Este é um relatório informativo sobre o emissor. Para informações sobre taxas de CDBs, LCIs, LCAs, LCs, acesse a Plataforma da XP.
Caso não tenha familiaridade com o setor bancário, sugerimos leitura dos seguintes artigos: Balanço de bancos: saiba como analisar a saúde financeira das instituições, Bancos Médios: conheça as principais frentes de atuação das instituições e Saiba tudo sobre o FGC.
Destaques positivos
- Estratégia de diversificação.
- Crescimento da carteira com qualidade.
Pontos de atenção
- Renegociações de crédito.
- Rentabilidade e capitalização pressionados.
- Venda de ativos executados.
Ao investir em um dos ativos do Pine elegíveis à garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), como CDB, LC, LCI e LCA, o investidor está coberto até o limite de R$250 mil*.
Letras Financeiras (LFs) não são elegíveis à garantia do FGC.
Quem é o Banco Pine?
História
O Banco Pine S.A. foi fundado em 1997 por Norberto Pinheiro – até então controlador acionário do Banco BMC – e Nelson Pinheiro, como um banco voltado a clientes corporativos (corporate banking).
Se tornou uma companhia pública em 2007, ao realizar oferta inicial de ações (IPO, do inglês Initial Public Offering), com distribuição primária e secundária, que levantou R$ 517,18 milhões.
A relativa concentração da carteira de crédito do Pine em determinadas empresas na época da crise econômica de 2014 resultou em pressão em seus números operacionais e financeiros, dada a desaceleração da economia e o ambiente desafiador.
Em 2018, realizou reestruturação do seu modelo de negócios, ao ampliar seu atendimento a empresas com faturamento abaixo de R$ 500 milhões, visando melhorar a geração de receita a partir de uma base maior de clientes.
Desde então, o banco segue em sua nova estratégia, que também envolve a cura da carteira monitorada e venda de ativos non-core (ou seja, que não fazem parte do foco de atuação do banco).
Atuação
O Pine é um banco de atacado, com foco em produtos financeiros para empresas, como câmbio, crédito, derivativos e operações estruturadas.
O atual foco de atuação do Pine é o segmento “Empresas”, que corresponde a companhias com faturamento anual entre R$ 50 e R$ 500 milhões. Ademais, o banco segue atendendo “Grandes Empresas” (faturamento acima de R$ 500 milhões).
Presença
Além da sede na cidade de São Paulo (SP), o Banco Pine atende nas cidades de Blumenau (SC), Campinas (SP), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ) e São José do Rio Preto (SP).
Fonte: XP Investimentos, Banco Pine.
Principais fatores do crédito
Para melhor entendimento, esclarecemos que a nomenclatura “2T21” significa “segundo trimestre de 2021” e 1S21 “primeiro semestre de 2021”. Suas variações também se aplicam (ex: 4T20 seria o quarto trimestre de 2020).
Para mais informações sobre análise de crédito de bancos, clique aqui.
Carteira de crédito
Fonte: XP Investimentos, Banco Pine.
Ao fim do primeiro semestre de 2021, a carteira classificada do Banco Pine totalizou R$ 4,3 bilhões, avanço de 8,5% frente ao saldo de 2020 e 46,3% em relação ao fechamento do 1S20. O produto de capital de giro, que apresentou participação de 54,3% na carteira classificada ao fim do 1S21, totalizou R$ 2,3 bilhões no semestre, avanço de 8,1% em relação ao fechamento de 2020 e 47,4% frente ao 1S20.
O primeiro semestre de 2020 foi marcado pela crise decorrente da covid-19, que fez com que o Pine pausasse seus planos de ampliação da base de clientes. No decorrer dos meses, medidas de injeção de liquidez por parte do governo e a maior visibilidade da extensão da crise resultaram na retomada da originação de créditos acima do patamar pré-pandemia.
Dentre as medidas adotadas, destacamos a Medida Provisória (MP) 992/2020, promulgada em julho de 2020, que criou o Programa de Capital de Giro para Preservação de Empresas (CGPE). O programa do Governo incentivava a concessão de crédito para capital de giro até 31 de dezembro a empresas com faturamento de até R$ 300 milhões ao ano, concedendo benefícios fiscais às instituições financeiras.
Já a carteira de crédito expandida, que soma à carteira classificada fianças prestadas e títulos privados, apresentou crescimento de 14,5% ante o saldo do 1S20 e 7,9% frente a 2020 para R$ 4,9 bilhões. A carteira de fianças prestadas contraiu 6,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto a de títulos privados, 11,7% – reflexo do novo modelo de negócios do banco.
