No 21º episódio de Mundos e Fundos, a analista da XP Allocation, Nathalia de Sá recebeu Marcelo Magalhães para um papo sobre a Tork Capital, seus fundos o mercado de Renda Variável.
Marcelo Magalhães é gestor do Tork Long Only Institucional FIC FIA. O fundo faz parte da carteira do Selection Ações FIC FIA e da família de fundos DNA.
Lançado em 2018, é um fundo de renda variável com estratégia Long Only Livre, com foco em uma carteira comprada de ações, tendo liberdade para investir em qualquer tipo de empresa. A tomada das decisões de investimento para o fundo é feita de forma centralizada, com uma abordagem de investimentos majoritariamente Bottom-up, que é quando se analisa primeiro as empresas e suas possibilidades de crescimento, para depois as contextualizarem com o cenário macroeconômico. Com foco em ativos locais, o fundo investe principalmente nos mercados de Ações Brasil.
Apesar da estratégia do fundo ser focada no longo prazo, mesmo com um histórico curto ele já vem trazendo ótimos resultados aos seus cotistas, bem acima do mercado.
Check in: Marcelo começou no mercado financeiro há mais de 20 anos. Desde o início, sempre investiu em ações utilizando a análise fundamentalista e busca conhecer profundamente as empresas, analisando todas suas particularidades, as pessoas que fazem sua gestão, com o foco de longo prazo (3 anos ou mais).
Antes da Tork, Marcelo foi sócio de algumas gestoras. A primeira que ele passou foi a IP Capital, onde ficou por sete anos. Depois foi chefe de análise na Velt por três anos e meio. Então foi para a JGP onde realizou um de seus sonhos, criando e sendo o responsável por um fundo de ações durante mais de sete anos. O fundo teve um bom desempenho durante o período, atingindo rentabilidade de 800% do CDI (que na época era relevante) e acima do Ibovespa.
Até que em 2019 fundou a própria gestora, ao lado de alguns sócios. O time da Tork é composto por cerca de 20 pessoas, sendo 10 delas sócios da gestora. Isso reforça o comprometimento do time em entregar bons resultados e ter total alinhamento com o cliente.
Atualmente a gestora conta com duas estratégias. A primeira é o Tork Long Only Institucional FIC FIA que busca comprar as melhores ações com horizonte de investimento de cerca de três anos. O Tork FIC FIA tem uma estratégia parecida com o Long Only, só que com maior flexibilidade para oscilar a parcela de exposição a renda variável, dependendo da atratividade de oportunidades de investimento, além do uso de alguns instrumentos para proteção da carteira.
Visita à cabine: O processo de análise de uma companhia pela Tork é minucioso e neles são observados diversos aspectos, podendo demorar até meses para se chegar a uma conclusão a respeito de determinada ação.
Para ter voos sem turbulências, a política de gestora é ter um time extremamente focado, com experiência (boa parte dos analistas tem mais de dez anos de carreira) e focado em poucas empresas (cerca de 15 por analista). Além disso, contam com o suporte de um time de ciência de dados que os ajudam a fazer diversos estudos analíticos sobre as empresas.
As escolhas do gestor e seu time podem tipicamente ser enquadradas em alguns “blocos”.
O bloco mais comum é conhecido por compounder, que são ações de empresas que geram muito valor ao longo do tempo e são a maior parte do portfólio. Essas empresas são as que apresentam vantagem competitiva, grande oportunidade de crescimento e geridas por pessoas da mais alta qualidade. Entretanto, esses ativos costumam ter um preço maior e com isso a experiência de Marcelo atrelada excelência de seu time de análise são fundamentais para encontrar as boas oportunidades.
Outro bloco das ações da Tork é de companhias que não tem um histórico tão bom, mas que por estarem passando por mudanças transformais podem tornar o negócio rentável. Essas mudanças são normalmente no time de gestão, na governança, fusões e aquisições, etc.
Há o bloco com companhias de perfil mais cíclico, em que seu sucesso está muito relacionado ao momento do ciclo econômico, como em exportadoras de commodities.
O bloco menor e com menores probabilidades de ocorrência é o de empresas que apresentam eventos extraordinários para se tornarem atrativas. Como uma empresa que gerou muito caixa e com isso vai pagar bons dividendos.
Melhores voos: Uma posição que teve destaque no portfólio do Tork Long Only Institucional FIC FIA, foi a Locaweb. O gestor e seu time foram âncoras¹ (esse 1 aqui é pq vc vai expliar?) do IPO da empresa, interagindo por cerca de seis meses antes do evento ser concretizado.
