IBOVESPA -0,13% | 77.772 Pontos
CÂMBIO -0,01% | 5,89/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa fechou praticamente estável ontem aos 77.772 pontos em meio a pressão das bolsas internacionais depois das falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve e tensão política no Brasil. O câmbio foi o destaque da sessão renovando máxima ao atingir R$ 5,94. O Real já perde 32% de valor no ano, sendo a pior moeda entre todos os países emergentes.
O processo de desvalorização cambial que caracterizou os últimos meses de 2019 continua sendo uma das principais fontes de preocupação em 2020. Do lado positivo, as empresas exportadoras e que possuem receita dolarizada são impulsionadas quando a moeda norte-americana se valoriza e, de fato, foram os principais destaques do pregão ontem: BRF (BRFS3), JBS (JBSS3), Klabin (KLBN11), Suzano (SUZB3) e Vale (VALE3) ficaram entre as maiores altas do dia. A nossa carteira Top 10 Ações XP possui exposição ao dólar mais alto através de Vale (VALE3), Suzano (SUZB3), JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3).
Nesta manhã, mercados internacionais aguardam dados de desemprego e continuam a interpretar o discurso negativo de Powell que enfatizou recuperação mais lenta nos EUA e que “ações adicionais” poderão ser implementadas tanto por parte do Fed quanto pelas autoridades fiscais do país. Futuros nos EUA estão de lado enquanto bolsas na Europa caem 2%, após fechamento igualmente negativo na Ásia.
A agenda de indicadores e eventos do dia traz como destaque a divulgação dos novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos e de indicadores de atividade econômica de abril (produção industrial e vendas no varejo) da China.
No Brasil, mais um dia em que a política está sob influência dos novos passos do inquérito que investiga possível tentativa de interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Ontem foram três novos depoimentos, dois de agentes da PF e um da deputada Carla Zambelli, e a primeira fase de oitivas da investigação vai chegando ao fim.
No Legislativo, a pauta do Senado de hoje inclui projetos relevantes: um deles suspende reajustes de preços de medicamentos e de planos de saúde por 120 dias; e o outro estabelece teto de juros de 20% ao ano em cartões de crédito e cheque especial para dívidas contraídas entre março de 2020 e julho de 2021.
O setor varejista brasileiro apresentou contração de 13,7% na comparação mensal de março e de 6,3% na comparação anual, registrando a pior queda histórica do indicador desde o início da série, em fevereiro de 2003. A queda no setor foi generalizada, e as únicas duas categorias que performaram bem e que impediram que o setor apresentasse queda ainda maior foram as vendas de supermercados e de artigos farmacêuticos.
Levando em consideração pela primeira vez os impactos do coronavírus sobre a economia brasileira, o governo federal revisou ontem sua estimativa de PIB para 2020 de 0,02% para -4,7%. A nova projeção considera um cenário em que o distanciamento social prosseguirá até 31 de maio, mas, de acordo com o subsecretário de Política Macroeconômica do ministério, Vladimir Kuhl Teles, a retração poderá ser superior a 6% se o isolamento social perdurar até o fim de junho.
Para tentar suprir a escassez de cédulas de dinheiro que tem travado o pagamento do auxílio emergencial e comprometido as operações do sistema bancário, o Banco Central do Brasil pediu que a Casa da Moeda antecipe a produção do correspondente a R$ 9 bilhões em cédulas e moedas até o fim de maio.
No corporativo, destaque para os resultados de: (i) Sulamérica (recomendação de compra), abaixo das expectativas; (ii) Grupo Pão de Açúcar (recomendação de compra), abaixo das nossas estimativas, com queda na rentabilidade; (iii) Locaweb (recomendação de compra), fortes resultados, em linha com as nossas estimativas e com o consenso de mercado; (iv) Ultrapar acima das expectativas, mas mantemos Neutro por termos dúvidas da sustentabilidade dos resultados no futuro e (v) Movida (recomendação de compra) com resultado ajustado em linha, mas com uma série de ajustes que visam refletir o cenário mais adverso.
