Resumo
A tomada do poder no Afeganistão pelo Talibã e o avanço da variante delta se destacaram no cenário internacional durante a semana, que também contou com a divulgação da ata da última reunião do Fed e de indicadores de atividade econômica nos EUA e na China.
No Brasil, o destaque foi o cenário político, com discussões a respeito das pautas fiscais, dentre as quais a PEC dos Precatórios como a mais relevante, além do adiamento da votação da reforma tributária do imposto de renda.
Para a próxima semana, as atenções internacionais estarão voltadas para a fala do chairman do Fed no simpósio de política monetária de Jackson Hole. Na seara de indicadores, se destaca o deflator PCE referente ao mês de julho. Já no Brasil, teremos importantes dados fiscais, além de divulgações de inflação e mercado de trabalho. O campo político permanece em foco com discussões fiscais e sobre reformas.
Atualizações Covid-19
A disseminação da variante delta segue causando preocupações, e o Ministério da Saúde brasileiro já estaria se preparando para aplicar uma terceira dose de imunizante em idosos a partir de setembro. A pasta reconhece que já possui a quantidade de doses necessária para implementar a medida.
A média móvel semanal de óbitos renovou a mínima desde janeiro, para 821 óbitos/dia. A média móvel de novos casos também recuou, retornando para patamar abaixo dos 30 mil, para 29,9 mil/dia. Dados de internações hospitalares melhoraram em 20 das 27 unidades federativas, e todos os estados seguem com taxa de ocupação de leitos abaixo de 80%.
A campanha de vacinação continua avançando e se acelerando no país. A média móvel de vacinações avançou para 1,94 milhão ao dia. Até esta manhã, 120,6 milhões de brasileiros receberam ao menos a primeira dose, enquanto 53,7 milhões (25,3% da população) estão com o esquema vacinal completo.
Cenário Internacional
A tomada de poder no Afeganistão pelo grupo extremista Talibã concentrou as atenções do mundo no início da semana, aumentando os riscos geopolíticos. A crise na região tem potencial para afetar as dinâmicas da política global e reverberar nos mercados, trazendo volatilidade no curto prazo.
Outra grande preocupação continua o avanço da variante delta do Coronavirus, que está levando cada vez mais países a adotar novas medidas restritivas. Analistas de mercado já discutem em que proporção esta nova onda da pandemia pode afetar a recuperação econômica global.
Estados Unidos
Ata do Fed
O banco central americano divulgou a ata de sua última reunião de política monetária. Segundo o documento, a maioria dos dirigentes da instituição julga apropriado começar a reduzir os estímulos monetários ainda em 2021, através da diminuição da compra de ativos financeiros. O Fed salientou, no entanto, que isso não significa que os juros devem subir no curto prazo. De fato, apesar da retomada da economia, incertezas – como o avanço da variante delta – permanecem.
Na XP, nossa expectativa é que a taxa básica de juros nos EUA fique em zero até 2023.
Indicadores
Na seara de indicadores, se destacaram nesta semana dados de atividade econômica. As vendas varejistas nos Estados Unidos ficaram abaixo das expectativas em julho, em que pese algumas revisões altistas nos resultados de junho. O índice geral do varejo registrou contração de 1,1% no mês passado (o consenso de mercado indicava ligeira queda de 0,2% entre junho e julho).
Já pelo lado positivo, a produção industrial expandiu 0,9% em relação a junho, após ajuste sazonal, registrando a taxa de crescimento mais alta desde março (consenso de mercado: 0,5% m/m; junho: 0,2% m/m). A taxa de utilização da capacidade instalada subiu para 76,1% em julho, o maior patamar desde o início da crise sanitária.
O mercado de trabalho segue melhorando. Os pedidos semanais de seguro-desemprego vieram melhores que o esperado, em 348 mil (consenso: 365 mil; anterior: 375 mil), seguindo a tendência de desaceleração e atingindo o menor patamar desde o início da pandemia.
Europa
A economia da zona do euro cresceu 2% no segundo trimestre, conforme divulgado pelo escritório de estatísticas da União Europeia, confirmando sua leitura anterior. O crescimento decorre do afrouxamento das restrições ao coronavírus, que estimulou a atividade econômica após uma breve recessão. A expectativa é que o avanço da variante delta não reverta esta tendência, mas o fato é que alguns indicadores de confiança de consumidores e empresários já começaram a recuar.
China
A economia chinesa desacelerou mais do que o esperado em julho. A produção industrial cresceu 6,4% na comparação anual, de 8,3% em junho (7,9% esperado). As vendas no varejo aumentaram 8,5% (12,1% em junho, 10,9% esperado). O desempenho mais fraco se deve a uma combinação de fatores, como redução dos estímulos governamentais, escassez de insumos de produção e novas restrições contra a Covid-19.
Em reação à surpresa negativa nos indicadores, os preços das commodities exibiram recuos expressivos. A menor demanda chinesa, tanto pela desaceleração no ritmo de crescimento doméstico quanto pela intenção das autoridades de reduzir a poluição, explica parte relevante desses movimentos.
O endurecimento do tom do governo chinês no tangente às regulações também foi destaque. Segundo Xi Jinping, teria chegado o momento de se regular rendas mais altas, como parte de uma estratégia redistributiva para agora priorizar a “prosperidade de todos”. A declaração ocorre em meio a uma série de intervenções motivadas por novas metas econômicas e sociais do governo.
Enquanto isso no Brasil...
Em semana sem divulgações importantes de indicadores, o cenário político foi destaque, entre discussões sobre importantes projetos, como a proposta de reforma tributária, e declarações de representantes do governo. O fiscal segue sendo a pauta central.
Cenário Político Econômico
Reforma Tributária
A votação da reforma tributária do imposto de renda foi adiada e deve voltar a ser apreciada pela Câmara dos Deputados em duas semanas. Estados e municípios pressionam por mais recursos como forma de compensação às perdas arrecadatórias com eventual aprovação da matéria, aumentando as preocupações do Ministério da Economia acerca do custo fiscal do projeto.
PEC dos Precatórios
Ao longo desta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes e o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal defenderam a necessidade de postergação do pagamento de precatórios para evitar paralisação das atividades governamentais. Na semana passada o governo enviou ao Congresso o texto da PEC dos Precatórios, que visa permitir o parcelamento do pagamento de parte das dívidas judiciais quando estas atingirem um certo limite.
Aneel
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estima que o custo da energia pode subir em média 16,68% no ano que vem, e estuda medidas como a antecipação do aporte de recursos da privatização da Eletrobras, cerca de R$ 5 bi, e postergação do pagamento de parcela de remuneração de distribuidoras para tentar limitar a alta da energia a 10,73% em 2022. A agência estuda ainda possíveis medidas adicionais para suavizar impacto ao consumidor.
O que esperar?
Para a próxima semana, o destaque internacional será o simpósio de política monetária de Jackson Hole, reunindo dirigentes de bancos centrais de todo mundo. O mercado ficará atendo às declarações do presidente do Fed, banco central dos EUA, durante o evento. Pode vir novas indicações sobre o cronograma da retirada dos estímulos monetários no país. Outro destaque será a divulgação do deflator dos gastos de consumo de julho, medida de inflação preferida do Fed.
No cenário doméstico, teremos a divulgação de indicadores fiscais (relatório mensal da dívida pública, arrecadação federal), criação de postos de trabalho (Caged), contas externas e inflação (IPCA-15), o foco, entretanto, seguirá no campo político, com as discussões sobre a reforma tributária e a PEC dos precatórios.
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