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Panorama Mensal de Fundos – Fevereiro 2021

Confira o panorama mensal de performance das diferentes classes da indústria de fundos

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Depois de dois meses bastante positivos para os mercados, o ano de 2021 começou com um cenário mais desafiador para os gestores em geral. Das principais classes de fundos que monitoramos, por aqui apenas os fundos de crédito local tiveram retorno positivo em janeiro.

No Brasil, o real se desvalorizou contra as principais moedas, o Ibovespa teve queda forte (-3,32%) e os títulos públicos atrelados à inflação (Tesouro IPCA ou NTN-Bs) também recuaram (com o IMA-B teve caindo 0,85%).

Os fundos Multimercados tiveram um mês de desempenho ruim, na média, com o IHFA (Índice de fundos Multimercados da Anbima) caindo 0,87% no mês. O CDI rendeu 0,15% no período.

No exterior, os mercados acionários tiveram movimentos distintos. As bolsas de países desenvolvidos fecharam o mês com quedas (o S&P 500 caiu 1,11% e o MSCI Europe teve queda de 1,49% no mês) enquanto os emergentes, apesar da queda no Brasil, tiveram fortes altas no geral, puxados principalmente por China (MSCI Emerging Markets subiu 2,97% em janeiro e MSCI China valorizou 7,36% ).

No mercado de renda fixa internacional, num ambiente de juros extremamente deprimidos, os investidores continuaram a buscar ativos com taxas mais altas, o que levou à valorização dos títulos da categoria high yield (+0,31%) e à queda dos papéis high grade (-1,27%) nos EUA.

Principais indicadores

Fundos de Crédito

Apesar do início de ano mais negativo para os mercados, os papéis de crédito privado locais destoaram e encerraram o mês no campo positivo. Como reflexo desse movimento, o Idex-CDI (índice de debêntures atreladas ao CDI), subiu 0,58%, e o IDA IPCA Infraestrutura (índice de debêntures incentivadas), teve alta de 0,28%.

O carrego médio das debêntures (retorno esperado com os juros) vêm oscilando pouco desde outubro e continua em patamares bastante atrativos (se considerarmos o nível atual dos juros básicos): CDI+2,00% a.a., na média (segundo o Idex-CDI). No início de 2020, pré-pandemia, o carrego girava em torno de CDI+1,30% a.a..

Após um período bastante negativo para a classe de fundos de Renda Fixa e de Crédito entre o segundo semestre de 2019 e o fim de 2020, observamos um mês de forte captação líquida para a classe. Os dados da Anbima mostraram fluxos positivos próximos de R$ 30 bilhões no primeiro mês do ano para essa categoria de fundos.

No mercado de títulos de crédito high grade (os mais conservadores), gestores comentaram sobre um mercado primário (novas emissões) de crédito com menos movimento do que em dezembro, o que levou a um mercado secundário com bons volumes de negociação.

Os spreads (diferença de retorno acima dos títulos públicos) dos papéis, na média, ficaram próximos da estabilidade, com oscilações específicas para um setor ou outro. Nesse contexto, o alto carrego dos fundos foi o principal motivo de mais um mês com ótimos retornos.

Os gestores de crédito high yield (títulos mais arrojados) nos relataram uma maior oferta de papéis com taxas atrativas e FIDCs com estruturas boas de garantia e subordinação, além de melhores spreads, um cenário que permite aos gestores continuarem captando sem grandes preocupações de não terem bons títulos para comprar depois.

Confira abaixo os retornos médios das principais categorias de fundos de Crédito em nossa amostra de acompanhamento:

Fundos Multimercados

Após dois meses de fortes altas, os fundos multimercados, na média, sofreram em janeiro, em linha com o desempenho do índice IHFA. Após a queda de 0,87% no mês, o índice de Multimercados da Anbima foi para uma alta de 4,0% em 12 meses, contra 2,5% do CDI.

Apesar de a performance média dos fundos ter sido negativa, o comportamento foi bastante variado entre os diferentes tipos de estratégias, com dispersão alta de retornos.

O destaque positivo ficou por conta do grupo dos fundos de arbitragem / multiestratégia – que tendem a ter correlação baixa com os movimentos direcionais de mercado. Esse grupo apresentou alta mensal de 0,12% entre os fundos que acompanhamos. Na ponta negativa, figuraram os fundos de estratégia macro, que, na média, tiveram retorno mensal de -0,88%.

Abaixo elencamos os retornos médios dos fundos pertencentes ao universo que monitoramos mais de perto:

Nas janelas de 24 e 36 meses – horizonte mais adequado para a avaliação da performance de fundos multimercados – os destaques seguem entre os fundos quantitativos, com retornos anualizados médios de 5,95% a.a. em 24m e de 8,24% a.a. em 36m. É a categoria que, na média, apresenta a menor volatilidade na janela de 12 meses do nosso radar de fundos: 7,8% a.a..