Tópicos do dia
Coronavírus
Tempos de guerra – revisando o target da Bolsa
Medidas econômicas para combater o coronavirus no Brasil
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Agenda de resultados
Azul (AZUL4): antes da abertura
Sabesp (SBSP3): após o fechamento
Suzano (SUZB3): após o fechamento
Localiza (RENT3): após o fechamento
B3 (B3SA3): após o fechamento
JBS (JBSS3): após o fechamento
bR Malls (BRML3): após o fechamento
Taesa (TAEE11): após o fechamento
Vivara (VIVA3): após o fechamento
Copel (CPLE6): após o fechamento
Bradespar (BRAP4): após o fechamento
Cyrela (CYRE3): após o fechamento
EzTec (EZTC3): após o fechamento
Temporada de resultados 1° tri 2020: o que esperar?
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Clique aqui para acessar o calendário de resultados do 1T20
Brasil
- Senado aprova MP que extingue o Fundo de Reserva Monetária
Internacional
- Política internacional: Conflito entre China e EUA ganha novos traços
- Petróleo: Preços em alta com base em dados de estoques nos EUA
Acesse aqui o relatório internacional
Empresas
- Ultrapar (UGPA3): Resultados do 1T20: Uma surpresa positiva, mas será que a tendência vai durar?
- Grupo Pão de Açúcar (PCAR3): Resultados fracos no 1T20; Maiores vendas não suportam a rentabilidade
- Locaweb (LWSA3): Crescimento sólido no 1T20, com forte aceleração em E-commerce; Compra
- Movida (MOVI3) 1T20: Lucro ajustado em linha; Mas impairments refletem o cenário adverso
- SulAmerica (SULA11): fraco | revisão do 1T20
Veja todos os detalhes
Brasil
Senado aprova MP que extingue o Fundo de Reserva Monetária
- O Senado aprovou ontem, por unanimidade, a medida provisória que extingue o Fundo de Reserva Monetária atualmente administrado pelo Banco Central e autoriza a liberação dos recursos, que totalizam aproximadamente R$ 9 bilhões, para estados e municípios;
- Originalmente, o montante que hoje está parado no Fundo seria utilizado para o pagamento de dívidas da União. Agora, os recursos poderão ser utilizados pelos governos estaduais e municipais na contratação e compra de materiais para ações de combate ao novo coronavírus, desde que os entes observem o protocolo de atendimento e demais regras estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde para o enfrentamento da pandemia;
- Os recursos serão repartidos de forma igualitária (50% para os estados e 50% para os municípios) e o texto segue agora para sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Internacional
Política internacional: Conflito entre China e EUA ganha novos traços
- Com a eleição americana se aproximando, o conflito entre China e EUA ganha novos traços. Nessa terça-feira (12) o presidente Donald Trump lançou novo ataque contra o país asiático em carta aberta ao principal fundo de pensão dos EUA, sob qual não tem controle, pedindo para que deixe de fazer investimentos na China. O governo chinês respondeu ontem por meio do porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, que alertou que o único prejudicado de tal medida seria o investidor americano. Com a eleição no horizonte, e Trump sob pressão pela crise provocada pelo Covid-19, se espera que o presidente continue com discurso hostil contra China nos próximos meses.
