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Geopolítica, Alphabet, varejistas chinesas, Walmart x Target e Nvidia | 🌎 Top 5 temas globais da semana

1. Geopolítica: Movimentações importantes nos últimos meses do governo Biden 2. Alphabet: When it rains, it pours! 3. Resultados das varejistas chinesas: Números refletem uma China antes dos estímulos 4. Walmart x Target: Tão iguais, mas tão desiguais 5. Nvidia: Crescimento de receita desacelera para "apenas" 94%

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1. Geopolítica: Movimentações importantes nos últimos meses do governo Biden - Autorização dos EUA para Ucrânia usar mísseis de longo alcance amplia tensões

2. Alphabet: When it rains, it pours! - Departamento de Justiça Americano recomenda venda forçada do navegador Chrome, da Alphabet

3. Resultados das varejistas chinesas: Números refletem uma China antes dos estímulos - Resultados do terceiro trimestre decepcionaram

4. Walmart x Target: Tão iguais, mas tão desiguais - Empresas apresentaram desempenhos opostos, mesmo expostas às mesmas tendências

5. Nvidia: Crescimento de receita desacelera para "apenas" 94% - Mesmo superando as expectativas, investidores não reagiram bem aos resultados

1. Geopolítica: Movimentações importantes nos últimos meses do governo Biden

A Cúpula do G20, realizada no início dessa semana no Rio de Janeiro colocou o Brasil e discussões climáticas em evidência. A ocasião também foi utilizada por líderes globais para darem diversas sinalizações importantes, e não foi diferente para Joe Biden, que se encaminha para o final de seu mandato como presidente dos Estados Unidos.

Em uma coletiva de imprensa realizada em sua passagem por Manaus, Biden encorajou os demais líderes globais a aumentarem a pressão sobre o Hamas e reafirmou o apoio à soberania ucraniana, autorizando o país a usar armamentos americanos de longo alcance dentro de território russo.

A fala de Biden assinalou uma importante escalada do conflito, que acaba de ultrapassar a marca dos 1000 dias. A Ucrânia realizou ataques à Rússia com mísseis dos EUA, e em resposta, o presidente russo Vladimir Putin atualizou a doutrina militar do país, passando a considerar como agressão qualquer ação de um Estado não nuclear que envolva um país nuclear.

Com o aumento das tensões e incerteza sobre como Donald Trump irá manejar o conflito (em especial o envio de auxílio dos EUA para a Ucrânia), as bolsas europeias registraram desempenho negativo na semana. O aumento da cautela dos investidores ante o cenário atual também pode ser relacionado à expectativa de pressões fiscais caso a Europa tenha que ampliar gastos militares.

As commodities energéticas também sentiram o impacto da escalada de tensões geopolíticas. Os preços de petróleo e gás natural registraram alta na semana (respectivamente, USO: +6,5% e UNG: +7,0%). Para além de possíveis impactos do conflito sobre a produção (especialmente relacionados à possibilidade de aumento de restrições para venda da produção russa com fechamento do cerco das sanções), a alta dos preços de gás natural pode ser atribuída à expectativa de aumento da demanda com a chegada do inverno no hemisfério norte. Em nosso último Top 5 havíamos comentado sobre a queda no preço do petróleo, que agora foi compensada.

2. Alphabet: When it rains, it pours!

Perguntamos para diversos modelos de A.I. qual seria a melhor tradução, para o português brasileiro, da famosa expressão “When it rains, it pours” e o melhor resultado que tivemos foi: “Desgraça pouca é bobagem” via Claude (da Anthropic) e ChatGPT (da OpenAI). Do outro lado do nosso ranking ficou o Gemini (concidentemente, da Alphabet), que nos devolveu um pouco criativo “quando chove, chove de lado”.

Pois seja em inglês ou português, esse foi o sentimento dos acionistas da Alphabet nos últimos dias. Uma série de notícias negativas impactaram as ações da empresa-mãe do Google, que finalizou a semana em queda de -4,2%, a pior performance dentre as Big Techs.

Dando seguimento à investigação iniciada em agosto, o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) recomendou a venda forçada do navegador Chrome visando quebrar o monopólio do Google no mercado de buscas online. O DoJ argumenta que o Chrome é um pilar da dominância do Google por fornecer à empresa dados críticos dos usuários e prover, desta forma, uma vantagem desleal frente aos concorrentes.

