XP Expert

Light entra na Justiça para suspender pagamento de dívidas; Entenda

Light entrou com pedido de Tutela Cautelar para suspender pagamento das suas dívidas. Entenda aqui o ocorrido e os próximos passos.

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no X
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail
Banner Onde Investir em 2026 intratexto
  • A Light S.A. é uma holding integrada que atua nos setores de distribuição, geração, comercialização e soluções de energia. O segmento de distribuição é o mais relevante (aproximadamente 70% do EBITDA), representado por uma única concessão no Rio de Janeiro, operada pela Light Serviços de Eletricidade (Light SESA).
  • Desde o dia 31 de janeiro, a Light permanece nos holofotes, com a contratação da assessoria financeira Laplace para a melhoria de sua estrutura de capitais, o que originou diversos gatilhos de rebaixamento de suas notas de crédito pelas agências.
  • Adicionalmente, a Light divulgou ainda elevação de despesas com provisões, em um período de maior concentração de vencimento de dívidas e pagamentos de juros.
  • No dia 11 de abril, a Light entrou com pedido de Tutela Cautelar na Justiça do Rio de Janeiro para suspender pagamento das suas dívidas. Entenda aqui o ocorrido e os próximos passos.

O pedido de Tutela Cautelar

Com a medida, a empresa de energia elétrica suspendeu temporariamente o pagamento de juros e o principal de suas dívidas financeiras e tenta ganhar tempo para negociar com seus credores, sem nenhum impacto para suas operações.

A estratégia de pedir uma mediação judicial se explica pela característica da dívida da Light, a qual apresenta concentração em emissões de debêntures e bonds, pulverizados em milhares de investidores. Neste contexto, a Light pediu a instauração de procedimento de mediação coletiva com as partes em torno das obrigações financeiras.

Em entrevista, o atual CEO da Light, o Octavio Pereira Lopes afirmou que a medida cautelar objetiva ajudar a companhia em uma negociação com seus credores.

No dia 12 de abril, a empresa comunicou, via fato relevante, o deferimento, pela 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, acerca da Tutela Cautelar apresentada pela Light no dia anterior (11). A suspensão é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias e engloba cerca de R$ 11 bilhões em vencimentos de principal e juros, sendo R$ 6,8 bi em debêntures, R$ 3,1 em bonds, R$ 441 milhões em cessão de direitos creditórios, R$ 427 milhões em derivativos, R$ 200 milhões em contrato de empréstimo em moeda estrangeira e R$ 8 milhões em cédula de crédito bancário.

Obrigações financeiras a vencer

A data escolhida para implementar a ação leva em consideração as obrigações financeiras que a empresa teria na próxima semana, como podemos observar na imagem abaixo.

Devido às incertezas acerca do pagamento das próximas obrigações financeiras, os ativos estão sendo negociados com um deságio em torno de 70%, como é o caso da debênture LIGHA5, que fechou o pregão de ontem (10/04) com um PU Indicativo (preço a mercado) de R$ 401,70 ante um PU Par (preço da curva) de R$ 1.338,91.

Renovação (ou não) da Concessão

A concessão da Light SESA vencerá em 2026. A companhia tem até junho de 2023 para demonstrar interesse na renovação. Após isso, a Aneel teoricamente possui 18 meses para responder (final de 2024).

Em sua conferência de resultados do 4T22, a diretoria da Light ressaltou que sua prioridade é manter a continuidade e a qualidade do serviço prestado aos consumidores do Rio de Janeiro. Adicionalmente, a companhia já iniciou conversas com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e com o Ministério de Minas e Energia (MME) sobre uma eventual antecipação da renovação da concessão de distribuição, visando obter melhores condições para o equilíbrio econômico da concessão.

A companhia vem sofrendo não só com questões estruturais, como um índice de furtos de energia persistentemente elevado, como mostra a imagem a seguir, mas também com uma saída de caixa bilionária pela devolução de créditos fiscais aos consumidores de energia. A companhia adiantou que espera devolução de R$ 1 bilhão em 2023 e R$ 800 milhões em 2024.

