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XP Morning Call 02/05/2019: Foco no Fed

Diariamente compilamos e analisamos diversas notícias e publicamos um relatório com comentários relativos às notícias relevantes para nossa cobertura, assim como eventos importantes para monitorar no cenário político e macroeconômico, tanto no Brasil quanto no mundo, e seus respectivos impactos para a bolsa brasileira.

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Tópicos do dia

Macro Brasil

  1. Política Brasil: MP da liberdade econômica; Sem consenso sobre greve geral
  2. Taxa de desemprego alcança 12,7% em março, indicando avanço gradual das posições formais

Macro internacional

  1. FED mantém as taxas de juros inalteradas, Powell não vê necessidade de corte ou aumento no curto prazo
  2. Venezuela vive outro dia de protestos, mas Maduro segue no comando

Empresas

  1. Vale (VALE3): Ajuizamento de ação do MP
  2. Cosan (CSAN3): Anuncia oferta pública pelas ações ordinárias da COMGAS em circulação; Positivo
  3. Adquirência: Rede anuncia novos cortes de preços

COE News

  1. CVS: Resultados do 1T19 foram impulsionados por medicamentos de marca própria

Resumo

Foco no Fed

Os mercados globais operam sem um claro direcionamento nesta manhã, seguindo correção do mercado americano ontem, que refletiu sinais mais cautelosos emitidos pelo Banco Central americano (Fed).

Ontem à tarde, o Fed manteve a taxa de juros estável em 2,25-2,50%, conforme esperado. Entretanto, o foco foi a declaração de Powell, presidente do Fed, que destacou que a inflação está possivelmente sendo arrastada para baixo por forças “transitórias”, declarando que não há motivos para movimentar a taxa de juros (nem para cima, nem para baixo).

O comunicado trouxe tom mais conservador do que o mercado esperava. Nosso estrategista global, Alberto Bernal, destaca que o Fed provavelmente buscou evitar uma precificação de corte de juros no curto prazo. O recado foi recebido, e a probabilidade de corte em setembro agora caiu para perto de 35% (vs. perto de 50% antes), o que pesou na performance de ativos de risco.

Na Europa, os dados de atividade (PMI) vieram em linha com o esperado, com o PMI final de indústria do IHS Markit em 47,9, contra expectativa de 47,8 e os 47,5 de março. O cenário ainda é frágil, mas mostra estabilidade, à medida que o crescimento nos EUA e a China tem surpreendido positivamente.

No Brasil, durante o feriado de 1º de maio, Bolsonaro exalta em rede nacional um conjunto de alterações legais que visam facilitar o empreendedorismo e reduzir a intervenção do estado de maneira mais ampla, com a chamada MP da liberdade econômica.

No tópico da reforma da Previdência, o principal destaque foi a elaboração de um calendário com 11 audiências públicas na Comissão Especial que, se entregue, permitiria que o relatório esteja pronto para votação já na primeira semana de junho.

Do lado das empresas, ontem o MP de Minas Gerais ajuizou ação civil pública contra a Vale, cobrando garantias financeiras na ordem de R$50bi. O valor nos parece exagerado, e acreditamos que o ajuizamento seja uma estratégia do MP para pressionar por um acordo maior com a Vale, mas a notícia pesa nas ações. As ADR’s da Vale fecharam com queda de 3,4% ontem.

Por último, ressaltamos que publicamos na terça-feira à noite o nosso Panorama de Mercado para maio. O mês de abril foi de avanços da agenda econômica no Brasil, mas com ambiente político conturbado e atrasos, o que fez com que o índice ficasse de lado. Para maio, o ambiente externo pode ajudar a dar suporte ao Ibovespa, e vemos o nível atual do índice como atrativo, mas, com claros desafios no campo doméstico e uma dura negociação para a reforma adiante, esperamos volatilidade, e sugerimos proteções.


