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O papel dos fundos multimercados nas carteiras

A proposta dos fundos multimercados no Brasil é entregar retornos entre a Renda Fixa e as Ações, com nível de risco também intermediário e menos dependente da “direcionalidade” dos mercados.

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Se temos um mercado financeiro em constante evolução, formado por ciclos e mudanças estruturais, a flexibilidade de alocação se torna um pilar vital para atravessar essas mudanças. E falando em flexibilidade, essa é uma das premissas básicas para a constituição de um fundo multimercado, que é a classe de fundos que apresenta a maior variedade de estratégias com diferentes níveis de riscos.

Ao contrário do que muitos investidores pensam, os fundos multimercados não operam apenas juros, moedas, câmbio e ações. Dentro do portfólio de um fundo multimercado, as possibilidades de alocação são diversas, já que o gestor não possui necessidade de concentração em nenhuma classe específica de ativos e tampouco está limitado a investir só no Brasil. Isso fornece ao gestor maior flexibilidade frente aos diferentes cenários macroeconômicos. Dessa forma, para capturar boas oportunidades dentro dessa classe é necessário entender, dentro da alocação da sua carteira, qual papel os fundos multimercados.

A origem dos multimercados

A provável inspiração para criação dos fundos multimercados no Brasil vem dos “Hedge Funds” dos Estados unidos que existem desde a década de 50. Naquela época, as carteiras dos fundos de investimentos americanos eram compostas basicamente por Ações e Renda Fixa. Visando trazer alguma proteção (“hedge”) para os momentos de queda, principalmente para as posições em ações, alguns gestores passaram a realizar uma estratégia de “short” (venda) para proteger a parte comprada. Esse tipo de estratégia possibilita que em momentos de queda exista a possibilidade do gestor também ganhar dinheiro, não dependendo exclusivamente da alta para obter ganhos.

Ao longo das décadas os Hedges Funds foram se sofisticando e os próprios fundos multimercados aqui no Brasil também evoluíram, mas o tripé de características básicas, comuns a eles, se mantém que é de (i) contribuírem para a diversificação de carteira por alocarem em diversos mercados; (ii) apresentarem riscos mais controlados, principalmente se comparados às ações e; (iii) terem retornos menos dependentes somente da alta ou da baixa dos mercados.

Os multimercados no Brasil

Reforçando o conceito desse tipo de fundo que é de ter flexibilidade para investir em diferentes classes de ativos, tanto no Brasil, quanto em outros países, sem ter compromisso em ficar exposto o tempo todo a nenhuma delas, a proposta dos fundos multimercados no Brasil é entregar retornos entre a Renda Fixa e as Ações, com nível de risco também intermediário e menos dependente da “direcionalidade” dos mercados.

De acordo com a Anbima, os fundos multimercados podem ser divididos em 3 principais categorias e 8 subcategorias de acordo com a estratégia adotada pelo gestor. No quadro abaixo apresentamos essa classificação utilizada pelo órgão auto regulador do mercado.

Buscando facilitar a compreensão, podemos reunir essas sub categorias em 4 principais classificações:

  1. Fundos Macro/Multiestratégia: são fundos que iniciam seu processo de investimento através da leitura do cenário macroeconômico, posteriormente realizando um estudo de impacto desse cenário nas classes de ativos. A seleção de ativos é realizada de forma discricionária, onde os gestores irão debater os momentos de compra/venda dos ativos;
  2. Sistemáticos/Quantitativos: diferente da gestão discricionária, a tomada de decisão desse tipo de fundo é realizada através de algoritmos e programas computacionais. Esses fundos operam a maioria dos mercados, mas a tomada de decisão é mais sistematizada e independente das reações dos gestores – isentando ou mitigando o aspecto emocional da gestão;
  3. Long & Short/Arbitragem: esses fundos possuem seu foco maior no mercado acionário, buscando ganhar retornos na diferença entre carteiras de ações compradas e vendidas. Esses fundos se aproximam bastante da proposta inicial dos Hedges Funds;
  4. Internacional: é a reunião de todas essas estratégias, porém realizadas de forma constante através de ativos internacionais, com exposição a variações cambiais (sem hedge) ou não (com hedge).

O viés da ação e os fundos multimercados ao longo dos ciclos

O viés da ação trata do impulso de “fazer algo” mesmo sem um motivo racional. Essa é uma tendência natural do ser humano e que pode ser notada em diversas situações. Como na cobrança de um pênalti, por exemplo, quando o goleiro quase sempre pula para a direita ou esquerda, mesmo quando alguns estudos estatísticos apontam que ficar parado seria a melhor alternativa, pois a parte central do gol costuma ser o alvo de mais de 1/3 das cobranças, mesmo entre jogadores profissionais.

Em suma, em situações indefinidas, somos levados pelo impulso ou por uma pressão social/emocional a fazer alguma coisa, seja ela qual for — não importa se essa ação vai ou não ajudar. Em seguida, geralmente sentimo-nos melhor, mesmo que nada tenha melhorado.