Em relação às perspectivas de mercado, no dia 19 de janeiro, a equipe de fundos da XP realizou um levantamento junto a gestores de fundos de estratégia multimercado macro da plataforma, às vésperas da reunião do Copom. O resultado apontou, entre outras expectativas e projeções, para perspectivas otimistas principalmente a favor da bolsa brasileira, refletindo no posicionamento comum na compra de ações, seja via índice futuro ou via papéis individuais. Confira o levantamento na íntegra aqui.

Fundos de Ações

Nos mercados acionários, os primeiros dias de janeiro foram uma continuidade do otimismo observado em novembro e dezembro, com o Ibovespa atingindo sua máxima histórica de 125 mil pontos já na primeira semana de 2021.

Contudo, a instabilidade política local, as dificuldades na contenção da pandemia (com atrasos na vacinação) e uma realização nas bolsas internacionais no final do mês, somadas à preocupação fiscal de volta ao radar dos investidores, levaram o Ibovespa a uma queda de mais de 3% no mês.

Apenas 25% dos papéis do Ibovespa encerraram o mês de janeiro no terreno positivo. Com exceção do setor de Materiais Básicos (ligado a commodities), todos os outros setores fecharam o período no vermelho, com destaque para o setor Financeiro (-6,50%) e o Imobiliário (-7,03%).

Apesar da queda da bolsa, muitos fundos de Renda Variável conseguiram encerrar o mês com retornos positivos e, na média, tanto os fundos de estratégia long biased quanto os de estratégia long only superaram o Ibovespa.

Os gestores de fundos de ações continuam com um cenário menos cauteloso para esse ano, dada a conjunção de juros muito baixos por aqui e um cenário global favorável ao mercado acionário, uma vez que os indicadores macroeconômicos tendem a continuar a recuperação e os juros no exterior também devem continuar deprimidos. Por fim, os fortes estímulos fiscais e monetários ainda em curso influenciam fortemente uma visão mais otimista.

Segue abaixo um resumo com os retornos médios das principais categorias de fundos de Renda Variável presentes em nosso radar de acompanhamento:

Fundos Internacionais

Nos mercados globais, a performance dos mercados foi mista, sem a predominância de um cenário mais positivo generalizado, como havíamos observados nos dois meses anteriores.

Nos mercados acionários, as bolsas de países emergentes, principalmente a chinesa, tiveram um mês positivo, enquanto nos países desenvolvidos, janeiro foi um mês de correção.

Já na renda fixa, as baixas taxas dos títulos de baixo risco de crédito (investment grade ou high grade) fizeram com que investidores buscassem títulos de empresas high yield, caracterizados por pagarem juros mais altos. Nos Estados Unidos, o índice de crédito high grade da S&P teve queda de 1,27% enquanto o índice de papéis high yield também da S&P subiu 0,28%.

Apesar do início difícil, 2021 tem perspectivas de ser um ano de muitas oportunidades, principalmente pela questão política nos EUA menos nebulosa, com a definição da composição final da Câmara e do Senado.

Entre o dia 03 de novembro de 2020 (data das eleições americanas) e 20 de janeiro de 2021 (dia da posse de Joe Biden), o índice S&P 500 apreciou quase 15%. Esse ganho foi o melhor e mais substancial entre eleições e dia da posse de um novo presidente americano desde a segunda guerra mundial, tendo o setor de tecnologia performado acima da média do mercado.

Mesmo sabendo que os fundamentos geralmente são mais importantes que impactos políticos no que diz respeito ao mercado de capitais, existem algumas oportunidades que se mostram atrativas em função do novo governo americano, segundo gestores com quem falamos ao longo do mês:

  • Renda fixa: Novos estímulos fiscais, se ocorrerem, suportarão a economia e sustentarão o comércio exterior, tendo como consequência um dólar em patamares menores e desempenho positivo dos “TIPS” (Treasury Inflation-Protected Securities). Adicionalmente, o mercado de dívida para países emergentes pode se beneficiar da diminuição de tarifas, incertezas e, por conseguinte, pode haver a apreciação de moedas estrangeiras contra o dólar;
  • Ações e Crédito: Grandes companhias com exposição internacional podem se beneficiar das políticas menos beligerantes de Biden, dadas as mudanças esperadas em regulamentação e política de comércio;
  • Ativos Reais: o setor de recursos naturais deve se beneficiar, incluindo investimentos em infraestrutura e florestas, que estão ligadas à sustentabilidade e mudanças climáticas.

Fundos Alternativos

Após um ano tumultuado e vários contratempos vindos do cenário macro, a indústria de venture capital está passando por um período de transformação e inovação, que acabou sendo bastante acelerado pela pandemia.

Esse segmento começou a se desenvolver no Brasil entre 2010 e 2011, com um volume de captações que oscilava entre US$ 40-50 milhões por ano. Segundo dados do Hub de Inovação Distrito, em 2020, o volume chegou a US$ 3,5 bilhões, 30% superior ao que foi investido em 2019.

