Semanalmente um novo episódio do Outliers é divulgado nos agregadores de podcasts. Até aí, sem novidades. As boas novas são que os episódios passaram a ser transmitidos também em vídeo no Youtube da XP e que o time de analistas da XP passou a cobrir esses episódios para serem publicados em um relatório, como esse, que se aprofunda mais ainda em informações e detalhes sobre a gestora e/ou sobre o(s) fundo(s) discutido(s) em cada episódio. Nosso objetivo é ir mais fundo para ajudá-lo na análise desses produtos, por isso apresentamos o “Indo a Fundo no Outliers”.
Aproveitaremos a grande qualidade dos assuntos abordados e escolheremos uma temática para analisarmos a fundo. No caso desta versão discorremos sobre a estrutura do Morgan Stanley, um dos maiores conglomerados financeiros do mundo. Onde iremos explorar com mais detalhes duas grandes estratégias renomadas do braço de gestão da Morgan, os fundos Morgan Stanley Global Opportunities e o Morgan Stanley Global Brands.
Conheça a gestora americana Morgan Stanley e as suas duas principais estratégias em ações globais disponíveis no Brasil.
Conheça a Morgan Stanley
O conglomerado Morgan Stanley se trata de uma das maiores instituições financeiras do mundo, com mais de 90 anos de história, está presente em mais de 41 países e atualmente conta com cerca de US$ 4,5 trilhões sob administração. A gestora Morgan Stanley Investment Management é responsável pelo braço de gestão de recursos de terceiros do conglomerado, e conta com cerca de US$ 1,6 tri sob gestão, sendo uma das maiores gestoras de recursos do mundo.
No Brasil, a gestora está presente a cerca de 25 anos e trabalha em parceria com a unidade de gestão no exterior – a Morgan Stanley Investment Management. Ao todo são cinco frentes comerciais que a gestora possui no Brasil Renda Variável, Renda Fixa, Banco de Investimento, Mercado de Capitais e Desenvolvimento de negócios – que inclui a intermediação e estruturação de feeder-funds.
Ao todo no mundo, são mais de 1130 profissionais de investimentos que atuam na Europa, Américas, Ásia e Oriente Médio, sendo que seus principais núcleos estão situados em New York, Londres, Hong Kong e Singapura. A gestora se organiza como uma espécie de conglomerado de boutiques, onde cada núcleo possui liberdade de gestão e pode contar com todo suporte e estrutura da Morgan Stanley.
Em termos de gestão de Renda Variável Global são 6 as principais estratégias de gestão ativa, que possuem baixa sobreposição de papéis, com cerca de 3-4 empresas em comuns entre certas estratégias. O estilo de gestão é diferente para cada estratégia, ou seja, elas são segmentadas, possibilitando complementariedade entre os produtos.
Na gestão ativa utilizam especialmente uma abordagem fundamentalista, olhando para o micro das empresas até chegar no cenário, sendo que dentro da seleção de ativos, são trabalhados quatro pilares que fazem os portfólios terem (i) carteiras concentradas, rodando com cerca de 25 a 40 ações; (ii) ativos selecionados a partir de altos níveis de convicção; (iii) foco em empresas que possuem qualidade somada ao alto potencial de crescimento, de preferência com baixa alavancagem e, por último; (iv) baixa rotatividade dos ativos, se baseando em investimentos de longo prazo, onde em média os papeis ficam 5 anos nas carteiras.
No relativo, ter uma carteira que possui cerca de 25 a 40 ações em um mercado como o brasileiro pode ser visto como uma carteira pulverizada, entretanto, quando olhamos para o mercado global, é possível ver que se trata de uma concentração relevante na carteira. Antes de falar das estruturas dos fundos globais de ações do Morgan, é interessante fazer uma revisão geral das diferenças do mercado de capitais brasileiro em relação ao mundo.
Tomando como referência um dos principais índices de bolsas globais do mundo, o MSCI All Countries World Index (MSCI ACWI), que tem como objetivo representar o desempenho das ações globais de grande e média capitalização presentes em 23 mercados desenvolvidos e 24 emergentes, vemos que se por um lado o índice possui cerca de 2.939 ações, sendo aproximadamente 85% do conjunto global de ações investíeis, por outro lado, o principal índice brasileiro, o Ibovespa, é composto por apenas 93 ações de empresas brasileiras.
Em resumo, dentro das diversas oportunidades existentes a nível mundial, o nível de complexidade para selecionar os melhores cases de investimentos aumenta consideravelmente. Dessa forma, contar com alternativas que permitam esse alcance global somado a gestão ativa de recursos, faz toda diferença. Conheça a seguir duas das principais estratégias em Renda Variável Global do Morgan Stanley.
Morgan Stanley Global Opportunities
Lançado em novembro de 2019 no Brasil, a estratégia Morgan Stanley Global Opportunities possui mais de 14 anos de histórico no mercado global. Se tratando de um fundo internacional de ações, esse é um fundo long only, ou seja, opera apenas comprado e com uma carteira que possui entre 25 e 40 empresas, como já vimos ser o estilo do Morgan Stanley. A estratégia possui sua versão com proteção cambial e outra com exposição ao dólar, e ambas são destinadas exclusivamente para investidores qualificados.
