MACRO
Bolsas internacionais amanhecem mistas (EUA -0,3% e Europa +0,2%) enquanto investidores digerem as projeções de recessão dos grandes bancos americanos e calibram suas perspectivas sobre o cenário macroeconômico. Na última sexta-feira, tivemos os resultados do Citigroup, Bank of America e J.P. Morgan e, todos sinalizaram expectativas de recessão como cenário base em 2023. Nesta segunda-feira, as bolsas permanecerão fechadas nos EUA por conta do feriado de Martin Luther King Jr. Na Europa, o foco ficará por conta do início do fórum econômico mundial de Davos, que terá como temas centrais: a guerra na Ucrânia, a instabilidade e incerteza econômica e as alterações climáticas. Na China, o índice de Hang Seng (0%) encerra sem movimentos expressivos, após o país reportar cerca de 60 mil mortes por Covid-19 desde que o país abandonou a política de zero-covid no último mês. Além disso, dados da NBC mostram que o preço das residências recuou 0,2% m/m em dezembro, marcando o quinto mês consecutivo de contrações.
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EMPRESAS
JP Morgan supera as estimativas do consenso, mas vê recessão como cenário base
JPMorgan Chase reportou seus resultados com lucros e receitas superando as expectativas, impulsionados pelo salto no faturamento das carteiras de crédito do banco, que subiu 48% devido às taxas mais altas e ao crescimento dos empréstimos. O banco relatou que o lucro líquido saltou 6% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 11,01 bilhões, ou US$ 3,57 por ação. A receita aumentou 17%, para US$ 35,57 bilhões, impulsionada pelo aumento da receita líquida com os juros da carteira de crédito para US$ 20,3 bilhões.
Todavia, o gigante de Wall Street registrou uma provisão de US$ 2,3 bilhões para perdas de crédito no trimestre, um aumento de 49% em relação ao terceiro trimestre de 2022, e superando a estimativa de US$ 1,96 bilhão do StreetAccount. As provisões servem como proteção para um possível aumento nas inadimplências. A medida foi catalisada por uma modesta deterioração nas perspectivas macroeconômicas da companhia, agora refletindo uma leve recessão como cenário base, bem como pelo crescimento dos empréstimos de clientes que usam seus cartões de crédito Chase, segundo o banco.
Embora o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, tenha dito na sexta-feira que a economia dos EUA “atualmente permanece forte” graças aos consumidores e empresas bem capitalizadas, ele apontou uma série de riscos para essa perspectiva. “Ainda não sabemos o efeito final dos ventos contrários vindos das tensões geopolíticas, incluindo a guerra na Ucrânia, o estado vulnerável das cadeias de suprimentos de energia e alimentos, a inflação persistente que está corroendo o poder de compra e elevou as taxas de juros e o aperto quantitativo sem precedentes. ”, disse Dimon.
O J.P. Morgan deu algumas projeções discretas para 2023, dizendo que espera cerca de US$ 73 bilhões em receita líquida de juros, o que implica uma queda em relação aos níveis do quarto trimestre de 2022. O banco também disse que as despesas chegarão a cerca de US$ 81 bilhões este ano, acima dos US$ 75,9 bilhões em 2022, por causa da inflação salarial, planos de contratação e investimentos em tecnologia. Quando pressionado sobre a aquisição pelo banco da plataforma de planejamento financeiro universitário Frank, Dimon defendeu o histórico de seu banco em gastos com tecnologia, mas reconheceu que foi um “grande erro”.
Bank of America surpreende em lucros, com taxas de juros mais altas compensando a queda nas atividades do segmento de Investment Banking
O Bank of America reportou resultados positivamente impactados pelas taxas de juros mais altas, que ajudaram o gigante de Wall Street a compensar uma forte desaceleração no segmento de Investment Banking. Os resultados foram impulsionados por ganhos consideráveis nas receitas da carteira de crédito, graças às taxas mais altas e ao crescimento dos empréstimos no quarto trimestre. O banco reportou US$ 14,7 bilhões em receita líquida de juros, um aumento de 29% ano a ano, mas ligeiramente abaixo das expectativas de Wall Street de US$ 14,8 bilhões, de acordo com a StreetAccount. Esse ganho ajudou a compensar a queda nas atividades do segmento de investment banking, que registrou queda uma queda de receitas superior a 50%, para US$ 1,1 bilhão.
