IBOVESPA -0,7% | 104.053 Pontos
CÂMBIO +0,1% | 4,16/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa fechou ontem em queda de -0,66%, em 104.053 pontos, impactado pela aversão a risco nos mercados globais e cautela com a votação da reforma da Previdência no Senado.
As atenções ontem se voltaram para a aprovação, por 56 votos a 19, do texto-base da reforma da Previdência no primeiro turno, placar mais estreito do que o esperado. Entretanto, o governo sofreu um revés no destaque da Cidadania, que solicitava a exclusão das mudanças no abono salarial. O governo precisava de 49 votos para manter o texto, mas obteve apenas 42, além de 30 votos contrários, implicando uma desidratação de R$76,4 bilhões na reforma e levando a economia total para R$800 bilhões.
A sessão para a votação dos destaques foi encerrada após a análise do primeiro destaque e será retomada hoje pela manhã. Ainda resta a apreciação dos seis destaques remanescentes, que podem levar a uma desidratação adicional de R$200 bilhões. O PT tenta mudar regras da pensão por morte e o Podemos quer mexer nas regras de transição. Rede, PDT, Pros e MDB também tem destaques.
Esperamos que o mercado tenha uma interpretação negativa à desidratação que já aconteceu, e monitore com cautela a análise dos destaques remanescentes. Por outro lado, se a economia final com a reforma for mantida acima dos níveis inicialmente esperados (aproximadamente R$700 bilhões), esperamos um alívio dos mercados, e mudança do foco para a agenda de reformas microeconômicas que ainda está por vir.
Ontem também foram divulgados dados da produção industrial brasileira de agosto, que apresentou queda de 2,2% A/A. Apesar do resultado negativo, a leitura surpreendeu positivamente tanto as nossas expectativas (-3,6%) quanto a expectativa de mercado de (-3,2%). Com relação ao mês anterior, a produção industrial apresentou expansão de 0,8%, impulsionada por apenas três segmentos do setor de bens intermediários. Apesar da leitura positiva em agosto, o quadro de estagnação industrial brasileira persiste e aumenta a preocupação com relação à retomada da atividade econômica nesse ano.
Na frente internacional, bolsas asiáticas e europeias encerraram em queda, e futuros das bolsas americanas também operam em território negativo. O movimento de aversão a risco reflete preocupações com a desaceleração das economias globais após a divulgação de dados apontando forte contração da atividade industrial dos EUA.
O índice de atividade industrial do ISM de setembro foi de 47,8, com leituras abaixo de 50 sinalizando uma contração de atividade. Agentes do mercado atribuem a leitura, que corresponde a uma deterioração aos níveis de 49,1 de agosto, às incertezas resultantes das tensões comerciais, para as quais ainda não se enxergam soluções imediatas no curto prazo.
Na Europa, a partir das 8h de Brasília, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apresentará sua última oferta para o Brexit durante convenção do Partido Conservador. O premiê já alertou em sua fala de hoje que se a União Européia não aceitar sua proposta, a saída será mais radical e acontecerá no próximo dia 31, mesmo sem um acordo formal.
Sobre commodities, a preocupação com o crescimento global levou a queda de -3,11% do petróleo Brent ontem, hoje operando em leve queda de -0,25%. Hoje serão publicados pela EIA os dados de estoques de petróleo nos EUA, com o mercado esperando uma alta de 1,567 milhões de barris ante 2,412 milhões na semana anterior.
