O que aconteceu nesta semana na renda fixa?
Ao longo dos últimos dias, as taxas esperadas de juros apresentaram uma queda expressiva por toda a extensão da curva. O movimento foi marcado pela perspectiva dos agentes financeiros de que o Congresso deva aprovar uma versão reduzida da proposta original da PEC da Transição apresentada pelo governo eleito, resultando em um impacto fiscal menor às contas públicas e por um período mais curto. O cenário doméstico foi a principal diretriz do mercado durante a semana.
O que acompanhar na próxima semana?
No cenário internacional, especialmente nos EUA, os destaques serão os dados de inflação ao consumidor e ao produtor de novembro. Na Zona do Euro, dados de atividade. Na China, dados de inflação e atividade.
No Brasil, atenção voltada para a decisão de política monetária do BCB. Além disso, a transição de governo e o fiscal seguem como temas principais, e o mercado fica atento às sinalizações do presidente eleito Lula e à tramitação da PEC da Transição.
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Cenário macroeconômico
Nesta semana, no cenário internacional, o presidente do Fed (banco central americano), Jerome Powell, sinalizou que o Federal Reserve irá desacelerar o ritmo de aumento das taxas de juros no próximo mês, de 0,75pp para 0,5pp. Powell equilibrou seus comentários sobre a próxima decisão monetária com uma promessa de que o Fed não desistiria de sua luta contra a inflação até que as pressões de preços tivessem diminuído para um nível mais alinhado com a meta de inflação de 2%.
No continente europeu, os preços ao produtor da zona do euro caíram 2,9% em outubro em relação a setembro, e acumulam alta de 30,8% em 12 meses (de 41,9% em setembro). O número reforça as expectativas dos economistas de que a inflação ao produtor europeu possa ter atingido o pico. Na China, a atividade fabril encolheu em novembro, uma vez que as restrições generalizadas por causa da Covid-19 interromperam a produção da indústria.
Enquanto isso, no Brasil, achamada “PEC da Transição” foi protocolada no Senado, prevendo a retirada do programa Bolsa Família do teto de gastos, no valor de R$ 175 bilhões, com validade de quatro anos. Além disso, a proposta permite a utilização de eventuais receitas extraordinárias para investimentos públicos, com limite máximo de R$ 23 bilhões. O governo de transição tem negociado com o Congresso, no qual há muita resistência ao texto e que sinaliza a preferência por oferecer um espaço limitado a gastos considerados essenciais, sobretudo os relativos ao Bolsa Família.
Além disso, oPIB do Brasil cresceu 3,6% no 3º trimestre de 2022 em relação ao 3º trimestre de 2021. Conforme esperado, a vasta maioria dos componentes do PIB pela ótica da oferta avançou no 3º trimestre em relação ao 2º trimestre. Mais uma vez, o setor de Serviços foi protagonista ao crescer pelo nono trimestre consecutivo e ficar 6% acima dos níveis pré-pandemia.
Leia o resumo completo de economia da semana
Juros e inflação
Ao longo dos últimos dias, as taxas esperadas de juros apresentaram uma queda expressiva por toda a extensão da curva. O movimento foi marcado pela perspectiva dos agentes financeiros de que o Congresso deva aprovar uma versão reduzida da proposta original da PEC da Transição apresentada pelo governo eleito, resultando em um impacto fiscal menor às contas públicas e por um período mais curto. O cenário doméstico foi a principal diretriz do mercado durante a semana.
A PEC da Transição foi protocolada no Senado, prevendo a retirada do programa Bolsa Família do teto de gastos, no valor de R$ 175 bilhões e com validade de quatro anos. Além disso, a proposta permite a utilização de eventuais receitas extraordinárias para investimentos públicos, com limite máximo de R$ 23 bilhões.
Contudo, a perspectiva atual dos agentes econômicos é de que o Congresso deva aprovar uma versão mais reduzida, espera-se que o montante negociado se limite ao período de dois anos e tenha um volume de recursos entre R$ 140 bilhões e R$ 150 bilhões fora do teto.
Por fim, as taxas de juros reais apresentaram uma queda ao longo de toda a curva.
A curva de juros pode ser compreendida como as expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos prefixados sem cupom (ou seja, sem pagamentos semestrais), de hoje até uma determinada data futura, a partir dos contratos futuros de juros (ou DI). Enquanto isso, a Taxa Selic Esperada é a rentabilidade da taxa básica de juros esperada no final de cada período. Entenda mais aqui.
Títulos públicos
Mercado primário (leilões)
Para mais informações sobre o funcionamento de leilões de títulos públicos, clique aqui.