O crescimento orgânico e as taxas de juros mais altas, combinados com o gerenciamento de despesas, ajudaram a impulsionar a alavancagem operacional do banco pelo sexto trimestre consecutivo, disse o CEO Brian Moynihan em comunicado.
O banco registrou uma provisão de US$ 1,1 bilhão para perdas de crédito, um aumento de US$ 1,6 bilhão em comparação com o mesmo trimestre de 2021, mas disse que o índice de inadimplências permanece abaixo dos níveis pré-pandemia. No entanto, Moynihan disse que o Bank of America também espera uma recessão moderada. Olhando pro futuro, o banco prevê que a receita líquida de juros irá diminuir sequencialmente no primeiro trimestre de 2023.
Wells Fargo divulga resultados com lucro levemente acima do esperado pelo mercado
O Wells Fargo reportou queda nos lucros nos seus resultados divulgados nessa última sexta-feira, pressionado por despesas regulatórias e pela necessidade de acumular reservas em meio à deterioração da economia. No período mais recente, o banco reservou US$ 957 milhões para perdas com crédito, depois de reduzir suas provisões em US$ 452 milhões um ano atrás. A provisão incluiu um aumento de US$ 397 milhões para perdas de crédito, refletindo o crescimento dos empréstimos e um ambiente econômico menos favorável.
Mesmo com a surpresa de lucros vs. as projeções, o Wells Fargo reportou uma contração de 50% em seus lucros ano contra ano. Esta queda veio depois que o banco anunciou no início desta semana que se retiraria do mercado de hipotecas dos EUA e focaria apenas aos financiamentos imobiliários já emitidos. Enquanto isso, o Wells Fargo também disse no mês passado que teria um prejuízo operacional após impostos de US$ 2,8 bilhões vinculado a custos legais e regulatórios. Como o mais dependente de hipotecas dos seis maiores bancos dos EUA, o Wells Fargo tem enfrentado um período conturbado, já que as atividades de vendas e refinanciamento caíram acentuadamente em meio às taxas de hipoteca que chegaram a 6%. O banco disse que sua receita de empréstimos imobiliários caiu 57% neste trimestre.
Lucro do quarto trimestre do Citigroup cai 21%, já que o banco aumentos suas reservas para perdas de crédito
O Citigroup informou que o lucro líquido do quarto trimestre caiu mais de 21% em relação ao ano anterior, em grande parte devido à desaceleração do crescimento dos empréstimos, juntamente com as expectativas de um ambiente macroeconômico mais fraco no futuro. A fraqueza foi parcialmente compensada por maiores receitas e menores despesas. O banco disse que reservou mais dinheiro para perdas de crédito daqui para frente, aumentando as provisões em 35% em relação ao trimestre anterior, para US$ 1,85 bilhão.
As receitas nas divisões de serviços e mercados aumentaram 32% e 18%, respectivamente, impulsionadas pelo crescimento nas receitas de juros e nos mercados de renda fixa. A divisão de mercados de renda fixa viu as receitas saltarem 31%, para US$ 3,2 bilhões, os maiores resultados de um quarto trimestre de todos os tempos, devido à força das taxas e moedas.
Temporada de resultados nos Estados Unidos ganha força nas próximas semanas
A temporada de resultados nos EUA teve início na última sexta-feira com os grandes bancos. Até o momento, 29 empresas do índice S&P 500 reportaram resultados do quarto trimestre, representando cerca de 8,8% da capitalização de mercado total do índice. Em termos de lucros, essas empresas registraram uma contração agregada de -2,4%. Vale lembrar que, em termos de projeções, o consenso espera que as empresas americanas do S&P 500 apresentem uma queda de lucros em torno de -4,4% e, caso isso ocorra, esta marcaria a primeira contração de resultados desde o terceiro trimestre de 2020. A temporada de resultados deverá ganhar tração rapidamente e até o final da primeira semana de fevereiro, cerca de 70% do valor de mercado do índice terá reportado, sendo a última semana de janeiro e primeira de fevereiro as mais relevantes, com a divulgação das big techs.
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