Foram 469 investimentos realizados no ano. Muitos gestores afiram que ainda é só o começo, já que essa classe de ativo representa ainda 0,09% do PIB no Brasil, enquanto nos Estados Unidos o percentual é quase 6 vezes superior (0,5% do PIB).

Adicionalmente, o volume total de recursos captados por startups na bolsa brasileira passou de zero para R$1,7 bilhões com as ofertas como a da plataforma de brechós Enjoei e a companhia de cashback Méliuz, ambas realizadas em novembro de 2020.

Tradicionalmente, o capital para empresas de tecnologia sempre veio dos Estados Unidos e Ásia, o que criava restrições a muitas empresas. Ter o caminho do IPO aqui no Brasil aberto, no entanto, destrava oportunidades de crescimento antes não acessíveis. Entre os impactos que essas operações de IPO podem causar no mercado, podemos listar:

  • Investidores e analistas vão aprender a analisar melhor os indicadores de sucesso de startups. De certa forma, o caminho já vem sendo preparado com os grandes varejistas como B2W e Magazine Luiza, o Banco Inter e as empresas de SaaS como TOTVS, Linx e Locaweb. Os relatórios trimestrais dessas empresas estão popularizando conceitos como “CAC”, “churn rate” e outros típicos dos negócios digitais;
  • Modelos de negócio mais disruptivos poderão ser melhor compreendidos;
  • Essas empresas sairão de seus IPOs com dinheiro em caixa, o que pode fomentar novas aquisições e investimentos.

Antecipando essa tendência, a XP fez parcerias com gestores líderes de venture capital no Brasil nos últimos 2 anos para ofertar a possibilidade de alocação nessa categoria. Abaixo um pequeno descritivo das opções que já foram disponibilizados na plataforma:

  • Monashees: Fundada em 2005, possui cerca de 80 companhias ativas no portfólio dentre as quais Loggi, MadeiraMadeira, Banco Neon, Petlove e Rappi. Levantaram 9 fundos de venture capital no Brasil sempre focando em rodadas semente e series A. Esse novo fundo, distribuído pela XP, terá foco em empresas até o estágio pré-IPO.
  • Redpoint E.Ventures: Um dos fundos de venture capital nacionais mais valorizados do mercado por ter em seu portfólio os unicórnios Gympas, Creditas, Rappi e a startup Pipefy. Além disso, a gestora foi uma das responsáveis pela criação do Cubo Itaú, maior hub de empreendedorismo da América Latina, em parceria com o Itaú Unibanco.

A XP segue atenta ao mercado de venture capital para trazer o que há de mais inovador para seus clientes.

Fundos Imobiliários

De acordo com o último relatório Focus do Banco Central, os economistas estimam o IPCA de 3,5%, taxa Selic de 3,5% e uma alta do PIB de 3,5% para 2021. O destaque do mês foi para a retirada do forward guidance pelo Copom, o que levou os economistas da XP a anteciparem o ciclo de alta de juros de agosto (cenário anterior) para maio com um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic.

A inflação continuou nos holofotes durante o mês de janeiro. O IPCA fechou 2020 com alta de 4,52% e IGP-M apresentou alta de 2,58% em janeiro/2021 (acumulando alta de 25,71% nos últimos doze meses). De acordo com os economistas da XP, a inflação deve seguir pressionada no curto prazo, mas arrefecer a partir do segundo trimestre de 2021.

Sobre os fundos imobiliários, o IFIX apresentou performance de +0,32% em janeiro, após a alta de 2,19% em dezembro. O índice XPFI, índice geral de fundos imobiliários da XP, apresentou a performance de 0,12%, enquanto o XPFT, índice de fundos imobiliários de tijolos da XP, apresentou queda de -0,49% e o XPFP, índice de fundos imobiliários de papel da XP, apresentou performance de 1,08%.

Apesar do início da vacinação contra a covid-19, o mês foi marcado pela aceleração do número de casos do coronavírus pelo território nacional e aumento da ocupação das UTIs. Consequentemente, os estados e municípios decretaram novas rodadas de restrição de circulação de pessoas e fechamento dos shopping centers, destaque para Manaus/AM e Belo Horizonte/MG, que encerraram as atividades por tempo indeterminado e a cidade de São Paulo, que regrediu para “Fase Laranja” durante os dias da semana e “Fase Vermelha” durante os finais de semana.

Como ressaltamos nos últimos meses, continuamos conservadores em relação aos fundos imobiliários do segmento de shopping centers. Em nossa visão, novas restrições de funcionamento (seja fechamento total ou diminuição do horário de funcionamento) pode levar a um ritmo mais lento de recuperação nas vendas e aluguéis dos lojistas, o que pode impactar a distribuição de dividendos dos fundos imobiliários do segmento.

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