No caso de não renovação, a Light teria cerca de R$ 10 bilhões a receber referentes a ativos nos quais investiu e que ainda não foram depreciados (RAB). Entretanto, até o momento não há histórico recente no setor sobre a não renovação de uma concessão, portanto não é clara a condição e prazo de recebimento do montante em questão.

Performance da Light em 2022

No ano de 2022, a Light reconheceu R$ -2,9 bilhões em eventos não recorrentes em seu resultado operacional, sendo majoritariamente R$ -1,1 bilhão relacionada à devolução do Pis/Cofins aos consumidores, R$ -1,1 bilhão de provisões de inadimplência e outro R$ -0,8 bilhão relativo a perdas com fraudes, tendo apurado EBITDA contábil negativo em R$ -1,1 bilhão no ano. Somando o aumento da despesa financeira, que incluiu parte da atualização monetária das provisões de R$ -2,6 bilhões, houve prejuízo líquido de R$ -5,6 bilhões em 2022.

A dívida líquida encerrou 2022 em R$ 9 bilhões, majoritariamente na distribuidora (Light SESA). A alavancagem (dívida líquida/EBITDA), por sua vez, subiu de 3,0x para 3,3x, patamar mais próximo ao covenant de 3,5x.

FAQ – Veja aqui as principais dúvidas mapeadas até o momento

1. O que aconteceu com a Light nos últimos meses para chegarmos na situação atual?

A Light S.A. é uma holding integrada que atua nos setores de distribuição, geração, comercialização e soluções de energia. O segmento de distribuição é o mais relevante (aproximadamente 70% do EBITDA), representado por uma única concessão no Rio de Janeiro, operada pela Light Serviços de Eletricidade (Light SESA). Essa concessão sempre atingiu os patamares de qualidade de atendimento de serviços, entretanto, as perdas não técnicas seguiram como desafio para serem reduzidas, acima do patamar regulatório permitido.

Conforme mencionado acima, a performance da Light em 2022 foi afetada por uma série de itens não recorrentes de provisionamento, que levaram a um prejuízo líquido de R$ -5,6 bilhões no ano. Além disso, a proximidade com o prazo limite (junho de 2023) para a Companhia demonstrar interesse na renovação da concessão que vencerá em 2026 iniciou uma batalha velada entre a empresa, o regulador (Aneel) e os próprios debenturistas para ganhar tempo e negociar condições melhores para a renovação.

Desde o dia 31 de janeiro, a Light permanece nos holofotes, com a contratação da assessoria financeira Laplace para a melhoria de sua estrutura de capitais, o que originou diversos gatilhos de rebaixamento de suas notas de crédito pelas agências. Isso acabou gerando estresse no mercado de renda fixa, refletindo na reprecificação dos papéis no mercado secundário.

No dia 11 de abril, a Light entrou com pedido de Tutela Cautelar na Justiça do Rio de Janeiro para suspender pagamento das suas dívidas. O pedido foi deferido (aprovado) no dia 12/04/2023 pela 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, e na sequência os agentes fiduciários comunicaram vencimento antecipado das emissões da cia.

2. As debêntures não possuem garantias atreladas as emissões?

Não, não existem garantias reais, apenas fianças das subsidiárias do grupo. Esse tipo de garantia é padrão em emissões similares que existem no mercado.

3. Como funciona um processo de renovação de concessão? Qual a relação entre esse processo e a negociação das dívidas atuais da empresa?

O processo de renovação da concessão deve ser moroso e seguir em paralelo às discussões atuais. O poder concedente tem incentivos para renovar concessões com indicadores operacionais bons.

No caso da Light, os indicadores FEC – Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora – e DEC – Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora – são bons, enquanto o nível de perda, em função da localidade da concessão, é o principal ponto negativo da concessão.

Vale ressaltar que a simples troca de distribuidora não resolveria o problema do elevado nível de perdas, o que eleva a possibilidade de renovação da concessão pela Light.

Próximos passos

Os debenturistas da Light aguardam a convocação das respectivas AGD’s – Assembleias Gerais de Debenturistas – para debater o tema, conforme previsto nas escrituras das emissões.

De acordo com a Light, um “bom cenário” envolveria negociação com credores com acerto entre 90 e 180 dias, e um desfecho com o poder concedente em até 12 meses.