Petróleo: Preços em alta com base em dados de estoques nos EUA
- Os preços de petróleo operam em forte alta nesta manhã, com o WTI subindo 5,26%, aos US$26,62/barril e o Brent em alta de 4,28%, aos US$30,44/barril. O movimento reflete o contínuo otimismo com um reequilíbrio do balanço de oferta e demanda global, com destaque para os dados de estoques de petróleo bruto dos EUA divulgados ontem pela Agência de Informação de Energia (EIA);
- Os estoques de óleo cru americanos recuaram -0,745 milhões de barris, abaixo da projeção do mercado de aumento de 4,147 milhões e também inferior ao patamar de 4,590 milhões observados na semana anterior. Houve também queda nos estoques de gasolina de -3,5 milhões de barris, mantendo a tendência de queda observada na semana anterior (-3,2 milhões de barris). A produção de petróleo no país também desacelerou para 11,6 milhões de barris ao dia (mbpd), ante 11,9 mbpd na sema anterior e o patamar recorde de 13,1 mbpd observado em março;
- Notícias de quedas nos estoques de petróleo e derivados devem continuar a gerar otimismo com respeito ao balanço de oferta e demanda global da commodity. Entretanto, uma recuperação mais consistente dependerá de uma maior clareza com respeito à manutenção das quarentenas para conter a pandemia da COVID-19, e notamos que ainda há discordância em diversos países sobre o momento para se começar uma flexibilização;
- De todo modo, mantemos nossa visão de que os preços de petróleo globais deverão se recuperar no momento que o mundo puder retomar a maior parte de suas atividades, com apoio também de quedas de produção da commodity em diversos lugares do mundo, seja de forma controlada como no caso da OPEP+, seja de forma involuntária como no caso de diversas petroleiras independentes que se veem forçadas e fechar seus poços por não haver capacidade de armazenagem disponível.
Empresas
Ultrapar (UGPA3): Resultados do 1T20: Uma surpresa positiva, mas será que a tendência vai durar?
- A Ultrapar divulgou os resultados do 1T20 em 13 de maio, após o fechamento do mercado. O Lucro Líquido de R$160,9 milhões veio acima da nossa estimativa de R$130,2 milhões (+ 24%), mas ligeiramente acima do consenso de mercado compilado pela Bloomberg de R$151,8 milhões (+ 6%);
- Esperamos uma reação positiva do mercado aos resultados do 1T20 da Ultrapar, tendo em vista que o EBITDA Ajustado e Lucro Líquido registrados no período ficaram acima das nossas estimativas e do consenso de mercado;
- Dito isso, acreditamos que seja muito cedo para ficar otimista com as ações, diante dos desafios impostos pela pandemia do COVID-19, especialmente para a distribuidora de combustíveis Ipiranga, a divisão mais importante do grupo. Mantemos nossa recomendação Neutra nas ações Ultrapar, com um preço alvo de R$15/ação. Confira no relatório completo a nossa opinião sobre o resultado e o desempenho operacional e financeiro de cada subsidiária.
Grupo Pão de Açúcar (PCAR3): Resultados fracos no 1T20; Maiores vendas não suportam a rentabilidade
- O Grupo Pão de Açúcar (GPA) reportou resultados do primeiro trimestre de 2020 (1T20) abaixo das nossas estimativas. A receita bruta de R$19,7 bilhões no Brasil já havia sido divulgada em 22 de abril (para detalhes, acesse aqui). O EBITDA reportado pela empresa veio 30% abaixo da nossa estimativa, negativamente impactado por (i) maiores despesas relacionadas tanto à integração dos ativos na América Latina quanto aos gastos associados aos ajustes operacionais em meio à pandemia, e (ii) uma rentabilidade abaixo do esperado na operação internacional (Grupo Éxito);
- Nossa visão: Esperamos uma reação negativa ao resultado. A surpresa negativa em relação à linha de “Outras despesas” e ao resultado da operação internacional serão temas importantes a serem discutidos com a administração durante a teleconferência de resultados. Por ora, acreditamos que o resultado reportado possa acarretar em revisões negativas de estimativas por parte do mercado;
- Mantemos a nossa recomendação de Compra para as ações do GPA. Por ora, continuamos positivos em relação ao desempenho de vendas ainda positivo ao longo do 2T20 e à continuidade dos plano de expansão, otimização de portfólio de lojas e desalavancagem da companhia ao longo de 2020. Entretanto, no curto prazo esperamos volatilidade em função das preocupações em relação à evolução da rentabilidade da empresa. Clique no LINK para conferir o conteúdo completo.
