A EXPERT 2022 foi histórica. Três anos após a última edição presencial, em 2019, a EXPERT retornou esse ano ao seu formato presencial e online, e maior do que nunca. A transmissão de todos os painéis e a integração com as redes sociais permitiram que centenas de milhares de pessoas pudessem acompanhar o evento de forma remota.
Foram três dias de evento, sendo um dia dedicado aos assessores e os outros dois dias ao público em geral, mais de 30 mil pessoas passaram pelo evento, com mais de 30h de conteúdo. Como de costume, a EXPERT trouxe uma junção única de líderes e formadores de opinião do Brasil e do mundo entre os palestrantes.
Passaram pelos palcos da EXPERT o mega-investidor Howard Marks, a ex-Primeira Ministra Britânica Theresa May, além dos ministros da Economia (Paulo Guedes), Minas & Energia (Adolfo Sacshida) e do Meio Ambiente (Joaquim Leite), além de outras autoridades no Brasil. No mercado, gestores de peso como Luis Stuhlberger (Verde), Andre Jakurski (JGP), Rogério Xavier (SPX), João Landau (Vista), Carlos Woelz (Kapitalo), Rodrigo Azevedo (Ibiuna), e vários outros estiveram nos palcos.
Grandes influenciadores também marcaram presença, como Thiago Nigro, Nathalia Arcuri e GKay. E como não podia faltar, atletas de peso também contaram as suas histórias, como a melhor tenista de todos os tempos Serena Willians, Ronaldo Nazario e Felipe Drugovich, piloto da Fórmula 2 e promessa brasileira.
Se você perdeu qualquer um dos painéis, reveja no site do evento ou aqui mesmo, no site de conteúdos EXPERT.
Ao invés de fazer um resumo de cada palestra, preferi agregar os Top 10 assuntos do que aprendi nesses três dias de evento.
1. Brasil – maior otimismo com a Bolsa brasileira
Uma série de gestores que se apresentaram na EXPERT mostraram-se mais otimistas com a Bolsa brasileira, entre eles gestores que historicamente não estavam positivos com a Bolsa, como Rogério Xavier (SPX) e João Landau (Vista). Além disso, Luis Stuhlberger (Verde) comentou que prefere investir na Bolsa do que na renda fixa pré-fixada. Isso porque a Bolsa é um ativo real e as empresas conseguem repassar a inflação para os preços, enquanto os títulos pré-fixados correm o risco de uma inflação mais alta e persistente. A visão mais otimista com a Bolsa desses gestores se dá pelo nível muito baixo de valuation (P/L nas mínimas), a forte geração de caixa e pagamento de dividendos, e uma visão desses gestores que a volatilidade das eleições pode ser menor esse ano.
2. EUA – recessão ou inflação alta e persistente?
As incertezas em relação ao que acontecerá na economia americana continuam. O grande debate é se veremos uma forte desaceleração da economia, levando a uma recessão, ou se o ambiente inflacionário irá persistir por mais tempo. Vimos um apetite menor de gestores brasileiros com o mercado de ações americano do que em meses anteriores, com exceções de algumas ações que são vistas como atrativas após a correção até agora em 2022, como é o caso do Alphabet (Google) e Microsoft, o setor de Óleo & Gás, dentre outros. Dito isso, dentre os mercados e regiões globais, os EUA ainda se mostra ainda como o país favorito para alocações globais, pela força e resiliência da sua economia, pelo fato do Federal Reserve já estar à frente de outros Bancos Centrais no combate à inflação, e pela solidez e qualidade das grandes empresas americanas.
3. Europa – uma situação complexa
A situação da Europa é vista como mais problemática do que nos EUA, visão também colocada pelo ex-Secretário do Tesouro Americano, Larry Summers. A crise energética da Europa, que se iniciou antes da guerra da Ucrânia e se intensificou desde então, é um dos principais pontos de preocupação com a região. A inflação na região segue elevada, o Banco Central Europeu segue mais atrasado no aumento de juros do que outros bancos centrais, e essas preocupações devem levar à uma recessão na região. O inverno no Hemisfério Norte será um ponto de atenção por conta das dúvidas em relação à oferta do gás russo. Com isso, no ano, o mercado Europeu, medido pelo MSCI Europa, já acumula queda de quase 20% em dólares, enquanto as ações globais caem -15%, pelo índice MSCI ACWI.
4. China – ceticismo em relação ao crescimento atual e futuro
Em relação à China, observamos ainda um certo ceticismo em relação ao crescimento futuro do país. Enquanto o governo chinês vem anunciando uma série de medidas de estímulos à economia, isso está sendo visto como um sintoma da fraqueza da economia. A economia chinesa tem sofrido não apenas pela política de zero Covid, mas também pela fraqueza do mercado imobiliário, que responde por quase 30% da economia. Além disso, os gestores seguem cautelosos em relação às intervenções do governo em vários setores relevantes, como as empresas de tecnologia. No ano, o mercado chinês, medido pelo MSCI China, recua 20% em dólares, por conta de todas essas preocupações.
