- Nos dias 1 e 2 de fevereiro, ocorrerá a próxima reunião do Copom.
- Vemos dois cenários como mais prováveis:
- Cenário-base: Elevação de 1,5 ponto percentual (pp), com comunicado mais aberto, porém sinalizando desaceleração do ritmo de altas.
- Cenário alternativo: Elevação de 1,5 pp, porém já sinalizando a proximidade do fim do ciclo de altas.
- Caso o cenário-base se concretize, acreditamos que a curva possa fechar nos vencimentos curtos, dado que boa parte do mercado espera movimento semelhante em março.
- No cenário alternativo, mais duro, acreditamos que o mercado possa reagir reduzindo suas expectativas de elevações no futuro, resultando em perda de inclinação na curva de juros.
- A nossa expectativa (XP) é de a Selic atinja 11,5% na próxima de reunião, em março.
Nesta semana, nos dias 1 e 2 de fevereiro ocorrerá a primeira reunião do Copom em 2022. Para a decisão, a grande maioria do mercado, incluindo os economistas da XP, aguarda um aumento de 1,5 pp, o que elevaria a Selic a 10,75%.
Existem ferramentas no mercado que precificam essas expectativas dos agentes. Como exemplo, às 13h do dia 31/01, as “apostas” nas Digitais de Copom se davam como segue. Ou seja, há uma probabilidade, na visão do mercado, entre 90% e 96% de que a Selic seja elevada em 1,5 pp reunião do Copom desta semana.
Expectativa | Probabilidade |
---|---|
Elevação para 10,75% (+1,5pp) | ~90-96% |
Nossos economistas da XP enxergam este mesmo cenário base:
“Entendemos que a análise dos dados desde o último Copom deve deixar seus membros marginalmente mais preocupados com o processo de desinflação adiante, por conta da inflação corrente pressionada, das expectativas em alta e da elevação do preço das commodities neste início de ano. Atividade em desaceleração e menor pressão no câmbio aliviam parcialmente o quadro. (…)
Esperamos uma elevação de 1,5pp na taxa Selic nesta reunião. Para frente, considerado o ajuste monetário já implementado e o nível de juros acima do nível que consideramos neutro, esperamos que o Copom deixe de sinalizar “um ajuste da mesma magnitude” na próxima reunião.”
A comparação entre as expectativas do mercado nas vésperas do Copom de dezembro e agora ajudam a entender o cenário:
Indicador | Expectativas na semana do último Copom (dezembro) | Expectativas atuais |
---|---|---|
DI Jan/23 | 11,39% | ~12,3% |
DI Jan/27 | 10,91% | ~11,2% |
Câmbio (R$/US$) 2022 (Focus – Mediana) | 5,55 | 5,60 |
Câmbio (R$/US$) 2023 (Focus – Mediana) | 5,40 | 5,50 |
IPCA 2022 (Focus – Mediana) | 5,02% | 5,38% |
IPCA 2023 (Focus – Mediana) | 3,46% | 3,50% |
Selic 2022 (Focus – Mediana) | 11,25% | 11,75% |
Selic 2023 (Focus – Mediana) | 8,0% | 8,0% |
Além de precisarmos acompanhar qual será a decisão do Copom em relação à elevação da taxa Selic, é necessário nos atentarmos ao comunicado sobre os planos do BC para próximos passos da política monetária, que guiarão as expectativas para os juros nos próximos meses.
Com base nisso, o que o Copom dirá desta vez? Acreditamos que sejam dois os cenários mais prováveis:
Cenário 1: +1,5pp com comunicado aberto
Cenário base: Como amplamente sinalizado pelo Copom, esperamos uma elevação de 1,5pp nesta reunião. Para frente, considerado o ajuste monetário já implementado e o nível de juros acima do nível que consideramos neutro, esperamos que o Copom deixe de sinalizar “um ajuste da mesma magnitude” na próxima reunião, como vinha fazendo nos últimos comunicados. Isto deixaria a decisão de março mais aberta, mas reforçaria que a decisão dependerá dos dados. Para não soar “dovish“, o Copom deve manter a sinalização de “persistência” até a inflação convergir para a meta.
