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Ano novo, fim da festa, incertezas na China, Apple e BYD vs. Tesla | 🌎 Top 5 temas globais da semana

1. A realidade supera a expectativa: 2023 foi positivo para as bolsas globais 2. Cortes de juros: Segurando o entusiasmo 3. Incerteza regulatória na China continua 4. Apple: A maçã sem amor 5. BYD: A maior montadora que você nunca ouviu falar

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1. A realidade supera a expectativa: 2023 foi positivo para as bolsas globais - 2024, entretanto, começa negativo

2. Cortes de juros: Segurando o entusiasmo - Dados de emprego e ata do Fed contribuem para redução das expectativas de um corte de juros em março nos EUA

3. Incerteza regulatória na China continua - Bolsas caem ante falta de confiança

4. Apple: A maçã sem amor - Apple lidera a queda das Big Tech na primeira semana do ano

5. BYD: A maior montadora que você nunca ouviu falar - BYD supera a Tesla em quantidade de veículos elétricos vendidos no último trimestre

1. A realidade supera a expectativa: 2023 foi positivo para as bolsas globais

Em 2023 o S&P 500 teve alta de 26,2%, motivada por uma série de fatores. No primeiro semestre, o otimismo com o tema da inteligência artificial, a injeção de liquidez no sistema financeiro após a crise dos bancos regionais e o posicionamento técnico leve dos fundos de investimento no início do ano impulsionaram o índice. Já no segundo semestre, as surpresas positivas no crescimento econômico americano, o fortalecimento da narrativa do soft landing (normalização não-recessiva da economia americana) e a continuidade dos efeitos dos impulsos fiscais do governo americano ajudaram a manter a performance. Os resultados das empresas ao final do ano revelaram uma resiliência nos lucros, que foram sustentados por uma capacidade ainda grande das companhias em repassar preços e cortar custos. Adicionalmente, sinalizações mais brandas do Federal Reserve em relação à trajetória futura de juros provocaram um rally dos ativos de risco no final de 2023.

Confira mais detalhes sobre as performances dos mercados globais em 2023

O início de 2024 por sua vez, marcou uma mudança de tom para os mercados. As oito semanas consecutivas de alta das bolsas americanas ao final de 2023 foram motivadas por uma conjunção de notícias positivas na frente de política monetária e de fatores técnicos de posicionamento dos agentes do mercado, que foram obrigados a fechar apostas tomadas em taxas de juros e vendidas (short) em renda variável. Após a virada do ano, iniciou-se um movimento de reversão. Alguns dos setores que tiveram os maiores ganhos em 2023 tiveram quedas mais expressivas da primeira semana de 2024 (notadamente, tecnologia e consumo discricionário), e setores defensivos que tiveram performance prejudicada em 2023 iniciaram o ano novo com ganhos (destaque para saúde e utilidades públicas).

2. Cortes de juros: Segurando o entusiasmo

Nas últimas semanas de 2023, as taxas de juros americanas aprofundaram o movimento de queda iniciado em outubro, e as chances de um corte da taxa dos Fed Funds, derivada do mercado de futuros, até março chegou perto de 100%. Isso ocorreu após a divulgação das projeções dos membros do comitê de política monetária (FOMC) que indicavam um abrandamento da taxa de referência de maior magnitude ao longo de 2024 e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, declarar que o FOMC já havia começado a discutir a possibilidade de dar início ao ciclo de cortes de juros.

A primeira semana de 2024, no entanto, trouxe uma diminuição nessa expectativa de cortes de juros no primeiro trimestre, à medida que foram divulgados dados de emprego mais fortes e a ata da última reunião do FOMC. A ata, documento que fornece mais detalhes sobre o processo de tomada de decisões do comitê, veio em um tom levemente mais duro (ou hawkish, no jargão de mercado) que o discurso de Powell após a última decisão de juros, ao indicar que "uma meta mais baixa para a taxa dos Fed Funds seria apropriada até o final de 2024", mas deixando a data em aberto.

Os dados de emprego referentes a dezembro divulgados nesta semana, fundamentais para que o FOMC possa avaliar as condições econômicas e a necessidade de alterações na política monetária adiante, surpreenderam consideravelmente a expectativa de mercado e corroboraram a narrativa mais dura dos mercados na semana. Foram criados 216 mil postos de trabalho urbanos (contra expectativa de 175 mil) e a taxa de desemprego permaneceu em 3,7% (contra expectativa de 3,8%), sugerindo que o mercado de trabalho permanece consideravelmente aquecido, o que vai na direção oposta do que o Federal Reserve precisa observar para iniciar o processo de normalização da política monetária.

Com isso, as Treasuries abriram consideravelmente: a taxa dos títulos de 10 anos subiu 17 pontos-base e terminou a semana em 4,05%, enquanto os títulos de 30 anos encerraram a semana em 4,20% (+17 pontos-base). A probabilidade de um corte de juros até a reunião de março caiu para 69,5%.

3. Incerteza regulatória na China continua

Desde a divulgação de proposta de novas regulações para jogos online, os mercados chineses têm enfrentado semanas de dura reação do mercado ante aumento da incerteza local. O temor é que o governo volte a realizar impliquem intervenções similares às ocorridas recentemente no setor de educação e tecnologia, que se acreditava já terem sido encerradas.