Quando analisamos esse comportamento no mundo dos investimentos, esse viés pode ser muito danoso ao investidor. Muitas vezes, isso significa realizar de forma intempestiva, irracional, o resgate de um investimento que oscila mais (maior volatilidade) em um momento de retorno negativo, como os fundos multimercados, e alocar esses recursos em ativos ou fundos mais conservadores, como os que rendem o apenas o CDI.

Para mostrar que normalmente essa não é a melhor estratégia a ser tomada, separamos uma série histórica do IHFA versus o CDI trazendo os 5 piores cenários em termos de rentabilidade para o IHFA, que é o principal índice de fundos multimercados do Brasil, servindo de parâmetro para acompanhar a evolução histórica desse segmento.

A informação que podemos extrair do gráfico acima das áreas pintadas em azul é que, os piores períodos de retornos até mesmo negativos do IHFA, não duraram mais do que alguns meses e foram seguidos por períodos positivos, muitas vezes até maiores do que as perdas. Portanto, sair antecipadamente em momentos de retornos negativos não permite que o investidor capture retornos positivos em momentos posteriores, ao menos para compensar as possíveis perdas.

Outra análise é realizada nas linhas do mesmo gráfico simulando um investidor que tenha resgatado seus recursos nos momentos mais agudos de retornos negativos do IHFA e investido em ativos e produtos que tenham rendimento similar ao CDI, movimento similar ao que temos verificado recentemente. Como pode ser visto no gráfico, no longo prazo as consequências na rentabilidade são expressivas, perceba que em todos os casos, o investidor que realizou a migração para o CDI teve sua performance abaixo do que teria se não tivesse tomado nenhuma atitude e ficado investido no IHFA, que nada mais é que uma “cesta” de fundos multimercados. Mas já que estamos comparando com um índice, que tal ver o desempenho trazendo a gestão ativa para a conversa?

A importância da gestão ativa em fundos multimercados

Selecionamos os seis principais fundos multimercados que estão presentes atualmente nas carteiras recomendadas pela XP, ou seja, passaram por um processo de seleção prévia, com o objetivo escolhermos uma amostra ainda melhor que o IHFA. São eles: Absolute Alpha Marb, Absolute Vertex, Giant Zarathustra, Ibiuna Long Short, Kinea Atlas II e Legacy Capital.

Essa seleção de fundos multimercados da carteira XP demonstrou não só ter maior resiliência em momentos de queda na rentabilidade da classe de ativos, representada no gráfico pela linha laranja que cai muito menos do que a linha preta (IHFA) no período de março de 2020, início da pandemia no Brasil, como também vem apresentando um retorno superior no longo prazo (até 21/10/2021).

O drawdown, que mensura qual foi o maior retorno negativo acumulado de um ativo em relação ao seu pico, aponta que no caso da seleção de fundos da carteira XP esse número foi de -6,85% contra um drawdown do IHFA de -11,42%, ou seja, quase o dobro. Isso reforça a tese de que fundos bem selecionados, com uma equipe especializada e com estratégias diferentes, podem trazer melhores retornos aos investidores.

O poder de uma carteira diversificada

Até aqui pode parecer que estamos apenas enaltecendo os fundos multimercados e o seu poder de obter retornos em diferentes cenários, além da sua capacidade de diversificação. Entretanto, o ponto chave é demonstrar que percorrer a jornada dos investimentos por longos prazos requer disciplina para não ficar “girando” a carteira saindo do que está indo “mal” em determinado momento e indo para o que está indo “bem”, pois dificilmente você acertará o momento e o ativo correto. Outro ponto chave é entender que ao ir agregando diferentes classes de ativos no seu portfólio, se realizado de forma correta, você estará agregando retorno, sem necessariamente agregar risco adicional.

Olhando para o gráfico abaixo, podemos ver o retorno do CDI ao longo de 10 anos através da linha azul. Há quem satisfaça com esse nível de retorno que pode dobrar o patrimônio do investidor em quase 8 anos. Entretanto, na busca por uma rentabilidade alvo maior, vamos construir carteiras que serão cada vez mais diversificadas, porém mantendo fixa a meta de risco, representada pela volatilidade, no caso de 5%.

A primeira carteira (linha cinza clara) já obtém melhores resultados no longo prazo que o CDI mesmo sendo composta somente por ativos indexados a CDI e Renda Variável, representada pelo IBX. A segunda carteira (linha cinza escuro) é igual a anterior, porém com a adição de fundos multimercados (IHFA). Podemos notar que ela obtém resultados ainda melhores em 10 anos do que o CDI e a carteira “CDI + IBX”.  Por fim, construímos uma carteira bastante diversificada, incluindo todos os ativos anteriores e mais ativos internacionais, no que chamamos no gráfico de “carteira diversificada” e está representada pela linha laranja. O resultado obtido é o melhor de todos os anteriores. Lembrando que para as três carteiras que colocamos no gráfico a volatilidade alvo foi mantida em 5%, ou seja, obtivemos maiores retornos com a diversificação e mantivemos o risco.

Então o que fazer com meus fundos multimercados e minha carteira de investimentos?

