Dia Internacional das Mulheres: Mapeando a presença delas na liderança das empresas brasileiras

Progresso continua, mas ainda aquém do esperado: Um olhar da evolução anual nas empresas listadas na B3

Em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres e usando como base o relatório temático sobre o tema do ano passado (link), neste relatório buscamos, além de refletir o quadro atual da diversidade de gênero nas empresas listadas na B3, focamos em atualizar os números e mostrar o eventual progresso de 2023 vs. 2022. De forma geral, embora a disparidade de gênero esteja longe de ser superada, o lado positivo é que há algum progresso em andamento, impulsionado principalmente pelo incentivo dos investidores e pelo fortalecimento da regulação. Dentre os principais destaques, vale apontar o crescimento de 111bps no número de mulheres em cargos de liderança (atingindo 16,8% das posições) e o aumento de 140bps na proporção de mulheres que ocupam assentos no Conselho de Administração (16,4% dos assentos), embora ainda haja muito espaço para progresso adiante.

Pressão do lado dos investidores (…) À medida que os gestores de ativos intensificam sua busca por indicadores quantitativos (em detrimento de uma visão apenas qualitativa) para a governança corporativa (link para nosso feedback da rodada de reuniões no Rio de Janeiro), a diversidade de gênero na liderança está surgindo como uma métrica importante. Além disso, ela também contribui para aumentar a eficiência da gestão ao integrar perspectivas diversas, resultando em processos de tomada de decisão mais sólidos.

(…) além do fortalecimento da regulamentação. Em linha com o movimento dos órgãos reguladores globais, a B3 está aprimorando ativamente seu papel na promoção da agenda, como vimos nos avanços feitos em 2023: (i) o lançamento do Anexo ASG, que determina a indicação, por parte das empresas, de 1 mulher ou 1 membro de um grupo minoritário¹ para o Conselho de Administração (CA) ou Diretoria Estatutária até 2025, e ambos até 2026; e (ii) o lançamento do IDiversa, o primeiro índice de diversidade da América Latina (link) (Figura 01).

Sinais de progresso, embora a representatividade feminina siga baixa. Desde 2016, a participação das mulheres na força de trabalho geral no Brasil quase dobrou, chegando a 17% (Figura 02). Apesar de reconhecermos o avanço, esse ritmo não é rápido o suficiente para atingir a paridade de gênero, especialmente considerando que as mulheres são 51,5% da população do Brasil, segundo dados do IBGE.

As mulheres ocupam menos cargos de presidência e liderança (…) Ao analisar o universo de empresas listadas na B3, a representação feminina em cargos de liderança está melhorando, ainda que lentamente, como evidenciado pelo aumento de 376bps nos últimos 5 anos (111bps de 2022 para 2023). Ainda assim, ela continua reduzida: dos 7,5 mil cargos, apenas 16,8% são ocupados por mulheres. Nos cargos de CEO, a lacuna é ainda maior, com as mulheres liderando menos de 1% das empresas, sem nenhum progresso anual dentre as empresas do IBOV no ano passado.

(…) e estão subrepresentadas nos Conselhos em comparação com os homens. Embora as mulheres continuem em desvantagem nos assentos de Conselho dentre as empresas listadas na B3, notamos uma tendência positiva em uma base anual. Analisando os números de 2023, vemos que: (i) a proporção de mulheres nos Conselhos aumentou 140bps, atingindo 16,4% dos assentos disponíveis hoje (Figura 03); (ii) o número de mulheres que ocupam cargos de presidência do Conselho aumentou 152bps (8,5% dos cargos disponíveis); (iii) o número de empresas com 3 mulheres no Conselho avançou 152bps (6,5% das empresas), e o número das que têm +4 membros do sexo feminino aumentou 158bps (3,1% das companhias) (Figura 04); enquanto (iv) a porcentagem de empresas sem mulheres no Conselho permaneceu inalterada em 32% (Figura 05).

¹pessoas negras, pardas ou indígenas, membros da comunidade LGBTQIA+ ou pessoas com deficiência

Figura 01: Composição do portfólio IDIVERSA B3

Figura 02: Diversidade de gênero nas empresas da B3

Figura 03: Representação de gênero no Conselho de Administração

Figura 04: Evolução do número de mulheres no Conselho de Administração

Figura 05: Histórico de companhias sem mulheres no Conselho de Administração

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