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Pré-Copom Maio 2024: Renda Fixa segue como a capitã do jogo

Nos dias 07 e 08 de maio, ocorrerá a próxima reunião do Copom. Esperamos corte de 0,25 p.p. na taxa de juros. O que isso significa para a renda fixa?

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Caso não tenha familiaridade com a curva de juros, sugerimos a leitura deste conteúdo: O que é a curva de juros?

Nos dias 07 e 08 de maio, ocorrerá a próxima reunião do Copom. O cenário base da XP é de uma redução no ritmo de cortes na taxa Selic, de 0,25 ponto percentual (p.p.), para 10,50%. Para a renda fixa, continuamos com uma visão construtiva, dadas as taxas de juros altas por mais tempo, apesar do ciclo de cortes. Temos preferência para os títulos atrelados à inflação (IPCA+), que têm oferecido retornos elevados de juro real.

O que esperar para a reunião atual?

Além de precisarmos acompanhar qual será a decisão do Copom sobre a taxa Selic, é necessário nos atentarmos ao comunicado sobre os planos do Banco Central (BC) para a política monetária, que guiarão as expectativas para os juros nos próximos meses. Com base nisso, o que o Copom dirá desta vez?

Cenário base: Corte para 10,50%

Existem ferramentas que precificam as expectativas do mercado em relação às reuniões do Banco Central. Diferente do visto na última reunião (março de 2024), em que as “apostas” nas Digitais de Copom apontavam corte de 0,50p.p. com unanimidade, na rodada atual o mercado está um pouco mais dividido. Nessa semana, a maioria das apostas indica uma probabilidade de corte de 0,25 p.p. na Selic, passando de 10,75% para 10,50% e, como cenário alternativo, uma minoria com expectativas de manutenção do ritmo de cortes de 0,50p.p., conforme mostrado na tabela abaixo.

ExpectativaProbabilidade
Corte para 10,50% (-0,25p.p.) – Cenário XP81% a 83%
Corte para 10,25% (-0,50p.p.)14% a 16%
Manutenção em 10,75%3% a 4%

Diante do aumento de incertezas no cenário econômico, o Copom deve adotar uma postura mais cautelosa, reduzindo o ritmo de flexibilização monetária. A XP, assim como a maioria do mercado atualmente, acredita que o Copom deverá reduzir a taxa Selic em 0,25 p.p., para 10,50%. Vale ressaltar que a decisão pode apresentar dissenso, o que não foi visto nas últimas reuniões. Em suma, as taxas mais altas por mais tempo nos Estados Unidos, aliadas à presença de um risco fiscal doméstico ascendente, trouxeram uma reprecificação do risco no mercado, e muitos analistas – assim como o time de Economia da XP – revisaram suas projeções econômicas deste ano, com viés altista:
– anterior: três cortes de 0,50 p.p. e um ajuste final de 0,25 p.p., levando a taxa Selic para 9,00%;
– atual: três cortes sequenciais de 0,25 p.p., levando a taxa Selic para 10,00%. Projetamos manutenção neste patamar até, pelo menos, o final de 2025.

Fonte: B3 (Opções de Copom). Elaboração: XP.

Como a renda fixa seria impactada?

A atenção dos mercados deve estar voltada para dois principais fatores nesta reunião: (i) a unanimidade ou não dos votos entre os membros do Comitê; e (ii) a presença ou não de um guidance (projeção) de cortes.

No caso dos votos, um eventual dissenso no placar entre o corte de 0,25p.p. ou de 0,50p.p., esperado pelo time de Economia da XP, pode indicar ruídos na condução da política monetária, o que pode ser traduzido como um risco adicional pelo mercado.

Em relação ao guidance, os investidores devem acompanhar se haverá indicações sobre os próximos cortes do ciclo de flexibilização monetária, principalmente se o Comitê deixará claro sobre este não ser a última redução de Selic esperada para o ano. Em nossa visão, não esperamos qualquer sinalização explícita para o ritmo de corte e/ou para a taxa Selic terminal. Isto posto, o Comitê deve sinalizar que considera a necessidade de manter a política monetária restritiva, com o intuito de trazer a inflação à trajetória da meta.

Caso nosso cenário base se concretize, esperamos uma reação de leve alta na parte curta da curva de juros, com a acomodação dos vértices curtos para a parcela que apostava em um corte maior, de 0,50p.p., para o qual o mercado atribui probabilidade de 15% atualmente.

Entendemos que os vértices intermediários e longos já precificam um cenário mais restritivo de política monetária. Essa expectativa fica clara ao observarmos o mercado de opções (vide abaixo na tabela “Expectativa do mercado para o Copom de JUNHO”), que precifica cerca de 70% de chance de corte de 0,25p.p. em junho e mais de 30% de manutenção da taxa na Selic, ou seja, sem cortes.

Já se for mantido algum guidance de continuidade de cortes, é possível que a curva apresente algum movimento de baixa nos vértices curtos, com o mercado postergando o fim do ciclo de afrouxamento monetário. Em relação à unanimidade de votos, um eventual dissenso pode adicionar volatilidade ao mercado.

Vale lembrar que, desde o início do ciclo de afrouxamento monetário, em agosto de 2023, o Copom já realizou cortes que somam 3,0 p.p. (de 13,75% à época para os 10,75% atuais). Considerando a taxa Selic terminal de 10,00% ao final de 2024, podemos dizer que já estamos na reta final do caminho, restando apenas mais 0,75 p.p. para o encerramento do ciclo.