Em nossa visão, o “Cenário 1” teria algum potencial de levar a fechamento da curva de juros em seus vencimentos mais curtos, uma vez que parte do mercado espera nova elevação de 1,5pp em março. Por outro lado, a sinalização de “persistência” do Copom indica que a Selic se manterá em patamar elevado por um longo período, mantendo pressionados os vértices de médio prazo (2023 em diante)
Expectativa para a reunião de março | Probabilidade |
---|---|
Elevação de 1,5pp | ~40-44% |
Elevação de 1,0pp | ~33-43% |
Um cenário menos provável seria elevação de 1,5 pp, porém sem mudança no texto do comunicado, indicando portanto que a Selic chegaria a 12,25% em março. Ou seja, seria visto como um comunicado mais hawkish e, potencialmente, levaria a uma reação ainda mais forte de abertura de juros curtos.
Quais ativos vão melhor neste cenário?
Títulos prefixados e indexados à inflação de prazos curtos: valorização
Títulos prefixados e indexados à inflação de prazos longos: sem alteração significativa
Em caso de concretização deste cenário, os títulos prefixados e indexados ao IPCA de prazos mais curtos apresentariam valorização. Ou seja, abriria a possibilidade de ganhos de capital para aqueles investidores que já detivessem os ativos.
Já os títulos pós-fixados, que acompanham a taxa de juros, renderão a uma taxa mais elevada, sendo positivo para quem os possui em carteira ou para aqueles que alocarem agora.
Cenário 2: +1,5pp com comunicado mais determinante
Elevação da taxa Selic em 1,5 pp, para 10,75%, porém com comunicação que indique abertamente que uma nova elevação de mesma magnitude em março estaria perto do fim do ciclo de alta.
Acreditamos que caso o “Cenário 2” se concretize, a curva de juros teria menos potencial de se movimentar, uma vez que as expectativas do mercado já apontam para essa possibilidade de novo aumento de 1,5 pp. Desta forma, os ativos também seriam pouco afetados.
Exemplos de investimentos
Curto prazo (Pré e IPCA+): No caso de títulos públicos, há as LTNs com vencimento em 2022 a 2025 e NTN-Bs com vencimentos até 2026. Estes títulos são prefixados e indexados à inflação, respectivamente. Nem todos estão disponíveis no Tesouro Direto, necessitando, portanto, de um intermediário para a compra (como um assessor de investimentos).
Longo Prazo (Pré e IPCA+): Títulos com duration (prazo médio de vencimento) acima de 5 anos como por exemplo NTN-Bs que vencem após 2028.
Há também títulos bancários e de crédito privado, que podem apresentar comportamento semelhante aos citados para títulos públicos.
Pós-fixados: Tesouro Selic 2024, Tesouro Selic 2027, além de LFTs negociadas no mercado secundário e títulos bancários e de crédito privado com a mesma característica de acompanhar a taxa Selic. Vale notar, no entanto, que estes títulos podem sofrer oscilações, embora menores do que os prefixados e indexados à inflação. Para reduzir o risco de variações antes do vencimento, procure títulos de prazos mais curtos.
O que pode acontecer de diferente?
Tudo o que apresentamos aqui leva como base apenas a reunião do Copom dos dias 1 e 2 de fevereiro, sua decisão e posterior comunicado. No entanto, devemos ter em mente que, além de os cenários analisados serem apenas expectativas (ainda que com base em observações anteriores), outras forças agem no mercado diariamente que muitas vezes fogem do radar.
Como exemplo, podemos citar movimentos nos mercados externos que podem ter efeito sobre a percepção de risco local ou até mesmo acontecimentos no cenário político-econômico nacional que podem exaltar ou acalmar os ânimos dos agentes para além do que for decidido na reunião, assim como piora adicional na percepção do risco fiscal.
Tendo isso em mente, é importante sempre acompanhar as principais movimentações e análises de mercado para ajudar na melhor tomada de decisão, além de sempre considerar seu perfil de investidor(a) para melhor estratégia de composição de carteira.
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Glossário
Entendendo os termos sobre as condutas do Banco Central
Dovish: A origem vem da palavra dove, pomba em português. Sinaliza uma conduta do Banco Central mais confiante de que o cenário de inflação não será um problema, e, portanto, pendente a adotar uma política monetária expansionista ou menos restritiva para estimular a economia.
Hawkish: A origem vem da palavra hawk, falcão em português. Sinaliza uma conduta do Banco Central preocupada com os riscos inflacionários, e, portanto, pendente a adotar uma postura monetária mais dura, com subidas mais fortes na taxa de juros, ainda que isso possa prejudicar o emprego e a atividade no curto prazo.
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