Tópicos do dia
Brasil
- Política Brasil: Reforma da Previdência é aprovada no primeiro turno, mas sofre desidratação de R$76,4bi
- Produção industrial apresenta leve melhora em agosto, mas ainda mostra um quadro de estagnação da indústria nacional
- Cessão Onerosa: Presidente da Câmara afirma que vai trabalhar para garantir votação da PEC até o fim de outubro
Internacional
- Economia Internacional: Brexit, Impeachment nos EUA e atividade industrial nos EUA mais fraca impactam negativamente os mercados
- Petróleo: Estoques de petróleo dos EUA caíram 5,9 milhões de barris na semana passada
Empresas
- Carrefour Brasil (CRFB3): Aquisição de 49% de participação na fintech Ewally
- BRF (BRFS3): Esclarecimentos quanto à nova fase da operação Carne Fraca
- Weg (WEGE3): Anúncio de aquisição de 51% da V2COM
Renda Fixa
- Emissão de CRA em moeda estrangeira pode dobrar em 5 anos
Fundos de investimento
- Entendendo o conceito de taxa de administração: Por que os grandes bancos cobram mais do que deveriam?
Veja todos os detalhes
Brasil
Política Brasil: Reforma da Previdência é aprovada no primeiro turno, mas sofre desidratação de R$76,4bi
- A Reforma da previdência encolheu R$ 76,4 bilhões após derrota do governo no destaque do Cidadania, levando a economia total da reforma para algo próximo a R$ 800 bilhões. Depois de aprovar o texto base no plenário por 56 x a 19 por volta de 23h, placar mais estreito que o esperado, os líderes decidiram pela continuidade da sessão para votar os destaques. A derrota se deu no destaque do Cidadania, que solicitava a exclusão das mudanças no abono salarial. O governo precisava de 49 votos para manter o texto, mas obteve apenas 42, além de 30 votos contrários. A sessão foi encerrada em seguida e será retomada hoje pela manhã e a sessão do Congresso foi adiada para 15h;
- Viraram os votos os senadores Alessandro Vieira (CID-SE), Alvaro Dias (PODE-PR), Dário Berger MDB-SC), Eduardo Braga (MDB-AM), Eduardo Girão (PODE-CE), Esperidião Amin (PP-SC), Flávio Arns (REDE-PR), Jorge Kajuru (CID-GO), Kátia Abreu (PDT-TO), Mara Gabrilli (PSDB-SP), Reguffe (PODE-DF), Rodrigo Cunha (PSDB-AL), Styvenson Valentim (PODE-RN). Já Marcos Rogério (DEM-RO) e Telmário Mota (PROS-RR), haviam votado sim ao texto base e depois não votaram no destaque. O senador Otto Alencar (PSD-BA) havia votado não ao texto base e depois votou sim para o destaque;
- Os seis destaques que ainda serão apreciados têm impacto potencial de R$ 200 bilhões. O PT tenta mudar regras da pensão por morte e o Podemos quer mexer nas regras de transição. Rede, PDT, Pros e MDB também tem destaques pendentes de apreciação.
Produção industrial apresenta leve melhora em agosto, mas ainda mostra um quadro de estagnação da indústria nacional
- Em agosto de 2019, a indústria brasileira apresentou queda de 2,2% na comparação anual (ago19 / ago18), e apesar do resultado negativo, a leitura surpreendeu tanto as nossas expectativas (-3,6%) quanto a expectativa de mercado coletada pela Bloomberg (-3,2%);
- Com relação ao mês imediatamente anterior, a produção industrial de agosto apresentou expansão de 0,8%, puxada principalmente pelo avanço pontual de três segmentos da indústria de bens intermediários: i) alimentos e bebidas elaborados para a indústria; ii) combustíveis e lubrificantes básicos e iii) combustíveis e lubrificantes elaborados, com exceção de gasolina para automóveis. Este avanço, entretanto, não foi suficiente para que a indústria brasileira retornasse ao seu patamar pré-crise (jan/2014);
- Apesar da leve recuperação em agosto, os dados recentes mostram que a indústria brasileira passa por um quadro de estagnação crônica e que, tudo o mais constante, será necessário mais tempo para que ela recupere o nível de produção observado no começo da década. Ainda vemos um processo gradual de recuperação da indústria brasileira e continuamos esperando que o PIB cresça 0,9% na comparação anual do 3T19 e 0,4% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Clique aqui para ver a nossa interpretação da produção industrial em agosto na íntegra.
