Semanalmente, aos sábados, um novo episódio do Outliers é divulgado nos agregadores de podcasts. Até aí, sem novidades. As boas novas são que os episódios passaram a ser transmitidos também em vídeo no Youtube da XP e que o time de analistas da XP passou a cobrir esses episódios para serem publicados em um relatório, como esse, que se aprofunda mais ainda em informações e detalhes sobre a gestora e/ou sobre o(s) fundo(s) discutido(s) em cada episódio. Nosso objetivo é ir mais fundo para ajudá-lo na análise desses produtos, por isso apresentamos o “Indo a Fundo no Outliers”.
Aproveitaremos a grande qualidade dos assuntos abordados e escolheremos uma temática para analisarmos a fundo. No caso desta versão discorremos sobre quem é a Pimco e quais as suas estratégias para investir em Renda Fixa a nível global. Nas linhas abaixo conheça mais sobre a gestora e os seus fundos disponíveis no Brasil: o Pimco Income e o Pimco Global Financials Credit.
Conheça a Pimco
Fundada em 1971 na Califórnia, a Pimco (Pacific Investment Management) é uma gestora global de recursos que possui como escopo principal a gestão de Renda Fixa. Oriunda de um spin-off de uma seguradora, sua história se inicia com 10 milhões de dólares sob gestão, sendo que, por 25 anos sua atuação ficou reservada a um único escritório em NewPort Beach, até que após esse período a gestora iniciou a sua expansão internacional. Atualmente, a gestora conta com US$ 2,2 trilhões sob gestão e se consolidou com uma das maiores gestoras de Renda Fixa do mundo.
A Pimco possui presença global em 17 escritórios, distribuídos em 13 países, incluindo o Brasil, onde a gestora abriu um escritório em 2012. Em todo o mundo, a Pimco conta com mais de 3 mil funcionários, sendo cerca de 870 profissionais em investimentos, e desse total, 260 estão focados na gestão dos fundos. Vale pontuar que apenas na análise de crédito são cerca de 65 analistas.
A Pimco conta com uma metodologia de investimento bem estruturada, onde as decisões são tomadas com base nas discussões e debates realizados em seus fóruns globais. Ao todo são dois fóruns fixos: um fórum anual que apresenta tendências de longo prazo (3 a 5 anos) e um fórum cíclico com realização trimestral que apresenta projeções de cenário para 6 a 12 meses. Além disso, os fóruns são moderados pelos consultores sêniores da empresa, que inclui nomes como Ben Bernanke, Gordon Brown, Michael Spence e Gene Sperling.
As informações tratadas nos fóruns são levadas para os comitês, onde além do comitê de investimento global, a Pimco conta com comitês de portfólios regionais, separados da seguinte forma: América, Europa, Ásia e Mercados Emergentes.
Antes de conhecer os fundos da Pimco que estão disponíveis no Brasil é importante entender como a Renda Fixa Global entra no portfolio dos investidores brasileiros, confira a seguir.
O papel da Renda Fixa Global
É sabido que a alocação internacional tem se expandido de forma significativa no Brasil, entretanto, vale ressaltar que do total da alocação de fundos de investimentos, até fevereiro deste ano, os fundos de renda fixa global, com um pouco mais de R$4,6 bilhões, são responsáveis por uma parcela de apenas 0,08% do patrimônio total da indústria de fundos brasileira, de acordo com dados da Anbima de fevereiro/2022.
As justificativas acerca dessa pequena exposição a esse tipo de alocação começam pelo histórico do mercado de capitais brasileiro, que convive com altas taxas de juros somada à baixa oferta de instrumentos/fundos para acessar outros tipos de classes de ativos. Esses fatores condicionaram o investidor brasileiro a se ancorar em investimentos pós fixados, que acompanham majoritariamente o CDI e a taxa SELIC.
Entretanto, a modernização e flexibilização regulatória permitiram o surgimento de novos fundos na indústria, além de algum avanço na disseminação da educação financeira – tudo isso somado aos movimentos recentes de queda expressiva da taxa básica de juros, tem chamado cada vez mais a atenção do investidor brasileiro para uma temática essencial para o sucesso de toda e qualquer alocação: a diversificação.
Podemos colocar a diversificação como um dos principais motivos para defender a existência de fundos de renda fixa global no portfólio, entretanto, é interessante olhar para o portfólio dos investidores globais para entender algumas outras características que justificam essa alocação, podendo elencar aqui outros três fatores como principais: (i) maior estabilidade (menor volatilidade) dos seus ativos; (ii) baixa correlação ou até correlação negativa com ativos de risco que a renda fixa internacional de alta qualidade pode apresentar e; (iii) a capacidade de proteção a grandes movimentos de correção dos mercados de ações, por exemplo.
Além disso, ao alocar em fundos de Renda Fixa Global em sua versão hedgeada, sem variação cambial, os investidores brasileiros tendem a se beneficiar do diferencial de juros entre o Brasil e, nesse caso, os EUA. Esse assunto já foi abordado por aqui com mais detalhes no relatório “Como os juros altos no Brasil podem beneficiar o seus investimentos em fundos internacionais”, mas em resumo: quanto maior a diferença entre a taxa de juros brasileira em relação à taxa de juros americana, melhor para os retornos esperados dos fundos internacionais com hedge cambial, inclusive os de renda fixa.
A seguir é possível conferir as estratégias de Renda Fixa Global da Pimco disponíveis no Brasil.
