Acorda, Pibinho, que este ano tem crescimento

O PIB do Brasil cresceu 1% no 1º trimestre de 2022 em comparação ao 4º trimestre de 2021, um pouco abaixo das expectativas do mercado (1,2%). Ainda assim, a atividade doméstica teve desempenho muito superior em relação às projeções de algumas semanas atrás (ao redor de 0,5%). O PIB mostrou a terceira elevação consecutiva, situando-se cerca de 1,5% acima do patamar observado logo antes da pandemia. Isso reforça a avaliação de "recuperação em V" da economia brasileira após o choque de saúde pública (ver gráfico abaixo).

Pelo lado da oferta, a recuperação do setor de serviços ganhou força no período recente (aumento de 0,6% no 4º trimestre de 2021 e 1% no 1º trimestre de 2022), impulsionada pela flexibilização adicional das restrições de mobilidade ligadas à pandemia e ao aumento da renda disponível às famílias (com recuperação do emprego + maiores transferências de recursos do governo + “transbordamento de renda” resultante do aumento dos preços internacionais das commodities). Já o PIB da Indústria registrou a primeira variação positiva desde o 1º trimestre de 2021 – explicada pela resiliência da Construção Civil e retomada da Indústria de Transformação – enquanto o PIB da Agropecuária apresentou desempenho ruim devido à quebra da safra de soja em muitas regiões produtoras, com destaque aos estados do Sul.

Pelo lado da demanda, a queda dos Investimentos (-3,5% no 1º trimestre deste ano ante o 4º trimestre do ano passado) anulou as contribuições positivas do Consumo das Famílias (expansão de 0,7%) e do Consumo do Governo (modesta alta de 0,1%). As menores aquisições de máquinas e equipamentos merecem atenção especial. Enquanto isso, o Setor Externo foi o principal determinante do avanço do PIB nos três primeiros meses de 2022 (salto de quase 2 pontos percentuais), tendo em vista o aumento acentuado das Exportações (5%) e o tombo das Importações (4,6%). Em relação às vendas externas, destaque para os bens do agronegócio e da indústria extrativa.

O que esperar adiante?

O chamado efeito de carrego estatístico (isto é, assumindo taxas de variação nulas entre o 2º e o 4º trimestres) para o crescimento do PIB de 2022 corresponde a +1,5 ponto percentual, o que respalda revisões para cima nas projeções de vários instituições do mercado. Além disso, nossa estimativa atual para o PIB do 2º trimestre indica elevação ao redor de 0,5%. As atividades de serviços e comércio permaneceram em trajetória positiva em abril e maio, segundo dados de alta frequência que acompanhamos. A liberação de saques extraordinários do FGTS e a antecipação do pagamento de 13º salário a aposentados/pensionistas são fatores que devem fornecer sustentação ao consumo no período, além da continuidade da recuperação do emprego. Olhando mais adiante, esperamos esfriamento da atividade econômica a partir do 2º semestre deste ano, principalmente devido ao aperto da política monetária (elevação expressiva da taxa de juros).

Considerando todos esses fatores, mantemos a projeção de que o PIB do Brasil crescerá 1,6% em 2022.

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Para obter mais informações sobre nossas perspectivas para a atividade econômica, consulte o relatório “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado - Esperamos crescimento de 1,6% para o PIB de 2022”, publicado em 19 de maio.

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