XP Expert

Revisão do cenário econômico

Os efeitos do coronavírus na economia brasileira Sumário Revisamos nossa projeção de crescimento do PIB de 2020 de +1,8% para -1,9%. Esperamos que o impacto negativo já seja sentido no primeiro trimestre e que atinja seu efeito máximo no segundo trimestre desse ano. Nossa projeção de crescimento do PIB de 2021 subiu de +2,5% para […]

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no X
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail
Onde Investir em 2025 banner

Os efeitos do coronavírus na economia brasileira

Sumário

  • Revisamos nossa projeção de crescimento do PIB de 2020 de +1,8% para -1,9%. Esperamos que o impacto negativo já seja sentido no primeiro trimestre e que atinja seu efeito máximo no segundo trimestre desse ano. Nossa projeção de crescimento do PIB de 2021 subiu de +2,5% para +2,6%.
  • Existe um alto grau de incerteza nas estimativas trazidas nesse documento, dada a complexidade da crise atual e da incerteza com relação à efetividade das medidas anunciadas até o momento.
  • Com base na experiência internacional recente, acreditamos que as restrições de contato social serão mantidas em abril, com possibilidade de se estenderem para o mês de maio.
  • Discussões sobre restrições parciais ou totais são importantes, mas devem ser ponderadas levando em consideração a opinião isenta de líderes das áreas de saúde e todas as limitações que as medidas de restrições parciais enfrentarão na prática.
  • Algumas medidas de estímulo econômico anunciadas até o momento pelo governo ainda parecem limitadas e correm o risco de não fazerem efeito no curto prazo. Este é um risco considerável para nosso cenário de 2020 e 2021.
  • No lado político, entendemos que a polarização política volta a crescer em virtude das tensões criadas pelo Planalto com governos locais e impactam significativamente a confiança de empresários e consumidores. Essa é uma segunda fonte de risco em nosso cenário.

A mudança de cenário

A situação atual, em termos econômicos e humanos, não encontra muitos paralelos na história recente do mundo. Os casos mais próximos, talvez, são os de guerras e catástrofes naturais de grandes proporções. O coronavírus avassala a saúde e a economia e nos força a pensar em como agir frente a ele e aos seus efeitos.

Fazer projeções de cenário econômico, algo que já envolve muita incerteza em condições normais, torna-se tarefa quase impossível nesse momento. Além disso, tais projeções dependem, em grande medida, da entrega e da efetividade de políticas econômicas do governo. Dessa forma, existe um alto grau de incerteza nas estimativas trazidas nesse documento, dada a complexidade da crise atual e da incerteza com relação à efetividade das medidas anunciadas até o momento.

Conforme havíamos pontuado em nossa última revisão de cenário, o clima de incerteza global trazia viés negativo para os nossos números. O entendimento inicial era de que o surto da doença, bem como seus impactos econômicos, poderia ficar mais restritos à Ásia, mas que ainda impunham algum risco para o Brasil. Tais riscos se concretizaram nas últimas semanas e, em resposta a isso, houve significativa deterioração das expectativas de crescimento econômico e das condições financeiras.

O Brasil não foi exceção à regra. O número de casos de coronavírus segue crescendo e muitos analistas comparam a evolução da doença no Brasil com diversos outros “maus exemplos” na Europa, tais como Itália e Espanha, que demoraram para adotar as políticas de quarentena.

Ainda que com algum retardo, a maioria dos países vem optando pela extensão da quarentena de forma a preservar vidas humanas. Os elementos vindos de várias frentes científicas apontam que essa opção é a mais adequada nesse momento, ainda que exista um custo econômico associado a isso. A história e a evidência empírica do pós-pandemia responderão essa questão com maior precisão. Teremos mais insumos para saber como as decisões dos países salvaram mais ou menos vidas e se foram mais ou menos deletérias para a economia.

Nesse contexto, revisamos nosso cenário econômico. A tabela no início do texto já resume as nossas revisões. Passamos a debater aqui as principais hipóteses de trabalho.

Cenário internacional

Recuperação em “V” da China: por ser o epicentro da pandemia, a China sofreu um impacto severo. O país não teve a chance de se valer da experiência internacional, como outros se valeram do caso chinês. No entanto, a política de isolamento social foi conduzida com intensidade e mostrou bons resultados na contenção da escalada da doença. A projeção de crescimento do PIB da China de 2020 passa de 5,5% para 0,8% em decorrência da crise. O impacto mais intenso ficará restrito ao primeiro trimestre do ano. A evidência setorial inicial é de que a economia chinesa mostrará alguma reação já no segundo trimestre de 2020. Em 2021, a economia chinesa deverá crescer aproximadamente 10%.  