Uma vez que não esperamos mudanças estruturais no cenário em relação ao que já incorporamos em nossas análises de carteiras recomendadas, mesmo no curtíssimo prazo (pós-Copom), nossa visão em relação ao Copom atual é neutra.

Vale ressaltar que continuamos com visão positiva para a renda fixa de maneira geral, principalmente para títulos atrelados à inflação (IPCA+). Mesmo com os cortes recentes e esperados, as taxas de juros nominais permanecem elevadas, acima de dois dígitos, e as taxas reais (acima da inflação) estão em patamares ainda mais interessantes, em nossa opinião. Adicionalmente, as projeções indicam que a inflação deve permanecer acima do centro da meta de 3% nos próximos dois anos. Por fim, ainda é necessária cautela, com os riscos locais e globais a serem monitorados, o que favorece a alocação em ativos como a renda fixa (veja mais em nossas carteiras recomendadas).

O que pode acontecer de diferente?

Tudo o que apresentamos aqui leva como base apenas a reunião do Copom dos dias 07 e 08 de maio, sua decisão e posterior comunicado.

Diferente do visto nas últimas reuniões, esta decisão não será conjunta com o comitê de política monetária dos Estados Unidos, dado que este já ocorreu na semana anterior. A correlação dos movimentos dos ativos locais com com americanos (Treasuries, títulos soberanos dos Estados Unidos), permanece elevada. Contudo, a agenda de divulgação de dados econômicos americanos segue esvaziada nesta semana, o que pode trazer uma maior aderência do resultado da reunião do Copom ao impacto a ser visto na curva de juros local.

Um fator local a ser acompanhado é o potencial efeito na economia das enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul. O mercado também pode ficar apreensivo com o tamanho da ajuda financeira promovida pelo Governo ao estado, que ainda não teve o seu valor divulgado, e sua consequência nos cofres públicos.

Por fim, devemos ter em mente que, além de os cenários analisados serem apenas expectativas (ainda que com base em observações históricas), outras forças que muitas vezes fogem do radar agem no mercado diariamente e podem afetar os preços dos ativos.

Tendo isso em mente, é importante sempre acompanhar as principais movimentações e análises de mercado para ajudar na melhor tomada de decisão. Recomenda-se ainda cautela na alocação, uma vez que os riscos relacionados ao cenário fiscal local e inflacionário global ainda não cessaram (dentre outros). Por fim, sempre considere seu perfil de investidor(a) para melhor estratégia de composição de carteira.

Aprofundando a visão de Economia

O fluxo de notícias desde a última reunião do Copom foi mais preocupante para as perspectivas de inflação, tendo em vista a taxa de câmbio mais depreciada, a elevação dos preços das commodities e indicadores do mercado de trabalho mais fortes que o esperado.

Segundo os nossos cálculos, o Copom subirá suas projeções de IPCA em 2024 (de 3,5% para 3,6%) e 2025 (de 3,2% para 3,3%). […] Acreditamos que o Copom precisará atingir uma taxa Selic terminal mais elevada para compensar os efeitos da taxa de câmbio mais depreciada e atividade econômica mais forte. Prevemos três cortes sequenciais de 0,25 p.p. e taxa Selic terminal em 10,00%.  

Time de Economia XP Research

A comparação entre as expectativas do mercado nas vésperas do Copom de janeiro e agora ajudam a entender o cenário.

IndicadorExpectativas na semana do último Copom (março/24) Expectativas atuais
DI Jan/259,965%10,23%
DI Jan/2710,12%10,765%
Câmbio (R$/US$) 2024 (Focus – Mediana) 4,935,00
Câmbio (R$/US$) 2025 (Focus – Mediana) 5,005,05
IPCA 2024 (Focus – Mediana)3,77%3,72%
IPCA 2025 (Focus – Mediana3,51%3,64%
Selic 2024 (Focus – Mediana)9,00%9,63%
Selic 2025 (Focus – Mediana)8,50%9,00%

Fontes: Broadcast e Banco Central (Boletim Focus do dia 08/03). Elaboração: XP.

E o que esperar para a próxima reunião de junho de 2024?

Atualmente, o mercado precifica maior probabilidade de um novo corte de 0,25p.p. na próxima reunião (tabela abaixo), a ocorrer nos dias 18 e 19 de junho, porém há agentes que esperam uma pausa nos cortes, com a manutenção da Selic após a reunião de maio, com cerca de 30% de probabilidade, na média.

O cenário base dos economistas da XP para a próxima reunião é de novo corte de 0,25p.p.

Expectativa do mercado para o Copom de JUNHO – Assumindo 10,50% após a reunião atualProbabilidade
Corte para 10,25% (-0,25p.p.) – Cenário XP65% a 70%
Manutenção em 10,50% (sem alterações)27% a 32%
Corte para 10,00% (-0,50p.p.)4% a 6%

Fonte: B3 (Opções de Copom). Elaboração: XP.

Expectativa do mercado para o Copom de JULHOProbabilidade
Manutenção (sem alterações)50% a 60%
Novo corte de 0,25p.p.37% a 42%
Aumento do corte para 0,50p.p.3% a 5%

Fonte: B3 (Opções de Copom). Elaboração: XP.

Agenda de reuniões do Copom – 2024

  • 18 e 19 junho
  • 30 e 31 de julho
  • 17 e 18 de setembro
  • 5 e 6 de novembro
  • 10 e 11 de dezembro

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