O que aconteceu nesta semana na renda fixa?
Em um movimento de alívio na percepção de risco, as taxas de juros fecharam a semana em queda por toda a extensão da curva, com patamar abaixo dos 13% no longo prazo. A queda foi liderada pelas resposta das instituições brasileiras aos episódios de violência política na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
No campo da inflação, foi divulgado dado Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente a dezembro, acima da expectativa do mercado. A alta foi principalmente concentrada em bens industriais, o que não deve alterar os planos do BC para a política monetária. A semana ainda foi marcada pela continuidade de apostas de investidores estrangeiros na queda das taxas locais.
Na seara internacional, com as expectativas de inflação de longo prazo em 3%, com base na pesquisa da Universidade de Michigan, os juros globais voltaram a cair nesta sexta-feira (13), com a leitura dos agentes financeiros de que o Federal Reserve pode encerrar o ciclo de aperto monetário antes do esperado. Assim, os retornos dos T-Notes de dez anos subiram para 3,507%.
O que esperar para a próxima semana?
No cenário internacional, o destaque será o Livro Bege do Federal Reserve, relatório sobre a economia dos EUA. Além disso, os dados de inflação ao produtor de dezembro. Na China, há a expectativa da divulgação de diversos dados, como o PIB do 4º trimestre, dados de atividade econômica e inflação de dezembro. Na Zona do Euro, será divulgada a inflação ao consumidor. No Brasil, o foco será na divulgação do IGP-10 de janeiro e a taxa de desemprego (mensurado pela PNAD Contínua) em novembro.
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Cenário macroeconômico
No campo doméstico, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou medidas para redução de déficit. Visando aumentar a arrecadação, as principais medidas foram a exclusão do ICMS da base de cálculo dos créditos tributários, programa de incentivo extraordinário para redução da litigiosidade e denúncias espontâneas (relatório completo aqui).
No último número de 2022, a inflação de dezembro foi 0,62 m/m, 5,79% a/a (acima da expectativa do mercado). Em suma, o desvio ocorreu por elevação de preços voláteis e sensíveis à esses dois eventos, portanto, de acordo com o nosso time de economia, essa dinâmica não deve continuar nos próximos meses.
Por fim, em novembro, o IBC-Br – proxy do PIB – registrou a quarta queda mensal consecutiva, recuando 0,55% m/m. A projeção preliminar da XP para o IBC-Br de dezembro é de crescimento de 0,2%, com o índice fechando o quarto trimestre com queda de 1,1%.
Na seara internacional, nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor dos EUA – comumente chamado de CPI – variou -0,1% m/m e 6,5% a/a. Ainda assim, o número não deve ser suficiente para impedir o Federal Reserve de aumentar os juros, que deve ser 25 bps, tendo em vista a dinâmica altista em preços básicos e itens menos voláteis.
No continente europeu, o número de desempregados caiu de 10,851 milhões para 10,849, indicando mercado de trabalho ainda apertado e desafio para o Banco Central Europeu.
Enquanto isso, o Banco Mundial revisa projeção de crescimento para 2023. No último relatório “Perspectivas Econômicas Globais”, publicado na última terça-feira, a projeção de crescimento do PIB global foi revisado para 1,7% e 2,7% para 2023 e 2024, respectivamente; em ambos, a projeção anterior era de 3,0%.
Leia o resumo completo de economia da semana
Juros e inflação
Em um movimento de alívio na percepção de risco, as taxas de juros fecharam a semana em queda por toda a extensão da curva, com patamar abaixo dos 13% no longo prazo. A queda foi liderada pelas resposta das instituições brasileiras aos episódios de violência política na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Corroborando com o cenário, na quinta-feira (12), o Ministério da Fazenda apresentou medidas de ajuste fiscal, sinalizando para o mercado que os eventos de domingo não foram capazes de impedir o andamento da agenda do governo, ainda que o pacote tenha tido pouco efeito na curva.
No campo da inflação, apesar da surpresa altista com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a leitura majoritária do mercado foi a de que as altas inesperadas no índice foram majoritariamente concentradas em bens industriais, devido à recomposição de preços após a Black Friday, o que não deve alterar os planos do BC para a política monetária.
A semana ainda foi marcada pela continuidade de apostas de investidores estrangeiros na queda das taxas locais.
Na seara internacional, com as expectativas de inflação de longo prazo em 3%, com base na pesquisa da Universidade de Michigan, os juros globais voltaram a cair nesta sexta-feira (13), com a leitura dos agentes financeiros de que o Federal Reserve pode encerrar o ciclo de aperto monetário antes do esperado. Assim, os retornos dos T-Notes de dez anos subiram para 3,507%.
A curva de juros pode ser compreendida como as expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos prefixados sem cupom (ou seja, sem pagamentos semestrais), de hoje até uma determinada data futura, a partir dos contratos futuros de juros (ou DI). Enquanto isso, a Taxa Selic Esperada é a rentabilidade da taxa básica de juros esperada no final de cada período. Entenda mais aqui.
