1. Temporada de Resultados: O que passou, passou - Dois terços das companhias do S&P 500 já reportaram resultados, 79% dos quais tiveram lucro acima do esperado
2. S&P500: Bull Market comemora os 5.000 pontos - Rali das Big Techs leva índice à máxima histórica
3. Eleições americanas a todo vapor - Primárias em Nevada, Biden, Trump e a Suprema Corte
4. O ano do dragão começa com deflação - Na semana que precedeu o feriado, anúncios de estímulos impulsionaram a bolsa chinesa a despeito da deflação e queda de Alibaba
5. ARM: A gigante acordou! - Na semana do resultado, companhia dispara impressionantes 62,3%
1. Temporada de Resultados: O que passou, passou
Chegamos a dois terços da temporada de resultados do S&P 500 e, no clima de eleições (2024 terá mais da metade da população global indo às urnas!) podemos dizer que já há uma maioria qualificada de empresas já tendo soltado seus números do último trimestre de 2023.
Portanto, quando olhamos o número estimado de lucro por ação (LPA) do S&P 500 para o 4T23 estamos, na verdade, olhando pra 2/3 de dados reais e apenas 1/3 de estimativas de fato. E os números não mentem! A temporada foi um sucesso! As projeções estão mostrando um LPA de US$ 54,63 (5% acima do pior momento, há 3 semanas) e já acima das expectativas que o mercado tinha poucos dias antes do início da temporada (como comentamos aqui!). Caso termine assim, os lucros do principal índice acionário dos EUA crescerão 3,6% ante o 4º trimestre de 2022, marcando sua segunda temporada de crescimento consecutivo!
De forma geral, com 66% das empresas do S&P 500 já havendo reportado seus resultados, quase todos os setores já têm cerca de metade ou mais de empresas reportadas, a única exceção segue sendo o setor de Utilidades Públicas, com apenas 27%.
Em termos de receita, vimos uma melhora nos números das surpresas positivas em relação à semana passada (de 53 para 55%) com média subindo de 1,0 para 1,3%. O setor de Saúde desponta como grande destaque positivo, com 84% de “beats” e média de 3,2% acima das expectativas.
Já em termos de lucros, houve uma leve melhora (de 78% para 79%) na quantidade de empresas vindo com números acima das expectativas e a média das surpresas subiu de 7,1 para 7,6%. Energia, Bens de Consumo e Tecnologia se destacam pela alta quantidade de empresas batendo as expectativas dos analistas (92%, 87% e 87% respectivamente) e Energia e Consumo Discricionário são destaques de magnitude das surpresas (13,4% e 13,5% respectivamente).
2. S&P500: Bull Market comemora os 5.000 pontos
O índice Standard & Poor’s 500, ou S&P 500, ou apenas o “essempí” (sic), é o mais famoso índice de ações mundo. Ponderado por capitalização de mercado, o índice, como o próprio nome diz, contém 500 das principais empresas publicamente negociadas nos EUA e é amplamente considerado o termômetro dos mercados de capitais global.
O S&P 500 tem visto uma montanha-russa de desempenho nos últimos anos. A pandemia em 2020 levou a uma queda significativa, chegando a cair mais de 20%, mas o índice conseguiu se recuperar com um retorno de 16,3% ao final do ano. Já em 2021, o índice experimentou um bull market, com um retorno de 26,9%. No entanto, 2022 viu uma queda com um retorno negativo de -19,4%. Apesar desse revés, o índice se recuperou em 2023, à despeito da alta inflação e consequente ciclo de aperto monetário por parte do Fed, com retorno de 24,2%. Já em 2024 o principal índice de ações do mundo continua sua tendência altista e já sobe 5,3%, atinge novas máximas históricas e hoje, pela primeira vez, fechou acima da histórica marca de 5.000 pontos, aos 5.027.
Mas nada disso seria possível, não fosse a performance das famosas Big Techs (exploramos os resultados dessas empresas em mais detalhes no último Top 5 Temas Globais). Com alta geração de caixa e uma capacidade incrível de manter e crescer lucros nos mais diferentes cenários macroeconômicos, essas empresas tiveram performances meteóricas nos últimos anos e já representam cerca de 30% do índice, contribuindo por grande parte da alta observada em 2023 e neste início de 2024.
Com a alta recente, o múltiplo preço/lucro do S&P 500 atinge o patamar de 20,5x e o do Nasdaq 100, cuja representatividade das Big Techs chega a mais de 40%, vai aos 25,9x. São níveis elevados que refletem o alto crescimento de lucros apresentados nos últimos anos e pressupõem, também, uma continuidade desse movimento. Surpresas positivas no bottom line das empresas e melhores prognósticos de lucratividade nos próximos anos justificariam o mercado estar “caro”. Por outro lado, sob estas condições de valuation, há poucas margens para decepções e revisões de cenários macroeconômicos, sejam do ponto de vista de um crescimento menor da economia ou, mesmo, alterações na, já esperada pelo mercado, volta da inflação à meta.
3. Eleições americanas a todo vapor
Em 5 de novembro, os eleitores dos Estados Unidos irão escolher quem ocupará a presidência da república para o mandato de 2025 a 2028. Antes disso, entretanto, o sistema político americano conta com outros passos que tornam o processo único e consideravelmente complexo. Nesta semana, publicamos nosso Guia para 2024, que aborda as origens do sistema bipartidário, assim como todos os passos da corrida eleitoral e um calendário.
