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Entenda o cenário da Selic em junho e saiba o que esperar

Mensalmente, um conteúdo que te explica o que aconteceu com os principais indicadores econômicos

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O que vemos agora? No mundo: cenário de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos persiste. No Brasil: desemprego baixo e renda em alta impulsionam economia, mas piora do risco fiscal e cenário externo colocam inflação sob risco, e Selic deve parar de cair. 

Projeções macroeconômicas são importantes para todo investidor, porque ajudam a nos prepararmos para o que vem adiante. Ou seja, não ser pego de “calças curtas”, especialmente em momentos desafiadores para os investimentos.  

Isso não significa que você saberá “o dia exato em que o dólar vai cair ou subir”. Pois isso, infelizmente, será praticamente impossível. Mas quer dizer que você entenderá melhor as tendências da economia e poderá pensar em como adaptar seus investimentos (ou manter tudo como está, se for o caso), pensando no seu perfil e objetivos. 

Com isso em mente, detalhamos abaixo nossas principais projeções para este ano e o próximo. Abaixo, te contamos o porquê de tudo isso, e como investir nesse cenário.  

Selic não deve mais cair esse ano, diante de incertezas globais e domésticas

O Copom (nosso comitê de política monetária) optou por reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual em sua reunião de 08 de maio. A decisão deu continuidade ao processo de queda de juros iniciado em agosto de 2023, levando a taxa para 10,50% ao ano.

Em um recado duro, o Comitê destacou que tanto o ambiente externo quanto o doméstico ficaram mais incertos nos últimos meses.

Lá fora, os juros devem seguir altos por mais tempo nos Estados Unidos, apesar de dados recentes terem trazido certo alívio aos cenários de inflação e mercado de trabalho.  

Juros altos por mais tempo na maior economia do mundo adicionam riscos à nossa inflação, principalmente por contribuir para o fortalecimento do dólar em relação a outras moedas, especialmente as emergentes – consideradas mais arriscadas e que, portanto, passam a atrair menos capital estrangeiro diante dos altos retornos nos EUA.

Já no campo doméstico, a combinação de um mercado de trabalho forte e aumento de incertezas fiscais se traduzem em maiores riscos para o controle da inflação.

Um mercado de trabalho aquecido tende a pressionar os salários, dado o maior poder de barganha de trabalhadores. Com maiores salários, aumenta-se a demanda por bens e serviços na economia – e o movimento de alta de preços se retroalimenta.

Já a piora da percepção de risco fiscal impacta a inflação tanto por deteriorar as expectativas sobre a alta de preços no futuro, quanto por pressionar o câmbio.

Afinal, quanto mais o governo gasta, maior a expectativa de que a demanda aquecida por bens e serviços impulsionará os preços no futuro, desancorando as expectativas sobre a inflação futura.  

E quanto mais esse gasto cresce além da arrecadação do governo, maior o risco “precificado” por investidores em ativos brasileiros, como a nossa moeda – desvalorizando-a, e pressionando a inflação também por esse lado.  

Diante do cenário mais incerto, entendemos que o Banco Central deve encerrar o atual ciclo de queda da taxa Selic em sua reunião de junho, aos 10,50% ao ano. Isso significa que os juros devem parar de cair antes de atingirem o patamar considerado como neutro.

Ou seja, seguiremos com certo “pé no freio” na economia ao longo dos próximos meses, embora já em menor magnitude do que no último ano.

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