1. Ata do FOMC e dados de atividade elevam a chance de novas altas de juros
A semana foi repleta de divulgações econômicas importantes que elevaram a probabilidade de novas altas de juros pelo comitê de política monetária do Fed (FOMC), o que prejudica a expectativa de lucros futuros das empresas e provoca quedas nos mercados. Nessa semana, o índice S&P 500 caiu -1,1%, enquanto o Nasdaq 100 caiu -0,8%.
Os dados do índice ISM reforçaram a resiliência da economia americana, em especial no setor de serviços, e os diversos indicadores de emprego divulgados nessa semana mostraram que o mercado de trabalho permanece superaquecido e ainda está longe de se ajustar à política monetária contracionista. O mais importante dos dados de emprego, o Payroll, indicou que foram criados 209 mil postos de trabalho em junho, o que provocou leve queda no desemprego (de 3,7% em maio para 3,6% em junho) e um aumento de 0,4% nos salários. Em conjunto, esses dados dão tração à demanda e dificultam o combate à inflação.
A ata do FOMC, divulgada nessa semana, reforçou que o comitê possui intenção de seguir aumentando juros após ter mantido a taxa inalterada na última reunião, na faixa de 5-5,25% a.a.. Segundo a ata, os membros do comitê julgam que "incrementos adicionais na Fed Funds Rate ao longo de 2023 seriam apropriados", em linha com a comunicação recente.
2. Treasuries ameaçam rali
O impacto mais relevante dos dados mais fortes que o esperado da economia americana foi sentido no mercados de juros globalmente. Taxas subiram em diversos países e regiões, derrubando os preços dos títulos de dívida. Olhando especificamente para as Treasuries americanas, vimos as taxas de títulos de 2 anos ultrapassarem o patamar de 5%a.a., níveis alcançados antes da crise dos bancos regionais em março, títulos de 10 e 30 anos também subiram e ambos os vértices fecharam a semana acima dos 4%. Ao todo, na semana, houve um aumento de cerca de 20 pontos base nos vértices mais longos.
Taxas mais altas significam preços dos títulos de dívida mais baixos. Se olharmos o ETF TLT (iShares 20+ Year Treasury Bond ETF) que investe em títulos mais longos, vimos a maior queda semanal desde dezembro de 2022, -3,3%. Taxas mais altas não impactam apenas os títulos de dívida diretamente ligados a elas mas, ao se tratar da taxa livre de risco que serve de base para a precificação e valoração de praticamente todos os ativos do mundo, esperamos impactos em outros mercados.
Comparando, por exemplo, o ETF mencionado (TLT) com o ETF do Nasdaq 100 (QQQ), vemos que existe uma correlação entre os ativos. Ambos andaram praticamente juntos de março de 2021 a março de 2023, quando entendemos que as preocupações com a abertura da curva deixaram de ser uma grande preocupação do mercado e a injeção de liquidez pelo Fed e Tesouro ajudaram a alimentar um grande rali em nomes ligados a tecnologia (e A.I.).
Com as taxas de juros das Treasuries voltando a dar sinais altistas, vemos este como mais uma camada no muro de preocupações para o mercado escalar. Talvez uma camada alta demais para ignorar. Para entender quais outros riscos e nossa visão para os próximos meses, acesse o relatório “Onde Investir no segundo semestre de 2023?” publicado esta semana.
3. China x EUA: Yellen visita a China e adota tom conciliador
As tensões geopolíticas entre Estados Unidos e China seguem escalando: os Estados Unidos consideram impor restrições de acesso à China a serviços de nuvem, numa tentativa de conter o avanço de desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial (AI); e a China reagiu anunciando redução em suas exportações de terras raras, metais essenciais para a produção de semicondutores e veículos elétricos.
A visita de Janet Yellen, secretária do tesouro americano, à China acontece com esse pano de fundo conturbado. Yellen criticou o tratamento do governo chinês a empresas americanas, mas posteriormente adotou um tom mais conciliador ao tratar com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang. Em um discurso, Yellen declarou que os EUA não buscarão distanciamento econômico da China e que buscam uma competição econômica saudável que beneficie ambos os países a longo prazo.