A Locaweb é uma empresa antiga do mercado digital (fundada por volta de 1997) e sempre foi uma das líderes do processo de digitalização no Brasil, sendo a principal companhia para hospedagem de sites brasileira.
Em 2015, houve um movimento da Locaweb que posteriormente se mostrou fundamental para sua revolução e bons resultados atuais. O time de gestão decidiu fazer uma aquisição de uma plataforma de e-commerce direcionada a pequenos varejistas, facilitando o caminho para pessoas com pouco conhecimento técnico ingressarem nas vendas online.
Esse foi um dos principais motivos que motivaram Marcelo e seu time a quererem investir na Locaweb. Eles acreditavam que uma hora boa parte das empresas teriam de estar digitalizadas, e para isso necessitariam de uma boa plataforma, como ocorreu fora do Brasil.
A pandemia foi um catalisador para a aceleração da digitalização das empresas, fazendo com que a Locaweb crescesse consideravelmente ano passado e tenha entregado ótimos resultados ao fundo.
Pouso forçado: Um dos principais valores da Tork é não ter vergonha dos erros com um ambiente muito favorável a mudança de opiniões.
Uma das posições mais marcantes para Marcelo foi antes mesmo da Tork quando investiu em Ser Educacional, uma empresa do ramo de educação focada em ensino superior no norte e nordeste, com bom histórico e com uma família na gestão. Uma decisão que comprometeu a empresa foi o aceleramento muito agressivo na abertura de novos polos, tanto para o modelo de educação a distância (maioria das unidades), quanto para a educação presencial em diferentes localizações.
Então, uma decisão do governo que atrasou o FIES prejudicou a captação de alunos prejudicando todas as empresas de educação, mas principalmente a Ser Educacional devido ao seu plano muito agressivo de novas unidades atrelado a uma falta de capacidade e inexperiência para administrá-las.
A lição que o gestor tira desse episódio é de evitar investimentos em empresas que crescem mais do que a gestão está preparada para administrar e acabam se complicando.
Voos futuros: A Tork gosta de focar nas particularidades das empresas. E o Brasil tem apresentado diversas oportunidades em companhias que seu crescimento depende muito mais do seu modelo de negócio, acertos de gestão e vantagens competitivas do que do momento vivido pela economia.
Entretanto, para Marcelo, há dois principais fatores que podem fazer com que o cenário macroeconômico se torne negativo e afete os múltiplos das empresas. Um externo, que é o banco central americano demorar para subir as taxas de juros e com isso ter de fazer um aumento mais significativo para controlar a inflação do que se ele estivesse agindo de forma mais conservadora.
Já no cenário brasileiro as incertezas políticas causadas pela eleição presidencial de 2022 já acendem um sinal de alerta para o gestor, mesmo que esses impactos só sejam historicamente mais relevantes nos segundos trimestres de anos eleitorais.
Pousa ou não pousa?
Hapvida – Marcelo pousa na seguradora de saúde e na Intermédica (em breve ambas serão só uma através de uma fusão). Ele acredita que as vantagens competitivas da companhia (gestão sofisticada, bons incentivos aos médicos do plano, escala muito ampla nos locais de atuação, etc), atreladas a cobertura nacional que terá depois da fusão, são diferenciais que tornam essa ação uma ótima oportunidade.
IPOs recentes – Das empresas recém listadas em bolsa, a Tork pousa em algumas ações. Locaweb, sendo um dos melhores casos de sucesso recentes do portfólio; na GPS, que é uma empresa que presta diversos serviços a outras companhias e é um negócio com muita oportunidade de crescimento; no grupo Soma, uma varejista de vestuário com muitas vantagens competitivas; Intelbrás, com a Tork sendo um dos investidores âncora do ipo; Smart Fit, devido as diversas vantagens que apresentam perante as outras academias.
Bancos – O único banco que o gestor pousa é o Banco Inter. Já com relação aos bancos mais tradicionais, Marcelo e seu time tem uma visão negativa. Os bancos digitais vem crescendo sua base de clientes nos últimos anos e com o lançamento de produtos para os clientes não necessitarem de um outro banco complementar, a tendência é que os usuários tenham a preferência para os bancos que ofereçam uma melhor experiência e nisso as fintechs se destacam.
Oi – Marcelo não gosta de empresas com histórico muito turbulento e mesmo sabendo que existe uma chance de a empresa ter um bom resultado, ele prefere não se arriscar.
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