Leilão do dia 29/11 – NTN-B e LFT
Na terça-feira, o Tesouro Nacional (TN) ofertou 1,15 milhão de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B). Além disso, ofertou 500 mil Letras Financeiras do Tesouro (LFT), reduzindo a oferta de ambos os títulos frente à semana anterior.
As NTN-Bs ofertadas foram parcialmente absorvidas, apenas o vencimento de 2045 obteve demanda abaixo da oferta. Nos três vencimentos, as taxas ficaram acima de 6% a.a. e o volume financeiro foi cerca de R$ 4,2 bilhões.
O TN obteve sucesso com as LFTs, todos os títulos foram colocados no mercado. No vencimento único em 2029, a parcela prefixada foi de 0,175, com um volume financeiro de quase R$ 6,2 bilhões.
Leilão do dia 01/12 – LTN e NTN-F
No leilão de quinta-feira, houve oferta de 3 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), com vencimentos para os próximos quatro anos, e 600 mil Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F) divididas em duas séries de vencimentos em 2029 e 2033, aumentando o volume ofertado em ambas categorias frente à semana anterior.
O TN vendeu integralmente as LTNs, conseguindo atingir um volume financeiro de quase R$ 2,5 bilhões. Seguindo uma trajetória semelhante, as NTN-Fs com vencimento em 2033 foram totalmente colocadas, em contrapartida, a demanda para o vencimento em 2029 não atingiu a totalidade da oferta. A categoria atingiu cerca de R$ 522 milhões de volume financeiro.
Mercado Secundário
O IMA-B representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos indexados ao IPCA (NTN-B). O IRF-M representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F).
Ambos são calculados pela Anbima e podem sofrer variações devido à dinâmica de oferta e demanda de títulos no mercado, reflexo das movimentações no cenário econômico.
O preço dos títulos sobe quando a expectativa de juro futuro cai (e vice-versa) devido à relação inversa entre os dois. Esse mecanismo que mostra o efeito dos juros sobre preços é a marcação a mercado. Entenda mais aqui.
Ao longo dos últimos dias, as taxas esperadas de juros apresentaram uma queda expressiva por toda a extensão da curva. O movimento foi marcado pela perspectiva dos agentes financeiros em relação da PEC da Transição – vide seção “Juros e Inflação” para mais detalhes. Além disso, as taxas de títulos mais longos se afastaram do patamar de IPCA + 6%.
Acompanhe as taxas do títulos do Tesouro Direto disponíveis para compra e para resgate
Crédito Privado
Fluxo
Na última semana, o fluxo médio diário de negociações em debêntures não incentivadas foi de R$ 574 milhões (ante R$ 676 milhões na semana anterior), R$ 384 milhões em debêntures incentivadas (vs. R$ 429 milhões), R$ 147 milhões em CRIs (vs. 99 milhões) e R$ 303 milhões em CRAs (vs. R$ 223 milhões).
Os papéis mais negociados por classe de ativos foram as debêntures da Diagnósiticos da America (DASAA6), a debênture incentivada da Enel São Paulo (ELPLA7), CRI da BR12 e, por fim, CRA da Klabin.
Como não são disponibilizados a tempo da publicação do relatório, os dados desta sexta-feira não são considerados.
Nesta seção, analisamos os dados da Anbima de negociações definitivas de crédito privado, realizando um filtro cujo spread (diferença) entre os preços máximo e mínimo negociados representam mais do que 0,01% do volume negociado no dia, com o intuito de descartar o que acreditamos serem as operações diretas dentro de instituições.
Ações de rating
Ratings são notas atribuídas por agências classificadoras de risco de crédito que podem impactar diretamente seus investimentos em Renda Fixa. Entenda mais aqui.
O que esperar – Semana de 05/12 a 09/12
Agenda econômica
No cenário internacional, especialmente nos EUA, os destaques serão os dados de inflação ao consumidor e ao produtor de novembro. Na Zona do Euro, serão divulgados importantes dados de atividade, como o PIB da região para o terceiro trimestre, os índices de gerentes de compras e a confiança do consumidor de novembro. Na China, dados de inflação e atividade são termômetro para o desempenho do país na espera de reduções das restrições à mobilidade.
No Brasil, atenção voltada para a decisão de política monetária do BCB, além da inflação medida pelo IGP-DI de novembro e vendas no varejo de outubro. A transição de governo e o fiscal seguem como temas principais, e o mercado fica atento às sinalizações do presidente eleito Lula e à tramitação da PEC da Transição.
Leilões do Tesouro Nacional
Vencimentos de debêntures da próxima semana
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Renda Fixa
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