Conteúdo na íntegra

Panorama de Mercado

Maio: Ainda em compasso de espera

  • O mês de abril foi de avanços da agenda econômica no Brasil, mas com ambiente político conturbado e atrasos, o que fez com que o Ibovespa ficasse de lado. A aprovação do relatório da Reforma da Previdência pela CCJ demorou, mas veio, permitindo instalação da Comissão Especial que irá discutir a reforma no detalhe ao longo dos próximos meses. Além disso, a relação entre Bolsonaro e Rodrigo Maia mostrou sinais de melhora, e ambos sinalizaram compromisso com a Reforma da Previdência. O foco em maio deve ser em torno do debate da reforma e a sua diluição – o processo, mesmo que esperado, pode trazer volatilidade ao mercado;
  • No internacional, as bolsas americanas atingiram a máxima histórica em abril, enquanto dados econômicos melhores que o esperado deram sustentação às bolsas de emergentes. A confirmação dessa narrativa em maio pode sustentar um ambiente mais propenso a risco, enquanto o avanço das negociações comerciais entre os EUA e a China deve ser o foco no próximo mês. Em suma, o ambiente externo deve ajudar a dar suporte ao Ibovespa, e vemos o nível atual como atrativo, mas, com claros desafios no campo doméstico e uma dura negociação para a reforma adiante, esperamos volatilidade, e sugerimos proteções;
  • A partir desse Panorama deixamos de atribuir pesos aos papéis que compõem as carteiras. Tendo em vista a busca pelos nomes em evidência dentro da nossa cobertura, continuaremos a apresentar nossas teses preferidas por meio das duas carteiras, agora sob os nomes de Top 10 ações XP (substituindo a Carteira Recomendada XP) e Top Dividendos XP (em substituição a Carteira de Dividendos). Além disso, introduzimos também uma nova ferramenta, que consiste em transmitir um termômetro de curto prazo para cada um dos papéis da cobertura, em adição à recomendação já existente. Clique no link para acessar o relatório completo.

Macro Brasil

Política Brasil: MP da liberdade econômica; Sem consenso sobre greve geral

  • Governo edita MP da liberdade econômica, que reúne um conjunto de alterações legais para facilitar o empreendedorismo e reduzir a intervenção do estado de maneira mais ampla. As medidas foram exaltadas por Bolsonaro no pronunciamento de 1º de Maio em rede nacional;
  • Ainda ontem, as centrais sindicais e líderes da oposição se reuniram para criticar medidas econômicas do governo, em especial, a reforma da previdência. Entretanto, segue sem consenso a convocação de greve geral, programada para 14 de junho;
  • Presidente da comissão que discute a reforma da previdência e o relator elaboram calendário com 11 audiências públicas e preveem o relatório pronto para votação na primeira semana de junho. Serão dois desafios: (1) evitar que as discussões se prolonguem até o prazo máximo, em agosto, e (2) conseguir reunir os votos em tempo de preparar a votação no plenário ainda no primeiro semestre.
     

Taxa de desemprego alcança 12,7% em março, indicando avanço gradual das posições formais

  • ​No mês de março, a taxa de desemprego medida pela PNAD Contínua alcançou 12,7%, leitura 0,4 ponto percentual abaixo da taxa registrada em março de 2018 e levemente abaixo das expectativas do mercado (12,9%);
  • Corrigida pela sazonalidade, a taxa apresentou a segunda queda marginal consecutiva, depois de um período de relativa estabilidade, indicando um avanço tanto da população ocupada (+0,4%) quanto da força de trabalho (+0,2%), ambas as taxas com ajuste sazonal;
  • Para 2019, as expectativas são de um lento aumento do número de ocupados, com recuperação gradual da participação do emprego com carteira assinada, mas ainda com forte participação da informalidade.

