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Banco do Brasil (BBAS3): Quando o consumo de cobertura parece positivo | 1T21

Entenda a opinião dos nossos analistas sobre o resultado do Banco do Brasil.

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O Banco do Brasil acaba de superar o consenso em 23% e nossas estimativas em 16%, com lucro de R$4,9 bi, implicando num ROE de 15% (vs. 13% estimado). Embora elevado, o número foi fortemente impulsionado por menores provisões, que não acreditamos ser sustentável ​​nos próximos trimestres. Dito isso, não esperamos uma reação forte do mercado no próximo pregão.

No geral, acreditamos que os próximos trimestres devem ser impulsionados pelo consumo de cobertura ou por resultados mais baixos, e estamos fortemente favoráveis ​​ao primeiro devido a maiores rendimentos de dividendos em um banco com índice Tier I de 17%.

Por fim, mantemos nosso rating de compra para as ações BBAS3 e preço alvo de R$43, pois acreditamos que os múltiplos do banco sejam atrativos com 4,2x P/E e 0,6x P/B, enquanto operacionalmente o banco segue defendido com boas taxas de cobertura/adequação de capital e uma carteira defensiva.

Destaques do resultado trimestral do Banco do Brasil:

  • A qualidade dos ativos foi positiva. As provisões ajudaram no resultado, uma vez que o custo de crédito do banco ficou R$1,2 bilhão abaixo de nossas expectativas, adicionando R$1 bilhão em ganhos (líquido de impostos). Embora seja uma medida discricionária, o banco consumiu 22 pps do seu índice de cobertura e acreditamos que os investidores podem tomar suas próprias decisões quanto se deve ser comparado com o consenso ou não. Por outro lado, o Banco faz Brasil apresentou o menor aumento no índice de inadimplência no trimestre (5 bps QoQ para 2,0%);
  • Outras despesas de operação. A linha continua a ser um sinal de problema, uma vez que as ações cíveis aumentaram no período e forçaram uma provisão maior que saltou 171% A/A para R$ ,2 bilhão (vs. um aumento de 36% A/A nas ações trabalhistas no último trimestre para R$1 bilhão). Surpreendentemente, o banco também fez R$1 bilhão em perdas no trimestre relacionadas aos benefícios de contratos de folha de pagamento mais baixos projetados pelo banco. Lembre-se de que o último: i) não deve afetar o fluxo de caixa; ii) é uma conta dedutível de impostos; e iii) poderia ser tratada como única, uma vez que nenhuma perda foi feita em 2020 e apenas R$ 1 bilhão em 2019 como um todo;
  • Os custos ficaram estáveis, negativos. Despesas com pessoal e outras despesas administrativas (ex provisões operacionais) ficaram estáveis ​​em R$ 7,7 bilhões, o que acreditamos ser negativo, uma vez que o índice de eficiência do Banco do Brasil já está abaixo de seus pares privados, que atualmente estão em uma corrida para reduzir custos e competir com os mais leves desafiadores digitais;
  • A adequação do capital se deteriorou. Enquanto os empréstimos e outros ativos rentáveis ​​mantiveram-se praticamente estáveis ​​no trimestre, com crescimento de 2% e 1%, respectivamente, o RWA saltou 8% no mesmo período, para R$ 827 bilhões. Como os lucros reinvestidos não conseguiram manter o ritmo, o índice Tier I da empresa deteriorou-se 67 bps no trimestre para 16,6%. Embora ainda seja um nível confortável, prejudica a possibilidade de um pagamento elevado (> 60%) no curto prazo, visto que o banco também tem de pagar financiamento do governo.

Um caso para maior pagamento e consumo de cobertura: rendimento de dividendos. Especificamente, acreditamos que um payout maior e algum consumo de cobertura seria uma estratégia de criação de valor para o BB, pois: i) significaria um alto rendimento de dividendos acima de 10% para os investidores; ii) reduziria o risco de destruição de valor no longo prazo em busca da competição com as fintechs; e iii) acreditamos que o banco está operacionalmente defendido e capitalizado, capaz de fazer frente ao payout.

  • Um alto rendimento de dividendos. Como o banco está negociando a um P/B baixo 0,6x, o rendimento de dividendos seria alavancado por qualquer pagamento. Um pequeno pagamento de 33% no trimestre foi capaz de gerar um rendimento de dividendos de 8% para os acionistas. Com o ROE atual de 15% e um pagamento ligeiramente maior de 50%, os acionistas poderiam receber os investimentos principais em 8 anos (rendimento de dividendos de 12,5%);
  • Possivelmente uma estratégia de criação de valor. Olhando para trás em nossa série de relatórios sobre disrupção, não acreditamos que as perspectivas pareçam fáceis para os bancos incumbentes, com desafios como: i) um regulador agressivo com uma forte agenda micro que inclui pagamento mais rápido, banco aberto e mercado de recebíveis; ii) competição de bancos digitais mais leves e mais rápidos, que já pressionavam as taxas de varejo e agora poderiam se beneficiar da iniciativa de banco aberto para interromper o crédito; e iii) o COVID-19, que deve impactar negativamente o negócio de crédito com maior inadimplência, ao mesmo tempo em que auxilia os novos entrantes com uma base de clientes mais digitalizada. Dito isso, acreditamos que as perspectivas parecem ainda mais difíceis para o BB, pois vemos a possibilidade de ganho de eficiência nesse cenário digital mais difícil do que para outras operadoras devido à sua estrutura estatal. Portanto, um pagamento mais alto pode significar: i) riscos reduzidos de destruição de valor, uma vez que parte do investimento é devolvido aos investidores; e ii) a chance de criar mais valor por meio de um maior ROE em um banco menos capitalizado / mais alavancado;
  • O banco parece pronto para isso. Em primeiro lugar, acreditamos que a adequação de capital do banco apoiaria essa ideia, já que o índice de nível I do banco é de 17%. Em segundo lugar, seu índice de cobertura em 90 dias também parece conservador em 328%, uma vez que os empréstimos do banco consistem principalmente em agronegócios e empréstimos consignados, uma carteira defensiva e sua base de clientes de funcionários públicos deve sofrer menos do que os clientes regulares. Por fim, existem fatores que devem auxiliar a capitalização do banco, como o fim do overhedge e a eventual alienação de empresas associadas.
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