A linha de grandes empresas apresentou participação de 63,4% na carteira expandida (vs. 74,3% no 1S20), enquanto a de empresas encerrou o 1S21 em 36,6% (vs. 25,7%). A estratégia em curso visa aumentar a participação de clientes com faturamento de até R$ 500 milhões na carteira.
Fonte: XP Investimentos, Banco Pine.
Os indicadores de qualidade dos ativos do Pine têm melhorado gradualmente, permanecendo resilientes mesmo em 2020. A faixa de créditos classificados entre D a H representou 7,5% do total da carteira classificada ao fim do 1S21, ante 14,9% no 1S20 e 8,6% em 2020, o que pode ser atribuído à migração da carteira para operações com mais garantias atreladas (e, portanto, de menor risco), além do crescimento da carteira.
Como ponto de atenção, mais de 10% da carteira de crédito segue sendo renegociada anualmente, o que pode distorcer a real qualidade dos ativos.
A provisão para os devedores duvidosos (PDD) totalizou R$ 237,2 milhões ao fim do 1S21, ante R$ 267,0 milhões no 1S20 e R$ 298,1 milhões ao fim de 2020. A relação entre o PDD e a carteira classificada totalizou 5,6% no 1S21.
Rentabilidade
As receitas de intermediação financeira do banco avançaram 22,4% no 1S21 ante o 1S20 para R$ 432,8 milhões. Enquanto o prejuízo operacional reduziu de -R$ 12,4 milhões para -R$ 8,7 milhões. O melhor resultado é decorrente da estratégia de alocação mais eficiente de recursos e controle de despesas operacionais.
Os R$ 17 milhões de resultado não operacional compensaram o prejuízo operacional e direcionaram o, ainda que pequeno, lucro no semestre.
A gestão tem como objetivo atingir ponto de equilíbrio ainda em 2021. Contudo, além do impacto da carteira legada, o balanço do banco carrega relevante volume de ativos executados. Tais ativos, em sua maior parte imobiliários, foram resultado da execução de garantias após o não cumprimento de obrigações por parte dos clientes, dentre eles, destaca-se o Condomínio Entreverdes, loteamento de alto padrão na região de Campinas (SP).
Como os ativos não são capitalizados, mas entram no denominador do Índice de Basiléia, acabam sendo um obstáculo para a melhora na lucratividade, pois limitam o crescimento dos ativos principais.
Fonte: XP Investimentos, Banco Pine.
Capital
O Índice Basileia do Banco Pine foi de 10,8% em junho de 2021, menor que a razão de 11,7% ao fim de 2020, mas ainda superior aos atuais padrões exigidos pelo Banco Central (acima de 9,625%). Pontua-se que os ativos legados do Pine permanecem pressionando seus índices de capitalização e, à medida em que forem descontinuados, permitirão a melhora do índice.
Fonte: XP Investimentos, Banco Pine.
Liquidez
O Pine encerrou o 1S21 com disponibilidades de R$ 2,6 bilhões e vencimentos da carteira expandida para os próximos 12 meses de R$ 2,9 bilhões. O índice de liquidez de curto prazo, por sua vez, foi de 1,7x, ante 1,6x ao fim de 2020.
O indicador mede a capacidade de pagamento da instituição nos próximos 12 meses. Quanto mais o índice estiver acima de 1,0x, melhor a situação de liquidez e vice-versa.
*Ao investir em um de seus ativos, o investidor está coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos – FGC – para aplicações até o limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ por conjunto de depósitos e investimentos em cada instituição ou conglomerado financeiro, limitado ao teto de R$ 1 milhão, a cada período de 4 anos, para garantias pagas para cada CPF ou CNPJ.
Glossário
Liquidez: A relação entre os ativos mais líquidos de curto prazo e os passivos exigíveis no curto prazo. Esta é uma medida de cobertura de seu saldo devedor mais curto. Quanto maior o índice, melhor a situação da instituição financeira.
Basileia: parte de acordos bancários firmados entre diversos bancos centrais do mundo para prevenção de risco de crédito. Mede a relação entre capital próprio e o capital de terceiros que será exposto a risco por meio da carteira de crédito do banco. As instituições financeiras são obrigadas a manter um índice mínimo de 8% mais um adicional de conservação de capital principal de 2,5%. Esse índice mínimo visa proteger os clientes das instituições financeiras.
ROAE: é o quociente entre lucro líquido e patrimônio líquido médio da instituição. É uma medida de rentabilidade.
Carteira D-H: Classificação determinada pelo Banco Central na resolução nº 2.682. Os créditos bancários são classificados em nove níveis, sendo eles: AA (menor risco), A, B, C, D, E, F, G e H (maior risco). Sendo assim, a carteira D-H inclui os créditos mais arriscados e aqueles com atraso de pagamento acima de 61 dias. Esses créditos exigem provisão entre 10% e 100% sobre o valor das operações.