Macro internacional

FED mantém as taxas de juros inalteradas, Powell não vê necessidade de corte ou aumento no curto prazo

  • Ontem, o FED manteve a meta para a taxa de juros inalterada em 2,25% para 2,5%, e o presidente Jay Powell afirmou que a economia está ancorada em fundamentos sólidos e argumentou que fatores temporários podem estar contendo a inflação, que apresentou uma queda para 1,6%. março ante 2% em dezembro;
  • Além disso, o Sr. Powell afirmou que não há necessidade imediata de aumentar ou diminuir as taxas de juros, em contraste com as expectativas do mercado de uma possível redução da taxa. O FED manteve sua abordagem cautelosa e dependente de dados em relação à política, e nossa time de Estratégia Global acredita que a autoridade monetária deseja refrear o mercado de precificar cortes de juros no curto prazo;
  • ​Os índices de ações globais apresentaram uma reação negativa às notícias, com o S&P caindo -1,2%, os futuros na China caindo -0,12% e a Europa caindo -0,5%. Os preços do petróleo caíram -0,6%.

Venezuela vive outro dia de protestos, mas Maduro segue no comando

  • A Venezuela viveu outro dia de protestos violentos ontem, mas sem apoio da classe militar para destituir o governo de Nicolas Maduro. O líder oposicionista Juan Guaidó continua a convocar a população às ruas, mas admitiu que não pode prever quanto tempo será necessário até uma transição de governo;
  • Segundo o Financial Times, a resistência de Maduro põe em cheque a estratégia do governo dos EUA de removê-lo do poder via sanções e apoio a oposicionistas, haja visto que intervenções militares estão descartadas até o momento. Autoridades dos EUA apontam que intervenções da Rússia e de Cuba contribuíram para a manutenção de Maduro no comando da Venezuela;
  • A continuidade da crise humanitária no país e seus impactos negativos na produção de petróleo podem reduzir ainda mais a oferta da commodity e contribuir para a alta de preços.

Empresas

Vale (VALE3): Ajuizamento de ação do MP

  • O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizou na terça-feira uma ação civil pública contra a Vale cobrando a reparação integral dos danos causados na tragédia de Brumadinho. Foi pedido que a mineradora seja obrigada a apresentar garantias financeiras da ordem de R$ 50 bilhões, montante considerado necessário para assegurar todas as medidas;
  • Na nossa visão, embora difícil de quantificar, o valor nos parece exagerado. A título de referência, o acordo feito após Samarco foi de R$11-13 bilhões. Lembramos que a Vale está em negociação com todas as partes envolvidas, incluindo o MP, em busca de um acordo abrangente para a tragédia de Brumadinho; 
  • Consultando nosso time político, acreditamos que o ajuizamento possa fazer parte de uma estratégia do órgão para pressionar por um acordo maior, mas ainda devemos ter muitos desfechos até termos um acordo assinado. Como se trata de uma empresa da importância da Vale, é esperado ainda que o juiz peça informações antes de decidir sobre o pedido de bloqueio e que a empresa possa se posicionar sobre eventuais efeito danosos da medida. Além disso, pensando na solvência da empresa, o Judiciário costuma mesclar ativos (bens móveis e imóveis) e alguma quantia do caixa como garantia;
  • ​A Vale ainda não emitiu nenhum posicionamento oficial, mas mesmo sendo um passo inicial, a notícia deve pressionar as ações da Vale no curto prazo. No mercado americano ontem, as ADR’s da Vale fecharam com queda de 3,4%.

Cosan (CSAN3): Anuncia oferta pública pelas ações ordinárias da COMGAS em circulação; Positivo

  • ​Em 30 de abril, a Cosan divulgou fato relevante anunciando uma oferta pública de aquisição de ações ON da COMGAS (2.683.835 ações) a um preço de R $ 82 / ação, o mesmo oferecido na oferta pública para as ações preferenciais concluídas em março. A data prevista para a oferta pública para ações ON é 4 de junho de 2019, implicando um potencial desembolso total de R$ 220 milhões pela CSAN;
  • Além disso, a Cosan anunciou que já assinou um acordo com um grupo de acionistas para adquirir 1.700.795 ações ON da COMGAS, ou 63,37% do total em circulação;
  • Temos uma avaliação positiva da transação anunciada, especialmente após a publicação dos termos preliminares da revisão tarifária da COMGAS. Estimamos uma taxa de retorno real de + 11,8% para o preço proposto pelas ações (implicando ganhos para os acionistas da Cosan). Reiteramos nossa recomendação de compra na Cosan, com um preço-alvo de R$62/ação.