O DoJ busca, também, desfazer a parceria que a Alphabet fez com a startup de A.I. Anthropic sob o argumento que, por sua dominância no mercado de buscas, a empresa deveria ser proibida de adquirir, investir ou colaborar com empresas que controlam onde os consumidores buscam informações, incluindo produtos de A.I.

Além das medidas propostas pelo DoJ nos EUA, os reguladores no Reino Unido também mostram preocupação com a dominância da Alphabet e da Apple no mercado de navegadores móveis, destacando que o compartilhamento de receita entre as companhias não está funcionando bem para empresas e consumidores. E, no final da semana, a OpenAI anunciou que pretende lançar o seu próprio navegador, com ChatGPT integrado, para competir diretamente com o Chrome. A startup, que tem a Microsoft como uma das suas principais investidoras, levantou US$ 6,6 bilhões numa rodada de investimentos no começo de outubro que valorou a empresa em US$157 bilhões.

3. Resultado varejistas chinesas: Números refletem uma China antes dos estímulos

As principais varejistas online da China divulgaram resultados recentemente. Os balanços de JD.com, Alibaba e PDD (a antiga Pinduoduo) revelaram tendências positivas do consumidor na China, porém a atividade econômica ainda enfraquecida no 3º trimestre impactou os resultados negativamente.

No final de setembro, o governo chinês anunciou um amplo pacote de estímulos para a economia, com a finalidade de estimular a confiança, o consumo, e combater a crise do setor imobiliário que afeta o país desde 2021. Desde então, o governo anunciou uma série de outras medidas, no entanto, os últimos resultados divulgados pelas varejistas ainda não refletem o efeito da retomada da economia, uma vez que se limitam ao terceiro trimestre, encerrado uma semana após os primeiros anúncios.

A JD.com (ticker: JD) foi a primeira a reportar seus números, que vieram bons com surpresas positivas de +0,3% na receita e +17,1% no lucro por ação, impulsionados principalmente pela melhoria da confiança do consumidor chinês. Porém, mesmo com bons números, as ações foram penalizadas após o resultado devido ao crescimento comparativamente mais baixo que pares locais.

No dia seguinte, a Alibaba (ticker: BABA) reportou resultados mistos, com surpresa negativa de -1,2% na receita e positiva de +0,9% no lucro por ação. Mesmo com o aumento da confiança do consumidor, a desaceleração da economia chinesa no período impactou suas vendas. O lucro, entretanto, foi impulsionado pelo desempenho positivo de investimentos da Alibaba, como a valorização de 193% A/A da Ant Group. O segmento de computação na nuvem da Alibaba apresentou seu crescimento mais acelerado em um ano, mesmo com aumento da concorrência de companhias como Tencent e Bytedance (empresa por trás do TikTok).

Por fim, durante essa semana a PDD (ticker: PDD) divulgou resultados ruins, com surpresas negativas de -3,4% na receita e de -7,9% no lucro por ação. Assim como com a Alibaba, a atividade econômica chinesa enfraquecida impactou seu resultado, que teve o segmento de serviços de transações como o principal detrator da receita.

Ao final da semana, a JD.com teve desempenho de -0,9%, Alibaba de -6,2% e PDD de -12,2%.

Seguimos otimistas com ativos chineses, e nos posicionamos de acordo com essa visão nas carteiras Top Ações Globais XP e Top Dividendos Globais XP.

4. Walmart x Target: Tão iguais, mas tão desiguais

A divulgação do resultado de duas importantes varejistas americanas chamou a atenção do mercado nessa semana: Walmart e Target apresentaram desempenhos opostos, mesmo expostas às mesmas tendências e público consumidor.

O consumidor americano segue resiliente, como temos observado via dados econômicos e resultados do terceiro trimestre. Apesar disso, os efeitos da inflação persistente dos últimos anos e juros elevados deixaram suas marcas, observadas pela migração para marcas e produtos mais acessíveis e busca por descontos. Este movimento é conhecido como trade down, e companhias como Walmart e Target estavam posicionadas para se beneficiar dessa migração do consumo.

