Muitos investidores têm interesse, e mais do que isso, possuem “espaço” em seus portfólios para adição de investimentos alternativos com intuito de diversificar e/ou aumentar o retorno potencial da carteira. Muitos dos grandes investidores institucionais determinam o limite de alocação nessa e nas demais classes de ativos através de um processo formal e técnico de asset allocation. Outros investidores determinam o seu limite de alocação em alternativos com base no bom senso e na observação da exposição de seus pares ou de outros tipos de investidores.
Acreditando na frase de David Swensen, famoso gestor (CIO) do endowment da Universidade de Yale, de que o processo de alocação tem um pouco de ciência, com dados e análises quantitativas, mas também tem um pouco de arte e bom senso, a partir de fevereiro de 2022 a XP passa a destinar uma parcela das suas sugestões de alocação aos investimentos alternativos nas carteiras recomendadas para pessoas físicas.
“O processo de alocação de ativos ilustra a importância de combinar a arte e a ciência ao tomar decisões sobre investimentos, porque nem o bom senso, tampouco a análise quantitativa, individualmente, produzem resultados satisfatórios de maneira consistente.”,
David Swensen
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Por serem investimentos com maiores níveis de risco, seja por iliquidez, como no caso dos fundos de Private Equity e Venture Capital, seja por volatilidade, como no caso das Commodities e dos Criptoativos, os percentuais nas carteiras são calibrados para que sejam adequados para cada perfil de investidor e para cada política de investimento, sendo crescentes quanto maior for o nível de risco da carteira e seu horizonte de investimento.
Variando entre 1 e 5% nas carteiras recomendadas da XP, os valores parecem estar em linha com o praticado por grandes investidores globais, como mostra um estudo publicado em julho de 2020 pelo American Investment Council abrangendo 176 fundos de pensão públicos americanos que demonstra que 85% das instituições investem alternativos tendo distribuição de exposição que lembra uma curva normal, com a maioria entre 5% e 10% da carteira. Dessa forma, notamos que seguimos uma postura mais conservadora para as carteiras recomendadas por se tratar de portfólios para pessoas físicas.
Alternativos em crescimento e evolução
O mundo dos investimentos alternativos existe há décadas e é acessado principalmente por investidores institucionais, como os fundos de pensão (públicos e privados), fundos soberanos, endowments e fundações há pelo menos 20 ou 30 anos.
A classe de ativos “Alternativos” é conhecida tipicamente por englobar grupos de ativos que possuem retornos esperados superiores aos das classes de ativos convencionais, como a Renda Fixa, Multimercados e Ações, porém com níveis de riscos também superiores e não necessariamente atrelados à alta volatilidade, até mesmo porque os investimentos alternativos mais tradicionais são aqueles cujo ativo investido não está listado em nenhuma bolsa, como a B3, ou mercado de balcão.
Os ativos alternativos, via de regra, contribuem para o processo de construção de uma carteira de investimentos ao deslocar a fronteira da eficiência, permitindo criar portfólios com retornos esperados mais elevados para um dado nível de risco ou com risco mais baixo para um dado nível de retorno.
Como podemos ver no gráfico acima, simulações com dados do mercado americano entre 1989 e março de 2021 mostram que um portfólio que continha 40% em ações (Renda Variável) e 60% em bonds (Renda Fixa) teria um retorno anualizado de 8,05% com volatilidade de 6,42%. Adicionando 30% de investimentos alternativos a esse portfólio, mantendo a maior parte ainda em bonds (40%) e o restante em ações (30%), temos um efeito de aumento expressivo no retorno anual, que vai para 9,04% (versus 8,05% anterior) com uma volatilidade praticamente estável, levemente mais baixa, de 6,24% (versus 6,42%). O mesmo acontece, até mesmo em magnitude mais expressiva, nos outros 2 exemplos de portfólios que possuem mais exposição a ações, nos quais há um aumento do retorno anualizado e redução do risco, nesse caso, da volatilidade.
Até pouco tempo atrás a participação direta de pessoas físicas nesse tipo de investimento era irrisória no Brasil, seja pelo conhecimento ainda pouco difundido sobre essa modalidade de investimentos, seja pelo número limitado de ofertas, entre outros fatores limitantes. Entretanto esse cenário vem mudando principalmente desde 2018, quando a XP começou a distribuir fundos alternativos, majoritariamente das estratégias mais consolidadas globalmente e no Brasil, tais como Private Equity (PE), Venture Capital (VC), Private Debt e Special Situations.
De lá para cá foram mais de R$6,5 bilhões de capital comprometido nesse tipo de investimento através da XP, sendo R$2,5 bilhões somente no ano passado, como está detalhado no relatório 2021: o ano recorde na indústria de investimentos alternativos no Brasil até o momento. É bem verdade que a esmagadora maioria dos recursos destinados a essa classe são destinados às estratégias mais consolidadas como Private Equity e Venture Capital, porém percebemos um aumento considerável na oferta de produtos ligados a Ativos Reais e Criptoativos.