Recuperação em “U” dos EUA: nosso entendimento é de que a economia americana sofrerá de forma menos intensa, mas de forma mais prolongada. Grandes centros americanos também podem ser considerados como o epicentro da pandemia e demorarão um pouco mais para se restabelecerem. Acreditamos que o PIB americano irá contrair 2,8% em 2020 e apresentar recuperação modesta (+2,2%) em 2021.

Recuperação mista da Zona do Euro: a heterogeneidade da exposição e das medidas adotadas pelos países da Zona do Euro impedem um diagnóstico mais acurado. No entanto, é possível que o efeito negativo se concentre nos dois primeiros trimestres de 2020. 

Resiliência do Japão: medidas rápidas de contenção do contágio aliadas aos estímulos fiscais e monetários em larga escala fazem do Japão um caso de sucesso. Ainda assim, esperamos que o PIB do Japão caia 1.3% em 2020, sendo que os efeitos negativos ficarão concentrados nos dois primeiros trimestres de 2020 e não serão extremamente intensos como em outros países.

Cenário doméstico

O Brasil pode se beneficiar de uma rápida recuperação da China e de uma queda menos abrupta do PIB americano. Apesar disso, esperamos que o impacto negativo já seja sentido no primeiro trimestre e que atinja seu efeito máximo no segundo trimestre desse ano.

Com relação a inflação, acreditamos que os efeitos da desaceleração econômica e da retração dos preços de commodities tenderão a prevalecer sobre os efeitos inflacionários avindos do câmbio e do choque negativo de oferta global. Assim, a inflação tende a arrefecer tanto em 2020 quanto em 2021. Além disso, tanto a menor inflação de serviços quanto a queda do preço de combustíveis terão efeitos consideráveis sobre o IPCA do ano. Apesar do cenário de atividade econômica ser mais restritivo, temos dificuldade de ver o IPCA abaixo de 2% em 2020 mesmo em um cenário de maior desaceleração da economia. Questões estruturais, tais como a baixa produtividade no Brasil, e questões conjunturais, tais como eventual recomposição de estoques no 3T com o câmbio mais alto, tendem a limitar essa queda.

Com relação a câmbio, acreditamos que o ambiente de aversão ao risco global tende a prevalecer no primeiro semestre e isso pode fazer com que novos limites de altas sejam testados até o meio do ano. No entanto, com uma recuperação global mais sincronizada no segundo semestre, o real pode se valorizar frente ao dólar com fluxos de capitais buscando maior retorno no mundo.

Por fim, nosso entendimento é que o Banco Central, frente ao cenário descrito acima, seja forçado a entregar um corte a mais de 0,50 ponto percentual na taxa Selic em uma reunião extraordinária em abril. Um corte adicional em maio não é descartado, mas, por ora, não é o caso base.

Com base na experiência internacional recente, acreditamos que as restrições de contato social serão mantidas em abril, com possibilidade de se estenderem para o mês de maio.

Discussões sobre restrições parciais ou totais são importantes, mas devem ser ponderadas levando em consideração a opinião isenta de líderes das áreas de saúde e todas as limitações que as medidas de restrições parciais enfrentarão na prática. A adesão a um regime parcial, de forma prematura, pode, eventualmente, agravar a situação e exigir mais tempo e recurso fiscal para a recuperação econômica ocorrer de forma plena.

Riscos

O risco advindo do cenário externo está ligado ao ritmo de recuperação dos principais parceiros comerciais, isso é, China, EUA e Europa. Nosso cenário supõe que a China apresentará recuperação no 2T20, mas existe um risco a esse cenário.

Do lado doméstico, vemos três fontes de riscos principais para o nosso cenário.

1) Medidas anti-cíclicas anunciadas serem mais limitadas (em escopo e alcance) do que imaginávamos.

2) A polarização política volta a crescer em virtude das tensões criadas pelo Planalto com governos locais e podem impactar ainda mais a confiança de empresários e consumidores.

3) Pressão por uma implementação de restrição parcial desgovernada que não leve em consideração o posicionamento da comunidade técnica-científica.

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.