Em relação aos recentes anúncios de restrições impostas pelo governo americano, Yellen declarou que os EUA precisarão tomar medidas para proteger a segurança nacional, o que pode gerar discordâncias mas que os países não devem "permitir que qualquer divergência leve a mal-entendidos que piorem desnecessariamente nosso relacionamento econômico e financeiro bilateral".
O FXI, ETF que acompanha a performance das principais empresas chinesas, fechou no 0 a 0 numa semana de mais volatilidade devido à incerteza causada pelas notícias. Já o ETF que segue as principais empresas chinesas de tecnologia, KWEB, teve alta de 2,0% em função das notícias de Alibaba, comentadas mas a fundo no último tópico desta publicação.
4. Musk x Zuck - Duelo de titãs
Dois dos homens mais ricos do mundo estão em rota de colisão. Elon Musk, em primeiro lugar com uma fortuna estimada em US$ 244 bilhões e Mark Zuckerberg, o nono colocado com nada menos que US$ 106bi, desafiaram-se para uma luta. O que começou como uma provocação nas redes sociais ganhou bastante atenção já tem até um promotor (Dana White do UFC) e um favorito. O site de apostas Draftkings coloca o fundador do Facebook como mais provável para vencer o suposto combate por ser doze anos mais novo e praticante de artes marciais.
Para o leitor que está se perguntando qual a importância de uma luta entre dois bilionários para os Top 5 temas globais da semana, a resposta é: nenhuma! Porém lembremos como essa briga começou. Em resposta a um usuário no Twitter que afirmava que a Meta Platforms estaria programando o lançamento de um app para concorrer com o Twitter, Elon Musk disse: “Tenho certeza de que a Terra mal pode esperar para estar exclusivamente sob o controle de Zuck, sem outras opções.”. Daí para frente, a situação foi ladeira abaixo.
Porém, os rumores eram verdade e a Meta Platforms, de fato, lançou um novo app nesta semana chamado Threads, que faz exatamente a mesma coisa que o, adivinhem, Twitter! A companhia de Zuckerberg é conhecida por adotar conceitos já estabelecidos de outras plataformas e incorporar às suas redes. Os stories foram uma resposta direta ao sucesso do Snapchat e os reels uma forma de combater os avanços do TikTok. Com a possibilidade de usar os dados de login do Instagram para criar contas no novo app, Threads, a nova iniciativa já é um sucesso de adesão. Mais 70 milhões de pessoas criaram suas contas na nova rede.
Com uma base de usuários ativos de mais de 2 bilhões, o Instagram precisa de pouco menos de 25% de adesão para superar os 238 milhões que o Twitter reportou em sua última divulgação de resultados antes de Musk fechar o capital da empresa. Essa possibilidade de dominância de um novo mercado animou os investidores e a Meta subiu 1,2% numa semana que o S&P 500 caiu 1,1%. Assim, a performance da META no ano sobe para impressionantes 141,4%%. Ações da Tesla, de Elon Musk, também performaram bem na semana, subindo +4,7%, mas duvidamos que seja algo relacionado às fotos de seu CEO treinando artes marciais.
5. Alibaba dispara após fim de investigação em subsidária
Alibaba (BABA) subiu 8,6% na semana, sendo 8,0% apenas na sexta-feira, após a notícia de as autoridades chinesas encerraram uma investigação sobre sua subsidiária, a fintech Ant Group, que recebeu uma multa equivalente a US$ 982 bilhões por violar leis de proteção do consumidor e governança corporativa.
O banco central da China (PBoC) anunciou a penalidade, que conclui a revisão regulatória da companhia. O PBoC está desde outubro de 2020 (data do cancelamento de seu IPO de US$ 34 bilhões) por trás de uma reestruturação do Ant Group. A fintech administra a plataforma de pagamento digital Alipay, e seus negócios incluem processamento de pagamentos, empréstimos ao consumidor e produtos de seguros. Com o fim do embargo regulatório, o Ant Group deve retomar em breve seus planos de realizar um IPO.
O Alibaba detém aproximadamente um terço do Ant Group, e suas ações também se beneficiam nessa semana do anúncio de que estão desenvolvendo equivalentes ao chatGPT para serem incorporados aos seus produtos. Recentemente, Alibaba anunciou sua própria reestruturação e mudanças no comando, confira mais detalhes aqui.
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