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Ambev (ABEV3): Resultados fracos no terceiro trimestre; Volume de cerveja no Brasil cai -2,8%

A Ambev apresentou resultados mais fracos do que o esperado no terceiro trimestre, com a queda de -2,8% A/A no volume de cerveja no Brasil sendo o principal destaque negativo.

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A Ambev apresentou resultados mais fracos do que o esperado no terceiro trimestre, com a queda de -2,8% A/A no volume de cerveja no Brasil sendo o principal destaque negativo (vs. nossas estimativas de +1,5%). Os volumes da América Latina e da América Central superaram nossas estimativas, mas passaram longe de compensar os resultados do Brasil, tanto nos segmentos de cerveja quanto no de bebidas não alcoólicas (NAB).

O EBITDA ajustado de R$ 4,4 bilhões ficou -6,5% abaixo de nossas estimativas (-1% A/A), com margens de 36,9% vs. nossa estimativa de 39,7%, e vs. 40,2% no terceiro trimestre do 2018. O lucro líquido normalizado de R$ 2,4 bilhões ficou abaixo da nossa estimativa de R$ 2,9 bilhões, diminuindo 15,8% A/A devido sobretudo a impostos mais altos, parcialmente compensados ​​por menores despesas financeiras.

Após a superação das expectativas do consenso no resultado do último trimestre (2T) e a subsequente alta das ações, todos os olhos estavam voltados para os volumes, com o mercado esperando algo próximo de um crescimento baixo – expectativa que não se materializou, nos levando a esperar uma reação negativa das ações da Ambev hoje. 

A Ambev reconheceu sutilmente que este trimestre foi relativamente fraco. Além disso, a empresa afirmou que alguns dos ventos contrários enfrentados neste trimestre devem seguir presentes nos próximos meses, inibindo sua capacidade de acelerar o EBITDA no Brasil durante este último trimestre de 2019. No entanto, olhando para frente, a Ambev permanece otimista, devido a: (1 ) portfólio superior; (2) capacidade de distribuição; (3) inovações no pipeline; (4) investimentos consistentes nas plataformas estratégicas; e (5) pessoas. Vemos as ações negociando a 22x P/E 2020, patamar justo na nossa opinião. Mantemos recomendação neutra.

Brasil – Cerveja: Queda de -2,8% nos volumes decepciona

A receita líquida das operações de cerveja no Brasil ficou 7% abaixo da nossa expectativa (aumento de 1,1% A/A), prejudicada pela queda de volume de -2,8%, que se compara a nossa expectativa de +1,5% e do consenso de 0% a 1% – a indústria como  um todo teve crescimento de um dígito baixo. Os volumes decepcionantes ocorreram devido ao aumento de preços realizados pela Ambev simultaneamente à concessão de descontos por parte dos concorrentes. Os preços subiram +4% A/A vs. nossas previsões de +5%, diante de um mix positivo de marca, expansão do segmento premium, mas parcialmente compensado por um pior mix geográfico. Consequentemente, o EBITDA  de R$ 2,1 bilhões ficou 19,2% abaixo da nossa expectativa (queda de 2,3% A/A), com uma contração de margem de 138bps para 40,3% (estimativas da XP em 46,5%). Quanto ao custo dos produtos vendidos, ele foi negativamente impactado pelo câmbio e pelo aumento dos preços das commodities, principalmente da cevada.

Brasil – Bebidas não alcoólicas: Receitas sólidas, mas EBITDA com forte queda

O volume brasileiro de bebidas não alcoólicas aumentou 6,5% A/A, acima da nossa estimativa de +5% (versus crescimento da indústria de um dígito baixo, de acordo com a Nielsen). Os preços médios ficaram 1,3% abaixo da nossa expectativa, mas 6,6% acima do nível do ano anterior. Dessa forma, a receita líquida ficou em linha com nossas estimativas (+13,6% A/A), enquanto o EBITDA de R$ 261 milhões ficou significativamente abaixo dos nossos R$ 529 milhões, devido aos custos mais altos do que o esperado por conta da forte base de comparação no ano anterior. Como conseqüência, a margem EBITDA despencou: 25,4% contra 49,6% no ano passado e 51,6% em nossa estimativa, sobretudo graças a a maiores despesas de distribuição e a investimentos em branding.

Internacional: Acima das nossas expectativas, mas incapaz de contrabalancear os resultados brasileiros

O resultado da América Latina foi um destaque positivo, com EBITDA de R$ 753 milhões significativamente acima da nossa estimativa de R$ 344 milhões, principalmente devido a preços mais altos (26% maiores do que esperávamos), mas também devido a volumes (+8%). Na comparação anual, os volumes aumentaram 6%, principalmente impulsionados pelo resultado da Argentina, onde a cerveja cresceu a dígitos médios como resultado de uma mudança estratégica de preço e se beneficiando de um base de comparação fraca do ano anterior. Segundo a Ambev, a situação macro na Argentina continua desafiadora, com uma moeda desvalorizada e com inflação alta contribuindo para a baixa confiança do consumidor.

Já o EBITDA da América Central e do Caribe, de R$ 688 milhões, ficou acima da nossa estimativa de R$ 616 milhões, devido a preços superiores e despesas abaixo do esperado, parcialmente prejudicados por volumes inferiores as nossas expectativas (-3,9% versus XPe, mas + 2,8% A/A) e por custos ainda pressionados no Panamá.

Por fim, o EBITDA do Canadá ficou 2% abaixo do nosso (-14,9% A/A), com volumes 5,1% abaixo de nossas estimativas e também abaixo do 3T18, agravados pela deterioração do setor de cerveja como um todo no país. Com relação às margens, a margem EBITDA ficou em 28,4%, em linha com a nossa estimativa, mas 354bps abaixo da margem reportada no terceiro trimestre de 2018, afetada pelo aumento dos preços de commodities, pela menor diluição de custos fixos e por maiores custos e despesas logísticas. Do lado positivo, a Ambev afirmou que obteve conquistas positivas no portfólio, principalmente com suas marcas mais famosas, como a Bud Light.

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