1. Economia Americana: Indicadores dão força à narrativa de desaceleração - Dados indicam redução das pressões sobre o mercado de trabalho e atividade mais fraca, especialmente em serviços
2. Eleições no Reino Unido: Keir Starmer se torna o novo primeiro-ministro - Partido Trabalhista volta ao poder pela primeira vez desde 2010
3. Tesla: Três motivos para a alta recente - Empresa teve alta de 27% na semana
4. Paramount: Nova Temporada - Em novo capítulo da saga, Skydance volta para a mesa de negociações para adquirir a companhia
5. Shein e Temu: E-commerce chinês incomoda autoridades pelo mundo - Países desenvolvidos estudam taxar compras internacionais
1. Economia Americana: Indicadores dão força à narrativa de desaceleração
O nonfarm payroll, relatório mais importante do mercado de trabalho dos EUA, mostrou criação líquida de 206 mil vagas de emprego em junho, acima da expectativa de 190 mil. Por outro lado, números de abril e maio foram revisados para baixo, compensando a surpresa positiva. A taxa de desemprego aumentou de 4,0% para 4,1% e o salário médio por hora desacelerou de 4,05% para 3,86% na variação acumulada em 12 meses – acima do nível compatível com a inflação dentro da meta de 2%. Dados dos relatórios privados JOLTS e ADP, também divulgados nessa semana, corroboraram a tendência de desaceleração da economia americana e do mercado de trabalho.
Por um lado, a desaceleração da atividade econômica é visa como algo positivo pelo mercado no atual momento do ciclo (“Bad News is Good News”), uma vez que ela é necessária para que o Federal Reserve possa dar início ao ciclo de afrouxamento monetário. Ao mesmo tempo, o mercado também espera que as empresas do S&P 500 apresentem crescimento de lucro de 10% em 2024, alta que pode ser comprometida caso a atividade econômica siga desacelerando. Devido a isso, temos uma perspectiva negativa para a bolsa americana.
Ainda nessa semana, o ISM de serviços nos EUA apresentou uma desaceleração considerável, especialmente no índice de business activity. O ISM de emprego também surpreendeu para baixo, tanto nos componentes de serviços quanto de indústria, corroborando a narrativa de desaceleração.
Com os dados dessa semana, a curva de juros americana fechou. A taxa de 10 anos encerrou a semana em 4,28% (contra 4,38% do fechamento da semana) e a taxa de 30 anos encerrou a semana em 4,47% (contra 4,56% na semana anterior).
A XP acredita que o Fed reduzirá os juros pela primeira vez em dezembro. No entanto, considerando a situação atual da economia e os novos dados, crescem as chances de um corte nos juros mais cedo, em setembro. O mercado atribui 85% de chances de um corte de juros até setembro, e espera que a taxa dos Fed Funds seja cortada em 51 bps até o final de 2024.
2. Eleições no Reino Unido: Keir Starmer se torna o novo primeiro-ministro
Em maio, o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak surpreendeu o mundo ao convocar eleições gerais antecipadas em julho, quando a expectativa era de uma eleição apenas no quarto trimestre de 2024. O movimento foi particularmente surpreendente pois o Partido Conservador, de Sunak, estava muito atrás do Partido Trabalhista nas pesquisas.
O Partido Conservador estava no poder desde 2010 e foi liderado por David Cameron, Theresa May, Boris Johnson, Liz Truss e por fim, Rishi Sunak. No período, o Reino Unido atravessou todo o processo de saída da União Europeia.
As eleições, realizadas na quinta-feira, conferiram vitória ao Partido Trabalhista, conforme esperado. O partido, entretanto, conquistou menos assentos que o projetado, e formou uma maioria de 412 na Câmara dos Comuns, contra 121 dos Conservadores (a ex primeira-ministra Liz Truss, que permaneceu no cargo por apenas 45 dias, perdeu seu assento). O líder dos Trabalhistas, Keir Starmer, se tornou primeiro-ministro.
Sunak admitiu a sua responsabilidade pela derrota histórica e anunciou a sua demissão como líder dos Conservadores. Starmer, por sua vez, celebrou a sua vitória e prometeu liderar um governo "para todo o povo".
A derrota dos Conservadores é reflexo de uma série de crises, incluindo a pandemia de Covid-19, a escassez de combustível e alimentos, e as alegações de corrupção e má conduta. O Partido Trabalhista apresentou-se como uma alternativa digna de confiança e moderada, focada na recuperação econômica, no combate às mudanças climáticas e na reforma dos serviços públicos.
3. Tesla: Três motivos para a alta recente
As ações da Tesla eram as únicas a apresentar performance negativa dentre as chamadas Magnificent 7 no ano. A montadora de Elon Musk chegou a perder 43% de seu valor de mercado em 2024 relfetindo uma série de preocupações como falta de crescimento, menor lucratividade, batalhas judiciais com relação à remuneração de seu CEO, dúvidas quanto aos planos estratégicos da companhia e, até mesmo, ameaças de boicote aos seus produtos devido às centenas de postagens de Musk em (agora sua) rede social X.
Porém, após subir 11% em junho e iniciar julho com o maior retorno semanal desde janeiro de 2023 (TSLA +27,1%), as ações da Tesla ganharam mais de US$ 200 bilhões em capitalização de mercado e passaram s subir 1,2% no ano.