Pimco Income
Sendo o primeiro fundo lançado pela Pimco no Brasil, o Pimco Income é um fundo de renda fixa global que conta com uma dinâmica flexível e que tem como objetivo a geração de retornos consistentes em conjunto com a preservação de capital. A estratégia Income, em sua versão offshore, existe desde 2007 e é uma das principais estratégias de renda fixa do mundo, com mais de US$ 210 bilhões em ativos sob gestão. No Brasil o fundo foi lançado em fevereiro de 2016, e se trata de um fundo destinado a investidores qualificados.
O fundo em sua versão hedgeada, acumula uma rentabilidade de 67,21% desde fevereiro de 2016, retorno superior ao do CDI que rendeu 53,60% no mesmo período. O fundo também possui sua estratégia dolarizada através do fundo Pimco Income Dólar que desde o seu início em fevereiro de 2019, acumula uma rentabilidade de 31,98% contra o CDI que possui variação de 15,37% para o mesmo período.
No geral, espera-se baixa correlação entre o fundo Pimco Income e os ativos brasileiros, sendo que para a versão com exposição ao dólar é esperada até mesmo uma correlação negativa. Além disso, os objetivos de retornos esperados e as volatilidades alvo mudam para cada versão do fundo, com CDI+3,5% ao ano de objetivo para o fundo com hedge cambial, com uma volatilidade esperada entre 3 e 5%. Já a versão com exposição cambial busca render a variação do dólar + 5% a.a. e tem a sua volatilidade dependente dos movimentos do Real em relação ao Dólar, ou seja, se torna mais difícil ter um objetivo fixo de volatilidade, pois depende do movimento do câmbio.
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Pimco Global Financials Credit
A segunda estratégia disponibilizada no Brasil pela gestora é a do fundo Pimco Global Financials Credit, que se trata basicamente de um fundo de renda fixa que fornece crédito para instituições financeiras de todo mundo. A versão da estratégia fora do Brasil existe desde 2013 e conta com cerca de US$ 9 bi sob gestão. No Brasil, o fundo foi lançado em dezembro de 2017 e também é destinado exclusivamente a investidores qualificados.
O fundo acumula uma rentabilidade de 27,09% desde seu início no Brasil, contra o CDI que rendeu 24,06% para o mesmo período. O objetivo do fundo é entregar um retorno de CDI + 4,6% ao ano, com uma volatilidade esperada de 6 a 10%. Sendo um fundo que investe em ativos fora do Brasil é esperada baixa correlação com os ativos brasileiros em geral.
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Para cada estratégia, um objetivo
De maneira geral, a principal diferença entre o Pimco Income e o Pimco Global Financials Credit é seu foco de alocação na renda fixa global. Se de um lado, o fundo Pimco Income tem flexibilidade para ajustar suas exposições e buscar valor em diferentes setores dentro do mercado de renda fixa, e para isso tem liberdade de escolher diferentes ferramentas para tal, do outro, o Pimco Global Financials Credit possui seu foco exclusivo em disponibilização de créditos para grandes instituições financeiras.
Olhando para o posicionamento divulgado pela Pimco em seu relatório mensal do mês de fevereiro, é possível perceber a concentração de temáticas do fundo Pimco Global Financials Credit se comparada ao Pimco Income, principalmente a bancos e corretoras, que representam 76,2% dos ativos do fundo. Já na carteira do Pimco Income podemos destacar mais de 1/3 de exposição aos títulos chamados de “MBS” (Mortgage-Backed Securities), que são títulos garantidos por hipotecas e podem ter sua versão pública, privada, não-americanas e comercial – este último possui a sigla “CMBS”. Já os títulos “ABS” (Asset-Backed Securities) se tratam de títulos garantidos por ativos e possuem menor representatividade na carteira do Pimco Income.
Em resumo, o Pimco Income pode investir em crédito corporativo, títulos ligados a inflação Americana, posições em crédito securitizado, exposição à cestas de moedas emergentes que se fortalecem frente ao Dólar americano, entre outros. O Income busca ter em seu portfolio ativos que combinem liquidez, qualidade e senioridade na estrutura de capital do ativo. Já o Pimco Global Financials Credit, em seu portfólio é possível encontrar majoritariamente posições de crédito em bancos sistêmicos que possuem alto nível de capitalização e um fluxo de receita diversificado.
Um trimestre pra lá de volátil
Vemos em 2022 um movimento de queda nos resultados dos fundos de Renda Fixa Global em geral, incluindo os citados nesse relatório. Este é um movimento bastante influenciado pelo atual cenário macroeconômico e dos conflitos entre a Rússia e Ucrânia. Estamos vivendo um cenário que de fato é mais delicado, que traz volatilidade para os portfólios e demanda maior cautela por parte do investidor. Durante o episódio #55 do Outliers, Luis Oliveira, responsável pela operação da Pimco no Brasil, deu detalhes sobre a visão da Pimco para esse atual momento da Renda Fixa Global, o episódio completo você pode conferir a seguir.
Nos últimos meses em nossas carteiras recomendadas, frisamos que vislumbramos oportunidades de alocação em Renda Fixa Global para o transcorrer de 2022, dado que nossos modelos seguem apontando retornos esperados atrativos para essa classe de ativos. Ainda assim, entendemos que a trajetória da renda fixa global em 2022 pode seguir sendo mais turbulenta, por esse motivo, em nossas alocações recomendadas ainda mantemos uma exposição pequena.
Para o investidor que está em processo de construção de portfólio, pode contar com nossas carteiras recomendas, que consolidam não apenas o processo de “asset allocation” ideal para o cenário mas também apresentam a sugestão de fundos e ativos que vemos como as melhores oportunidades. Para mais informações sobre as recomendações do mês de Abril, confira nosso relatório Onde Investir.