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Já é hora de voltar a comprar ações? Alguns gestores acham que sim

Com as quedas recentes, alguns gestores de fundos de ações estão reabrindo seus fundos e indo às compras

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Ao completar um mês do início desse cenário turbulento, os investidores se perguntam se já estamos no melhor momento para voltar a tomar risco. Especialistas ainda estão reticentes em fazer qualquer recomendação dadas as altas volatilidades que predominam nos mercados.

Na bolsa de valores não é diferente. Desde o dia 26/02/2020, início do agravamento do cenário no Brasil, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, cai mais de 38% até o dia 24/03. Na mínima, atingiu cerca de 63.500 pontos, mesmo patamar de julho de 2017.

O movimento de queda tem sido tão forte que nenhum setor da bolsa se salvou e todos apresentam fortes quedas. Com essa queda generalizada, os fundos de ações não escaparam ilesos e vêm sofrendo bastante desde o início da crise. Abaixo, seguem o retorno médio, de 21/02 a 24/03, de alguns setores da bolsa (entraram nas médias apenas as empresas que compõem o Ibovespa).

Muitas dúvidas na cabeça do investidor

Para qualquer investidor, principalmente aquele que nunca vivenciou um momento como atual, ficam muitas dúvidas em relação ao que têm feito os gestores. “Será que eles estão comprando ações que caíram demais; não estão fazendo nada esperando o cenário ficar mais claro, ou estão reduzindo suas posições pois ainda vêem muitos riscos? Se estão comprando, quais são os setores preferidos e quais estão sendo evitados? Os gestores estão adicionando proteção às suas carteiras?”

Antes de responder a todas essas perguntas, vimos um movimento de vários gestores reabrindo estratégias que estavam fechadas. Isso significa que eles estão vendo oportunidades e querem aproveitá-las.

Só na plataforma da XP temos a reabertura de 5 fundos, que estavam entre os mais demandados por clientes e assessores, mas que estavam fechados para captação, alguns há um bom tempo: Brasil Capital 30 Advisory FIC FIA, Constellation Institucional Advisory , Sharp Long Biased Advisory, Oceana Long Biased Advisory FIC FIM e Bahia AM Long Biased Advisory II FIC FIM.

São fundos de casas com ótimos históricos e equipes bastante experientes que já passaram por crises. Por isso, decidimos conversar com eles para entender como têm sido as últimas semanas.

O que fizeram os gestores dos fundos de ações nas últimas 4 semanas

Com quedas generalizadas no início da turbulência, o mercado parecia muito irracional, na visão dos gestores. Eles acreditavam que uma boa parte das empresas da bolsa estava perdendo mais valor de mercado do que deveria, mesmo com o cenário atual bastante adverso.

Para não ficar apenas no “achismo”, as equipes de análises fizeram uma revisão de todas as empresas que acompanham para determinar qual poderia ser a potencial perda de cada uma delas na situação atual. Foram traçados alguns cenários e a conclusão é de que boa parte das quedas das últimas semanas foram exageradas e algumas boas oportunidades surgiram.

Quais os impactos do cenário atual no curto prazo?

Neste momento de isolamento social, em que as pessoas estão consumindo menos, lojas e shoppings estão fechados e indústrias estão produzindo abaixo da capacidade, uma das grandes dúvidas dos investidores é o impacto no curto prazo e o tempo que levará para retomarmos à normalidade.

Na visão dos gestores com quem conversamos, a maior parte do valor de uma empresa está no longo prazo. A grande preocupação do investidor deve ser a capacidade da empresa sobreviver nesse período de grande queda nos resultados. No Brasil, as grandes crises fortalecem as maiores empresas, que já possuem uma posição dominante e têm mais acesso a capital. Por isso, as grandes empresas vão ganhar mercado de pequenas que não conseguirão sobreviver.

Mas quais empresas conseguem atravessar bem esse momento?

Em uma crise como essa, nenhum setor passará ileso, mas alguns setores serão menos prejudicados do que outros.

Existem aqueles setores que obviamente sofrem mais, como o setor aéreo, que possui empresas alavancadas, com altos custos fixos e pouca visibilidade de quando a situação voltará à normalidade.

Porém, na visão dos gestores que decidiram reabrir seus fundos, existem boas oportunidades para investir em empresas que, apesar de sofrerem pelos próximos 3, 6 ou até mesmo 12 meses, terão seu valor de longo prazo preservado.

Seguem abaixo algumas das empresas e setores mais citados pelos gestores.

Energia Elétrica

Sempre citado como um setor defensivo, o setor elétrico – geração, transmissão e distribuição – tem destaque nas carteiras da Oceana, Bahia, Constellation e Brasil Capital. Na opinião dos gestores, o setor será um dos que menos deve sofrer com queda de receita no curto prazo. Destaque para o setor de transmissão, em que os volumes definidos em contratos não são afetados mesmo no atual cenário.

Cosan

Brasil Capital, Constellation e Oceana possuem posição na empresa cujos principais negócios foram considerados essenciais pelo governo e não deixarão de operar durante o período de quarentena.

Rumo

Principal empresa de transporte ferroviário, a Rumo está nos portfólios de Brasil Capital e Constellation. A empresa continua operando e vai se beneficiar de mais uma boa safra de soja que terá a exportação como seu principal destino.

B3

O resultado de curto prazo será muito bom com o aumento do volume de negociações. Quando o cenário se normalizar, devem voltar com força as operações do mercado de capitais, como IPOs e emissões de dívida. Por esses motivos, Brasil Capital, Sharp e Constellation possuem a empresa em seus fundos.

Shoppings

É um setor controverso já que todos os shoppings estão fechados no Brasil, na tentativa dos governos de conter o avanço do coronavírus. Ainda assim, ações do setor estão nas carteiras de Bahia, Brasil Capital e Oceana. A justificativa é que as ações sofreram muito mais do que deveriam e hoje se encontram com um valuation bastante atrativo. Na visão da Oceana, o setor vinha negociando a um múltiplo Preço/Lucro de 20 vezes e com os preços atuais e com lucros normalizados, o múltiplo está em 12. O que dá segurança para os gestores é que, apesar de sofrerem no curto prazo, as principais empresas do setor possuem os melhores ativos e estão com um posição de caixa muito sólida, que garante sua sobrevivência durante muito tempo, mesmo com os shoppings fechados.

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