5. Commodities – visão um pouco menos construtiva no curto prazo, energia é o maior consenso
Como a visão com a China se pareceu menos otimista, também vimos opiniões menos otimistas com o curto prazo para as commodities. As razões são: riscos de recessão global, oferta de commodities vindas da Rússia e Ucrânia não caíram conforme esperado, a desaceleração da China, e o grande fluxo que as commodities tiveram por investidores financeiros, que distorceu os preços. Dito isso, vimos uma visão muito mais otimista com os preços do petróleo e energia dentre as commodities. Além disso, a visão de médio-longo prazo segue positiva, por conta da falta de investimentos no crescimento de produção das principais commodities. O índice CRB de commodities caiu 10% do pico recente, eliminando praticamente toda a alta que se acelerou após a guerra da Rússia-Ucrânia. No ano, o índice CRB segue estável.
6. Ciclo de mercado, já chegamos no “fundo do poço”?
Howard Marks é um dos investidores mais famosos do mundo, e seus memos são leitura obrigatória para muitos, incluindo Warren Buffett. Na sua palestra, exploramos bastante o tópico dos ciclos econômicos e de mercado. Na visão de Marks, o mercado hoje em dia não parece estar em nenhum dos extremos, nem no extremo negativo e nem positivo. Dessa forma, ele não acredita que temos muitas barganhas no mercado e poucos excessos, Marks também enxerga os preços de ativos em geral como mais atrativos do que víamos no final de 2021, quando várias classes de ativos mostravam excessos de valuation. Um exemplo é o mercado de “high yield” de títulos, das empresas mais arriscadas e com rating mais baixo. No ano passado, esses títulos chegaram a ter juros de apenas 3% ao ano, mas agora já voltaram para juros de 7-9% ao ano, mais atrativos para o investidor.
7. A inflação global seguirá sendo um problema?
O tema da inflação segue sendo o debate principal entre os investidores. De maneira geral, enquanto a preocupação com o cenário inflacionário segue, vimos uma preocupação na margem um pouco menor com a inflação futura, por parte de muitos gestores. Os indicadores antecedentes que impactam a inflação, como preços de commodities e a expectativa de inflação, seguem em queda. Além disso, a desaceleração econômica em curso e a efeito da base alta da inflação devem trazer uma desaceleração da inflação no mundo no 2º semestre. Porém, a grande dúvida é se essa diminuição trará a inflação de volta para a meta dos Bancos Centrais (2% para o FED), ou se a inflação será sustentada em um nível ainda alto.
8. A importância de ser ter visões próprias e senso crítico
O último memo (relatório) de Howard Marks traz uma discussão importante para investidores que querem ter um retorno superior à média. Não é difícil ter retornos próximos à média, mas bater o mercado não é fácil. Segundo Marks, isso exige um entendimento que você também irá incorrer em riscos que pode fazê-lo ter retornos abaixo do mercado. Além disso, é importante que esse investidor tenha senso crítico e opiniões próprias, e saiba ir contra o consenso, quando o consenso está errado. De acordo com Marks, nem sempre o consenso está errado, mas, nas ocasiões em que o mercado exagera para o lado do otimismo ou pessimismo, investidores que tomarem posições contrárias podem se beneficiar.
9. Tenha um plano detalhado, e siga esse plano sem desistir
Vários esportistas famosos e de sucesso passaram pela EXPERT. A melhor tenista de todos os tempos, Serena Williams, comentou a semelhança que o esporte de alto rendimento tem com os investimentos. Segundo ela, é muito importante que tenhamos um plano detalhado de onde queremos chegar nos próximos 3 a 5 anos, e o que faremos para chegar até lá. Com esse plano em mãos, é importante ter resiliência, paciência e criar o costume de tomar as pequenas atitudes diárias que vão ajudá-lo a chegar no plano maior. No mundo dos investimentos, guardar dinheiro e aportar constantemente, manter a diversificação da carteira, e utilizar a volatilidade do mercado a seu favor são exemplos disso.
10. Os desafios do Metaverso
A volta do evento presencial grandioso me fez refletir bastante de como seria uma conferência dessa magnitude no Metaverso. Apesar do benefício de poder acessar um evento mesmo estando em outro país ser algo atrativo, o convívio social, o encontro inesperado e o bate papo de corredor que os eventos presenciais proporcionam, é algo muito difícil de se replicar. Seres humanos são sociais, e a interação é algo fundamental para nossas vidas, seja na vida pessoal, seja no trabalho.
Já contando os dias e ansiosos para a próxima. Nos vemos na EXPERT 2023!
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