Adquirência: Rede anuncia novos cortes de preços

  • Segundo o Valor Econômico, a Rede anunciou mais uma rodada de cortes de preços, desta vez voltada para pequenos negócios com faturamento abaixo de R$10 mil por mês. A Rede cobrará 1,99% e 3,49% de MDR para transações com cartão de débito e cartões de crédito sem parcelamento, respectivamente, com liquidação em dois dias;
  • Esse movimento é outro golpe no setor de adquirência como um todo, já que os lucros vem encolhendo com os players sendo cada vez mais agressivos. No dia 17 de abril, a Rede já havia anunciado reduções significativas de preços na antecipação de recebíveis, que abalou o setor e impactou as ações de CIEL, STNE e PAGS. Esperamos que movimentos como esses continuem acontecendo, já que os incumbentes (Cielo, Rede) devem se aproveitar de sua escala e acesso ao capital para proteger sua liderança.

Santander (SANB11): Parceria com o Bonsucesso perto de um fim

  • Segundo a Coluna do Broadcast (Estadão), o Santander e o Bonsucesso devem encerrar a joint venture Olé, criada para ampliar a carteira de crédito consignado do banco. Ambas as partes, Santander e a família Pentagna Guimarães, pretendem concluir a transação ainda no 1S19, com a compra de 40% da operação por parte do Santander;
  • O valor do negócio ainda não foi definido e os assessores estão atualmente negociando. O fim da parceria ocorrerá após a obtenção de resultados de muito sucesso, pois o Santander conta atualmente com uma carteira de crédito consignado no valor de R$ 35,6 bi e market share de 10,2% no segmento. Vemos a notícia como neutra para as ações, já que o banco possui recursos e expertise para manter o ritmo de crescimento do crédito consignado independentemente da parceria.

Magazine Luiza (MGLU3): Adquire 48 lojas do Armazém Paraíba

  • Segundo Valor Econômico, a Magazine Luiza fechou um contrato, que deve ficar entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões, de compra de 48 lojas no Pará e no Maranhão da rede Armazém Paraíba;
  • A Magazine Luiza, somará 9 pontos do Armazém Paraíba à sua base atual de 29 unidades no Maranhão, com a negociação. E os outros 39 pontos da rede no Pará serão as primeiras lojas da empresa no Estado;
  • Nesta semana, a Magazine Luiza fechou acordo para a compra da Netshoes por US$ 62 milhões. No entanto, a transação ainda não foi concluída.

COE News

CVS: Resultados do 1T19 foram impulsionados por medicamentos de marca própria

  • Investidores reagiram positivamente após a divulgação dos resultados fortes no 1T19, reflexo sobretudo (i) das vendas de medicamentos de marca própria, (ii) aumento do volume vendido de medicamentos com prescrição médica e (iii) positivo desempenho da divisão de administração de planos que já apresenta sinais de sinergia dado a recente integração com a rede de benefícios Aetna, que embora tenha pressionado as margens traz maior potencial de crescimento;
  • As receitas de US$ 61,6bi foram 35% superiores no ano contra ano, enquanto que o lucro de US$ 1,4bi foi 40% acima neste mesmo período. Ambos os números foram acima da expectativa de mercado. Adicionalmente, os dirigentes da empresa revisaram positivamente suas previsões de resultados para este ano completo;
  • Recentemente, a CVS concluiu a aquisição da seguradora Aetna, por US$ 70bi, aumentando sua exposição em outros segmentos do setor de saúde, como laboratórios, gerenciamento de benefícios e seguros.
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