Perspectivas globais e bolsa brasileira com a Dahlia Capital | Outliers 140

No episódio 140 do podcast Outliers, Clara Sodré e Rodrigo Sgavioli da XP recebem José Rocha e Sara Delfim, sócios da Dahlia Capital, para uma discussão aprofundada sobre o cenário econômico global e suas implicações para a Bolsa de Valores no Brasil. A Dahlia Capital, fundada em 2017 por um grupo de gestores experientes com mais de 20 anos de atuação no mercado, surgiu com a proposta de unir diferentes expertises em um modelo de sociedade horizontal, onde todos os sócios têm participações semelhantes. Desde o início, a gestora buscou se destacar pelo foco em diversificação e inovação, combinando análises macroeconômicas com um rigoroso processo de seleção de empresas. Segundo Sara Delfim, “a ideia era criar uma gestora que unisse a complementaridade de nossas experiências e, ao mesmo tempo, mantivesse uma cultura de governança com uma gestão colegiada.”

A Dahlia Capital tem como um de seus pilares o compromisso com a didática e a transparência, tanto com seus investidores quanto na construção de suas estratégias. “Um dos nossos objetivos principais sempre foi comunicar de forma clara e acessível, e isso se reflete não só nas nossas cartas mensais, mas em todo o relacionamento que temos com nossos clientes”, destaca Sara. Nos últimos anos, a gestora expandiu sua atuação, criando fundos multimercados com foco no Brasil e no exterior, sempre pautada em uma abordagem flexível e dinâmica.

Veja mais sobre a visão dos especialistas neste texto:

O cenário global: inflação em queda e sincronização de cortes de juros

José Rocha e Sara Delfim destacam que o cenário global está entrando em uma fase de sincronização de cortes de juros. Nos EUA, a inflação, fortemente impactada pela guerra na Ucrânia e pelo aumento nos preços de commodities, começa a recuar com a estabilização do petróleo e a desaceleração da inflação global. “Acreditamos que, no início de 2024, a inflação americana deve estar beirando 2%. Isso abrirá espaço para cortes de juros não apenas nos EUA, mas também em outros países importantes”, afirma Sara Delfim.

Esse movimento sincronizado de queda de juros também tende a impactar mercados como o europeu e o canadense, além de abrir espaço para políticas expansionistas na China. “O corte de juros nos EUA deve continuar até o final de 2025, reduzindo a taxa para algo próximo de 3,5%, o que é um movimento significativo e de longo prazo”, acrescenta José Rocha. A gestora vê esse processo como positivo para as ações, especialmente nos Estados Unidos, onde o avanço tecnológico, impulsionado pela Lei de Moore, segue como principal motor de crescimento.

Estratégia de investimentos: cautela no Brasil e foco em ativos defensivos

Apesar do otimismo no cenário global, a Dahlia adota uma postura cautelosa em relação ao Brasil, destacando as incertezas fiscais e a volatilidade do mercado local. “O Brasil ainda enfrenta desafios fiscais, o que pressiona as curvas de juros. No entanto, vemos que há muita coisa no preço, com algumas ações no setor de utilities oferecendo retornos muito atraentes”, comenta José Rocha.

Nesse sentido, o setor de utilities é citado como uma das oportunidades mais interessantes. “Temos papéis operando com retornos acima de IPCA +12%, o que é extremamente elevado. Isso mostra que, mesmo com o cenário fiscal complexo, existem oportunidades significativas para o investidor que souber onde olhar”, destaca Sara Delfim. A gestora reforça a necessidade de manter uma abordagem defensiva e diversificada, sempre atenta às movimentações do cenário global e local.

Diversificação e paciência no jogo de longo prazo

A Dahlia Capital recomenda uma estratégia de diversificação, equilibrando investimentos em mercados globais, como o setor de tecnologia dos EUA, com empresas de qualidade no Brasil. “A diversificação é a chave. Temos que ter um pouco de tudo e ajustar o tamanho das posições para não sermos pegos de surpresa”, ressalta José Rocha.

Embora o cenário brasileiro continue incerto, a equipe da Dahlia permanece confiante no potencial de recuperação de longo prazo da Bolsa. “Nunca vimos a Bolsa tão barata em qualquer métrica, seja em relação ao PI ou ao retorno sobre o capital investido. Para o investidor de longo prazo, esta é uma oportunidade que não pode ser ignorada”, conclui Sara Delfim.

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