Títulos públicos
Mercado primário (leilões)
Para mais informações sobre o funcionamento de leilões de títulos públicos, clique aqui.
Para o ano de 2023, o Tesouro Nacional incluiu novos títulos: NTN-B 2023 e 2050, LFT 2026 e LTN 2025.
Leilão do dia 10/01 – NTN-B e LFT
Na terça-feira, o Tesouro Nacional (TN) ofertou 800 mil Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B). Além disso, ofertou 2 milhões de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), mantendo para ambos os títulos.
As NTN-Bs ofertadas foram parcialmente absorvidas e apenas o vencimento de 2028 obteve demanda para a totalidade dos títulos. Nos três vencimentos, as taxas ficaram acima de 6,2% a.a. e o volume financeiro foi, aproximadamente, de R$ 2,5 bilhões.
O TN obteve performance semelhante com as LFTs, uma vez que a demanda foi abaixo da oferta. No vencimentos, o volume financeiro somado foi cerca de R$ 10,3 bilhões.
Leilão do dia 12/01 – LTN e NTN-F
No leilão de quinta-feira, houve oferta de 12,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), com vencimentos para os próximos três anos, e 1,25 milhão de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F), divididas em duas séries de vencimentos em 2029 e 2033. Para ambos os títulos, houve aumento da oferta.
O TN vendeu parcialmente as LTNs, com destaque para os vencimentos em 2025 e 2026, conseguindo atingir um volume financeiro de R$ 8,2 bilhões.
As NTN-Fs, por sua vez, foram totalmente colocadas. Nos dois vencimentos, as taxas ficaram abaixo de 12,5% a.a. e o volume financeiro foi de R$ 1,1 bilhão.
Mercado Secundário
O IMA-B representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos indexados ao IPCA (NTN-B). O IRF-M representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F).
Ambos são calculados pela Anbima e podem sofrer variações devido à dinâmica de oferta e demanda de títulos no mercado, reflexo das movimentações no cenário econômico.
O preço dos títulos sobe quando a expectativa de juro futuro cai (e vice-versa) devido à relação inversa entre os dois. Esse mecanismo que mostra o efeito dos juros sobre preços é a marcação a mercado. Entenda mais aqui.
Em um movimento de alívio na percepção de risco, as taxas de juros fecharam a semana em queda por toda a extensão da curva, com patamar abaixo dos 13% no longo prazo. A queda foi liderada pelas resposta das instituições brasileiras aos episódios de violência política na Praça dos Três Poderes, em Brasília. – vide seção “Juros e Inflação” para mais detalhes. Com isso, a maioria dos títulos públicos federais apresentaram valorização. Além disso, as taxas de títulos mais longos de inflação se aproximaram do patamar de IPCA + 6,3% e os prefixados abaixo dos 13%.
Acompanhe as taxas do títulos do Tesouro Direto disponíveis para compra e para resgate
Crédito Privado
Fluxo
Nesta seção, analisamos os dados da Anbima de negociações definitivas de crédito privado, realizando um filtro cujo spread (diferença) entre os preços máximo e mínimo negociados representam mais do que 0,01% do volume negociado no dia, com o intuito de descartar o que acreditamos serem as operações diretas dentro de instituições.
Na última semana, o fluxo médio diário de negociações em debêntures não incentivadas foi de R$ 1001 milhões (ante R$ 501 milhões na semana anterior), R$ 585 milhões em debêntures incentivadas (vs. R$ 212 milhões), R$ 170 milhões em CRIs (vs. 79 milhões) e R$ 298 milhões em CRAs (vs. R$ 194 milhões).
Os papéis mais negociados por classe de ativos foram as debêntures da EDP (EBENA2), a debênture incentivada da Eneva (ENEV19), CRI da GTIS e, por fim, CRA da BRF.
Como não são disponibilizados a tempo da publicação do relatório, os dados desta sexta-feira não são considerados.
Ações de rating
Ratings são notas atribuídas por agências classificadoras de risco de crédito que podem impactar diretamente seus investimentos em Renda Fixa. Entenda mais aqui.
O que esperar – Semana de 16/01 a 20/01
Agenda econômica
No cenário internacional, o destaque será o Livro Bege do Federal Reserve, relatório sobre a economia dos EUA. Além disso, os dados de inflação ao produtor de dezembro. Na China, há a expectativa da divulgação de diversos dados, como o PIB do 4º trimestre, dados de atividade econômica e inflação de dezembro. Na Zona do Euro, será divulgada a inflação ao consumidor.
No Brasil, o foco será na divulgação do IGP-10 de janeiro e a taxa de desemprego (mensurado pela PNAD Contínua) em novembro.
Leilões do Tesouro Nacional
Vencimentos de debêntures da próxima semana
Relatórios recentes em destaque
Renda Fixa
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