Ativos Reais
Investimentos em Ativos Reais podem ser realizados de forma direta em imóveis, florestas, petróleo, gás e commodities de forma geral ou de forma indireta através de instrumentos financeiros no mercado à vista ou futuro que reflitam a variação de preços desses ativos, o que traz uma melhor liquidez a esse tipo de investimentos que seria extremamente ilíquido se realizado diretamente. Os Ativos Reais têm um papel importante de proteger o portfólio em cenários inflacionários, como o atual, pois tendem a se valorizar com o aumento da inflação e ainda diversificam os riscos pela baixa correlação, por exemplo, com o mercado de ações ou de renda fixa.
Ativos Reais são uma modalidade de investimentos associados à economia real. Cada mercado possui suas especificidades, porém em geral trata-se de bens escassos que possuem um valor intrínseco, ou seja, possuem um valor por si só, independente de ciclos econômico-financeiros. As principais vantagens de investir nesse tipo de ativos são:
- Diversificação de portfólio: como os demais investimento alternativos, eles possuem dinâmicas próprias e costumam apresentar baixa correlação com as classes de ativo tradicionais;
- Proteção contra inflação: os ativos reais tendem a se valorizar junto com a inflação de preços, de forma que representam uma proteção (hedge) contra inflação;
- Ganhos com recuperação da economia global: no caso específico de commodities, a recuperação cíclica da economia global é favorável;
- Reserva de valor: no caso específico de metais preciosos como ouro e prata, esses costumam oferecer proteção em ambientes de aversão a risco elevada no mundo.
Criptoativos
Longe de ser consenso entre os alocadores e investidores tracionais do mercado financeiro, quando se trata dos benefícios de diversificação através dos Criptoativos, muitos dados ainda estão começando a ser entendidos de forma mais profunda, pois ainda há muito do que se analisar sobre a correlação entre as criptomoedas e os fundamentos macro e outros ativos ao longo dos ciclos econômicos. Como a história das criptos é curta, a grande maioria com menos de 5 anos, com exceção do Bitcoin que tem pouco mais de 10 anos, parece precoce fazermos afirmações contundentes sobre o seu comportamento em ciclos de aperto monetários mais duros, como o que talvez presenciaremos pelo Fed em 2022. A verdade é que durante o começo da pandemia da Covid-19, principalmente o Bitcoin, teve sua correlação aumentada com outras classes de ativos de risco. Entretanto, desde o começo de 2021 a correlação com essas classes de ativos voltou a cair, sendo negativa em vários casos, como por exemplo, com o Dólar (DXY), visível no gráfico abaixo.
Ainda no gráfico podemos ver que, a correlação do Bitcoin permaneceu baixa, porém instável ao longo de muitos anos, sempre entre -0,3 e +0,3. Como já citamos acima, podemos notar que no começo da pandemia (2020) essas correlações, em janelas de 1 ano, subiram, chegando quase a +0,5 com o S&P500, principal índice de ações americanas e com o ouro, além do petróleo. Mais recentemente esses valores voltaram a cair. Esse comportamento é atrativo sob a ótica da diversificação, mas seria ideal se houvesse um retorno esperado mais previsível. Dada a sua oferta limitada e conhecida, o preço do Bitcoin e outras criptomoedas deve depender principalmente da demanda do investidor e da sua percepção de valor sobre aquele ativo.
Então por onde começaremos?
Vislumbrando que esse movimento é um marco importante para clientes e assessores da XP, o primeiro passo foi dado após meses de estudo sobre quanto dedicar na alocação para investimentos alternativos, tanto em ativos líquidos (fundos ou ETFs de commodities e outros ativos reais, fundos ou ETFs de cripto, entre outros) quanto ilíquidos (fundos de Private Equity, Venture Capital, Special Situations, entre outros).
Os percentuais sugeridos para cada carteira recomendada em cada perfil de risco estão disponíveis a partir de 01 de fevereiro de 2022, assim como quais estratégias e fundos serão utilizados nesse primeiro momento para trazer retornos superiores, com risco controlado em instrumentos eficientes de investimentos.
Alocações realizadas com estratégia e de forma disciplinada em investimentos Alternativos são ferramentas importantíssimas para sofisticar os portfólios dos investidores, equiparando-os a grandes investidores institucionais e globais, dando acesso a um universo de produtos mais complexos e de maior risco, porém usados na dose certa, trazem diversificação e retornos superiores de longo prazo.
Para mais detalhes sobre fundos de investimentos dessa classe que estão e que poderão estar nas carteiras recomendadas, aguardem em breve o Seleção de Fundos XP que estará disponível na 2ª quinzena de fevereiro para os assinantes do Expert Pass.