia do cliente para a realização de qualquer operação no mercado de capitais.
  • Para fins de verificação da adequação do perfil do investidor aos serviços e produtos de investimento oferecidos pela XP Investimentos, utilizamos a metodologia de adequação dos produtos por portfólio, nos termos das Regras e Procedimentos ANBIMA de Suitability nº 01 e do Código ANBIMA de Distribuição de Produtos de Investimento. Essa metodologia consiste em atribuir uma pontuação máxima de risco para cada perfil de investidor (conservador, moderado e agressivo), bem como uma pontuação de risco para cada um dos produtos oferecidos pela XP Investimentos, de modo que todos os clientes possam ter acesso a todos os produtos, desde que dentro das quantidades e limites da pontuação de risco definidas para o seu perfil. Antes de aplicar nos produtos e/ou contratar os serviços objeto deste material, é importante que você verifique se a sua pontuação de risco atual comporta a aplicação nos produtos e/ou a contratação dos serviços em questão, bem como se há limitações de volume, concentração e/ou quantidade para a aplicação desejada. Você pode consultar essas informações diretamente no momento da transmissão da sua ordem ou, ainda, consultando o risco geral da sua carteira na tela de carteira (Visão Risco). Caso a sua pontuação de risco atual não comporte a aplicação/contratação pretendida, ou caso existam limitações em relação à quantidade e/ou volume financeiro para a referida aplicação/contratação, isto significa que, com base na composição atual da sua carteira, esta aplicação/contratação não está adequada ao seu perfil. Em caso de dúvidas sobre o processo de adequação dos produtos oferecidos pela XP Investimentos ao seu perfil de investidor, consulte o FAQ. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.
  • A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes.
  • Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo assessores de investimentos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos.
  • 0800 77 20202. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710.
  • O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da XP Investimentos: www.xpi.com.br.
  • A XP Investimentos se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo.
  • A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas.
  • Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto.
  • O investimento em opções é preferencialmente indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. No mercado de opções, são negociados direitos de compra ou venda de um bem por preço fixado em data futura, devendo o adquirente do direito negociado pagar um prêmio ao vendedor tal como num acordo seguro. As operações com esses derivativos são consideradas de risco muito alto por apresentarem altas relações de risco e retorno e algumas posições apresentarem a possibilidade de perdas superiores ao capital investido. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto.
  • O investimento em termos são contratos para compra ou a venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado. O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores, obedecendo o prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. O preço será o valor da ação adicionado de uma parcela correspondente aos juros – que são fixados livremente em mercado, em função do prazo do contrato. Toda transação a termo requer um depósito de garantia. Essas garantias são prestadas em duas formas: cobertura ou margem.
  • O investimento em Mercados Futuros embute riscos de perdas patrimoniais significativos. Commodity é um objeto ou determinante de preço de um contrato futuro ou outro instrumento derivativo, podendo consubstanciar um índice, uma taxa, um valor mobiliário ou produto físico. É um investimento de risco muito alto, que contempla a possibilidade de oscilação de preço devido à utilização de alavancagem financeira. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.
  • ESTA INSTITUIÇÃO É ADERENTE AO CÓDIGO ANBIMA DE DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO.
  • A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


    Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.