A estratégia no Brasil é bem recente se comparada a versão global, e no ano (até 12/04/2022), a versão com hedge cambial, ou seja, sem a variação do dólar, acumula uma rentabilidade de -23,25%, acompanhando seu índice de referência o MSCI ACWI que apresentou no período uma variação de -23,85%. Esse é um fundo que busca valorização de capital no longo prazo investindo em ações globais de empresas de alta qualidade em mercados desenvolvidos e emergentes.
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Quando olhamos para as dez maiores posições do portfólio (excluindo o caixa), é possível ver a concentração já que a soma dessas posições totaliza 49,8% do portfólio total do fundo. Além disso, vemos que boa parte das empresas presentes no portfólio estão ligadas à tecnologia, seja por meio de softwares, meios de pagamento, redes sociais ou até mesmo transporte compartilhado, como é o caso da Uber.
Sobre a alocação regional, fica clara a predileção por empresas de países desenvolvidos, porém há exposições a empresas de países emergentes como é o caso do HDFC Bank da Índia.
Morgan Stanley Global Brands
Lançado em novembro de 2019 no Brasil, a estratégia Morgan Stanley Global Brands possui mais de 26 anos de histórico no mercado global. Assim como o Opportunities esse também é um fundo internacional de ações do tipo long only, e sua carteira possui entre 20 e 40 empresas. A estratégia também possui sua versão com proteção cambial e com exposição ao dólar, e são exclusivas para investidores qualificados.
O fundo supera o seu benchmark nos últimos 12 meses (até 12/04/2022) com 8,63% vs. 2,46% do MSCI World, apresentando uma volatilidade ligeiramente menor. A combinação ideal de mais retorno, com menos risco. Diferente do Global Opportunity, essa estratégia dentro do seu processo de gestão que envolve alta margem de lucro, modelos de negócios estruturados, negócios de baixo capital intensivo, acaba por ter maior exposição à países desenvolvidos. Além disso, o fundo possui como benchmark o MSCI World, que busca medir o desempenho de empresas de grande e médio porte com presença global e em países desenvolvidos, e diferente do MSCI ACWI esse índice não inclui ações de países emergentes.
No caso do Global Brands, a concentração tende a ser ainda maior quando olhamos para as 10 maiores posições, que totalizam 57,7% do portfólio do fundo. Além disso, as dez maiores participações reúne empresas com ativos intangíveis, históricos de alto retornos e receitas recorrentes, e exposição diversificada em empresas de segmentos de produtos distintos, diferentes tipos de clientes e geografias, dentre as quais podemos tomar como exemplos a Microsoft e a SAP.
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A inflação e o “pricing power”
O primeiro trimestre de 2022 trouxe grandes desafios para as ações globais, falando dos fundos do Morgan Stanley em específico, as estratégias apresentaram desempenho abaixo do esperado no acumulado desse ano. Dessa forma, tanto para o Morgan Stanley Global Brands, quanto para o Morgan Stanley Global Opporttunities, o desempenho foi inferior ao índice de referência. Como as carteiras de ambos fundos possuem grande exposição a empresas de tecnologia – que tendem a ter correções em cenários de alta de juros, podemos colocar a exposição no setor como um dos grandes detratores da rentabilidade no período.
A ausência de alocação relevante em setores tidos como mais defensivos, também contribui negativamente para a performance. Vale pontuar que o horizonte de investimento recomendado para esse tipo de alocação é de longo prazo – no mínimo 5 anos e que essa rentabilidade recente não deve ser vista como uma mudança de fundamento na alocação. Além disso, a inflação persistentemente alta é um dos principais riscos macro globais no momento, e mesmo que afete negativamente a precificação de ativos no curto prazo, existe um fator que pode auxiliar no crescimento de determinadas empresas no longo prazo: o princing power.
the single most important decision in evaluating a business
Warren Buffett
Warren Buffet considera que se trata da “decisão mais importante ao avaliar um negócio”, e não é atoa, pricing power se trata da capacidade de uma empresa de realizar o aumento de preços de seus produtos/serviços sem afetar a demanda. Esse tipo de flexibilidade não é trivial, são empresas e setores específicos que possuem esse tipo de característica, podendo tomar como exemplo aqui os itens de luxo, onde o preço não é um dos principais fatores de controle de demanda.
Vitor Arakaki, representante da gestora no Brasil, comenta a respeito desse fator no episódio 56 do Outliers, falando sobre a importância de se ter conhecimento e convicção a respeito do modelo de negócios, e sobre como esse é um fator vital para o desempenho no longo prazo, você pode conferir o episódio a seguir.
Em tempos de incertezas, acreditamos em alguns elementos que podem direcionar os investidores a tomar as melhores decisões, podendo elencar em primeiro lugar aqui o conhecimento, fator essencial para quem deseja investir, mas não apenas isso o (i) alinhamento de expectativas, (ii) a diversificação, ((ii) uma boa seleção de ativos e gestores, e por último de forma essencial o (iii) rebalanceamento podem potencializar a alocação de uma carteira. Por fim para investidores que desejam encontrar as melhores oportunidades não só em Renda Variável Global, mas em todas as classes de ativos, poderão contar com as nossas carteiras recomendadas.