"Transição energética não é uma tendência, é uma realidade", defende gestor em painel de energia e infraestrutura

No segundo dia da Expert XP 2023, tivemos o painel Infraestrutura, Transição Climática e as Oportunidades para o Brasil, no qual Pedro Bruno (Head de Transportes e Co-Head no Research XP), recebeu Túlio Machado (responsável por Infraestrutura na XP Asset) e Eddie Corrochano (Sócio Fundador e Managing Partner da Newave Capital) para uma conversa sobre oportunidades e desafios em investimentos em infraestrutura e energia renovável.

Antes de tudo: onde e como investir?

Os panelistas iniciaram a discussão com um panorama sobre os mercados de energia e as possibilidades de investimento. Do lado de energia, há possibilidade em investimento tanto em empresas geradoras quanto transmissoras e distribuidoras. No caso de investimento em empresas geradoras de energia (como por exemplo fontes eólica e solar), os participantes destacam a importância de analisar a qualidade do ativo e o fluxo de caixa de longo prazo do projeto; ainda, como há o risco de demanda dos recursos, pode ser um investimento mais arrojado. Por outro lado, o investimento em transmissoras tende a ser menos arriscado, com uma dinâmica mais próxima a renda fixa, com produtos longos e indexados à inflação.

No setor de transportes e infraestrutura, há um gargalo enorme de investimentos em infraestrutura, em conjunto com uma cadeia extensa de oportunidades entre os diferentes modais (como ferrovias, rodovias, portos e aeroportos).

‘Todo mundo cresceu assistindo um país com vários déficits de infraestrutura’, diz Túlio Machado

Olhando para os meios de investimento, os panelistas destacam (1) ações de empresas listadas em bolsa; (2) emissões de dívidas das companhias, incluindo também debêntures incentivadas (que possuem isenção de imposto de renda); além de (3) fundos de investimento e de crédito de infraestrutura.

O que pode impulsionar o crescimento desses mercados nos próximos anos?

No mercado de energia, os panelistas destacam a oportunidade de crescimento com a abertura do mercado. Conforme a mudança de regulação, mais consumidores como pequenas e médias empresas poderão gradualmente comprar energia do Mercado Livre (não regulado), sem necessidade de investimento inicial e com redução no preço da conta de luz – e gerando oportunidades de investimento como tem feito a Newave Capital.

Um dos principais impulsionadores de crescimento deve ser a transição energética. A mudança dos países para matriz energéticas mais limpas deve levar a um aumento expressivo dos investimentos nesses mercados, destacam os participantes. Eles também destacam o crescimento de data centers – que atualmente consomem 2.5% da energia do mundo em sua manutenção, e devem continuar crescendo exponencialmente com tendências como de Inteligência Artificial e IoT, além de oportunidades em hidrogênio verde e no mercado de carbono.

E quais são os desafios para esses mercados prosperarem?

Entre os riscos e desafios para os mercados em questão, os panelistas destacam o preço atual de energia em seu nível mínimo histórico (enquanto reservatórios no Brasil, por exemplo, seguem em altos níveis de capacidade), além das variações de preço de matéria-prima (que variaram principalmente no período da pandemia, mas agora estão normalizando conforme melhora da cadeia de suprimentos).

Finalmente, para reduzir o déficit de infraestrutura e manter o ritmo crescente de investimentos em energia, os participantes destacam que o Brasil precisa investir um percentual maior do PIB nesses mercados – e isso só será possível com maior segurança jurídica e estabilidade político-econômica.