Cessão Onerosa: Presidente da Câmara afirma que vai trabalhar para garantir votação da PEC até o fim de outubro
- Segundo a Reuters, ontem Rodrigo Maia afirmou que vai trabalhar para que a parte restante da PEC da Cessão Onerosa seja votada no plenário até o final do mês;
- Na semana anterior o Governo e o Congresso chegaram a um acordo para viabilizar a promulgação do trecho da PEC da cessão onerosa necessário para a realização do leilão do pré-sal no início de novembro. O texto promulgado também prevê a distribuição de parte desses recursos a Estados e municípios, mas os trechos que definem os critérios dessa partilha permanecem em discussão na Câmara dos Deputados;
- Maia se comprometeu a realizar sessões nas segundas e sextas-feiras para agilizar o prazo de tramitação da PEC restante sobre o tema. Além disso ele afirma que não há divergência, entre os deputados, sobre o percentual a ser dedicado a Estados e municípios – 15% para cada.
Internacional
Economia Internacional: Brexit, Impeachment nos EUA e atividade industrial nos EUA mais fraca impactam negativamente os mercados
- Ontem o índice ISM de atividade industrial dos Estados Unidos do mês de setembro caiu ao seu menor nível desde junho de 2009 (47,8 pontos), surpreendendo negativamente a projeção de mercado (50,1) e aumentando a aversão a risco;
- Além disso, às 8h de Brasília o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apresentará sua última oferta para o Brexit durante convenção do Partido Conservador. O premiê já alertou que se a União Européia não aceitar sua proposta, a saída será mais radical (próximo dia 31) mesmo sem um acordo formal;
- Finalmente, o possível processo de Impeachment do presidente americano, Donald Trump, segue no radar do mercado hoje após Trump qualificar o episódio como uma tentativa de “golpe”.
Petróleo: Estoques de petróleo dos EUA caíram 5.9 milhões de barris na semana passada
- Segundo o American Petroleum Institute (API) os estoques de petróleo dos EUA caíram -5.9 milhões de barris/dia (mbpd) na semana passada, ante o aumento de +1.4 mbpd da semana anterior. O relatório oficial de fornecimento da Agência de Informação de Energia dos EUA (EIA) deve ser publicado hoje ao meio dia (horário de Brasília), com expectativas do mercado de um aumento de +1.567 mbpd nos estoques ante um aumento de 2.412 mbpd na semana anterior;
- Em face das notícias mencionando a normalização de produção da Arábia Saudita aos níveis anteriores ao ataque dos rebeldes Houthis, somado a preocupações com a desaceleração econômica global, o Petróleo tipo Brent ontem fechou em queda de -3,11%. Nessa manhã de quarta-feira, a commodity continua operando em território negativo, em queda de -0,32%, em US$58,70/barril.
Empresas
Carrefour Brasil (CRFB3): Aquisição de 49% de participação na fintech Ewally
- O Carrefour Brasil fechou acordo para a aquisição de 49% da Ewally, fintech especializada em serviços financeiros digitais. O valor da transação não foi informado, mas inclui a opção de compra do controle após 3 anos;
- Segundo a empresa, esse movimento inicia a atuação da companhia no segmento de conta digital e promove o acesso aos produtos e serviços do Banco Carrefour e ampliação da oferta de soluções para o mercado de serviços para empresas (B2B);
- Acreditamos que a aquisição deve reforçar a estratégia de transformação digital do Carrefour Brasil e ampliar a atuação do Banco Carrefour. Nossa recomendação para o papel é de Neutro com preço-alvo de R$25/ação em função dos patamares atuais de múltiplos, que vemos como justo.