As primárias continuam a todo vapor: o estado de Nevada realizou primárias do partido Democrata, em que Joe Biden venceu com 89,4% dos votos como único candidato na urna, levando os 36 delegados do estado para as convenções do partido. Enquanto isso, na primária do partido Republicano, Nikki Haley, maior oponente de Trump na fase das primárias, perdeu com 30,6% dos votos para a opção “nenhum dos candidatos”, que por sua vez obteve 63,3% dos votos, em disputa que não contava com o nome do ex-presidente. No caucus que sucedeu a votação primária republicana, “nenhum dos candidatos” não era uma opção, e a escolha foi entre o ex-presidente Donald Trump e Ryan Blinkey. Trump foi o vencedor, com 99,3% dos votos, levando 26 delegados para si na convenção Republicana.
A Suprema Corte dos Estados Unidos está em processo de julgar a constitucionalidade da decisão da Suprema Corte do Colorado, que determinou que o nome de Trump ficaria fora das urnas das primárias republicanas do estado, com argumento baseado na “proibição insurrecional” da 14ª Emenda da Constituição americana, e no papel de Trump na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Na quinta-feira (08/02), a Suprema Corte dos EUA discutiu o caso, com comentários majoritariamente a favor de Trump. Uma decisão do tribunal formará a jurisprudência que poderá ser utilizada pelo país inteiro, e é aguardada nas próximas semanas.
Ainda nesta semana, a saúde mental e a idade do presidente Joe Biden voltaram a ser alvo de debate no país após um caso de mal uso de documentos confidenciais em 2017. O promotor especial do caso isentou Biden de culpa, mas afirmou em relatório que o presidente apresenta problemas de memória. Em coletiva de imprensa, o líder americano negou as alegações, mas logo após, ao comentar sobre negociações de paz entre Israel e o Hamas, confundiu o Egito com o México. Com isso, as chances de nomeação de Biden atribuídas pelas casas de apostas caíram.
4. O ano do dragão começa com deflação
O Ano Novo Lunar é o mais importante feriado chinês, que também é o motivo por trás da maior migração humana do mundo, e acontece nesse sábado, marcando o início do ano 4722, um ano do dragão. O feriado paralisa indústrias importantes e causa congestionamentos e superlotação de estações e aeroportos, causando repercussões para cadeias industriais e de varejo e todo o mundo, que precisam se planejar para a data. O feriado também faz com que as bolsas de Xangai e Hong Kong fiquem fechadas.
A semana que antecedeu o feriado, que se iniciou na sexta-feira (09/02), se iniciou com o anúncio de uma série de estímulos do governo ao mercado de capitais e revisão em regulações, que causaram um rali nas ações locais. Entre as medidas anunciadas, estão estímulo à entrada de fundos de longo prazo no mercado local e ETFs. O balanço do banco central chinês, o PBoC, continua crescendo consistentemente, dando suporte para a economia pela via do crédito, ainda que o a via fiscal tenha começado a ter maior relevância ao longo de 2023.
Na quarta-feira (07/02), o grupo chinês Alibaba divulgou resultados mistos, com uma leve decepção na receita, mas a ausência de menções ao projeto de listagem independente das unidades de negócios e a falta de entusiasmo do management com projetos que envolvem AI pesaram, e causaram queda nas ações, contaminando a bolsa chinesa.
Dados de inflação foram divulgados na quinta-feira (08/02), mais fracos que o esperado, marcando o quarto mês seguido de deflação no país, acumulando a uma queda de -0,8% A/A, causando ainda mais dúvidas sobre a sustentabilidade do crescimento econômico chinês, que vêm desacelerando.
Apesar disso, o impulso do início da semana sustentou os mercados. O ETF representativo da bolsa chinesa, o FXI, teve alta de 4,4% na semana.
5. ARM – A gigante acordou!
Em nosso Top 5 temas globais do dia 15/09/2023 chamamos atenção para o IPO da ARM, uma empresa de tecnologia britânica, que levantou US$ 4,9 bilhões em IPO realizado via Nasdaq nos EUA e marcou o retorno da companhia ao mercado aberto após fechamento de capital em 2016. À época, chamamos a ARM de “gigante invisível” por sua tecnologia não estar tão aparente aos olhos do público mas ser empregada por diversas outras empresas como Apple e Intel em seus dispositivos.
Nesta semana, a “gigante” acordou! A ARM reportou seus resultados do quarto trimestre de 2023 nesta quarta-feira (07/02), após o fechamento do mercado americano. Os números vieram muito fortes, com surpresas positivas na receita (US$ 824mi x 760mi esperada) e no lucro por ação (US$0,29 x 0,25 esperado). Porém, a grande surpresa veio nas expectativas para 2024. A empresa britânica de chips anunciou que espera ter receita de cerca de US$ 3,2bi em 2024 (esperava cerca de US$ 3,0bi) e lucro por ação de US$ 1,20 a 1,24 enquanto o mercado estivava US$1,05.
O beat&raise da ARM vem poucos meses após seu IPO e em meio a um pivô da empresa para atender mais mercados, além do seu tradicional mercado de dispositivos móveis, como os chips para datacenters que veem alta demanda devido à explosão dos investimentos em AI. Com esse resultado as ações da empresa dispararam 47,9% (!!!) no pregão após a divulgação e fechou a semana com alta de 62,3%! Após alta, a empresa ultrapassa os US$ 118bilhões em capitalização de mercado, refletindo as perspectivas de alto crescimento nos próximos anos, pois fechou 2023 com receita de “apenas” US$ 2,7bi e lucro líquido de “meros” US$ 657 milhões.
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