Últimas alterações de rating da Light

Fontes

Fato Relevante

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Disclaimer:

  • Este relatório de análise foi elaborado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos ou XP”) de acordo com todas as exigências previstas na Resolução CVM 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A XP Investimentos não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório.
  • Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor.
  • O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à XP Investimentos e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela XP Investimentos.
  • O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Resolução CVM nº 20/2021 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório.
  • Os analistas da XP Investimentos estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC Brasil para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários da XP Investimentos.
  • O atendimento de nossos clientes é realizado por empregados da XP Investimentos ou por assessores de investimento que desempenham suas atividades por meio da XP, em conformidade com a Resolução CVM nº 178/2023, os quais encontram-se registrados na Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários – ANCORD. O assessor de investimento não pode realizar consultoria, administração ou gestão de patrimônio de clientes, devendo atuar como intermediário e solicitar autorização prévia do cliente para a realização de qualquer operação no mercado de capitais.
  • Para fins de verificação da adequação do perfil do investidor aos serviços e produtos de investimento oferecidos pela XP Investimentos, utilizamos a metodologia de adequação dos produtos por portfólio, nos termos das Regras e Procedimentos ANBIMA de Suitability nº 01 e do Código ANBIMA de Distribuição de Produtos de Investimento. Essa metodologia consiste em atribuir uma pontuação máxima de risco para cada perfil de investidor (conservador, moderado e agressivo), bem como uma pontuação de risco para cada um dos produtos oferecidos pela XP Investimentos, de modo que todos os clientes possam ter acesso a todos os produtos, desde que dentro das quantidades e limites da pontuação de risco definidas para o seu perfil. Antes de aplicar nos produtos e/ou contratar os serviços objeto deste material, é importante que você verifique se a sua pontuação de risco atual comporta a aplicação nos produtos e/ou a contratação dos serviços em questão, bem como se há limitações de volume, concentração e/ou quantidade para a aplicação desejada. Você pode consultar essas informações diretamente no momento da transmissão da sua ordem ou, ainda, consultando o risco geral da sua carteira na tela de carteira (Visão Risco). Caso a sua pontuação de risco atual não comporte a aplicação/contratação pretendida, ou caso existam limitações em relação à quantidade e/ou volume financeiro para a referida aplicação/contratação, isto significa que, com base na composição atual da sua carteira, esta aplicação/contratação não está adequada ao seu perfil. Em caso de dúvidas sobre o processo de adequação dos produtos oferecidos pela XP Investimentos ao seu perfil de investidor, consulte o FAQ. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.
  • A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes.
  • Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo assessores de investimentos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos.
  • 0800 77 20202. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710.
  • O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da XP Investimentos: www.xpi.com.br.
  • A XP Investimentos se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo.
  • A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas.
  • Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto.
  • O investimento em opções é preferencialmente indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. No mercado de opções, são negociados direitos de compra ou venda de um bem por preço fixado em data futura, devendo o adquirente do direito negociado pagar um prêmio ao vendedor tal como num acordo seguro. As operações com esses derivativos são consideradas de risco muito alto por apresentarem altas relações de risco e retorno e algumas posições apresentarem a possibilidade de perdas superiores ao capital investido. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto.
  • O investimento em termos são contratos para compra ou a venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado. O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores, obedecendo o prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. O preço será o valor da ação adicionado de uma parcela correspondente aos juros – que são fixados livremente em mercado, em função do prazo do contrato. Toda transação a termo requer um depósito de garantia. Essas garantias são prestadas em duas formas: cobertura ou margem.
  • O investimento em Mercados Futuros embute riscos de perdas patrimoniais significativos. Commodity é um objeto ou determinante de preço de um contrato futuro ou outro instrumento derivativo, podendo consubstanciar um índice, uma taxa, um valor mobiliário ou produto físico. É um investimento de risco muito alto, que contempla a possibilidade de oscilação de preço devido à utilização de alavancagem financeira. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.
  • ESTA INSTITUIÇÃO É ADERENTE AO CÓDIGO ANBIMA DE DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO.
  • A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


    Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.