Do lado das companhias, outra tendência observada recentemente tem sido o receio de elevação de custos em 2025 com a expectativa de imposição de tarifas de importação no governo Trump e a possibilidade de uma retomada da greve portuária. Isso fez com que algumas varejistas realizassem encomendas antecipadamente e criassem estoques maiores que de costume.

Com esses fatores, o Walmart soube se posicionar bem durante o terceiro trimestre e foi capaz de apresentar bons números, com surpresas positivas na receita (+5,5%) e no lucro por ação (+13,7%), com métricas impulsionadas pelo aumento de compras nas lojas e crescimento do negócio de e-commerce. A companhia, que aposta no modelo de “preços baixos todos os dias”, tem se beneficiado do movimento de trade down e elevou seu guidance anual de crescimento de vendas.

Por outro lado, a Target apresentou uma performance diametralmente oposta, com surpresa negativa na receita (-2,0%) e no lucro por ação (-19,5%). Com a greve portuária que comentamos há algumas semanas, a empresa decidiu antecipar suas encomendas, aumentando bastante seus custos no trimestre, além de sofrer uma desaceleração em categorias discricionárias. A performance aquém das expectativas fez com que a varejista tivesse que reduzir seus guidance anual apenas 3 meses depois de aumentá-lo. Na semana, o Walmart teve um desempenho de +7,4%, reflexo de seu bom resultado, enquanto a Target sofreu uma queda de -17,8%.

5. Nvidia: Crescimento de receita desacelera para "apenas" 94%

O resultado de Nvidia marca, praticamente, o final da temporada de resultados do 3º trimestre de 2024, na qual publicamos mais de 100 comentários, que vocês podem conferir aqui.

A empresa mais valiosa do mundo divulgou bons números, com surpresas positivas na receita (+5,51% acima do esperado) e no lucro por ação (+8,93%). A Nvidia se consolidou como a principal expoente do rali da inteligência artificial, e tem consistentemente reportado números acima das expectativas dos analistas, atingindo esse feito por 8 trimestres consecutivos. Apesar disso, as ações caíram cerca após o a divulgação.

A queda inicial nas ações foi em virtude da desaceleração do crescimento da receita da companhia. Nos últimos 5 trimestres, o crescimento interanual das vendas líquidas da Nvidia foi superior a 3 dígitos, porém a métrica desacelerou ao longo de 2024, e chegou a “apenas” 94% no terceiro trimestre. Além disso, outro fator que influenciou a reação dos investidores foi a magnitude das surpresas de receita e lucro, inferior à observada durante o ano passado.

Durante a conferência com analistas, os diretores afirmaram que no 4º trimestre de 2024, a Nvidia planeja acelerar as entregas do Blackwell, uma nova geração de GPUs que segundo Jensen Huang, CEO da companhia, será “o motor que impulsiona esta nova revolução industrial”, se referindo à esta nova onda de inteligência artificial. Os principais pontos levantados foram:

  1. Custo de produção do Blackwell: O novo produto é elaborado com peças mais caras. Hoje, a margem bruta da companhia está em 75% e, após o lançamento do Blackwell, a Nvidia espera que a margem retorne para esse patamar apenas no segundo semestre de 2025. Resultado: Margens podem ficar mais pressionadas durante os próximos trimestres.
  2. Blackwell x Hopper: Apesar do período de margens mais apertadas devido início das vendas do Blackwell, a demanda pelo Hopper, principal GPU da Nvidia atualmente, deve continuar aquecida. Resultado: A continuidade da demanda pelo Hopper pode segurar um pouco o nível das margens.
  3. Restrição das importações para a China: A empresa indicou que o país continua sendo um importante mercado, apesar de hoje serem responsáveis por uma parcela menor da receita que antes das restrições de comércio. Além disso, a Nvidia deixou claro que continuará fazendo o indicado pelo governo americano. Resultado: Possível diminuição de uma importante fonte de receita.

O preço das ações de Nvidia fechou a semana virtualmente estável, também tendo enfrentado volatilidade relacionada um possível atraso nas entregas do Blackwell, após os novos chips apresentarem problemas de superaquecimento.

Agenda de resultados da próxima semana:

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