Destacamos 3 motivos para o otimismo dos últimos dias:
- O aumento das chances de vitória do partido republicano nas eleições de novembro nos EUA – Apesar de contraintuitivo, dado que a ampla maioria do mercado acredita que uma vitória democrata seria benéfica para o setor de veículos elétricos, com a renovação dos subsídios, para a Tesla, especificamente, a política de tarifas e a recente aproximação entre Elon Musk e Donald Trump faz com que a performance das ações fique correlacionada com as chances de vitória do partido republicano.
- A queda menor que a esperada nas entregas de veículos no segundo trimestre de 2024, divulgada na terça-feira (02/07) – O total de veículos entregues ficou em 444 mil, caindo 4,8% no comparativo anual, porém, o mercado esperava um total de 439,3 mil.
- A inclusão da Tesla na lista de veículos elétricos aprovados para uso governamental na província de Jinangsu, na China – Única montadora estrangeira a entrar na lista, a inclusão na lista abre não só a porta de maior receita na China mas, também, alimenta as esperanças de lançamento das capacidades de direção autônoma da Tesla no país.
4. Paramount: Nova Temporada
A Paramount global, conglomerado de mídia que opera o serviço de streaming Paramount+ e detém marcas como CBS, MTV e Nickelodeon, além do tradicional estúdio Paramount, tem vivido tempos conturbados desde que Sahri Stone, acionista majoritária da controladora National Amusements, manifestou o interesse em vender a empresa e afastou o CEO da empresa e colocou um triunvirato de co-CEOs com o objetivo de maximizar o valor do possível M&A.
O principal interessado nos ativos de Shari Redstone era o grupo Skydance Media, que já havia realizado parcerias com a Paramount em filmes como Top Gun: Maverick e Missão Impossível. A Skydance, liderada por David Ellison, filho do fundador da Oracle Larry Elisson, chegou a entrar em conversas exclusivas com a National Amusements e afastou outros possíveis interessados, como o fundo de Private Equity Apollo, que ofereceu US$ 26 bilhões pela empresa em conjunto com a japonesa Sony.
Após Shari rejeitar ambas as propostas, e ver a ação cair cerca de 25% em poucos dias, a Paramount voltou ao noticiário nos últimos dias. Na segunda-feira, a CNBC reportou que a empresa estaria interessada em formar uma joint-venture com a Warner Bros Discovery para bundle (comentamos aqui) seus serviços de streaming Paramount+ e Max. Na própria segunda-feira, após o fechamento do mercado, o New York Times reportou que o magnata do setor Barry Diller (que já foi head dos estúdios Paramount, fundou a Fox e hoje é CEO da IAC e da Expedia) estaria interessado em comprar a companhia.
E na terça-feira, como uma boa novela (ou série), mais uma reviravolta na saga da Paramount. A Skydance voltou para a mesa e fez uma nova proposta pelos ativos da National Amusement, incluindo a Paramount. As conversas não são exclusivas e Shari Redstone e seu triunvirado de CEOs terão 45 dias para buscar uma outra oferta que agrade mais ao conselho de administração da empresa. Porém, enfrentando dificuldades financeiras e operacionais, tudo indica que estejamos muito próximos de um series finalle.
As ações da Paramount (PARA) dispararam 13,7% na semana, negociando bem abaixo dos patamares dos anos anteriores e ainda em queda de mais de 20% somente em 2024.
5. Shein e Temu: E-commerce chinês incomoda autoridades pelo mundo
O Brasil é um grande exportador de soja, minério de ferro, açúcar, carne bovina e laranjas para o mundo. Podemos adicionar, agora, mais um item a essa lista: ideias de como cobrar mais impostos. Conhecida no Brasil como a taxa da blusinha, a União Europeia também estuda impor imposto de importação sobre os produtos de baixo valor produzidos na China.
Atualmente existe uma isenção para produtos importado cujos preços não ultrapassam a marca de EUR 150 e a ascensão de plataformas como Shein e Temu (que recentemente anunciou sua chegada ao Brasil) fez a quantidade de produtos dessa categoria entrando no bloco europeu mais que dobrar no comparativo anual e atingir a marca de 2,3 bilhões de itens em 2023. A proposta sendo discutida envolveria a eliminação dessa isenção para qualquer mercadoria originada fora do bloco.
Além da possibilidade de gerar receitas tributárias, autoridades têm alertado para os riscos que esses produtos podem representar para o consumidor. A entidade que representa os fabricantes europeus de brinquedos acusou a Temu de vender mercadorias que não seguem os padrões do continente e têm riscos à segurança das crianças.
Além da Europa, nos Estados Unidos (que tem aderido cada vez mais a tarifas como ferramenta tributária, política e geopolítica) o estado do Arkansas abriu um processo contra a controladora do Temu (PDD Holdings, ou Pinduoduo) acusando-a de não ser uma plataforma de e-commerce, mas sim uma forma de acessar os celulares do consumidor americano para roubo de dados.
O crescimento das plataforma globais de e-commerce chinesas está mudando o padrão de compras do consumidor global e isso não acontece sem consequências. Indústrias e governos locais buscam se adaptar (ou lutar contra) à avalanche de produtos “Made in China”. O volume de mercadorias é tão grande que, inclusive, já afeta as cadeias de suprimentos e faz os preços dos fretes subirem até 40% no comparativo anual, em especial nas rotas aéreas originadas no sul da China, de onde partem a maior parte dos produtos de Shein e Temu. Ações da PDD Holdings (dona do Temu, que faz parte da nossa carteira Top Ações Globais XP) subiram 2,4% na semana e a Shein não é listada, embora tenha planos de fazer IPO na bolsa de Londres este ano.
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