A digitalização do trabalho, das interações pessoais e do lazer é um caminho sem volta. Cada vez mais termos como hardware, armazenamento na nuvem e software fazem parte do nosso dia a dia. A relevância da transformação digital também aparece no mercado de ações, com o setor de Tecnologia da Informação sendo o de maior peso nos índices globais. No cenário atual de mercado, as empresas tech têm sofrido com o momento macroeconômico, combinado com os desafios do setor. Entretanto, apesar das complexidades, entendemos que a tecnologia da informação é uma tese sólida, embasada na (i) mudança estrutural, (ii) exposição aos principais temas globais e (iii) demanda crescente. Reforçamos a importância do tema para o investidor.
Tecnologia da Informação é o principal setor das bolsas globais
Hardware, armazenamento na nuvem, software, dados, são termos cada vez mais presentes no nosso dia a dia. O que antes era conhecido como Tecnologia da Informação (TI), e parecia uma caixa preta para muitos, ganhou relevância e proximidade à medida que a aplicação dessas tecnologias começou a aparece no cotidiano. Áreas como varejo, saúde, educação, entretenimento, finanças e inúmeras outras avançaram muito nos últimos anos graças as contribuições da transformação digital.
A relevância das empresas de Tecnologia da Informação no mundo fica evidente quando observamos a representatividade do tema nas principais bolsas. Tecnologia da Informação é o setor de maior peso no MSCI ACWI, o principal índice global de ações que representa o universo de renda variável do mundo todo, com mais de 2.900 constituintes e abrange mercados desenvolvidos e emergentes.
Respondendo por mais de 20% das oportunidades de investimento global, o setor de tecnologia contempla empresas líderes do mercado. Nomes como Apple (NASDAQ: AAPL, BDR: AAPL34), Microsoft (NASDAQ: MSFT, BDR: MSFT34), Nvidia (NASDAQ: NVDA, BDR: NVDC34), Visa (NYSE: V, BDR: VISA34), Cisco (NASDAQ: CSCO, BDR: CSCO34), e outras gigantes tech listadas na bolsa dos Estados Unidos, que podem receber investimentos de acionistas do mundo todo.
E nomes como Amazon, Tesla e Neflix? Tais empresas não são classificadas como Tecnologia da Informação. Amazon (NASDAQ: AMZN, BDR: AMZO34) e Tesla (NASDAQ: TSLA, BDR: TSLA34), por exemplo, estão dentro de Consumo Discricionário, já que são empresas ligadas ao varejo de bens de consumo, apesar de usarem tecnologia nas suas soluções esse não é o principal negócio delas. Já a Netflix (NASDAQ: NFLX, BDR: NFLX34) e o Google (NASDAQ: GOOG e GOOGL, BDR: GOGL34) são companhias do setor de Comunicação. As classificações foram feitas com base na divisão setorial do MSCI, conhecida como GICS (Global Industry Classification Standard), alinhada com os padrões globais.
Para melhor entender quais empresas estão classificadas dentro de Tecnologia da Informação, podemos avaliar os subsetores que compõe o índice. Companhias de hardware e armazenamento (24,0%), sistema de software (22,5%) e semicondutores (16,3%) representam mais de 60% do setor, além de processamento de dados e outros serviços e componentes atrelados a transformação digital.
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Porque investir na transformação digital
No século 21, as informações digitais estão sendo criadas, analisadas e armazenadas em uma velocidade surpreendente. Como consequência, cada vez mais são demandadas soluções tecnológicas para os diferentes negócios. Em 2019, a Forbes fez uma pesquisa mostrando que mais de 95% dos negócios enfrentam algum tipo de necessidade de gerenciar dados. De lá para cá, vemos que essa demanda só aumentou. Em 2020, a quantidade de dados criados e replicados atingiu um novo recorde, segundo o Statista. O crescimento foi maior do que o esperado devido à pandemia do COVID-19, à medida que mais pessoas trabalhavam e faziam suas atividades de casa através de soluções digitais.
Em linha com o forte crescimento do volume de dados, a demanda por capacidade de armazenamento, sistema de software e outras soluções ligadas a tecnologia também deverá crescer exponencialmente. Dessa forma, a temática ganha força pela ótica dos investimentos. Vemos a tese da transformação digital baseado nos seguintes pilares:
- Movimento estrutural: a digitalização do trabalho, das interações pessoais e do lazer é um caminho sem volta. Entendemos que cada vez mais vamos usar a tecnologia para nos organizar e relacionar, e por mais que tal mudança estrutural tenha ganhado força nos últimos anos, ainda há um longo caminho a ser percorrido. De acordo com as projeções do Statista, o volume de dados produzidos deve dobrar nos próximos 3 anos.
