XP Expert

Revisão de Cenário Brasil: Fed mais conservador, demanda doméstica aquecida e incertezas fiscais exigem cautela com política monetária

Revisamos nossas projeções de taxa de câmbio, crescimento do PIB e taxa Selic

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

Resumo

  • Nos EUA, o Fed deve iniciar o ciclo de flexibilização monetária em dezembro (esperávamos julho no cenário anterior);
  • No Brasil, projetamos a taxa de câmbio a R$/US$ 5,00 no final de 2024 e R$/US$ 5,15 no final de 2025 (antes: 4,70 e 4,90);
  • Elevamos a projeção para o PIB de 2024, de 2,0% para 2,2%. Para 2025, nossa expectativa recuou de 2,0% para 1,7%;
  • Revisamos nossa previsão para o IPCA de 2024 de 3,5% para 3,7%, enquanto mantivemos 4,0% para 2025;
  • Ajustamos nossa projeção para a taxa Selic terminal de 9,00% para 10,00%, permanecendo neste patamar até o final de 2025. Acreditamos que o Copom reduzirá o juro básico em 0,25 p.p. a partir da próxima reunião. 

Conteúdo exclusivo para clientes XP
A conta XP é gratuita. Abra a sua agora!

Cadastrar

Já é cliente XP? Faça seu login

Invista melhor com as recomendações
e análises exclusivas dos nossos especialistas.

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

Fed volta a ser conservador

Os dados do primeiro trimestre devem abalar a confiança do Fed. Em sua última fala pública, durante a reunião anual do FMI, Jerome Powell, Presidente do Fed (banco central americano), mencionou que levará mais tempo para os membros do comitê de política monetária ganharem confiança de que a inflação está convergindo de forma sustentável para a meta, sendo provável que as taxas permaneçam altas por mais tempo.

Além disso, os preços das commodities, como o petróleo, reverteram a tendência de queda do último ano.

Projetamos o início do ciclo de flexibilização monetária pelo Fed em dezembro (esperávamos julho no cenário anterior). Vemos tempo limitado para o banco central atingir o nível de confiança necessário para início do ciclo de corte de juros antes do 4º trimestre. Tal movimento – semelhante ao que o mercado está precificando atualmente – leva a: (i) dólar americano mais forte e (ii) taxas de juros terminais mais altas para países emergentes (inclusive o Brasil).

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

Real mais fraco e demanda doméstica aquecida limitam o processo de desinflação

Fatores globais e domésticos levam a forte depreciação cambial. A taxa de câmbio depreciou cerca de 5% desde a última semana, saltando de aproximadamente R$/US$ 5,00 para R$/US$ 5,25. Esse movimento refletiu uma conjunção de fatores internacionais e locais: (i) perspectivas de juros altos por mais tempo nos EUA, o que gerou fortalecimento do dólar; (ii) recrudescimento das tensões geopolíticas, que aumentaram a aversão global ao risco; (iii) ruídos políticos e maior percepção de risco fiscal local, na esteira das mudanças nas metas de resultado primário e dados frustrantes de arrecadação tributária na margem.

Acreditamos que esses fatores persistirão. Desse modo, revisamos nossa projeção de taxa de câmbio no final de 2024, de R$/US$ 4,70 para R$/US$ 5,00. Prevemos apreciação moderada em relação aos valores atuais de R$/US$ 5,25, tendo em vista as mudanças na condução de política monetária que o Banco Central adotará como resposta à recente deterioração do cenário, levando a maior diferencial de juros.

A demanda doméstica permanece firme: elevamos nossa projeção para o PIB de 2024, de 2,0% para 2,2%. Estimamos aumento de 0,7% para o PIB no 1º trimestre deste ano em comparação ao 4º trimestre do ano passado (2,4% ante o 1º trimestre de 2023), após estabilidade nas últimas duas divulgações. Olhando adiante, o PIB deve permanecer em território positivo, devido especialmente ao forte crescimento da renda real disponível às famílias (projetamos ganho anual de 5,0%). A revisão do cenário para o PIB deste ano seria mais forte não fosse a piora recente das condições financeiras globais e domésticas, que podem afetar a atividade no segundo semestre.        

