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Inflação encerra o ano de 2020 em 4,52%, mas deve arrefecer em 2021

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Destaques

  • A inflação medida pelo IPCA de dezembro apresentou expansão de 1,35%, acima tanto da nossa projeção (1,24%) quanto das expectativas de mercado (1,21%).
  • O IPCA de 2020 encerrou em 4,52%, levemente acima do centro da meta definida para o ano (de 4,00%).
  • Continuamos projetando alguma pressão moderada de curto prazo nos preços de bens industriais, que devem continuar refletindo os estoques baixos e o descasamento entre oferta e demanda.
  • Revisamos os preços de alimentos e da gasolina para cima no primeiro trimestre de 2021.
  • Mantemos o entendimento de que, passados os choques, a inflação deve arrefecer, fechando o ano em 3,5%. Mas a recente desvalorização do real e a inflação ainda pressionada de alimentos, combustíveis e bens industriais trazem um risco de alta para o nosso número.
  • Vamos esperar mais informações (especialmente da dinâmica do câmbio e da atividade econômica no início do ano) para entendermos melhor se alguma revisão se faz necessária.

Resumo do resultado

A inflação brasileira medida pelo IPCA apresentou expansão de 1,35% em dezembro, acima tanto da nossa expectativa (+ 1,24%) quanto do consenso de mercado (+1,21%). As maiores surpresas altistas vieram de bens industriais (principalmente eletrodomésticos e preços de veículos).

Continuamos acreditando que essa categoria será alvo de pressões por mais algum tempo, devido ao descompasso entre oferta e demanda de curto prazo e à recente desvalorização do real. Nossa projeção atual para os preços industriais já incorpora alguns efeitos defasados observados na inflação do atacado (medida em partes pelo IGP-M). É importante ressaltar, no entanto, que esperamos que o descasamento entre oferta e demanda se encerre no primeiro trimestre de 2021, contribuindo para a desaceleração das pressões inflacionárias sobre os bens industriais.

A inflação de serviços também ficou ligeiramente acima da nossa expectativa, devido a algumas pequenas diferenças generalizadas. E os preços de alimentos no atacado reverteram o alívio de curto prazo observado em dezembro, também contribuindo para a inflação acima do esperado no mês.

Além disso, os preços internacionais da gasolina estão quase 20% acima dos preços domésticos. Por essa razão, esperamos que a Petrobras anuncie nesta semana um aumento de, pelo menos, 10% no preço da gasolina.

Como resultado de todos esses elementos, revisamos nosso IPCA de janeiro de 0,23% para 0,37%.

O que esperar para 2021

No curto prazo, a inflação corrente deve seguir pressionada. A inflação alta de alimentos, o descasamento entre oferta e demanda de bens industriais e a recente desvalorização do real podem trazer alguma pressão adicional sobre o nosso número de inflação para 2021, de 3,5%. Vamos esperar mais informações (especialmente da dinâmica do câmbio e da atividade econômica no início do ano) para entendermos melhor se alguma revisão se faz necessária.

No entanto, continuamos acreditando que, apesar dos choques de curto prazo, a inflação deve arrefecer a partir segundo trimestre de 2021. A valorização do real ao longo do ano (projetamos câmbio a 4,90 reais por dólar ao final de 2021), o fim do auxílio emergencial e a normalização dos bens industriais devem ajudar a desacelerar as medidas de inflação.

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