- Exposição aos principais temas globais: no início do ano, listamos nossas temáticas globais preferidas para o longo-prazo, clique para ver, sendo que todas dependem do uso de tecnologias. A transformação digital está amplamente associada com a disrupção de diferentes setores. Desde a transição da indústria de automóveis, com os veículos elétricos ganhando força, até o desenvolvimento de soluções de biotecnologia, dependem do aumento do uso da tecnologia da informação. Segundo o J.P. Morgan, os semicondutores já são o 4º item mais negociado no mundo, sendo um componente essencial nos smartphones, câmeras, computadores, veículos e muitos outros produtos finais.
- Demanda crescente: apesar das expectativas de normalização da demanda pelos produtos finais (computadores, por exemplo) depois do boom da pandemia, a divulgação de resultados do 1º trimestre de 2022 das empresas evidenciou que os pedidos de hardware, softwares e outros componentes seguem resilientes, impulsionados pela demanda corporativa. Inclusive, o principal desafio tem se mostrado do lado da oferta, principalmente para os semicondutores.
Tecnologia da informação no cenário atual de mercado
Recentemente, temos acompanhado um movimento de forte volatilidade nos mercados. A elevação da expectativa dos juros de longo prazo nos Estados Unidos, combinado com as preocupações sobre a desaceleração da economia americana, tem pesado sobre as bolsas. Para entender o cenário, leia a visão dos estrategistas no artigo O urso ataca novamente.
As empresas do setor de tecnologia da informação podem ser afetadas, entre outras coisas, pelas condições econômicas gerais, ciclos, rápida obsolescência de produtos, concorrência e regulamentação governamental. No momento, o setor tem sido penalizado pelo aumento dos juros pra controlar a inflação em taxas recordes atualmente. Empresas de tecnologia são teses de crescimento, que tem a valorização das ações pautadas na ampliação dos lucros futuros. Logo, esse é um dos setores mais impactados pela elevação dos juros dos títulos de longo prazo nos Estados Unidos.
Essa correção fica evidente quando avaliamos o movimento do múltiplo de Preço/Lucro do setor de Tecnologia da Informação no último mês. Depois de negociar acima de 23x por quase dois anos, desde maio de 2020, o índice volta a se aproximar da média histórica dos último 10 anos (18,3x). Vale pontuar que as empresas de tecnologia brilharam aos olhos dos investidores durante a pandemia, até por se beneficiarem do modo "ficar em casa". Agora, com a queda recente, o setor volta a patamares mais razoáveis de preço, comparando com a média histórica do índice.
Lembrando que, quanto menor a relação de Preço/Lucro, a ação está mais “barata”, tanto uma relação ao seu histórico quanto comparando com ações do mesmo setor.
Quando olhamos para frente, ainda vemos alguns desafios de curto e médio prazo para as empresas e tecnologia. Se por um lado a demanda tem se mostrado resiliente, a oferta está se provando o principal gargalo do setor. A falta de matéria prima, ainda por consequência das interrupções das cadeias de produção durante a pandemia, ficou ainda mais intensa com os acontecimentos recentes. O conflito entre Rússia e Ucrânia e os lockdowns na China, para conter o aumento do número de casos da Covid-19 no país, impactaram negativamente a produção dos itens básicos. Dado esse cenário de escassez de matéria prima, vemos o aumento de custos de produção como um potencial ofensor para as empresas de tecnologia, que podem sofrer pressão nas margens em 2022.
Apesar da falta de clareza sobre até onde vai a correção das empresas de tecnologia da informação frente o momento macroeconômico, combinado com os desafios do setor, entendemos que ter exposição à tese é relevante para o investidor de longo prazo. As companhias atreladas ao tema são agentes ativos da transformação digital e se beneficiam dessa mudança estrutural. Apesar do cenário desafiador, a digitalização continua ganhando espaço no nosso dia-a-dia, enquanto que a precificações das ações pode estar se aproximando de níveis atrativos de entrada.
Para ter exposição ao tema de Tecnologia da Informação, além de investir direto nas ações e BDRs das empresas que fazem parte dessa mudança estrutural (nomes que listamos acima), há também a alternativa de acessar a temática via ETF. O UTEC11 é o fundo passivo que acompanha o índice US Information Technology. Quer saber como investir no UTEC11? Clique no link.
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