Locaweb (LWSA3): Crescimento sólido no 1T20, com forte aceleração em E-commerce; Compra
- A Locaweb reportou fortes resultados referentes ao primeiro trimestre de 2020 (1T20), em linha com as nossas estimativas e com o consenso de mercado. O destaque positivo foi a operação de Commerce (37% do EBITDA), que mostrou a maior expansão trimestral de novas lojas virtuais da história da companhia, com aceleração importante em abril (+252% vs. a média do 4T19). Por outro lado, a rentabilidade foi negativamente afetada por despesas pontuais;
- A receita líquida de R$ 105 milhões apresentou um robusto crescimento de 24% na comparação anual. Destacamos a forte expansão do segmento de Commerce (+32% A/A), com as vendas online (GMV) dos clientes da companhia tendo crescido +45% A/A no 1T20 e +80% em abril;
- O EBITDA ajustado atingiu R$ 25 milhões, levemente abaixo da nossa estimativa de R$ 27 milhões, e permaneceu relativamente estável em relação ao 1T19 (margem -4,8 p.p na comparação anual). O lucro líquido ajustado de R$ 4,4 milhões veio levemente acima da nossa expectativa de R$ 3,1 milhões, apresentando um crescimento de +30% na comparação anual;
- Nossa visão: Esperamos uma reação positiva e mantemos nossa recomendação de Compra com preço-alvo de R$ 26,00 ao final de 2020. Apesar da pressão na rentabilidade, os números reportados vieram em linha com as nossas estimativas e com o consenso de mercado. Dessa forma, acreditamos que o foco dos investidores permanecerá na forte aceleração da operação de Commerce em abril, que existe espaço para potenciais revisões positivas de estimativas. Acesse o relatório completo no LINK.
Movida (MOVI3) 1T20: Lucro ajustado em linha; Mas impairments refletem o cenário adverso
- A Movida reportou resultados ajustados em linha no 1T20, mas com uma série de ajustes que visam refletir o cenário adverso. O lucro líquido ajustado foi de R$ 55 mm, menos de 1% abaixo de nossas estimativas e ~6% acima do consenso, enquanto a receita líquida atingiu ~R$ 1 bi, em linha tanto com as nossas estimativas quanto com as do consenso. A empresa registrou os seguintes itens para refletir o potencial efeito negativo da crise da covid-19 nos negócios: (i) um impairment de ~R$ 193 milhões na frota, (iii) um impairment de R$ 50 milhões nas contas a receber e (iii) provisão de R$ 2 mm devido ao fechamento de lojas;
- Em resumo, volumes e tarifas não foram materialmente diferentes das nossas estimativas. Não obstante, reconhecemos que os meses subsequentes ao 1T20 mudaram drasticamente com as políticas de distanciamento social, e o principal desafio daqui para frente será manter níveis saudáveis de liquidez. Mantemos nossa recomendação de Compra para as ações da Movida, com um preço-alvo de R$ 14,0/ação, mas reconhecemos que o curto-prazo deverá apresentar alta volatilidade.
SulAmerica (SULA11): fraco | revisão do 1T20
- SulAmerica postou resultados fracos neste primeiro trimestre de 2020 (1T20), com o lucro 68% abaixo do consenso de R$ 80 milhões (vs. R$ 224 milhões no 1T19) e um retorno sob patrimônio líquido de 4,5% no trimestre (vs. 17,6% no 4T19);
- O resultado negativo foi principalmente derivado de: i) menores receitas; ii) maior sinistralidade; e iii) menor resultado de investimento. O lucro antes do imposto foi ainda mais fraco, 77% abaixo do esperado em R$ 87 milhões, uma vez que a alíquota efetiva de imposto no trimestre foi inesperadamente baixa;
- Não obstante, a seguradora decidiu iniciar um programa de recompra de ações que pode atingir 3,55% das ações da SulAmerica que circulavam no mercado no fim de abril. E embora o resultado tenha sido efetivamente negativo e esperamos reação negativa do mercado na próxima sessão, continuamos acreditando que os prospectos de longo prazo da seguradora sejam positivos. Sendo assim, reiteramos nossa recomendação de compra com preço-alvo de R$ 47,00. Clique aqui para acessar nosso relatório completo.
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