Outra conclusão importante é que ativos de risco, ou seja, com maior potencial de retorno, possuem volatilidade e por isso passam por períodos bons e ruins, não afetando o retorno esperado de longo prazo.

Atenção  também ao excesso de “giro” na sua carteira que pode trazer uma série de custos, que muitas vezes são ignorados pelo investidor como o imposto de renda, dias em que acaba ficando desinvestido, pois ainda não decidiu onde alocar os recursos, além de custos excessivos de corretagem, entre outros.

A melhor forma de otimizar a organização e gestão dos seus investimentos é contando com o conhecimento e experiência de um profissional especializado, seja ele assessor/consultor de investimentos e/ou de um gestor. Por isso, terceirizar parte ou toda gestão da carteira pode gerar valor a alocação. Separamos três soluções distintas para ajudar a diferentes perfis de investidores, tudo vai depender do tempo e do conhecimento disponível:

  • Fundos DNA: oferecem um portfólio completo de pronta alocação, conforme o horizonte de investimento do investidor e perfil de risco. Com aportes a partir de R$ 100,00 o investidor já terá acesso a carteiras diversificadas, diferenciadas por perfis de risco;
  • Fundos Selection: fornece uma seleção dos melhores fundos e gestores do mercado, segmentados por categorias. Existe ao menos um fundo Selection para cada classe de ativo (Renda Fixa, Multimercados, Ações, Internacional etc.);
  • Carteiras Recomendadas: para aquele investidor que deseja uma orientação e acompanhamento para montar e gerenciar a sua própria carteira poderá contar com a recomendação do nosso time de alocação. As carteiras são separadas por perfil de risco e o investidor terá acesso a parcela de alocação por classes e produtos recomendados para investir.

Não importa qual o melhor caminho para você, pois independente de qual seja, na grande maioria das opções você acabará tendo uma exposição a fundos multimercados, pois como vimos eles representam um importante pedaço dos investimentos de quem busca retornos superiores com riscos adequados.

Assista na íntegra com mais detalhes a Live sobre esse assunto:

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Este conteúdo tem propósito exclusivamente informativo e se baseia em dados estatísticos, metodologias probabilísticas, fatos concretos do mercado financeiro e em resultados financeiros apurados. Em nenhum momento, o conteúdo desta mensagem representa opiniões pessoais ou recomendações de investimento financeiro de qualquer natureza. Não se configuram, portanto, como ideias, opiniões, pensamentos ou qualquer forma de posicionamento por parte da XP Investimentos CCTVM S/A. É terminantemente proibida a utilização, acesso, cópia ou divulgação não autorizada das informações presentes neste conteúdo. O investimento em ações é um investimento de risco. Na realização de operações com derivativos existe a possibilidade de perdas superiores aos valores investidos, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Para avaliação da performance de um fundo de investimentos é recomendável a análise de, no mínimo, 12 (doze) meses. Leia o prospecto e o regulamento antes de investir. Todas as informações sobre os produtos, bem como o regulamento e o prospecto e regulamento aqui listados, podem ser obtidas com seu agente de investimentos, em nosso site na internet ou no site do referido gestor. Fundos de investimento não contam com garantia do administrador, do gestor, de qualquer mecanismo de seguro ou fundo garantidor – FGC. A taxa de administração máxima compreende a taxa de administração mínima e o percentual máximo que a política do FUNDO admite despender em razão das taxas de administração dos fundos de investimento investidos. Os fundos de ações e multimercados com renda variável /sem renda variável podem estar expostos a significativa concentração em ativos de poucos emissores, com os riscos daí decorrentes. Os fundos de crédito privado estão sujeitos a risco de perda substancial de seu patrimônio líquido em caso de eventos que acarretem o não pagamento dos ativos integrantes de sua carteira, inclusive por força de intervenção, liquidação, regime de administração temporária, falência, recuperação judicial ou extrajudicial dos emissores responsáveis pelos ativos do fundo. Os fundos de cotas aplicam em fundos de investimento que utilizam estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimento. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em perdas patrimoniais para seus cotistas. Os fundos de renda fixa estão sujeitos a risco de perda substancial de seu patrimônio líquido em caso de eventos que acarretem o não pagamento dos ativos integrantes de sua carteira, inclusive por força de intervenção, liquidação, regime de administração temporária, falência, recuperação judicial ou extrajudicial dos emissores responsáveis pelos ativos do fundo. Para informações e dúvidas, favor contatar seu agente de investimentos. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura. As rentabilidades divulgadas não são líquidas de impostos e taxas de saída e performance. As informações publicadas não levam em consideração os objetivos de investimento, situação financeira ou necessidades específicas de qualquer investidor. Os investidores devem obter orientação financeira independente, com base em suas características pessoais, antes de tomar uma decisão de investimento. Caso os ativos, operações, fundos e/ou instrumentos financeiros sejam expressos em uma moeda que não a do investidor, qualquer alteração na taxa de câmbio pode impactar adversamente o preço, valor ou rentabilidade. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização dessa plataforma. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. Investimentos nos mercados financeiros e de capitais estão sujeitos a riscos de perda superior ao valor total do capital investido.

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