BRF (BRFS3): Esclarecimentos quanto à nova fase da operação Carne Fraca
- Frente às notícias veiculadas na imprensa sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal (“Operação Romanos” – nova fase da operação Carne Fraca), a BRF, em fato relevante ontem, esclereceu que nenhum de seus escritórios ou instalações foi alvo, nesta data, de medidas de busca e apreensão no âmbito dessa operação e suas atividades seguem em plena normalidade;
- Segundo a BRF, em consonância com comunicados ao mercado anteriores, a empresa tem colaborado com as autoridades para o esclarecimento dos fatos apurados nas investigações conduzidas pela Polícia Federal e Ministério Público;
- A BRF reiterou seu compromisso com a adoção de um sistema eficaz, eficiente e integrado de compliance, que continue assegurando a conformidade de sua atuação com as normas vigentes. Os ruídos advindos dessa frente pressionaram os papéis da BRF na abertura do mercado de ontem (-1,57%), mas o declínio foi amenizado ao longo do dia, com o papel fechando em leve queda de -0,55% no pregão de ontem.
Weg (WEGE3): Anúncio de aquisição de 51% da V2COM
- Weg anunciou nesta manhã o acordo de aquisição de 51% da V2COM, especializada em IoT (Internet of Things) e soluções de telemedição para sistemas de energia elétrica;
- A V2COM é uma empresa focada no setor de energia e possui amplo portfólio de projetos em telemetria, geração de relatórios, análise de perdas e soluções de IoT para outras empresas dos setores de energia elétrica, água, gás e entre outros. Atende também com desenvolvimento de soluções de sensoriamento para a indústria 4.0;
- O valor da aquisição não foi divulgado. Vemos esta transição positiva para a empresa e em linha com sua estratégia de crescimento e diversificação. Mantemos recomendação Neutra para Weg com preço-alvo de R$19,7/ação.
Renda Fixa
Emissão de CRA em moeda estrangeira pode dobrar em 5 anos
- Segundo informações do Valor Econômico, a emissão de CRAs por dobrar para R$80 bilhões em cinco anos, como resultado de medida provisória assinada ontem e que permitirá a investidores estrangeiros a compra desses títulos isentos de tributação sobre variação cambial;
- As emissões em moeda estrangeira já eram permitidas desde 2016. O que muda é que agora as Cédulas do Produtor Rural (CPR), lastro das transações, podem ser também em moeda estrangeira. Espera-se que, além de grandes produtores, aqueles de menor porte também sejam beneficiados pela medida;
- A medida era aguardada pelo setor, que demanda fontes alternativas de funding e amplia a possibilidade de participação do mercado de capitais no fornecimento de recursos ao agronegócio.
Fundos de investimento
Entendendo o conceito de taxa de administração: Por que os grandes bancos cobram mais do que deveriam?
- Na última reunião do Comitê de Política Monetária, os diretores do Banco Central do Brasil decidiram reduzir a taxa básica de juros (a Selic) em 50 pontos-base, de 6% para 5,5% ao ano. Patamar histórico, nunca antes os juros brasileiros haviam atingindo um nível tão baixo. Com as taxas nas mínimas históricas, o investidor brasileiro se depara com uma nova Era no mundo dos investimentos;
- Após esse evento, as mídias se encarregaram de expor os absurdos existentes na indústria de fundos. Mais especificamente, as redes sociais colocaram em evidência o (até então) fundo de renda fixa mais caro do mercado, o Santander Inteligente FIC FIRF Curto Prazo, que, assim como a nossa taxa Selic, cobrava 5,5% ao ano. A pressão nas redes foi tão grande que o Santander reduziu a taxa de administração para 2,7% ao ano – uma sinalização positiva, mas um nível de taxa ainda absurdo para tal fundo de renda fixa;
- Vários investidores alegaram que o preço da taxa, de fato, não era justo. Mas afinal, como avaliar qual o valor justo para a taxa de administração de um fundo? A taxa do fundo do Santander não deveria ter sido reduzida ainda mais? Para saber mais, clique aqui e leia o conteúdo completo.
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