Para o PIB de 2025, por sua vez, reduzimos a projeção de 2,0% para 1,7%, refletindo o grau mais contracionista da política monetária.

Os preços das commodities mais altos, o Real mais fraco e a demanda aquecida pressionam a inflação. Diante do exposto, nossa projeção para o IPCA de 2024 subiu de 3,5% para 3,7%. Incorporamos aumento de 7% no preço da gasolina e 5% no preço do diesel em junho, com impacto altista de 0,13 p.p. sobre o IPCA deste ano. Os efeitos defasados da taxa de câmbio mais depreciada sobre os itens do IPCA devem se refletir a partir do segundo semestre.

Vale ressaltar que o nosso cenário contempla queda de 0,16 p.p. no IPCA devido à quitação das contas “COVID” e “escassez hídrica”, que diminuem as tarifas de energia elétrica. Veja mais no relatório “Brasil Macro Mensal: Volatilidade externa e pressões locais desafiam o Copom”.

Pequenas mudanças no cenário fiscal: já estávamos cautelosos com o processo de consolidação

O aumento da taxa de câmbio, inflação e atividade econômica alterou nossas projeções de resultado primário. Nossa estimativa para 2024 passou de déficit de R$ 79,1 bilhões (0,7% do PIB) para R$ 67,1 bilhões (0,6% do PIB). É importante ressaltar que não incluímos possíveis medidas de elevação de receitas além daquelas já anunciadas pelo governo.

Resultado primário de 2025 com pouca mudança, enquanto a dívida pública continua sendo grande preocupação. Ajustamos nossa projeção de déficit primário no ano que vem, de R$ 86,3 bilhões (0,7% do PIB) para R$ 81,1 bilhões (0,7% do PIB). Continuamos céticos sobre a capacidade das medidas de arrecadação de compensar o viés expansionista das despesas. Em relação à dívida pública, a mudança na projeção de taxa de juros é compensada pela melhoria do resultado primário e das projeções de atividade econômica. De qualquer forma, nossas estimativas continuam indicando tendência de alta nos próximos anos.

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

Política monetária: projetamos redução no ritmo de cortes e taxa Selic terminal de 10,00%

Em dezembro, ajustamos nossa projeção para a taxa Selic terminal de 10,00% para 9,00%. Já estávamos preocupados com a sustentabilidade fiscal e medidas que poderiam manter a demanda doméstica aquecida. Mas, naquele momento, reconhecíamos um cenário global melhor, com base em cortes de juros nos EUA a partir do primeiro semestre, deflação global de custos e melhoria dos termos de troca do Brasil.  

Como já mencionado, esse ambiente externo positivo não se materializou. Já os elementos do cenário anterior altistas para a inflação(expansão fiscal e parafiscal) estão ocorrendo como esperado.

O Copom parece concordar com tal análise. Em suas observações durante o evento da XP na conferência de primavera do FMI, o Presidente do BCB, Roberto Campos Neto, mostrou-se preocupado e praticamente abandonou a orientação dada na reunião do Copom em março, de que outro corte de 0,50 p.p. na taxa Selic ocorreria em maio (veja a fala completa de Campos Neto aqui). Então, acreditamos que o Copom reduzirá o ritmo de flexibilização da política monetária para 0,25 p.p. já na reunião de maio, o que, em nossa opinião, será o novo “plano de voo”. Posteriormente, prevemos dois cortes adicionais de 0,25 p.p., chegando à taxa terminal de 10,00%.

As expectativas para o IPCA de 2025 serão o “gatilho” para uma pausa. A Pesquisa Focus do Banco Central indica o IPCA de 2025 – horizonte relevante do Copom – ao redor de 3,5%, abaixo, portanto, da nossa projeção de 4,0%. Se estivermos corretos, as expectativas de inflação do mercado subirão, afastando-se ainda mais da meta e impondo uma restrição para que o Copom continue o ciclo de flexibilização monetária.

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

XP Expert
Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.