Após a repercussão negativa, o governo divulgou uma nota em tom conciliatório, declarando que irá considerar seriamente as opiniões do público. Outro aceno positivo foi a aprovação de 105 jogos para o público, mais que o esperado para dezembro. Tencent, uma das companhias cujas ações foram mais prejudicadas pela notícia, tiveram uma leve recuperação. Desde então, o governo anunciou a remoção de Feng Shixin de sua posição como chefe da Unidade de Propaganda do Partido Comunista Chinês, que é responsável pelo órgão que divulgou a proposta.

Ainda nesta semana, o Ministro das Finanças da China declarou que o gasto público irá crescer em 2024, à medida que o governo busca maneiras de estimular a demanda da economia, enfraquecida após longo período de restrições relacionadas ao Covid, à perda de ritmo da economia global, restrições impostas pelos EUA e perda de impulso relacionado ao crescimento populacional e poupança. Os estímulos fiscais financiados via aumento de gasto público são uma novidade para o país, que historicamente preferia a via do crédito direcionado. A agência de risco Moody’s alterou recentemente a perspectiva do rating de crédito de China para negativa, alertando para o aumento do gasto público e riscos relacionados ao setor imobiliário, ainda em crise.

Contribuindo para o clima de insatisfação, o jornal Central Party School, do Partido Comunista, divulgou artigo em que critica o comportamento errático dos reguladores em relação às empresas de tecnologia, que oscila entre “supervisão negligente” e “excessivamente rigoroso”. O setor de jogos online tinha voltado a crescer desde as intervenções realizadas em 2021, que impunham um limite de tempo para menores de idade. Outras medidas impostas desde a ocasião, como a intervenção direta do governo na estrutura do Grupo Alibaba, fizeram com que a performance do índice KWEB (de empresas de tecnologia chinesas) se descorrelacionasse do índice Nasdaq 100 (de empresas de tecnologia nos EUA), com a diminuição de confiança dos investidores na China.

4. Apple: A maçã sem amor

Nesta primeira semana de 2024 nem todos os analistas do mercado financeiro estão numa praia do Nordeste (ou dos Hamptons). Barclays e Piper Sandler atualizaram seus modelos da maior empresa do mundo e rebaixaram suas recomendações.

Na terça-feira, Tim Long, do Barclays, rebaixou sua recomendação de Apple de Equal Weight para um pouco comum Underweight, o equivalente a sair de neutro para venda. Ele cita as fracas vendas do iPhone 15, a falta de lançamentos que instiguem o público a trocar de dispositivos, o crescimento menor da linha de serviços e os altos múltiplos que a empresa negocia para chegar a um preço alvo de US$ 160 por ação (11,6% abaixo do preço atual de US$181,18) .

Já na quinta-feira, Harsh Kumar da Piper Sandler, também rebaixou sua recomendação (de compra para neutro) e também cita as dificuldades de vendas de iPhones, com aumento de estoques, o ambiente macro mais difícil na China, as recentes notícias negativas da empresa e, também, os múltiplos acima da média histórica.

Temos mencionado com frequência as dificuldades que a empresa capitaneada por Tim Cook tem enfrentado recentemente. Já são quatro trimestres consecutivos de queda de receita (comentamos aqui) e o fluxo de notícias têm vindo particularmente negativas para a Apple. No final de 2023 houve a ampliação das restrições ao uso do iPhone nas estatais chinesas e a proibição das vendas de dois modelos do Apple Watch por questões de patente (cometamos aqui).

E como se não bastasse, hoje, sexta-feira dia 5, reportagem do New York Times afirmou que o Departamento de Justiça dos EUA está terminando uma investigação antitruste sobre as práticas da companhia. De acordo com “fontes internas” o órgão avaliou como a empresa usou o seu controle sobre o software e o hardware para dificultar, ilegalmente, a concorrência.

5. BYD: A maior montadora que você nunca ouviu falar

Auto-entitulada de “a maior montadora que você nunca ouviu falar”, em sua campanha de expansão global, a BYD (lê-se bi-uai-di), montadora chinesa, superou a Tesla em vendas de veículos elétricos no último trimestre de 2023 ao vender 526 mil automóveis 100% elétricos ante 484,5 mil da rival norte-americana.

Fundada em 1995, na cidade de Shenzhen, a BYD (acrônimo de Build Your Dreams) começou como uma empresa de baterias recarregáveis. Com o boom dos smartphones a empresa cresceu e fez seu IPO na bolsa de Hong Kong em 2002. Já em 2003, com a aquisição da montadora Xi’an Qinchuan Automobile, a empresa criada pelo professor de química Wang Chuan-fu entrou no mercado de automóveis, lançando seu primeiro veículo híbrido em 2008 (elétrico e a combustão).

A BYD se diferencia das outras montadoras pela integração vertical da sua cadeia de suprimentos. Utilizando-se de substancial ajuda do governo chinês, sob a forma de subsídios, a empresa investiu em P&D e, hoje, alega fabricar dentro de casa mais de 75% dos componentes finais dos seus veículos. Com isso, consegue oferecer opções mais “populares” a preços menores que o dos concorrentes, em especial, da Tesla.

Com receita de, aproximadamente, US$ 82bi nos últimos 12 meses a BYD fica atrás da Tesla, com US$ 96bi e seu lucro líquido também fica atrás (US$ 4,2bi contra 10,8bi da Tesla) mas o que chama atenção é a diferença em capitalização de mercado. Enquanto a Tesla vale US$ 755 bilhões a chinesa BYD, que tem a Berkshire Hathaway de Warren Buffet como investidora, vale, apenas, US$ 78bi.

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